Leonard Cohen, em Montreal: roteiro por lugares relacionados ao cantor

Em Montreal, visite lugares relacionados a Leonard Cohen. Entre atrações, faça um passeio seguindo os passos do artista canadense. Do bairro onde passou a infância ao lugar onde morava

ATUALIZADO EM 10 DE NOVEMBRO DE 2017

Quando a notícia da morte de Leonard Cohen se tornou pública, em 10 de novembro de 2016, os primeiros fãs do cantor e escritor se dirigiram para o número 28 da Rue Vallières, no Plateau Mont-Royal, bairro mais pulsante e descolado de Montreal. Aos pés da porta da casa de dois andares, adquirida por Cohen nos anos 1970, os poucos degraus da entrada se converteram num pequeno altar com imagens, flores e fotos, sob a vigília silenciosa de seus admiradores.

Àquela altura, o cantor de 82 anos — que havia morrido 3 dias antes, em Los Angeles, nos Estados Unidos — já tinha sido enterrado em sua cidade natal, no cemitério judaico Shaar Hashomayim, em cerimônia reservada à família. Se a tentativa de um último adeus ao ídolo foi frustrada para alguns de seus fãs, resta a chance de percorrer a segunda maior cidade do Canadá seguindo os passos de Cohen. Em meio a atrações turísticas da cidade, é possível encontrar vestígios da presença do poeta, do cantor e do cidadão de hábitos simples, para quem Montreal sempre foi um refúgio.

GRAFITE DE COHEN EM PRÉDIO PRÓXIMO À RUE CRESCENT, REGIÃO DE VIDA NOTURNA EM MONTREAL – Foto Nathalia Molina @ComoViaja

AVENUE BELMONT

Leonard Cohen nasceu em 21 de setembro de 1934 e passou a infância na casa de número 599 da avenida Belmont, em Westmount, uma cidade que é praticamente um bairro dentro da parte oeste de Montreal. É neste endereço que vivia também Lawrence Breavman, personagem principal de seu livro O Jogo Favorito (The Favourite Game, 1963).

A casa fica perto do Murray Hill Park, onde Cohen patinava e esquiava quando criança. No documentário Senhoras e Senhores… Sr. Leonard Cohen (Ladies and Gentlemen… Mr. Leonard Cohen, 1965), o artista caminha por Murray Hill em pleno inverno enquanto lê, em off, trecho do primeiro de seus dois romances. Foi na casa da Avenue Belmont que Cohen se estabeleceu juntamente com Marianne Ihlen, quando voltaram da ilha grega de Hydra, onde se conheceram.

SHAAR HASHOMAYIM

Ainda em Westmount, não muito longe da Avenue Belmont, fica a sinagoga frequentada pela família de Leonard Cohen, onde foi realizado seu bar mitzvah. Na canção You Want it Darker, faixa-título do último álbum de Cohen, é o coral da Sinagoga Shaar Hashomayin que se escuta ao fundo cantando ‘hineni, hineni’ (‘aqui estou eu’, em hebraico), seguido pela voz grave e profunda de Cohen clamando ‘I’m ready my Lord’ (‘eu estou pronto, meu Senhor’).

MCGILL UNIVERSITY

Fundada no ano de 1821, numa área cedida pelo comerciante de peles James McGill, trata-se da universidade mais antiga do Canadá. Nela, Leonard Cohen graduou-se em Literatura, em 1955. Um ano antes, dois poemas do escritor foram publicados na Forge, revista editada pela própria McGill University. Foi também na universidade que ele formou sua primeira banda, The Buckskin Boys.

REGIÃO DA MCGILL UNIVERSITY – Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

Nathalia recomenda uma caminhada com calma por essa região universitária. Ela fica próxima da Rue Sherbrooke, via com hotéis de luxo, como o Ritz-Carlton, e de importantes museus da cidade, como o McCord e o Musée des Beaux-Arts (Museu de Belas Artes). Vale conferir a programação das duas ótimas instituições.

MUSÉE DES BEAUX-ARTS
MUSÉE DES BEAUX-ARTS

BIRDLAND & MUSÉE MCCORD

Estima-se que a primeira vez que Leonard Cohen se apresentou em público foi em 1958. Ele teria lido um de seus poemas e cantado no Birdland, pequeno clube de jazz que funcionava em cima de uma das mais tradicionais delicatessens da cidade. Ao fechar as portas em 2006, parte do acervo de lembranças do restaurante (cardápios e fotos de ilustres fregueses como Cohen) foram parar no Musée McCord.

No antigo refúgio dos notívagos, na esquina da Boulevard de Maisonneuve com Rue Metcalfe, funciona atualmente o luxuoso Le St-Martin Hôtel Particulier.

MUSÉE MCCORD
MUSÉE MCCORD

CHAPELLE NOTRE-DAME-BONSECOURS

No álbum de estreia, Songs of Leonard Cohen (1967), um dos versos da canção Suzanne (‘E o sol derrama como mel sobre Nossa Senhora do Porto’) é interpretado como uma referência à imagem da Virgem Maria no alto da Chapelle Notre-Dame-de-Bon-Secour, santuário dos marinheiros, localizada na Vieux-Montreal — não confundir com a Basilique Notre-Dame, também localizada na parte antiga da cidade.

A Notre-Dame-de-Bon-Secour fica ao lado do Marché Bonsecours. Na primeira visita a Montreal, Nathalia esteve com sua mãe, Sonia, no prédio histórico conferindo as boutiques de artesãos e moda feita por gente de Québec. A construção fica numa das pontas do Vieux-Port e sua torre pode ser vista até do outro extremo do velho porto, como Nathalia comprovou da varanda do museu histórico da cidade, o Pointe-à-Callière.

PARC DU PORTUGAL

Inaugurada em junho de 2003, a pequena praça celebra a primeira leva de imigrantes portugueses que chegaram ao Canadá. Com bancos para descansar e um coreto no centro, o Parc du Portugal fica em frente ao endereço que Leonard Cohen mantinha em Montreal, na Rue Vallières.

Nessa rua formada por um pequeno trecho de casas, entre o Boulevard Saint-Laurent e Rue Saint-Dominique, o músico e escritor viveu ao lado de Suzanne Elrod, com quem teve um casal de filhos: Adam e Lorca.

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PARC DU PORTUGAL

BAGEL ETC

De estilo kitsch, o lugar funciona em frente ao Parc du Portugal, a menos de 5 minutos da casa de Cohen, que costumava tomar café da manhã lá. Há fotos dele entre as peças da decoração. Cohen costumava bater papo com os donos e atendia com delicadeza fãs que ficavam impressionados com a presença dele na cafeteria. Como o nome sugere, a especialidade é o bagel, tipo de pão em forma de rosca, muito popular no Canadá e nos Estados Unidos.

O Plateau Mont-Royal, bairro cheio de bares e restaurantes, também tem outros dois lugares bem conhecidos onde se pode provar o gostoso pãozinho: St-Viateur Bagel e Fairmount Bagel.

MAIN DELI STEAK HOUSE

Os sanduíches de carne defumada são famosos em Montreal. Aberto em 1928, o Schwartz’s é uma instituição (Nathalia já provou e aprovou o famoso sanduíche), mas foi seu vizinho de frente, o Main Deli Steak House, que ganhou a preferência de Cohen. Quando não se sentava em suas mesas, o cantor pedia alguém para buscar o carro-chefe da casa: generosas camadas de pastrami com molho de mostarda entre duas fatias de pão de centeio. Nos dias ensolarados, algumas mesas ocupam um trecho do Boulevard Saint-Laurent.

SANDUÍCHE DE PASTRAMI
SANDUÍCHE DE PASTRAMI

 

MUSÉE D’ART CONTEMPORAIN DE MONTRÉAL

Em cartaz no Museu de Arte Contemporânea de Montreal, desde o último dia 9 de novembro, a exposição Leonard Cohen: une brèche en toute choque / A Crack in Everything não se trata de um mostra oportunista por ocasião do aniversário de um ano da morte do cantor. O evento já fazia parte das comemorações pelos 375 anos de fundação de Montreal e serviria como homenagem ao filho ilustre da cidade. E contou, inclusive, com a aprovação do próprio Leonard Cohen. A exposição reúne trabalhos de artistas do mundo todo, que mergulharam na obra do cantor e poeta, dando interpretações para seus textos e canções. “O que foi especial no trabalho de Leonard Cohen foi sua serenidade inexplicável. O mundo precisa dessa beleza sutil neste momento”, declarou a cantora Julia Holter, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. A cantora assina um dos trabalhos que ficará em exposição até 9 de abril de 2018.

 

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