Mirante do Gavião (Amazônia): hotel de selva, luxo e gastronomia

Hotel de selva com luxo e autenticidade, o Mirante do Gavião Amazon Lodge mescla as facilidades da boa hotelaria com elementos de aventura
Hotel de Selva na Amazônia, o Mirante do Gavião Amazon Lodge tem estrutura completa - Fotos Nathalia Molina @ComoViaja
Hotel de Selva na Amazônia, o Mirante do Gavião Amazon Lodge tem estrutura completa - Fotos Nathalia Molina @ComoViaja

Dia desses, conversando com meu filho, Joaquim, sobre como é o Mirante do Gavião Amazon Lodge, me dei conta de que não havia televisão na suíte onde Nath e eu nos hospedamos durante a viagem pela Amazônia. Não que eu tenha sentido falta de uma, mas é para você entender como é possível viajar e se desconectar do mundo, ainda que parcialmente.

Isso porque este hotel de selva tem bom wifi nas áreas comuns e nas acomodações, facilidade nem sempre disponível em hospedagens com esse perfil. Detalhe a ser considerado na hora da sua reserva.

O Mirante do Gavião mescla boa gastronomia e as facilidades e o conforto da moderna hotelaria com elementos de uma viagem de aventura. Ele fica em Novo Airão, município a cerca de 2h30 de carro de Manaus. São duas estradas asfaltadas, a segunda com trechos ruins. O serviço de traslado do hotel garante um motorista experiente para escapar dos buracos.

Hotel fica diante do Rio Negro, percorrido nos passeios

O hotel foi construído numa borda da cidade, entre ela e o Rio Negro, o que passa esse ar selvagem para o frequentador. Nath e eu entramos pelos “fundos”, ao desembarcarmos após três noites no barco Belo Shabono, aventura que a gente detalhou na edição 24 do Como Viaja | podcast de viagem.

Como é o hotel Mirante do Gavião

O design chama a atenção, com destaque para o restaurante, cuja cobertura remete a uma embarcação de cabeça para baixo. O conceito se estende ao telhado das acomodações. Elas são 12, todas batizadas com nomes de árvores nativas. Ficamos na Piquiá, afastada da recepção e do restaurante. 

Suíte premium tem varanda e fica em ponto elevado

Quartos e áreas comuns são conectados por passarelas de madeira, cujo serpenteado deixa a descida em alguns trechos do terreno menos acentuada. O caminho faz você desfilar e admirar suítes especiais como a Castanheira, que lembra uma casa na árvore e tem mirante particular. O uso de madeira prevalece na construção das acomodações. 

Passarelas conectam as áreas sociais e as acomodações

Nosso quarto tinha frigobar, mesa de trabalho (alguém pensa nisso aqui?) e amenities Natura. O colchão estava mais afundado no lado esquerdo da cama, lembrando um pouco a curvatura de uma rede; deixamos essa observação na recepção no check-out.

Como eu disse antes, não havia TV, mas ao abrir as cortinas de duas laterais envidraçadas tínhamos a natureza para admirar. Importante: o ar condicionado é forte para aguentar o calor dos trópicos, algo nem sempre está disponível em hotéis de selva.

Suíte confortável na selva, com paredes de vidro e cortinas

Ainda que o banho de rio esteja a poucos passos de distância, a piscina ainda atrai muita gente para ela. Na chegada, enquanto nossa suíte era preparada, Nath e eu sentamos por ali. Liderados pelo pai, uma família um tanto sem noção atirava uma garrafa de água cheia para acertar algo na árvore. Tive a impressão de ouvir de um deles a expressão “colmeia de abelhas”. 

Registrei com meu celular as tentativas inúteis, inclusive a que fez a garrafa cair no mato e rolar ribanceira abaixo. “Já é a segunda, ontem teve outra”, disse a mãe para o menino, que aparentava ter seus 13 anos. Por sorte, os selvagens estavam de saída do hotel, o que me poupou desgaste maior. 

O que fazer no lodge na Amazônia

Arremessar garrafas na natureza, definitivamente, não está nos planos. Até porque a água é um bem escasso, sem falar no descarte incorreto do plástico.

Os guias do hotel sabem disso, tanto que eles recolhem material encontrado nas paradas de passeios e carregam dentro da embarcação até o destino correto, o lixo. Antenor, nosso condutor durante os dias de hospedagem, fez isso.

Passeios são feitos de barco a partir do hotel de selva

O número de diárias no hotel inclui um pacote de atividades. Fizemos trilha interpretativa na mata, visita a uma comunidade ribeirinha e passeio pelas ilhas do Arquipélago de Anavilhanas. Acrescente ainda paradas em dois momentos distintos para banho no Rio Negro, sendo uma delas com botos nas imediações.

Caminhada com explicação sobre plantas e animais

Gostaríamos de ter dado uma volta por Novo Airão de bicicleta (magrelas oferecidas pelo hotel), mas não deu tempo. No retorno a Manaus, enfim conseguimos ter ideia de como era a cidade, teria sido legal.

Diferentemente de outros posts sobre hotéis, hoje o relato da parte gastronômica vem por último porque merece ser degustada pelo leitor com calma.

Para que os pratos fiquem prontos sem atraso, o hotel sugere aos hóspedes marcarem previamente o horário das refeições e os pedidos. A nossa dica: enquanto a comida não chega, tome um ótimo coquetel da carta elaborada por Alê D’Agostino. O bartender nos persegue desde a viagem a Paraty, quando provamos suas criações no Apothekario, na Pousada do Sandi.

Drinks e bruschetta de coalho com pesto de jambu

Assinado pela chef Debora Shornik (Caxiri, em Manaus), o menu do restaurante Camu Camu traz ingredientes amazônicos com preparo e apresentação contemporâneos. A descrição não te diz muita coisa? Se eu contar que repetimos três vezes a bruschetta de queijo com jambu talvez ajude a entender melhor.

E não é por falta de opção de entrada no cardápio. Foi meio prova dos 9, sabe. “Será que é isso tudo ou a gente deu sorte no almoço?” Garçom traz a entrada no jantar da primeira noite: “Putz, é muito boa mesmo!” Jantar de despedida: “Hoje eu quero só a porção de bruschetta, nem vou comer mais nada, por favor”.

Mentira, claro. A gente pediu prato principal em todas as refeições. No dia em que fui de arroz de pato, Nath mergulhou no tambaqui em caldo de tucupi… As reticências sugerem que você entenda o resultado dessa aventura ouvindo o episódio 25 do Como Viaja | podcast de viagem, em que ela explica com impressionante riqueza de detalhes.  

Torta de chocolate com compota de cupuaçu e castanha fresca

Franguinho grelhado com batata para a senhorita na noite final, costela de porco braseada para o cavalheiro. Da lista de sobremesas, a torta de chocolate com compota de cupuaçu e lascas de castanhas só perdeu na preferência para as entradas.

Café da manhã excelente do Mirante do Gavião

Mas a verdade é que o café da manhã, sempre ele, nos fez sorrir como poucas vezes. O mingau de banana verde e tapioca, o pãozinho de batata e o de açaí, os dadinhos de tapioca, o bolo de milho e o de macaxeira, o pé de moleque (mandioca brava com castanha, divina combinação!), os sucos…

De novo deixo no ar o suspense para sua livre interpretação, dessa vez com um saldo bem positivo em relação à experiência da Nath com o tucupi.

E aí entra o ponto lá do começo do texto sobre escolher um hotel de selva. O Mirante do Gavião é para quem valoriza comer bem, aprecia design e topa abrir mão só de alguns confortos, como televisão.

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