Pastel de feira ou de restaurante? São Paulo tem

Pastel do Trevo, São Paulo, 30 cm Gigante - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (4) (1024x768)

Além de um bom pastel de feira, São Paulo tem restaurantes onde é indicado comer o quitute: do tradicional no Mercadão ao gourmet. Com tamanhos e recheios diferentes, faz parte da cultura paulistana

ATUALIZADO EM 20 DE MARÇO DE 2017

Depois que vim morar em São Paulo, vi como pastel é levado a sério por aqui. É muito fácil encontrar um bom em muitas feiras da cidade. Além disso, o quitute é carro-chefe até de restaurante, com tamanhos e recheios diferentes. E quem nunca ouviu falar com pastel de bacalhau do Mercadão, perto da Rua 25 de Março? Mas minha relação de amor com esse fritinho vem de longe.

A disputa pelo melhor pastel de vento era uma especialidade dos Molinas. De família grande — meus avós tiveram 9 filhos –, passamos vários domingos em torno de uma mesa comprida recheando massa aberta pelo patriarca. Comer, só na hora do almoço, quando a bacia estivesse cheia de pastel frito. É uma das alegres lembranças que tenho de tios e da infância.

No Rio, cresci comendo pastel, e muitas outras frituras. Eram outros tempos, em que qualquer coisa cujo preparo exigisse um mergulho no óleo quente não era um pecado mortal. Mas estranhei quando vim morar em São Paulo, há 17 anos, e as pessoas falavam em ir à feira comer pastel como se fosse um programa. E é. Por isso, escolhi falar desse hábito entre os paulistanos.

Pastel de Feira, São Paulo, Sabor Queijo, Joaquim - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (4) (800x800)
Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

Pastel de feira em São Paulo rende competição. Até a Prefeitura já organizou concurso para escolher o melhor quitute de feira. Campeã no prêmio e também jurada na edição de 2012, Kuniko Yonaha ficou tão famosa que montou loja de seu Pastel da Maria, apelido pelo qual a japonesa é conhecida.

Atualmente tem franquia, e a marca é encontrada em 9 endereços fixos (um deles no bairro de Pinheiros), além das feiras livres, com a do bairro do Pacaembu. Fica na Praça Charles Miller (às terças e quintas), diante do estádio — onde funciona o Museu do Futebol; dá para fazer uma tabelinha no passeio.

Mas, como em várias cidades brasileiras, é possível encontrar bons pastéis em várias feiras. A gente costuma ir mesmo é à que tem perto de casa. Nosso filho, Joaquim, prefere o tradicional queijo, como eu. Fernando se arrisca um pouco nas misturas, mas também não foge a um bom recheado de carne. A conta: pagamos com cartão de crédito. Que maravilha a modernidade, né? Almoçamos e fazemos milhas para viajar.

Pastel de Feira, São Paulo, Sabor Queijo, Joaquim - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (3) (1024x768)

Pastel gourmet ou gigante

Quem quer experimentar um pastel mais gourmet pode ir a uma das 3 unidades do A Pastella na capital paulista — a do Morumbi (zona sul) abre todo dia — ou 1 na cidade paulista de São João da Boa Vista. Para montar o recheio, o cliente pode escolher 3 ingredientes mais 1 tempero (na versão doce, são 2 recheios). O quitute é frito na hora, no óleo de canola. Entre os temperos, há manjericão, alho frito e pimenta calabresa. Alguns recheios disponíveis são tomate cereja, farofa crocante (doce), gorgonzola e damasco.

Um pastel famosíssimo e que também cai bem com um passeio é o de bacalhau do Mercado Municipal de São Paulo. Quando cheguei a São Paulo, em 1998, tive preguiça de provar porque o quitute formava filas na hora do almoço pelos corredores do mercadão. Depois com a abertura dos restaurantes na parte superior do Mercadão, experimentei o do Hocca Bar, restaurante conhecido também pelo exagerado sanduíche de mortadela. Não sou entusiasta de nenhum dos dois ingredientes, mas gostei bem do pastel e do sandubão. E da ideia de poder provar tudo, compartilhando com os companheiros de mesa e de chope. O bar tem unidades também no bairro da Mooca (zona leste) e em São Bernardo do Campo, cidade do ABC.

Pastel do Trevo, São Paulo, 30 cm Gigante - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (6) (768x1024)Os pastéis costumam ser muito grandes em São Paulo. O Pastel do Trevo, no entanto, se supera: 30 cm de comprimento. Difícil ter noção do tamanho? Só lembrar que uma régua escolar tem 30 cm. É enorme! Mas, se a ideia for fazer uma refeição, dá até para pedir um por pessoa. Para quem tem menos fome, existe a opção de pedir o pastel de 15 cm. Fernando e eu ficamos com o grandão no salgado e dividimos um pequeno doce. Estripulia total.

Pastel do Trevo, São Paulo, 30 cm Gigante - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (1) (768x1024)A marca surgiu na Rodovia Rio-Santos, mas já conta com 3 franquias na capital paulista. Tem até pastel de vatapá (no site está a receita). Quando estivemos na unidade da Vila Pompeia, ficamos nos sabores tradicionais (queijo, carne seca) e depois provamos um de doce de leite. O Pastel do Trevo oferece a opção de delivery, assim como o da Maria. Não indico essa comodidade em nenhuma pastelaria — pastel bom se come logo que frito; afinal, pelo menos o exercício de ir até ele tem de ser feito.

De onde vem o pastel

Não se sabe ao certo de onde veio o pastel. Na Península Ibérica, desde a Idade Média, já havia uma massa frita com recheio. Mas o pastel que comemos hoje teria sido inventado pelos chineses no fim do século 19 no Brasil, numa adaptação do rolinho primavera — em vez de legumes, carne.

Na época da Segunda Guerra, o Japão fazia parte do Eixo, formado também pela Alemanha e pela Itália e combatido pelos Aliados. Por medo de discriminação, imigrantes japoneses teriam se passado por chineses e acabaram espalhando o pastel por São Paulo. O troço terminou ganhando o país. E cá estamos nós comendo e falando dele.

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