É você olhar umas fotos do Jaguaribe Lodge, no Ceará, para ter vontade de reservar agora este hotel em Fortim, a 130 km de Fortaleza. Com a finalidade de preservar a natureza local, cada bangalô foi erguido todo em madeira sobre as dunas, de forma sustentável.
Neste trecho do litoral do Nordeste venta muito, de tal forma que o Jaguaribe é point de kitesurfe. Por isso há uma escola da modalidade ao lado do hotel, integrante da associação Roteiros de Charme, da mesma forma que o seu “irmão mais velho”, o Hotel Vila Selvagem, também em Fortim, no lado leste do litoral cearense. Se acaso você também for para Jeri, no lado oeste, confira também onde ficar em Jericoacoara, o que fazer no destino e onde comer por lá.
Bangalôs de frente para o mar
Todo mundo tem seu dia de querer mandar tudo às favas (não é bem o lugar para onde eu gostaria de mandar, mas a boa educação manda que eu escreva isso) e de se mudar para a praia, de preferência para um bangalô de frente para o mar, sem nunca mais ter de se preocupar com nada nem ninguém.
Pois deu para viver essa ilusão por uns dias hospedado no Jaguaribe Lodge. O hotel está de frente para a Praia do Canto da Barra, em um trecho do litoral do Ceará que, por enquanto, está livre da massificação encontrada a meia-hora dali, na tradicional Praia de Canoa Quebrada.
No fim de 2021, o Jaguaríndia Village abriu suas portas na mesma faixa de areia. O novo hotel é voltado ao público de luxo e pertence aos mesmos donos do Jaguaribe. São franceses que começaram a explorar turisticamente a região de Fortim com a construção do Hotel Vila Selvagem, localizado a 15 minutos dos dois primeiros, onde também nos hospedamos.
Como é o hotel em Fortim
Em primeiro lugar, o charme do Jaguaribe Lodge está na sua construção. São 23 bangalôs erguidos totalmente em madeira, incluindo janelas, portas e seus travamentos. O projeto privilegia a visão do mar e, primordialmente, os ventos fortes que sopram em todo o Ceará. Recepção, restaurante bem como o spa acompanham o estilo arquitetônico.
Os bangalôs têm aberturas que garantem a circulação de ar, suprimindo com facilidade a ausência de ar refrigerado. Há um ventilador de teto sobre a cama, mas o vento que sopra é suficiente para refrescar o quarto. Nath e eu só não dormimos com tudo escancarado porque nossa urbanidade ainda fala mais alto. Nem por isso passamos calor. De madrugada, a força do vento era tamanha que eu até senti o bangalô balançar um pouco, mas faz parte da engenharia, me explicaram.
Ficamos no Lodge Oceano I, com a praia toda diante dos olhos. Na varanda, além de uma mesinha com duas cadeiras, havia uma rede de solteiro para se largar e admirar a paisagem. Na saída, sugerimos que houvesse a opção de uma rede maior, já que o Jaguaribe Lodge recebe de casais a famílias (eles têm bangalôs com capacidade para 4 adultos e 2 crianças). Se a gente estivesse com o nosso filho, Joaquim, ele poderia dormir em um dos sofás das laterais do nosso quarto.
Não há televisão nas unidades nem telefone, de modo que toda a comunicação com recepção e room service é feita por WhatsApp. O wifi é ótimo, o que me permitiu editar e botar no ar um episódio do Como Viaja | podcast de viagem enquanto tomava a água de coco de cortesia deixada dentro do frigobar.
O que fazer no Jaguaribe Lodge
O hotel atrai muitos praticantes de kitesurf. Eles passam o dia explorando os ventos, que sopram mais forte entre julho e fevereiro. A escola de kite ao lado do Jaguaribe Lodge é para quem já tem alguma noção ou deseja aprender. Segundo o chefe da equipe de instrutores, David Bernard, francês radicado em Fortim por causa do esporte, o mínimo de 6 horas/aula fornece as noções básicas.
O pedaço da praia em frente ao hotel é bem utilizado pelo povo da pipa voada. Se quiser dar um mergulho sem se preocupar com eles, vá um pouco mais para o lado esquerdo. Se for pra não fazer nada, escolha ficar entre sofás e espreguiçadeiras ou acomodado na varanda do restaurante de praia do hotel.
Se quiser explorar a região, existe a possibilidade de fazer tours de buggy, a cavalo ou quadriciclo. O passeio de barco pelo vizinho Rio Jaguaribe é um clássico da programação local. Nath e eu fizemos esse tour quando ficamos no Vila Selvagem.
A piscina fica afastada da praia, mas nem por isso deixa de ser interessante. Ao redor dela há três espaços onde se pode fazer as principais refeições. É pedir o que comer e só deixar a água na hora em que o prato chegar.
Culinária franco-nordestina
A comida é um caso sério no Jaguaribe Lodge. A gente se hospedou sem levantar informação prévia do lugar. Quando folheamos o cardápio pela primeira vez, chamaram nossa atenção as opções de cortes bovinos. Mas a gente jogou no seguro, pedindo peixe no jantar da chegada (o cenário mudou bastante, mas essa regra de comer pescado quando se está no litoral ainda vale em todo o Brasil).
Ao procurar por uma sobremesa, meus olhos pararam na tarte tatin by Celian. E então liguei lé com cré, constatando que a cozinha tinha pegada francesa por causa dos proprietários. Gente, eu soltei uns bons palavrões a cada colherada da torta de maçã em camadas, quentinha. Eu já tinha comido tarte tatin anteriormente, mas nunca tão maravilhosa como aquela. Se nada mais te apetecer no cardápio (difícil, tá), coma apenas ela, por favor.
Padaria dentro do hotel
O café da manhã ampliou esse prazer. Quando a garçonete se aproximou da mesa para nos servir, o cheio de manteiga do croissant chegou primeiro. Ele compunha a cesta de pães absolutamente frescos e quentinhos, todos feitos na padaria que funciona dentro do Jaguaribe Lodge. Mon Dieu c’est parfait! A produção atende ao Lodge, ao Vila Selvagem e ainda está disponível na Zeste Pâtisserie, no centro de Fortim. A gente não deu sorte de pegá-la aberta.
O uso consciente de madeira, a preservação da vegetação e das dunas, o aproveitamento dos ventos como forma de refrigerar as acomodações, tudo isso faz parte de um plano do Jaguaribe Lodge de ser um hotel sustentável. E ele se mostra bem sucedido em sua proposta. Nenhuma dessas práticas diminui a experiência da hospedagem, pelo contrário. É justamente esse charme rústico de hotel na beira da praia – e que não abre mão do serviço nem da boa cozinha – a principal virtude do Jaguaribe Lodge.
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