Passeio de bicicleta em Montréal

 

Texto e fotos de Nathalia Molina

Nem me lembrava da última vez em que tinha subido numa bicicleta. Certamente mais de 20 anos. Mas a ideia de pedalar em Montréal era muito sedutora. Por vários aspectos.

Sabe aquelas situações em que os fatos fluem na mesma direção? Pois é, foi o que aconteceu. Eu já tinha ido a Montréal e não tinha pedalado. Mas agora estou gradativamente retomando a atividade física na minha vida e também ando com muita vontade de experimentar, de uma nova forma, coisas que já fiz um dia. Bem nesse momento, volto a Montréal.

Eu poderia ter pedalado em muito lugares, até mesmo em São Paulo, onde moro e há espaço para isso — tanto que na volta me animei e fui em família pedalar no Parque Villa-Lobos. Mas o reencontro com uma bike foi em Montréal, uma cidade intimamente ligada às duas rodas. Ciclovia ali não é enfeite, tampouco foi feita só para constar, para a cidade se dizer politicamente correta. Lá bicicleta é assunto sério, é meio de transporte.

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As pessoas se locomovem de bike. Na porta de escritórios, bares e restaurantes, é comum ver bicicletas estacionadas. Ao todo, Montréal conta com 500 quilômetros de ciclovia. A prefeitura incentiva essa prática entre os moradores com o sistema BIXI, cujo foco é na locomoção. Paga menos quem não retém a bicicleta por muito tempo e quem comprar passes mais longos — neste post eu falo mais sobre o BIXI.

Assim, quando eu soube que nosso grupo de blogueiros faria um tour de bike, fiquei animada e apreensiva ao mesmo tempo. Eu estava mais do que enferrujada, e não conhecia ninguém antes da viagem. Fiquei com vergonha com a possibilidade de atrapalhar o passeio. Será que eu iria conseguir subir na bicicleta e pedalar sem nenhum constrangimento? Resolvi tentar. E digo que ainda bem! Foi um dos passeios mais emocionantes da minha mais recente viagem ao Canadá.

Está bem, o que tem de tão especial? Sendo bem franca, é um passeio de bike numa cidade bonita muito bem estruturada para isso. Até aí, normal? Sim, tudo depende de como você sente o lugar. E eu costumo sentir, mas do que pensar as coisas. Em Montréal, as pessoas respiram bicicleta, cultivam a cultura da bike como estilo de vida. Aí está o toque especial para mim. E, como experiências nunca são compostas apenas pelos lugares, entrou nessa química meu momento de vida também. Eu tinha saído de uma crise forte de fibromialgia. Resultado: uma manhã marcante.

O dia amanheceu azul. Depois de eu pegar temperaturas abaixo dos 10 graus nas províncias da Nova Scotia e de New Brunswick, no leste do Canadá, finalmente fazia um calorzinho. Saímos do hotel em direção à região do porto, onde fica a Ça Roule Montréal. Desde 1995, André Giroux organiza passeios de bike. Sua empresa mantém 3 opções formatadas, com a duração de cerca de 4 horas, ao preço de 65 dólares canadenses por pessoa. Para quem prefere alugar a magrela e sair pedalando, a hora começa em 8 dólares canadenses – a Ça Roule fornece mapas com ideias de circuitos.

NOSSA PEDALADA

Na frente da loja, vestimos capacete e colete luminoso. Depois testamos as bicicletas. Era muita marcha! Ai, que vergonha… Algo tão básico para aquele povo. Todo mundo sabia usar, menos eu. Mas aprendi.

 

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Todas as minhas dúvidas perguntei à guia e ao grupo, e eles foram muito compreensivos comigo. Ao longo do percurso, sempre faziam questão de saber seu estava bem, se estava dando conta.

Dei conta da parte inicial. Pedalamos ao longo do porto, paramos para contemplação – e fotos, é claro! Diante de nós, o rio e as ilhas. Mais exatamente Fleuve Saint-Laurent e Ilês Sainte-Hélène e Notre-Dame (onde fica o circuito de F1 Gilles-Villeneuve). Que lindeza de visão com o céu azul!

Seguimos e paramos de novo mais adiante, na Plage de L’Horloge, para apreciar os barcos na marina com a Vieux-Montréal ao fundo. Bonito ver as construções da parte antiga da cidade. Naquele ponto, diante da torre do relógio, uma praia é montada no verão, de 22 de junho a 2 de setembro, das 11 às 17 horas. Sem direito a banho de rio, mas com chuveiro e guarda-sol.

Foi um desafio chegar até a parada seguinte. Quase morri pedalando na subida da Place Jacques Cartier, ponto turístico na parte antiga de Montréal – a ladeira é cercada por bares e restaurantes lindinhos. Me senti poderosa por conseguir.

Retomei o fôlego enquanto tirava fotos com o prédio da Prefeitura de Montréal (Hotêl de Ville) atrás de mim, na Rue Notre-Dame. Daquele ponto em diante, ficamos mesmo pelas ruas de Montréal. A faixa da ciclovia está claramente desenhada em todo o centro e é de fato respeitada pelos motoristas. Delícia viver isso.

Em grupo, segui pedalando e até me empolguei na velocidade. Sabe aquela pedalada mais forte para depois você só aproveitar o ventinho do embalo? Não me lembrava dessa sensação de criança…

Nossa direção era a Pont Jacques-Cartier, ponte que liga Montréal a Longueuil, cidade na outra margem do Saint-Laurent. No caminho, a Jacques-Cartier atravessa a Île Sainte-Hélène, lugar onde o grupo seguiria pedalando.

Antes de chegar a subida da ponte, passamos pelo Village, bairro gay de Montréal, localizado em torno da estação de metrô Beaudry. Paramos na Rue Sainte-Catherine para ver a decoração de verão da rua e para descansar um pouco. De maio a setembro, a Sainte-Catherine vira rua de pedestres e fica enfeitada. Está toda rosa neste ano, uma graça.

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Dali, partimos para a ponte. Eu cheguei a começar a subir, mas resolvi respeitar meu limite (àquela altura, meu joelho direito já acusava existência). Parei a bike e dei uma olhada na vista.

Esse rosinha no horizonte é a Sainte-Catherine, onde tinha acabado de estar.

Voltei para a Ça Roule Montréal para devolver a bicicleta. Meus colegas me disseram que o passeio segue leve pelo plano depois da parte inicial de subida da Jacques-Cartier. Tudo bem, na próxima eu tento chegar ao circuito da F-1, no Parc Jean-Drapeau.

Por ora, me contento com minhas 2 horas de bike com paradas estratégicas. Fazer esse passeio de certa forma mudou minha vida. Me emocionei ao ver que podia sim voltar a pedalar. Dizem que a gente nunca esquece como se anda de bicicleta. Aos 42 anos, posso atestar que isso é verdade.

Viajei a convite da Comissão Canadense de Turismo e da VIA Rail na aventura #ExploreCanada Blogger Train

2 respostas

  1. Entrei no blog procurando infos de Montreal (meu próximo destino de férias) e me diverti com sua experiência sobre duas rodas. Aproveito e faço o convite pra você conhecer um projeto parecido em São Paulo: É o Bike Tour SP, são 4 rotas diferentes (centro histórico, Avenida Paulista, Pq Ibirapuera e Faria Lima) que em média duram 1 hora. Os passeios são gratuitos, em troca pedimos 2 kg de alimentos não perecíveis que doamos para uma instituição. Maiores informações no site http://www.biketoursp.com.br/ Acho que você vai gostar dessa experiência também. Um abraço. Sandro
    PS: faço parte desse projeto, sou um dos guias/monitores das rotas.

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