É eu vir ao Rio e começa nossa deliciosa brincadeira de degustação em busca do melhor filé à francesa da cidade. Sempre fui fã dessa guarnição: batata palha, presunto, cebola e petit pois. Resquícios de um Rio afrancesado, é assim que a minha mãe até hoje chama nossa querida ervilha e, nesse prato, faz todo sentido.
Abrimos a temporada do filé à francesa com o clássico repeteco no Lamas. Fundado em 1874, o restaurante no bairro do Flamengo é tradição entre cariocas. O nome oficial tem ares de século passado, Café Lamas, mas é o chope queimando de gelado que cai bem para acompanhar o filé. Fernando comprova isso nesta foto.
Um carioca lendo isso aqui deve estar pensando ‘que banal, falar de filé à francesa?’. Eu também nunca tinha me dado conta da diferença que ele fazia para a minha vida até ir morar em São Paulo — e lá se vão 17 anos. Você não abre o cardápio e, na área das Carnes, ele está fazendo companhia para o Oswaldo Aranha e o Parmegiana.
Até dá para encontrar muuuito raramente essa opção em algum restaurante paulistano. Fernando lembra de comer uma noite no Planeta’s, no Centro — conta que a batata era crocante, mas que a guarnição tinha muita ervilha — e nós provamos o do Degas, na Pompeia, na zona oeste — também estava carregado de ervilha e achamos muito seco o acompanhamento.
Nós gostamos — sim, o Fernando virou outro fã do filé — quando a guarnição vem mais molhada. A batata é crocante, mas fica meio molinha com o tempero da cebola e do presunto. O petit pois? É só um detalhe para compor, não pode roubar o sabor. Muita descrição para um prato tão simples? Somos amantes da baixa gastronomia, como Fernando costumam dizer. Adoramos comida de boteco. E, por mais que tudo pareça muito simples (e deve ser para quem sabe fazer), se a combinação não é equilibrada deixa de ser simplicidade e vira uma coisa qualquer, que não é o meu amado filé à francesa.