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  • Mirante do Gavião (Amazônia): hotel de selva, luxo e gastronomia

    Mirante do Gavião (Amazônia): hotel de selva, luxo e gastronomia

    Dia desses, conversando com meu filho, Joaquim, sobre como é o Mirante do Gavião Amazon Lodge, me dei conta de que não havia televisão na suíte onde Nath e eu nos hospedamos durante a viagem pela Amazônia. Não que eu tenha sentido falta de uma, mas é para você entender como é possível viajar e se desconectar do mundo, ainda que parcialmente.

    Isso porque este hotel de selva tem bom wifi nas áreas comuns e nas acomodações, facilidade nem sempre disponível em hospedagens com esse perfil. Detalhe a ser considerado na hora da sua reserva.

    O Mirante do Gavião mescla boa gastronomia e as facilidades e o conforto da moderna hotelaria com elementos de uma viagem de aventura. Ele fica em Novo Airão, município a cerca de 2h30 de carro de Manaus. São duas estradas asfaltadas, a segunda com trechos ruins. O serviço de traslado do hotel garante um motorista experiente para escapar dos buracos.

    Hotel fica diante do Rio Negro, percorrido nos passeios

    O hotel foi construído numa borda da cidade, entre ela e o Rio Negro, o que passa esse ar selvagem para o frequentador. Nath e eu entramos pelos “fundos”, ao desembarcarmos após três noites no barco Belo Shabono, aventura que a gente detalhou na edição 24 do Como Viaja | podcast de viagem.

    Como é o hotel Mirante do Gavião

    O design chama a atenção, com destaque para o restaurante, cuja cobertura remete a uma embarcação de cabeça para baixo. O conceito se estende ao telhado das acomodações. Elas são 12, todas batizadas com nomes de árvores nativas. Ficamos na Piquiá, afastada da recepção e do restaurante. 

    Suíte premium tem varanda e fica em ponto elevado

    Quartos e áreas comuns são conectados por passarelas de madeira, cujo serpenteado deixa a descida em alguns trechos do terreno menos acentuada. O caminho faz você desfilar e admirar suítes especiais como a Castanheira, que lembra uma casa na árvore e tem mirante particular. O uso de madeira prevalece na construção das acomodações. 

    Passarelas conectam as áreas sociais e as acomodações

    Nosso quarto tinha frigobar, mesa de trabalho (alguém pensa nisso aqui?) e amenities Natura. O colchão estava mais afundado no lado esquerdo da cama, lembrando um pouco a curvatura de uma rede; deixamos essa observação na recepção no check-out.

    Como eu disse antes, não havia TV, mas ao abrir as cortinas de duas laterais envidraçadas tínhamos a natureza para admirar. Importante: o ar condicionado é forte para aguentar o calor dos trópicos, algo nem sempre está disponível em hotéis de selva.

    Suíte confortável na selva, com paredes de vidro e cortinas

    Ainda que o banho de rio esteja a poucos passos de distância, a piscina ainda atrai muita gente para ela. Na chegada, enquanto nossa suíte era preparada, Nath e eu sentamos por ali. Liderados pelo pai, uma família um tanto sem noção atirava uma garrafa de água cheia para acertar algo na árvore. Tive a impressão de ouvir de um deles a expressão “colmeia de abelhas”. 

    Registrei com meu celular as tentativas inúteis, inclusive a que fez a garrafa cair no mato e rolar ribanceira abaixo. “Já é a segunda, ontem teve outra”, disse a mãe para o menino, que aparentava ter seus 13 anos. Por sorte, os selvagens estavam de saída do hotel, o que me poupou desgaste maior. 

    O que fazer no lodge na Amazônia

    Arremessar garrafas na natureza, definitivamente, não está nos planos. Até porque a água é um bem escasso, sem falar no descarte incorreto do plástico.

    Os guias do hotel sabem disso, tanto que eles recolhem material encontrado nas paradas de passeios e carregam dentro da embarcação até o destino correto, o lixo. Antenor, nosso condutor durante os dias de hospedagem, fez isso.

    Passeios são feitos de barco a partir do hotel de selva

    O número de diárias no hotel inclui um pacote de atividades. Fizemos trilha interpretativa na mata, visita a uma comunidade ribeirinha e passeio pelas ilhas do Arquipélago de Anavilhanas. Acrescente ainda paradas em dois momentos distintos para banho no Rio Negro, sendo uma delas com botos nas imediações.

    Caminhada com explicação sobre plantas e animais

    Gostaríamos de ter dado uma volta por Novo Airão de bicicleta (magrelas oferecidas pelo hotel), mas não deu tempo. No retorno a Manaus, enfim conseguimos ter ideia de como era a cidade, teria sido legal.

    Diferentemente de outros posts sobre hotéis, hoje o relato da parte gastronômica vem por último porque merece ser degustada pelo leitor com calma.

    Para que os pratos fiquem prontos sem atraso, o hotel sugere aos hóspedes marcarem previamente o horário das refeições e os pedidos. A nossa dica: enquanto a comida não chega, tome um ótimo coquetel da carta elaborada por Alê D’Agostino. O bartender nos persegue desde a viagem a Paraty, quando provamos suas criações no Apothekario, na Pousada do Sandi.

    Drinks e bruschetta de coalho com pesto de jambu

    Assinado pela chef Debora Shornik (Caxiri, em Manaus), o menu do restaurante Camu Camu traz ingredientes amazônicos com preparo e apresentação contemporâneos. A descrição não te diz muita coisa? Se eu contar que repetimos três vezes a bruschetta de queijo com jambu talvez ajude a entender melhor.

    E não é por falta de opção de entrada no cardápio. Foi meio prova dos 9, sabe. “Será que é isso tudo ou a gente deu sorte no almoço?” Garçom traz a entrada no jantar da primeira noite: “Putz, é muito boa mesmo!” Jantar de despedida: “Hoje eu quero só a porção de bruschetta, nem vou comer mais nada, por favor”.

    Mentira, claro. A gente pediu prato principal em todas as refeições. No dia em que fui de arroz de pato, Nath mergulhou no tambaqui em caldo de tucupi… As reticências sugerem que você entenda o resultado dessa aventura ouvindo o episódio 25 do Como Viaja | podcast de viagem, em que ela explica com impressionante riqueza de detalhes.  

    Torta de chocolate com compota de cupuaçu e castanha fresca

    Franguinho grelhado com batata para a senhorita na noite final, costela de porco braseada para o cavalheiro. Da lista de sobremesas, a torta de chocolate com compota de cupuaçu e lascas de castanhas só perdeu na preferência para as entradas.

    Café da manhã excelente do Mirante do Gavião

    Mas a verdade é que o café da manhã, sempre ele, nos fez sorrir como poucas vezes. O mingau de banana verde e tapioca, o pãozinho de batata e o de açaí, os dadinhos de tapioca, o bolo de milho e o de macaxeira, o pé de moleque (mandioca brava com castanha, divina combinação!), os sucos…

    De novo deixo no ar o suspense para sua livre interpretação, dessa vez com um saldo bem positivo em relação à experiência da Nath com o tucupi.

    E aí entra o ponto lá do começo do texto sobre escolher um hotel de selva. O Mirante do Gavião é para quem valoriza comer bem, aprecia design e topa abrir mão só de alguns confortos, como televisão.

  • Tropical Executive: hotel em Manaus, na Praia da Ponta Negra

    Tropical Executive: hotel em Manaus, na Praia da Ponta Negra

    No Brasil dos quase 7.500 km de praias, hospedar-se de frente para um rio pode parecer algo menor, quase sem importância. A visão desimpedida do mar e de suas ondas faz parte da fantasia de quase todo turista, daqui ou de fora. Eu me incluo nesse grupo. Mas admito ter mudado meu conceito quando fiquei no Tropical Executive, hotel em Manaus, diante do Rio Negro.

    Meus olhos ficaram pregados na linha do horizonte. Diferentemente do que (não) se vê no oceano, havia algo possível de se enxergar naquele que é um dos principais afluentes do Rio Amazonas. Apesar de toda aquela imensidão, sua margem oposta estava ali, num perto-longe que me fascinou a partir da piscina de borda infinita. 

    Nathalia e eu havíamos descido com a ideia de abrandar um pouco o calor da capital do Amazonas, mas sequer entramos na água. O pôr do sol nos proporcionou algumas das melhores imagens de toda a viagem, que incluiu um cruzeiro pelo próprio Rio Negro, dias na Amazônia (no Juma Lodge e no hotel Mirante do Gavião), antes de terminarmos a viagem no Juma Ópera, hotel de luxo em Manaus. Pois bem, queridos, eu poderia morar naquele entardecer e nem subir de volta ao quarto.

    Como é o hotel Tropical Executive Manaus

    O Tropical Executive fica na Ponta Negra, bairro de alto padrão de Manaus. A valorização desse pedaço da capital amazonense inclui condomínios residenciais e prédios com vista-rio. É também uma região altamente turística formada pela orla da Praia da Ponta Negra, com bares, quiosques e restaurantes.

    O nome e as salas de convenções não escondem sua vocação de hotel de negócios, mas o Tropical Executive cabe como opção a quem deseja curtir uma praia de rio, mas não terá tempo de experimentar algo assim fora de Manaus. Ainda que a piscina faça forte concorrência nesse caso.

    Todos os apartamentos do Tropical Executive têm ar condicionado (gelaaado), cama queen (ou duas de solteiro espaçosas), banheiro sem firulas, mesa de trabalho, TV e frigobar. As unidades das categorias luxo e tropical possuem varanda. Nas demais, a visão do rio é total ou parcial, caso do superior queen em que dormimos.

    Quarto do Tropical Executive, hotel em Manaus
    Suíte sem firulas no hotel na Ponta Negra, em Manaus

    O que fazer no hotel na Praia da Ponta Negra

    Embora o hotel não ser administre a piscina, seu uso pelos hóspedes é livre mediante a apresentação de uma pulseira, que os funcionários dão no check-in. É possível pedir lanches e petiscos, além de bebida.

    Quando chegamos ao Tropical Executive, faltava ainda 1 hora para o serviço voltar. A gente pediu uma porção de pastéis e refrigerante no quiosque da piscina, que não lança a despesa na conta do hotel. Como eu havia descido sem cartão de crédito ou dinheiro, fiz um Pix.

    Rio Negro, visto do alto do hotel Tropical Executive
    Vista do Rio Negro a partir da suíte do Tropical Executive Manaus

    O hotel não tem academia, mas a proximidade com a orla da Ponte Negra ajuda a quem quer correr ou fazer uma caminhada. Vamos combinar que o visual ao redor é bem melhor do que qualquer esteira em ambiente fechado.

    Em esquema de buffet, o café da manhã é servido no restaurante do hotel, o Maragogi. Apresenta itens básicos como frutas, cereais, pães, bolos, frios, queijos e algumas receitas regionais, caso do x-caboquinho. Sanduíche típico do café da manhã amazonense, ele é a soma de pão francês, queijo coalho, fatias fritas de banana pacovã (da terra) e lascas de tucumã (fruto de uma palmeira da Amazônia). 

     

    Café da manhã do hotel Tropical Executive
    Café da manhã tem especialidades locais, como o x-caboquinho

    O Tropical Executive está localizado a 15 minutos de carro do aeroporto. Com quase o dobro desse tempo se chega ao Centro Histórico, onde está o circuito básico de atrações turísticas, entre elas, o Teatro Amazonas, o Palácio Rio Negro e o Mercado Adolfo Lisboa, todos erguidos durante o apogeu econômico vivido por Manaus com o Ciclo da Borracha, no fim do século 19. Nenhuma obra de engenharia supera o pôr do sol às margens do Rio Negro.

  • Juma Ópera (Manaus): hotel no centro histórico da capital

    Juma Ópera (Manaus): hotel no centro histórico da capital

    Se você pensa em conhecer Manaus, saiba que a maior parte dos cartões-postais a serem visitados fica no centro histórico. Se você deseja hospedar-se o mais próximo possível desse circuito de atrações turísticas, fique sabendo que o Juma Ópera está diante da principal delas, o Teatro Amazonas. 

    Erguida no auge do Ciclo da Borracha, a grande casa de espetáculos da capital amazonense pode ser admirada de vários pontos do hotel-boutique, que ocupa um casarão tombado pelo patrimônio histórico. Apesar de a visão do teatro a partir da piscina no terraço ser totalmente desimpedida, a mais charmosa é de dentro do restaurante.

    Café da manhã do Juma Ópera, hotel em Manaus

    Se tiver chance, tome o café da manhã sentado na mesa com sofá bem no centro do salão, olhando de frente para a cúpula que carrega as cores da bandeira do Brasil. Sobre a nossa mesa, o conjunto de grandes luminárias de palha, feitas por artesãos indígenas, deixaram a Nath vivamente interessada.

    Luminárias dão charme ao restaurante do hotel

    Como é o Juma Ópera

    Bom, agora que você já sabe que tem piscina e restaurante, resta informar que o Juma Ópera tem 41 acomodações, com áreas entre 27 m² e 70 m². As camas de casal são de tamanho king, e alguns quartos possuem banheiro com banheira. Há quartos dentro do prédio histórico restaurado.

    Suíte em dois momentos: com varanda fechada…

    Nós ficamos em uma suíte da ala nova, de onde podíamos ver o teatro sem sequer precisar levantar da cama. Se deixar as portas anti-ruído abertas, você chama quem estiver no vizinho ilustre com um simples assobio, tamanha a proximidade.

    …e com o Teatro Amazonas como vizinho

    Inaugurado em 2020, o hotel combina decoração contemporânea com objetos e artesanato indígenas. Fotos da região amazônica, incluindo imagens do Juma Lodge, o hotel de selva dos mesmos donos do Ópera, estão espalhadas por corredores e também nas áreas comuns.

    Cestaria e elementos indígenas nos corredores do Juma Ópera

    O que fazer no hotel no centro de Manaus

    Se não for praticar exercícios físicos na academia no alto do casarão principal ou dar um mergulho na piscina, atravesse a rua e visite o Teatro Amazonas. Nath e eu fizemos isso antes mesmo do check in. Como havia muitas pessoas na recepção para dar entrada, deixamos nossa bagagem num canto, fomos à bilheteria e conseguimos entrar nas últimas vagas da visita guiada de uma tarde de sábado).

    https://www.instagram.com/p/CiughupssH2/

    O Palácio Rio Negro (antiga sede do governo, hoje centro cultural) e o Mercado Adolfo Lisboa também fazem parte dessa Manaus histórica, surgida com o apogeu econômico proveniente da extração do látex, entre o fim do século 19 e a primeira década do 20.

    A vizinhança do Juma Ópera inclui a Igreja de São Sebastião (1888) e o largo homônimo em frente, onde turistas e visitantes se concentram para tomar sorvete ou tacacá nos fins de semana, especialmente. É seguro sair do hotel e contornar o Teatro Amazonas mesmo à noite, passando por alguns bares, restaurantes, oficinas e lojas do entorno, como a Galeria Amazônica (que vende as luminárias que a Nath adorou). Aos domingos, dá pra descer a pé e curtir a feira da Eduardo Ribeiro, avenida que concentra um conjunto de barracas vendendo artigos pra casa, roupas, artesanato e comidas típicas.

    Galeria Amazônia fica a 50 metros do hotel

    A gente foi à feira antes de seguir para o Museu da Amazônia, um dos passeios mais legais da cidade. Se você não se hospedar em um hotel de selva durante sua viagem ao Amazonas, vá ao Musa para ver trechos de floresta primária dentro da cidade, aprender muito sobre fauna e flora com os guias especializados do museu e subir os 242 degraus da torre de observação. A gente fez isso, tirou fotos, mas não conseguiu localizar na paisagem o Teatro Amazonas. Pois é, o Juma Ópera nos deixou mal acostumados.

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