Tag: Turismo de luxo

  • Four Seasons Cidade do México, um luxuoso refúgio na capital

    Four Seasons Cidade do México, um luxuoso refúgio na capital

    A localização é central, um entroncamento onde a Avenida Sonora desemboca no Paseo de La Reforma, perto do Museu Nacional de Antropologia e do Bosque de Chapultepec. Enquanto carros, bicicletas e pedestres disputam espaço na caótica capital mexicana, a calmaria preenche o pátio ao ar livre no centro do Four Seasons Cidade do México. Os arcos em volta, a fonte central, a gama de cores. Da arquitetura colonial espanhola ao paisagismo, tudo colabora para a sensação de paz na parte interna do hotel de luxo.

    O serviço do Four Seasons Mexico City é impecável. Considerando recepção, restaurantes e o time que cuida dos quartos e do atendimento em áreas comuns, a hospedagem fluiu naturalmente bem. Me senti acolhida, sem exageros invasivos ou formalidades desnecessárias. Isso nem sempre ocorre, mesmo em empreendimentos de luxo.

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    Recepção do hotel de luxo no México
    Luxo visto já na chegada ao hotel

    Desde 2016, a propriedade está na lista dos hotéis AAA Five Diamond, denominação dada a requintadas experiências de qualidade. Na edição de 2022, a seleção ganhou mais dois Four Seasons, ambos nos Estados Unidos: Hotel at The Surf Club (em Surfside, Flórida) e Hotel Philadelphia at Comcast Center.

    Como é o hotel de luxo na Cidade do México

    Uma rápida olhada ao redor do pátio central do Four Seasons Mexico City, na direção dos andares acima, encontra janelinhas simétricas. O visual é de hacienda (como são chamadas as fazendas coloniais na América hispânica), porém o acabamento e a decoração são contemporâneos. Isso fica claro já na recepção e no corredor que leva de lá até o pátio do hotel de luxo.

    Corredor até o pátio do Four Seasons Cidade do México
    Corredor da recepção ao pátio

    Nos andares, as cortinas abertas deixam entrar uma atmosfera de tranquilidade no quarto. A maior parte das 240 acomodações, divididas em 11 categorias, está voltada para dentro do hotel. A luminosidade aqueceu meu quarto de aconchego, casando perfeitamente com o conforto da cama e das amenidades disponíveis. Ao lado do armário, uma estação com máquina de café, café orgânico e água mineral.

    Quarto do hotel Four Seasons Cidade do México
    Conforto e luminosidade dentro do quarto

    O banheiro em mármore de tons claros tinha chuveiro e banheira separados, além de sanitário num cômodo adjunto. A ducha em volume abundante ficava mais gostosa com os produtos de higiene da francesa L’Occitane.

    Banheiro do quarto Four Seasons Cidade do México
    Banheiro e amenities no Four Seasons Cidade do México

    Na cobertura do hotel, o health club possui uma pequena piscina, academia e salas de tratamento de spa. Não é o ponto forte ali, talvez por falta de espaço ou demanda, com tantos viajantes a negócios ou a lazer ávidos por atrações culturais. O Four Seasons Cidade do México conta ainda com uma filial da Gentlemen’s Tonic, barbearia de Londres.

    Piscina do Four Seasons Mexico City
    Pequena piscina na cobertura

    A experiência gastronômica é excelente e aberta a não hóspedes no Four Seasons Mexico City. Mesmo quem vive em São Paulo, acostumado à larga oferta de restaurantes italianos, pode se surpreender no restaurante italiano Il Becco. O chef Julian Martinez faz um inesquecível agnolotti ao limão, recheado com mascarpone. Uma deliciosa ideia para encerrar o dia, ainda que você não esteja hospedado no Four Seasons.

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    Restaurante Il Becco, na Cidade do México
    Agnoloti de mascarpone no Il Becco

    O dia começa e pode terminar no Zanaya – que ambiente agradável e piso lindo! O buffet de café da manhã tem variedade e qualidade da parte gelada (frutas, iogurtes, frios e pudim de chia delicioso) à padaria (croissant, pain au chocolat). Tire tempo para aproveitar. O restaurante serve ainda almoço e jantar, além de brunch nos fins de semana. Especialidades mexicanas estão sempre entre as opções.

    Buffet de café da manhã do hotel Four Seasons
    Excelente buffet de café da manhã

    O que fazer no Four Seasons Mexico City

    O time de concierge faz parte da prestigiosa associação Les Clefs d’Or. Toda vez em que passei no cantinho deles, perto da escada, não apenas tiraram minhas dúvidas como acrescentaram ideias aos meus passeios pelos bairros próximos na Cidade do México.

    O hotel também organiza experiências, como voo de balão sobre o sítio arqueológico de Teotihuacan ou um almoço preparado pelo chef do hotel, Emiliano Rabía, entre os canais de Xochimilco. Os dois passeios podem ser feitos também por conta própria ou com agências. Eu fiz os tours de 1 dia a Teotihuacán com Basílica de Guadalupe e a Xochimilco com Museu Frida Kahlo, ambos pela Get Your Guide, agência europeia parceira do Como Viaja.

    Hotel de luxo na Cidade do México bem localizado
    Localização central, perto do Museu Nacional de Antropologia

    Os bairros de Condesa e Roma estão pertinho do Four Season. Uma caminhada pelas ruas arborizadas cruza com bares, cafés e lojas charmosas. Em outra direção da cidade, a partir do hotel, uns 15 minutos de táxi, Uber ou ônibus levam ao Museu Nacional de Antropologia, instalado dentro do Bosque de Chapultepec – existe uma visita guiada ao museu e ao Castelo de Chapultepec, com ingressos incluídos.

    Comida mexicana no Four Seasons Mexico City
    No restaurante Zanaya, comida mexicana e internacional

    Dentro do próprio Four Seasons, recomendo que você tire momentos do dia para estar no pátio, em meio à vegetação, desfrutando de delícias da confeitaria Pan Dulce, acompanhadas por cafés mexicanos. Jantares nos restaurantes Zanaya e Il Becco são outros belos programas, procurados também por moradores da Cidade do México.

    Nas pontas daquele pátio central, a vida acontece nos arcos da construção ao redor e também no miolo dele. Sob o céu noturno, horas de drinks e comida de rua mexicana no Fifty Mils, integrante da lista dos 50 melhores bares do mundo em 2018, podem ser prazerosas.

    Provei ali a porção Surtido de Antojitos, com pequenos exemplares de quesadillas, tlacoyo (tortilla oval e recheada, de cor escura porque é feita de milho azul; adorei) e pambazo (pão frito em molho de pimenta; achei muito picante). Para acompanhar, pedi o La Ruah, coquetel com mezcal (destilado a partir do fermentado de agave), chá verde, bitter de laranja, absinto e folha de manga. Uma noite perfeita para encerrar minha viagem ao México.

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  • Margaritaville Cap Cana: resort all inclusive para adultos no Caribe

    Margaritaville Cap Cana: resort all inclusive para adultos no Caribe

    O chinelo azul em tamanho avantajado na entrada do Margaritaville Cap Cana, resort all inclusive em Cap Cana, na República Dominicana, serve de salvo-conduto e convite. A partir dali ninguém mais vai exigir rigor nas suas vestes. A ordem é relaxar. Seus problemas ficaram para trás.

    Com um pouco mais de atenção, o hóspede que chega ao resort, aberto em outubro de 2021 no Caribe, lê na lateral da marquise dele o clássico ditado “minha casa é sua casa”, escrito em espanhol. Tão logo a primeira margarita frozen seja estendida na sua direção como sinal de boas-vindas, acredite, você definitivamente poderá se sentir de férias diante do mar turquesa de catálogo de viagens.

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    Punta Cana é o principal destino turístico da República Dominicana. E Cap Cana é o crème de la crème ao sul da região há 20 anos. Um condomínio de acesso restrito, com praia exuberante, campos de golfe de excelência, marina com barcos que custam todos os órgãos de seu corpo e vocação para o descanso em alto nível na Praia Juanillo, faixa de areia fina e clara. Tudo isso a cerca de 15 minutos de distância do movimentado aeroporto internacional de Punta Cana.

    Marina, um hotspot de Cap Cana – Foto: Fernando Victorino

    Não que eu estivesse com pressa de chegar ao Margaritaville Cap Cana. Mas, se pudesse, retardaria até o último momento o meu check-out. Integrante do grupo Karisma Hotels & Resorts, esse all inclusive vai na contramão do que vivi nos dias de hospedagem no Hotel da Nickelodeon em Punta Cana, membro do mesmo portfólio de resorts e hotéis de luxo. De modo direto e reto, foi como ter deixado o berçário para a vida adulta, sem escalas.

    Descanso proporcional ao calor gigante do Caribe – Foto: Fernando Victorino

    Como é o Margaritaville em Cap Cana

    O Margaritaville Cap Cana compreende 40 vilas de luxo com piscina privativa e hospedagem destinada a adultos. Some-se a essas exclusivas ilhas de conforto 228 suítes, algumas das quais também com acesso direto a piscina particular. Nos dois casos não há vista para o mar, algo possível em acomodações como a Luxury Junior Suite, como a que eu fiquei por duas noites. Instalado no quinto andar do bloco de apartamentos mais próximo da praia, tive o privilégio de ver o sol nascer sem sequer sair da cama king. Sorry people.

    De manhã ou à tarde, praticamente sem visual – Foto: Fernando Victorino

    Essa suíte de 58m² tem um bom closet à esquerda da porta de entrada, ideal para concentrar a mala e as roupas da viagem, sem bagunçar o quarto todo com fragmentos de bagagem pelos cantos (tenho mania, algum problema?).

    A cama king (ou mirante da alvorada) – Foto: Fernando Victroino

    O banheiro busca recriar um clima de spa no quarto. Para mim, o chuveirinho do box serviu melhor do que a ducha. Eu só ajustei a regulagem de modo que ele ficasse em uma altura capaz de molhar o corpo todo. E o principal: com pressão d’água suficiente para relaxar as costas.

    Onde o azul é mais azul – Foto: Fernando Victorino

    Menção à parte a respeito da banheira de imersão. Ela ocupa uma posição estratégica, com boa visão para a smart TV, que é tão grande quanto aqueles monitores onde o pessoal apresenta a previsão do tempo nos telejornais. A divisória de madeira ao lado da banheira pode ser puxada, deixando a visão da tela desimpedida Além de sais de banho, há amenities para fazer esfoliação corporal durante o banho.

    O spa particular da suíte – Foto: Fernando Victorino

    As opções são tantas que fica até difícil escolher onde se instalar para melhor curtir a suíte. Não fosse pelo calor, eu teria ficado mais tempo na varanda, que tem vista para o mar e para as piscinas do Margaritaville Cap Cana.

    De novo, a mesma situação encontrada no Nick Resort. O frigobar fica encastelado por um móvel, fazendo com que o motor produza tanto calor que não dá conta de gelar as bebidas. Por outro lado, a política do Margaritaville Cap Cana é a de que você abastece o seu frigobar com o que quiser.

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    No mercado há de café a margaritas – Foto: Fernando Victorino

    Para isso há o Joe Merchant’s, cafeteria e conveniência onde você compra comidas e bebidas do seu gosto e leva para o quarto. Há ainda duas máquinas, ingredientes e a receita passo a passo para você produzir sua própria margarita.

    Aprenda com os profissionais – Foto: Fernando Victorino

    Mais do que abrir a porta da sua acomodação, a pulseira entregue no check-in é carregada com crédito em pontos a serem gastos no mercadinho. Lógico que não é para fazer a despesa do mês, mas pelo menos você compra só o que realmente consome. Se você ultrapassar o crédito de pontos, o valor é acrescentado na sua conta no hotel.

    O que fazer no hotel em Cap Cana

    A história do Margaritaville Cap Cana passa pela música homônima do cantor e compositor americano Jimmy Buffett. Sucesso de 1977, a canção mudou a vida do músico, que ramificou sua atuação como empresário para o campo da hospitalidade. Mais do que um negócio, Margaritaville espelha um estado de espírito descontraído e casual. O chinelão na porta de entrada e trechos da canção de Buffett espalhados pelo hotel em Cap Cana dão a dimensão disso.

    Letras de Jimmy Buffett estão por toda parte – Foto: Fernando Victorino

    A rigor, há uma piscina principal em toda a área comum. Mas de tão recortada e sinuosa parece até se multiplicar ao olhar mais desatento. Ela abraça o principal ponto de encontro do resort durante o dia: o bar 5 O’Clock Somewhere, onde o barman fará o possível para que seu copo não fique vazio.

    Sem sombra de dúvida, o melhor refúgio do calor – Foto: Fernando Victorino

    Tanto no 5 O’Clock quanto no Punch Bar & Lounge os coquetéis são relativamente suaves na dosagem alcóolica. A piña colada desce como água. Já o meu mojitômetro não registrou algo memorável entre cinco tentativas (a margem de erro da pesquisa é de dois coquetéis, para mais ou para menos). As margaritas estão por toda a parte, até mesmo no café da manhã do restaurante Boathouse.

    De sucos a biritas no café do Boathouse – Foto: Fernando Victorino

    O Aperol Spritz é a minha sugestão para depois de um jantar italiano no Frank & Lola’s. Desejei o ossobuco alla milanese, cozido por 8 horas e servido com risoto de açafrão, molho de vinho Barolo e batatas ao alecrim. Agora imagine a frustração de salivar depois de ler toda essa definição no cardápio e descobrir que infelizmente não havia o prato naquela noite.

    Salta aos olhos – Foto: Fernando Victorino

    O saltimbocca alla romana substituiu com galhardia um jantar aberto com carpaccio (molho um pouco puxado no limão, até larguei meu mojito da vez para não criar uma overdose cítrica) e encerrado com cannoli de baunilha e de chocolate – gente do bairro paulistano da Mooca lamberia os beiços com a caprichosa versão do Margaritavile Cap Cana.

    Iluminada sugestão de sobremesa – Foto: Fernando Victorino

    Com seus cortes preparados em parrilla à lenha, o menu do JWB Steakhouse faz frente aos pratos sicilianos do Frank & Lolas’. A começar pela tábua de pão de cebola com molho chimichurri. Se eu não tivesse pedido carne como prato principal (ótimo, por sinal), certamente repetiria o saboroso par de empanadas. Se houvesse para a viagem…

    Tem pra viagem? – Foto: Fernando Victorino

    O segundo jantar selou um dia de dieta à base de muita proteína, iniciado no Rum Runners. Nesse restaurante de comida caribenha, há pratos no cardápio com o selo de instagramável. Meu pedido não tinha nada de fotogênico, mas certamente despertaria piadinhas de taolkeys no Twitter: provei a picalonga, comida típica da República Dominicana.

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    Picalonga, prato típico da República Dominicana – Foto: Fernando Victorino

    Com exceção do Table 10 (menu degustação), todos os restaurantes do Margaritaville Cap Cana são super casuais em relação ao uso de bermudas e chinelos. Por isso mesmo faça uma mala com roupas leves e, no máximo, um calçado fechado, que provavelmente será utilizado apenas nos voos.

    O clima é de relaxamento e descontração, seja nos shows ao vivo no lounge do Punch Bar ou no after hour que rola na Landshark, a cervejaria artesanal que funciona dentro do resort. É possível conhecer a unidade de produção instalada logo atrás do balcão. A stout fabricada por eles é tostadaça, mas sem deixar aquele amargor de herança na boca. De 15 de setembro a 27 de outubro, a Landshark promove a primeira edição da sua Oktoberfest, a festa da cerveja inspirada no tradicional evento de Munique, na Alemanha.

    Landshark tem um cervejaria atrás do balcão – Foto: Fernando Victorino

    Bar que encerra a noite no resort em Cap Cana, a Landshark promove uma pitoresca balada silenciosa. Munidos de fones de ouvido, cada hóspede escuta a seleção comandada pelo DJ. Todo mundo na mesma vibe, dançando por entre as mesas do restaurante. Eu nunca havia experimentado isso com estranhos. Porque em casa eu só cozinho, lavo louça e faço faxina de fone na orelha. Senti falta da minha playlist com Doobie Brothers, Stones e Mutantes.

    Em alto e bom som, a reggae night pré-balada silenciosa – Foto: Fernando Victorino

    Se você chegou até o fim desse texto perguntando quando diabos eu vou falar da praia, meus parabéns! Duplamente. Por sua persistência e inteligência em notar que guardei o melhor para o fim. Relaxe e curta os próximos parágrafos.

    Precisa legendar? – Foto: Fernando Victorino

    Praia Juanillo é linda. Sofre com sargaço e o próprio canal interno de TV do Margaritaville Cap Cana não esconde se tratar de um problema relacionado às mudanças climáticas em todo o mundo, com consequências danosas para a natureza local, a razão do êxito como destino turístico.

    Caminhada na direção do trecho sem sargaço – Foto: Fernando Victorino

    Esse tipo de alga, que serve de alimento para tartarugas marinhas, peixes e aves, se acumula sobremaneira na praia, motivo pelo qual vê-se um trator todos os dias recolhendo punhados delas para posterior descarte adequado.

    Turistas em Praia Juanillo – Foto: Fernando Victorino

    Eu e outros hóspedes fomos aconselhados a caminhar cerca de três minutos para a esquerda em relação ao mar. É nítida a diferença. Poucos passos e o típico azul caribenho surge vívido. Eu fui ao píer próximo, de onde tirei fotos sobre a água. Estava sozinho, fiz um montinho com minhas coisas e, claro, me larguei no mar morninho e claro.

    Visão da praia a partir do píer – Foto: Fernando Victorino

    Sensação melhor do que essa só mesmo a do amanhecer em Juanillo, com um desfile de todos os tons possíveis produzidos pelo sol no horizonte.

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  • Fasano Boa Vista (SP): hotel de luxo no interior, sem afetação

    Fasano Boa Vista (SP): hotel de luxo no interior, sem afetação

    “O senhor sabe como chegar lá?” A pergunta feita pelo segurança tem o seu porquê. É nossa primeira vez no Fasano Boa Vista, hotel no interior de São Paulo. Estamos em Porto Feliz, a cerca de 1 hora de carro da metrópole. A unidade de campo da tradicional rede hoteleira de raízes italianas fica no km 102,5 da Castelo Branco, sentido capital. Ou você lança esses dados no GPS ou tem de estar atento ao aviso de retorno antes do pedágio que fica neste ponto da rodovia.

    Sem esse aparelho nem sinal de internet (oi, cadê o sinal de celular, operadora?), Nath e eu não podíamos nem apelar para o Waze, como sugeriu o segurança no portão de entrada, onde outros dois agentes zelavam pela proteção da fazenda – algumas famílias quatrocentonas paulistas, outros emergentes e parte do PIB brasileiro se hospedam ou têm casas de fim de semana ali.

    No fim, o condomínio é bem sinalizado, com placas indicando a direção do hotel. Além do mais, a gente é jornalista, bicho fuçador que encontra o que quiser onde estiver. As alamedas têm velocidade controlada, o que ajuda a contemplar a paisagem até chegarmos à recepção do Fasano Boa Vista, 20 minutos depois.

    Veja também outras sugestões de hotéis românticos em SP, hotel fazenda no interior de em SP, resort em São Paulo, hotéis no litoral de SP e hotéis no interior de SP; todos com boa avaliação em sites de reserva.

    Como é o hotel de luxo no interior de SP

    É um hotel Fasano, então espere tratamento de primeira, incluindo serviço de mordomo para desfazer e fazer as malas dos hóspedes. Ainda que tenha um serviço como esse à disposição, os funcionários não te tratam de forma subserviente (acredite, tem hotel no Brasil que ainda vive num pré-1888). 

    Pense no uso de madeira e pedra com elegância, e você entenderá o conceito do arquiteto Isay Weinfeld, autor do projeto do Fasano Boa Vista. Todos os 39 apartamentos (12 deles suítes) estão voltados para o lago artificial, com a visão das montanhas e do pôr do sol. Ficamos no 1º andar, no apartamento deluxe de 60m². As suítes duplex (120m²) e de dois quartos (180m²) têm dois andares e ampla sala de estar.

    Surpresa com balões e fotos ao chegar no quarto

    Na chegada ao quarto tivemos uma agradável surpresa. Balões com fotos instantâneas de momentos de viagem em casal e com nosso filho flutuavam sobre a cama – era nossa primeira viagem a dois na pandemia, após mais de um ano e meio isolados os três em casa. Não é sempre essa mesma ação que ocorre, mas o hotel costuma preparar algo personalizado para cada hóspede. Luxo é isso, senhoras e senhores.

    Todas as acomodações têm cama king size, lençóis de algodão egípcio 300 fios e travesseiros de pluma de ganso. Acrescento à descrição o ótimo blackout da janela, que não deixa os primeiros raios de sol da manhã te acordarem antes da hora. Uma longa bancada em madeira se estende pela parede oposta à cama. Com a pandemia, muita gente fez home office no Fasano Boa Vista, levando a administração a turbinar sua internet. Nath escreveu uma matéria de última hora e fez upload de fotos pesadas sem passar aperto.

    Mesa para trabalho remoto, com boa conexão de internet

    Tudo isso enquanto Frank Sinatra entoava You Brought a New Kind of Love to Me na caixinha bluetooth, parte das facilidades do quarto. Coube a mim a difícil tarefa de selecionar a trilha sonora de dentro da banheira. Não gosta de imersão? A ducha é forte, revigorante. À base de produtos amazônicos, as sustentáveis amenities da Costa Brazil te fazem ter vontade de levar frasquinhos e mais frasquinhos para casa, sem culpa.

    O que fazer no Fasano Boa Vista

    Não andamos a cavalo, não jogamos polo, tênis ou golfe (pena, já que esse é o único hotel no Brasil com dois campos de 18 buracos, um deles assinado pela lenda Arnold Palmer). Então nos restou alimentar o corpo e o espírito. Se você está em um Fasano, é normal criar expectativa pela comida. O menu tem receitas consagradas nos 100 anos de história da marca.

    Atreva-se a sair do convencional e peça o carpaccio Fasano, com tapenade de azeitonas e pinoli. Ele e a ótima burrata caem bem com os drinques elaborados em comemoração aos 10 anos do hotel de campo. O filé mignon ao molho marsala com batatas rústicas é bem generoso na carne, então peça o prato para dividir sem medo de parecer sovina (luxo é não desperdiçar). No máximo, solicite mais batata à parte, se você gosta delas como Nath as ama.

    Saborosa gastronomia no hotel Fasano Boa Vista

    O menu do restaurante do Fasano Boa Vista mescla refinadas receitas de fazenda com clássicos da cucina italiana, como o ravioli de carne com creme padano e o risoto de parma. Outro ponto alto: os pratos não têm invencionices nos nomes. São chamados pelo que realmente são e suas descrições, objetivas : ravioli é ravioli, risoto é risoto (luxo é ser simples, por mais paradoxal que isso seja na sociedade brasileira). Das sobremesas, a massa da cheesecake por si só é deliciosa, tal como gostam os americanos que inventaram essa perdição.

    Buffet de café da manhã no hotel de luxo no interior paulista

    Foram duas noites de hospedagem com direito a café da manhã no salão (buffet) e na varanda do quarto. Nesse caso, solicitamos na véspera ao room service a lista de itens a serem servidos. Eles estranharam não desejarmos iogurtes, frutas (havia uma bandeja no quarto desde o check in). Optamos por manteiga, requeijão, ovos Benedict e a seleção de pães (bem boa, com pão de queijo, croissant, pain au chocolat, pão de mel, francês e um pão de grãos delicioso).

    A gente se arrependeu de ter pedido para montarem a mesa na varanda. Apesar da vista incrível, alguns mosquitinhos (não eram pernilongos) atrapalharam um pouco a experiência. Outros senãos foram o suco de laranja da Nath meio doce demais e o bolo formigueiro seco para o meu paladar. Acontece, são detalhes. Mas o Fasano Boa Vista está na nossa lista de melhores cafés da manhã de hotel certamente.

    Jantar à luz de velas na varanda do Fasano Boa Vista

    Já à noite o jantar romântico na varanda, à luz de velas, foi super gostoso. A escuridão ao redor ampliou a sensação de estarmos só nós dois, num clima intimista. Estando num hotel da marca Fasano, nada mais apropriado do que pedir massas; eu fui com linguiça e a Nath, com camarão.

    Bicicleta estão disponíveis para os hóspedes pedalarem pelo condomínio

    Entre uma refeição e outra, a gente explorou uma fração da imensa propriedade com as bicicletas à disposição dos hóspedes, embora muitos deles optem pelos carrinhos elétricos. Febre local, o uso do veículo exige habilitação e respeitos às regras de trânsito. Blitz educativas e radares de velocidade fazem parte do cotidiano do condomínio, que é quase uma minicidade e tem um pequeno conjunto comercial, com lojas de grife, conveniência e um minimercado.

    Lojinhas na praça ao lado do Fasano Boa Vista

    O shopping a céu aberto fica perto da área da piscina do Fasano Boa Vista. De borda infinita e raia de 25 metros, ela tem uso exclusivo para natação das 9h da manhã ao meio-dia. É uma área gostosa para tomar drinks e ver o pôr do sol.

    Pôr do sol visto da piscina do hotel no interior de São Paulo

    Quem deseja manter a forma ou busca tratamentos estéticos e massagens encontra tudo isso a uma curta caminhada desde a recepção. O Spa Fasano tem academia de ginástica, cardápio com terapias variadas e piscinas.

    Mesmo quem não vai fazer tratamentos pode agendar horário nessa área molhada do spa, incluído no valor da diária. A força da cascata impressiona. Foi o que eu mais gostei porque te passa mesmo uma sensação de estar na natureza e deixa os ombros bem relaxados. No caminho até ela, pedras massageiam os pés. Foi difícil tirar a Nath da jacuzzi com cromoterapia. Nós dois também experimentamos a piscina beeem aquecida.

    Excelente área molhada do Spa Fasano, no interior paulista

    Além disso, Nath e eu desfrutamos do Ritual Bem-Estar, criado para celebrar a década de funcionamento do Fasano Boa Vista. A sessão de 90 minutos começa com escalda-pés de flores e especiarias finalizado com massagem nos ombros. Estreante em spas, eu dormi durante a etapa seguinte: uma terapia corporal relaxante para soltar nódulos de tensão enquanto também ativa a circulação sanguínea. O tratamento original do menu previa ducha escocesa no fim, mas conseguimos trocá-la por mais minutos de massagem.

    Desfrutamos de tudo isso indo no início da semana, momento em que o movimento do hotel estava relativamente tranquilo. Fizemos check out na tarde de quarta-feira, quando teve início na recepção o festival do Dior, fosse no corpo ou nos carrinhos de bagagem. 

    Preciso dizer também que durante as 48 horas que passamos no Fasano Boa Vista não escutamos uma vez sequer o termo diferenciado, esse mantra-muleta empregado na ausência de palavra melhor para definir bom serviço, boa hospitalidade e boa gastronomia.

    Quarto do requintado Fasano Boa Vista

    Atendidos por cerca de 15 funcionários diferentes em dois dias, notamos como cada um deles se mostrou muito bem preparado para responder as mais variadas questões, sem aquele discurso ensaiado que a gente escuta, por exemplo, em alguns hotéis. Chamou nossa atenção a preocupação em antever necessidades do hóspede, até as mais banais. 

    Cito como exemplo a tarde em que eu me peguei admirado com o som alto e estridente de duas aves em uma árvore. Fiquei com a impressão de serem maritacas por causa da plumagem verde. Passando pelo valet, um dos manobristas, que tinha assistido à cena toda a uma distância de uns 150 metros, disse: “são maritacas, senhor”, confirmando meu palpite. Luxo é isso também.

  • Hotel de luxo em Munique: Bayerischer Hof, no centro histórico

    Hotel de luxo em Munique: Bayerischer Hof, no centro histórico

    ATUALIZADO EM 20 DE MARÇO DE 2019

    Um reluzente McLaren MP 12 estacionado em frente à entrada do Bayerischer Hof é minha primeira visão quando chego a um dos maiores e mais luxuosos hotéis de Munique, na Alemanha. Pago a corrida ao taxista, pego os pertences pessoais e uma pergunta martela minha cabeça: que tipo de pessoa teria o desplante de, no país que inventou o automóvel, pilotar um modelo de carro inglês? Inglês?!?! Até James Bond abriu mão do seu tradicional Aston Martin um dia para fugir de bandidos à bordo de um BMW!

    Eu a matutar e o McLaren lá, parado, azul e inglês na frente do hotel que bem poderia servir de cenário para qualquer um dos filmes do 007. Tempos depois descobri que três atores que interpretaram o agente secreto mais famoso do cinema já haviam passado seus dias naquelas imponentes instalações: os ‘sirs’ Sean Connery e Roger Moore e ainda Daniel Craig. Eles fazem parte de uma extensa de lista de personalidades que já se hospedaram no Bayerischer Hof em 175 anos de existência do empreendimento. Leia nosso Guia Munique: dicas de viagem à cidade no sul da Alemanha.

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    Hall de entrada do Bayerischer Hof

    Foi nesse cenário rico em histórias que Nathalia, Joaquim e eu, ilustres desconhecidos, ficamos durante nossa passagem por Munique, segunda etapa da viagem à Alemanha em família. Desconhecidos como tantos outros hóspedes, mas nem por isso desimportantes.

    Como um autêntico cinco-estrelas, o requinte do Bayerischer Hof está evidente em cada instalação do labiríntico edifício, em cada serviço exclusivo oferecido pelo empreendimento integrante de duas luxuosas associações de hotelaria, The Leading Hotels of the World e Preferred Hotels & Resorts.

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    Vista panorâmica de Munique a partir do terraço

    Nos quartos, design assinado

    Acomodações são 340, das quais 65 são suítes com espaço interno que alterna entre os 25 m² de um single room até 130 m² da suíte panorâmica. Se combinadas diferentes acomodações, o resultado pode chegar a incríveis 584 m², o que resulta em uma das maiores suítes de toda a Europa, com capacidade para até 17 pessoas.

    Éramos três e ficamos em um quarto desenhado por Siegward Graf Pilati (outros três arquitetos se dividem nas assinaturas das demais acomodações). Uma ótima cama king size, uma mesa de trabalho e uma pequena sala de estar compunham o ambiente. Para o Quim, uma pequena cama foi armada aos pés da nossa, de frente para a TV (não poderia haver melhor lugar, mesmo ele não entendendo nada do alemão dito nos desenhos animados que pedia para assistir antes de dormir).

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    Cama do filhote aos pés da nossa

    Nosso filho curtiu também a ideia de o quarto ter um closet, que virou uma espécie de playground informal dos bonecos da Turma da Mônica — levados para lhe fazer companhia durante os 25 dias longe de casa. Quim achou igualmente divertido haver um pequeno rádio instalado na parede do banheiro. Imagine quantos banhos de banheira ele não quis tomar ouvindo música?

    Ele também adorou a ideia de poder sair do chuveiro e não sentir frio ao tocar o piso aquecido. Se bem que havia pantufas do tamanho de seus pés à espera dele na chegada ao quarto, sem falar no roupão infantil com o qual nosso pequeno lord se vestia ao sair do banho de banheira diariamente.

    Nobre história

    A fidalguia é inerente à história do Bayerischer Hof, escrita a partir de um desejo de Ludwig I. Em 1839, o rei da Baviera ordenou que fosse erguido um hotel de 1ª classe com condições de receber visitantes estrangeiros. Empresário do ramo de locomotivas, Joseph Anton von Maffei encabeçou a construção, que teve projeto do arquiteto Friedrich von Gärtner e levou dois anos para ser concluído. No dia 15 de outubro de 1841, o Bayerischer Hof abriu suas portas no coração do centro antigo de Munique, tendo Maffei como arrendatário até sua morte.

    Em 1897, Hermann Volkhardt, um jovem confeiteiro, pagou perto de 3 milhões de marcos alemães e assumiu o controle do hotel, dando início à sua expansão e reconstrução, nem sempre fruto de sua vontade. Apesar do bombadeio sobre Munique na madrugada de 25 de abril de 1944, uma parede de espelhos do Bayerischer Hof resistiu de pé. Com Falk, neto de Herrmann Volkhardt no comando, a reconstrução após a Segunda Guerra começou a partir da única estrutura que havia ficado intacta.

    Ao mesmo tempo memorial e cicatriz, os espelhos estão lá a decorar o Falk’s Bar, que combina em doses certas o estilo barroco bávaro de um teto todo trabalhado com notas de modernidade dadas pela iluminação em tom de azul do convidativo balcão, onde é possível relaxar ao sabor de um Skyfall, uma das criações sugeridas na carta de coquetéis.

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    Falk’s Bar e sua icônica parede de espelhos

    Nathalia recomenda um drink no Blue Spa, no terraço, com a visão do sol caindo atrás dos telhados de Munique. Joaquim e eu estávamos na piscina quando ela surgiu de roupão, uma taça de brut na mão e um sorriso discreto nos lábios. Depois, foi apreciar a vista de Munique da varanda ao lado. Eu, paparazzi nada vocacional, cliquei este instante que poderia ter a legenda ‘é chato ser chique’.

    É chato ser chique

    Nossa estada no Bayerischer Hof incluía começar o dia com um ótimo café da manhã. Aqui prefiro classificá-lo como pequeno almoço, essa expressão genialmente consagrada em Portugal para definir a primeira refeição, o que naquele caso fazia todo sentido. Dispenso novas linhas para não brigar com as fotos que mostram o repertório do buffet. Mas é preciso mencionar que de espumante a salmão, passando por diversos tipos de pães, incluindo as deliciosas especialidades alemãs, tudo era uma tentação para os que, assim como nós, prezam um generoso café da manhã.

    Quando estavam disponíveis, nos sentávamos nas mesas do lado de fora, de onde Joaquim conseguia ouvir o espetáculo musical da torre da prefeitura de Munique, na Marienplatz. Controle-se para não perder a manhã por ali porque o ambiente é tentador.

    Essa vocação para o dolce far niente da cidade apelidada de “a mais ao norte da Itália” fica evidenciada em terraços como o do Dachgarten (onde o café é servido) ou no andar de cima, no Blue Spa Terrasse, cuja a maior área de sua varanda é generosamente brindada com a visão das torres da Frauenkirche, igreja ícone de Munique. Os fins de tarde nos últimos andares do hotel podem ficar ainda melhores se você for como Nath, Joaquim e eu, que nos deliciamos na piscina. Recomendamos flutuar e admirar a variação do azul do céu, do claro ao escuro.

    Gastronomia variada e estrelada

    À medida em que a noite se aproxima, os trajes mudam na região do spa. O imaculado branco dos roupões cede lugar ao estilo casual para homens e mulheres que sobem ao sétimo andar e ensaiam os primeiros passos de um roteiro de diversão que vai de cima a baixo, sem que essa descida represente queda na empolgação. Porque é nas entranhas do Bayerischer Hof que estão alguns de seus tesouros. É possível desfrutar de entretenimento sem colocar os pés fora do hotel, seja nas estofadíssimas 38 poltronas do cinema que funciona no mezanino ou assistindo a um show de jazz ou música latina no nightclub do subsolo.

    Já a gastronomia reserva do melhor da tradição bávara oferecida pelo rústico Palais Keller ao renomado Atelier, dono de 3 estrelas do prestigiado Guia Michelin e com cozinha gourmet criativa sob as ordens de Jan Hartwig. Brasserie de cardápio que combina pratos clássicos com receitas contemporâneas, o Garden apresenta o filé de linguado com espinafre e batatas salpicadas de salsa como uma de suas especialidades. É de salivar, convenhamos.

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    Restaurante Atelier tem 3 estrelas Michelin

    Presente em hotéis do Oriente Médio, da Europa e dos Estados Unidos, o restaurante Trader Vic’s tem inspiração polinésia. Das panelas comandadas por Tahsin Pehlevan saem especialidades cheias de picância e cor. Fazem parte da carta de coquetéis da casa o tradicional Bahia No, mistura de creme de coco com suco de abacaxi (bom para quem não curte álcool) e o Menehune Juice, que combina rum com amêndoas, em um copo simpaticamente ornamentado por uma miniatura de um menehune, espécie de anão que vive escondido nas ilhas havaianas, de acordo com a lenda local.

    Dois desses bonequinhos de borracha vieram da Alemanha para o Brasil e por aqui ganharam o nome de ‘bundinhas de fora’, dada a escassez de suas vestes. Viraram personagens das brincadeiras que Joaquim organiza com Lego e Playmobil aqui em casa.

    Frequentado por personalidades e moradores

    O Bayerischer Hof dispõe dos serviços típicos de um cinco-estrelas de modo que cada hóspede sinta-se em casa mesmo estando longe dela. Foi esse conceito que permitiu ao hotel armar uma cozinha dentro da suíte onde se hospedou o tenor italiano Luciano Pavarotti, famoso pelo hábito de preparar sua própria pasta de madrugada.

    Durante nossa estada, questões corriqueiras de hospedagem foram resolvidas com prestatividade e rapidez. O que não significa dizer que o hotel nunca tenha negado algum pedido considerado extravagante. Sempre que se apresentava em Munique, Michael Jackson ficava no Bayerischer Hof. Do livro de visitas consta anexada uma reportagem que narra a passagem do cantor pelo hotel, em julho de 1997. Com suítes reservadas em nome de Sr. King, o rei do pop se hospedou na companhia da então mulher, Debbie Rowe, e do filho recém-nascido do casal, Prince Michael. Foram feitas poucas exigências, como um umidificador no quarto, flores, 24 latas de refrigerante sabor laranja e queijo suíço.

    Ainda segundo a reportagem da época, o isolamento do cantor era garantido pela presença permanente de um guarda-costas na porta da suíte e de outros seguranças particulares nos principais acessos ao Bayerischer Hof. Questionada se poderia proibir a entrada de fãs do cantor no hotel, a gerência respondeu educadamente que não. Maneira encontrada para garantir a liberdade dos demais hóspedes, sem que o hotel se transformasse em um bunker.

    O episódio não abalou a relação com Michael Jackson, que voltou à cidade e ao Bayerischer Hof outras vezes. Essa é razão para o surgimento de um memorial informal para o astro pop em frente ao hotel logo após a morte do cantor, em 2009. Aos pés da estátua que homenageia outro músico, o compositor renascentista Orlando di Lasso, fotos, flores, mensagens e velas deixadas pelos fãs transformaram um pedaço da Promenadeplatz em ponto de peregrinação e culto à memória do astro pop desde então.

    UM QUARTEIRÃO DE HOTEL
    Hotel se esparra por um quarteirão de Munique

    Em 1907, Sigmund Freud e Carl Jung se reuniram por 13 horas para discutir psicanálise em um dos salões art déco do Bayerischer Hof. Foi também no hotel que o clarinetista Benny Goodman desfilou todo o seu swing em uma apresentação histórica, em 1970. E ainda onde, seis anos mais tarde, o boxeador Mohamed Ali se exercitou diante de fãs enquanto se preparava para um combate no Estádio Olímpico. Nos dias atuais, quando não estão em campo, as estrelas do Bayern são vistas almoçando ou jantando por lá.

    Com salões e espaços que abrigam de pequenos a grandes encontros, a rotina de eventos do Bayerischer Hof se mistura ao entra e sai dos turistas. Em um intervalo de 24 horas, testemunhamos a movimentação provocada pela cerimônia de entrega de uma importante premiação científica e, na noite seguinte, o agito provocado pela formatura de uma escola de dança da cidade, cujos alunos posavam para as fotos no lobby, vestidos em trajes de época. Retrato de uma realeza contemporânea que habita o gigante de cimento e luxo da Promenadeplatz, um patrimônio de Munique.

    Diga xiiiiiiiis

    *hospedagem foi a convite do Turismo de Munique
  • Luxo em Munique: Maximilianstrasse, a rua das grifes

    Luxo em Munique: Maximilianstrasse, a rua das grifes

    cartier-na-maximiliamstrasse-compras-em-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaO endereço mais chique de Munique, a Maximilianstrasse, leva o nome do rei que planejou e iniciou a abertura dessa avenida, em 1853, após 5 anos de sua chegada ao trono. A pé gasta-se em torno de 25 minutos para percorrer seus cerca de 1,2 quilômetros de extensão. É claro que esse tempo tem tudo para dobrar se você não resistir à tentação e espiar o que as vitrines de marcas como Gucci, Chanel, Louis Vuitton, Bulgari e Dior têm a exibir.

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    Essas e outras grifes internacionais fazem companhia ao luxuoso Vier Jahreszeiten Kempinski Munich, veterano hotel instalado na Maximilianstrasse desde 1858. Assim como o Bayerischer Hof, na Promenadeplatz, ele é um dos principais cinco-estrelas da cidade. Galerias de arte e cafés completam o pacote do lado comercial da avenida, . Tanto requinte leva a rua de Munique a ser comparada com outros endereços de luxo no mundo, como a Rodeo Drive de Los Angeles, nos Estados Unidos, e a Via Monte Napoleone da italiana Milão.

    maximiliamstrasse-rua-de-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaNo entanto, a Maximilianstrasse não é só feita de lojas que tratam de valores acima de três dígitos com a naturalidade de quem dá bom dia. Há oferta de lazer e cultura também, a começar pelos teatros na região do Residenz, passando pelo Müncher Kammerspiele Schausspielhaus, conjunto de salas de teatro voltado mais às montagens contemporâneas e culminando no Museum Fünf Kontinent. O prédio do primeiro museu etnológico da Alemanha fica em frente ao Maximilianeum, sede da parlamento bávaro. Erguida entre 1857 e 1874, a construção fazia parte do plano original de abertura da avenida. Em fins de tarde com sol, observar o dourado que emana de sua fachada, definitivamente, não tem preço.

  • Hotel & mel

    Hotel & mel

    Mais de 3/4 das plantações de alimentos no mundo dependem, de alguma maneira, da polinização animal, e o aumento do risco de extinção de espécies como abelhas pode ter forte impacto sobre a fauna e a flora no futuro e sobre a obtenção de comida para o consumo humano. O alerta foi feito por pesquisadores ligados à ONU, em relatório divulgado em 26 de fevereiro de 2016. Alinhados com a ideia de servir a seus hóspedes alimentos de origem local e atentos à necessidade de promover um mundo mais sustentável, alguns hotéis mantêm há anos a criação de abelhas em várias partes do planeta, em parceria com apicultores regionais.

    Mapa do mel Relais & Châteaux

    Fotos: Divulgação
    Fotos: Divulgação

    Nos estabelecimentos da Relais & Châteaux, associação que reúne 540 luxuosos hotéis e restaurantes pelo mundo, o mel consumido no café da manhã dos hóspedes vem de apiários mantidos dentro das propriedades. No Saint James Paris, por exemplo, as colmeias foram instaladas no centro do jardim, perto da varanda do restaurante na capital francesa. No mesmo país, na cidade de Salieu, 200 mil abelhas negras da Borgonha vivem nos telhados do Relais Bernard Loiseau.

    Relais & Chateau, Holanda, St Gerlach, Mel - Foto Divulgação
    RELAIS & CHÂTEAUX ST. GERLACH, NA HOLANDA

    Hóspedes do Château St. Gerlach, membro da associação na Holanda, provam sobremesas preparadas pelo chef e apicultor certificado Otto Nijenhui, e ainda acompanham o trabalho das abelhas da raça Carnica — em 2015, as 6 colmeias renderam 150 kg de mel ao hotel. Na Alemanha, os proprietários do Bareiss im Schwarzwald apostam no uso da geleia real como um dos principais tratamentos do spa do hotel, localizado na Floresta Negra.

    No espanhol Abadía Retuerta LeDomaine, também Relais & Châteaux, é possível se sentir apicultor num passeio em que os hóspedes usam roupa especial para se aproximam das colmeias. O San Maurizio, na região italiana do Piemonte, produz o Mel da Abadia, mantendo a tradição iniciada pelos monges cistercienses no século 17.

    Relais & Chateaux, Hotel, Italia, San Maurizio, Mel - Foto Divulgação
    RELAIS & CHÂTEAUX SAN MAURIZIO, NA ITÁLIA

     

    Na Fairmont, 360 kg de mel em Toronto

    FAIRMONT ROYAL YORK - Foto retirada do site da rede
    ROYAL YORK, NO CANADÁ – Foto retirada do site da Fairmont

    Desde 2008, a rede de hotéis Fairmont mantém apiários em mais de 20 unidades, situados especialmente no Canadá e nos Estados Unidos — veja imagem da produção, acima deste texto (em foto retirada do site da rede hoteleira). No outono de 2011, foram colhidos pouco mais de 360 kg de mel na cobertura do histórico Fairmont Royal York, na canadense Toronto.

    O programa conhecido como Bee Sustainable fornece mel para os bares e os restaurantes da rede e também contribui para a polinização de parques e jardins localizados próximos aos hotéis. No tradicional Château Frontenac, na cidade de Québec, o mel fabricado por 70 mil abelhas que vivem em quatro colmeias três vezes ao ano serve de base para pratos especiais preparados no Le Champlain, requintado restaurante do hotel no Canadá.

     

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