A livraria Lello, no Porto, é uma das mais lindas do mundo. Embora ocupe o mesmo endereço desde 1906, de uns anos para cá ela virou atração turística pop e famosa entre fãs de Harry Potter. Menos em função da venda de livros do jovem bruxo, mais pelo mito de que a autora J.K. Rowling teria se inspirado na escadaria do centenário edifício para criar o ambiente da escola de magia de Hogwarts. A escritora britânica viveu na cidade do Porto no início dos anos 1990, mas já declarou no Twitter nunca ter botado os pés na livraria.
A Lello fica na Rua das Carmelitas, porém não é preciso dizer o número porque a fila de turistas em frente a ela vai apontar que você está no caminho certo. É tanta gente junta que, desde 2019, a circulação de carros pela via foi restringida pela autoridade municipal de trânsito. Outra medida adotada há poucos anos foi a cobrança de ingresso pela livraria, o que permitiu controlar o fluxo de pessoas durante seu horário de funcionamento – criado em 2015, o voucher tem seu valor deduzido na compra de livros.
Como é a livraria Lello, no Porto
Fato ou fake sobre a livraria Lello ter inspirado a saga de Harry Potter, pouco importa. Diariamente, pessoas do mundo todo se espremem entre estantes e balcões para conseguir o melhor ângulo da escadaria encurvada, que exige perícia na hora de subir e descer, já que muitos visitantes se plantam nos degraus para selfies e outras poses.
Originalmente, a cor da escada era castanha, tendo sido pintada involuntariamente de vermelho durante sua primeira restauração, em 1993. O mestre de obras responsável pela reforma aprovou aquele erro, tornando assim o acesso ao segundo andar tão charmoso quanto icônico.
A Lello é uma das atrações visitadas por uma excursão guiada a pé, juntamente com outros cartões-postais do Porto, como a Torre dos Clérigos, o Mercado do Bolhão e a Estação Ferroviária de São Bento. Apesar do esforço de J.K. Rowling para negar que a cidade tenha influenciado seus livros, um tour no Porto explora inspirações de Harry Potter. Nele estão incluídos a visita à livraria e a uma loja de uniformes de Hogwarts, além de outras paradas pelo caminho.
Nathalia e eu estivemos na Lello em 2008, no tempo da entrada gratuita, quando só os livros atraíam os visitantes. A loja havia praticamente acabado de celebrar seu centenário, exibindo uma fachada um pouco desbotada à época. Dez anos depois de nossa visita, as cores originais foram devolvidas à parte exterior graças a uma meticulosa restauração.
O estilo neogótico do edifício chama a atenção de quem é apaixonado por arquitetura. Além da escada, o vitral do teto também aparece com frequência nas fotos dos visitantes. Composto por 55 partes, ele apresenta a inscrição “Decus in Labore” (Dignidade no Trabalho, em latim).
O piso de madeira do primeiro andar conserva o trilho por onde, no passado, um carrinho trazia livros de um depósito até a frente da loja. Nas paredes há imagens de grandes nomes da literatura em língua portuguesa, entre eles, Eça de Queirós. E uma sala inteira leva o nome de José Saramago, com objetos pessoais e obras do único escritor português (autor de livros como Ensaio Sobre a Cegueira e O Evangelho Segundo Jesus Cristo)ganhador do Prêmio Nobel de Literatura (1998).
Por todas essas características, a livraria Lello foi apontada por jornais, revistas e guias de viagem como uma das mais bonitas do mundo. Sua beleza também foi mencionada no Como Viaja | podcast de Viagem, no episódio sobre Viagens e Livros.
O que fazer na Livraria Lello
Entre, suba e desça a escada, tire sua foto e, por favor, dedique uns minutos para ver os livros. Aproveite o voucher da entrada para comprar um exemplar. Em 2015, ano em que foi adotada a cobrança do ingresso, a livraria vendeu 60 mil exemplares em média. Quatro anos mais tarde, esse número saltou para 700 mil.
Além disso, a Lello retomou sua atividade como editora e relançou clássicos da literatura portuguesa em diferentes idiomas, como Os Lusíadas (poema épico de Luís de Camões), Mensagem (Fernando Pessoa), entre outros autores. A série The Collection inclui ainda obras universais traduzidas para o português. Romeu e Julieta (William Shakespeare) e Anna Karenina (Leon Tolstói) fazem parte da coleção, com capas lindamente ilustradas e preço médio de €15,90.
No fundo da loja, à esquerda, está toda a coleção de Harry Potter, identificada por uma placa de metal na estante e um chapéu de bruxo em uma das prateleiras. Perguntei a um dos funcionários se era uma espécie de retaliação pelo fato de J.K. Rowling jurar de pés juntos não conhecer a Lello. “Se deixássemos à entrada, os turistas não passariam da porta”, responde, seguido de uma piscadela marota. Se é fato ou fake a justificativa, pouco importa.
VALE SABER
Endereço: Rua das Carmelitas, 144 – centro histórico da cidade do Porto
Transporte: use a linha D do metrô e desça na estação São Bento. Pegue a saída para a Praça Almeida Garrett, vire à direita nela e depois à esquerda, na Praça da Liberdade; siga na direção da Rua dos Clérigos e, em seguida, Rua das Carmelitas. Diversas linhas de ônibus (autocarro, em Portugal) passam pela parada Cordoaria, a mais próxima da Livraria Lello. No site da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto é possível calcular o itinerário
Horário de funcionamento: diariamente, das 9h30 às 19 horas (horário de almoço e fim de tarde costumam ser menos cheios, segundo o site da livraria). Fechada nos dias 1º de janeiro, domingo de Páscoa, 1º de maio, 24 de junho e 25 de dezembro
Preço: €5 (valor do voucher pode ser abatido na compra de um livro; visita precisa ser agendada e não dá direito à entrada sem fila) – crianças até 3 anos, grátis; a partir de €15,90 (voucher dá direito à entrada prioritária, mediante agendamento e sem fila de espera, e inclui um livro da série The Collection)
Ivete Sangalo, Stevie Wonder, Ana Carolina, Maroon 5 e Ben Harper. À primeira vista, parece mais o line-up de um festival de música. Eles podem até não ter tocado em um mesmo evento, mas todos já estiveram hospedados no hotel Dom Pedro Lisboa durante seus shows na capital de Portugal. O 5-estrelas oferece oferece todo o conforto em seus quartos e um excelente café da manhã, sempre um aspecto que apreciamos muito nas viagens. No seu planejamento, leia também onde ficar em Lisboa e o que fazer em Lisboa.
Vários atores brasileiros se hospedam lá durante a temporada teatral na capital portuguesa. Em junho de 2022, Ney Matogrosso passou uns dias lá antes de cantar no Rock in Rio Lisboa, festival que transforma o Dom Pedro em quartel-general. Chico Buarque, quando foi receber o Prêmio Camões de Literatura, em abril de 2023, também passou por lá.
Como é o Hotel Dom Pedro Lisboa
O Dom Pedro é um hotel 5 estrelas clássico, com quartos mobiliados em madeira escura e facilidades como tábua e ferro de passar, esponja para limpar sapatos e kit de costura. Todas as unidades têm banheira com ducha. Os quartos dos andares mais altos dão vista para o Rio Tejo no horizonte. Lá bem ao fundo, dá para ver as muralhas do Castelo de São Jorge no alto de uma das conhecidas colinas da cidade.
Nós dois ficamos hospedados no hotel Dom Pedro Lisboa, mas em viagens diferentes. Encontramos o conforto de uma cama king size ou de duas de solteiro unidas, uma máquina de café espresso, closet com cofre e uma mesinha redonda diante da janela para fazer refeições apreciando a vista. Um móvel no estilo de penteadeira (a Nath lembrou da avó portuguesa que costumava ter uma no quarto) fica diante da cama. Ali estão a televisão e numa das portas o secador de cabelos (a Nath demorou a entender onde encontrar).
Com 420 m², a suíte presidencial está localizada no 21º andar e tem acesso por elevador privativo. Um terraço garante visão 360° da cidade. O craque português Cristiano Ronaldo foi uma das personalidades hospedadas nela.
No hotel Dom Pedro Lisboa, a alimentação fica a cargo de dois restaurantes: Il Gattopardo, de receitas mediterrânicas e italianas, e o Bistrot Le Café, onde são servidos café da manhã, almoço e jantar. O pequeno almoço – essa maravilhosa expressão portuguesa usada para classificar a primeira refeição do dia – deve ser saboreado sem pressa. Então vale a pena acordar mais cedo e se deleitar sobretudo com a parte de pastelaria e de panificação. Coma pastéis de nata sem medo da balança, especialmente porque tudo é sempre muito fresco no buffet continental.
No lobby, há um varal com jornais do dia. Caso você não saiba, trata-se de uma ripa de madeira onde são colocados os principais periódicos do país, para que os hóspedes possam se informar dos fatos nacionais e internacionais. É ou não é um hotel de luxo à moda antiga?
Coberta e aquecida, a piscina com cromoterapia do hotel Dom Pedro Lisboa é parte da oferta do Spa Aquae, onde também ficam um pequeno fitness center, a sauna e as cinco salas de tratamentos (de massagens simples a terapias corporais e faciais). Escolha entre o início do dia para relaxar ou ao retornar de seus passeios pela cidade.
Aliás, você pode voltar no fim do dia e encontrar música ao vivo e uma certa movimentação no lobby, como a Nath viu numa das vezes por lá. Ao som do piano, confraternizavam ali brasileiros e africanos; alguns deles artistas que se apresentavam na cidade.
O hotel Dom Pedro Lisboa está localizado no centro da capital portuguesa, no bairro das Amoreiras, perto da Praça Marquês de Pombal e do Parque Eduardo VII. Mais próxima ainda ao hotel fica a parada do elétrico 24, bonde que faz ligação entre a área de Campolide e a Praça Luís de Camões, no Bairro Alto. Saltando ali é possível descer a Rua Garrett, onde estão o Café A Brasileira e a famosa estátua do poeta Fernando Pessoa.
Se preferir andar a pé, deixe o hotel e vá para o lado esquerdo, na direção da Marquês de Pombal. Desça a Avenida da Liberdade, endereço das grandes grifes que se estende até a Praça dos Restauradores, na parte baixa da capital portuguesa. Para compras mais módicas, basta atravessar a rua e entrar no Shopping Amoreiras, em frente ao hotel. Na unidade da rede francesa de supermercados Auchan que funciona lá dentro, é possível comprar queijo de Azeitão (delicioso, feito de leite de ovelha) a cerca de 5 euros e vinhos portugueses a 10 ou 15 euros, entre outros produtos.
A folia no Brasil ocupa lugar de destaque entre as festas mais tradicionais do país. Tanto que dá até para esquecer que existe Carnaval em outros países. No entanto, a manifestação cultural é encontrada em muitos destinos. Como ocorre por aqui, eles celebram o período anterior à Quaresma (os 40 dias que precedem a Páscoa).
Mas quais países comemoram e como é a festa? A música, a fantasia e a animação estão presentes no Carnaval nos Estados Unidos, na Itália, em Portugal, na Alemanha, no Uruguai, em Aruba e no Canadá, cada uma ao seu estilo. Na essência, também são festividades de massa, em muitos casos, lembrando a alegria e até a duração da folia brasileira.
Carnaval de Venezia (Itália)
A tradição começou no século 11, com o povo dançando nas cercanias da Praça São Marcos. O Carnaval de Veneza já foi considerado ilegal, mas virou símbolo da cultura local. As máscaras e os trajes são considerados o traço mais marcante da celebração, que começa duas semanas antes da Quarta-Feira de Cinzas.
Fasching de Munique (Alemanha)
Colônia tem um Carnaval considerado o mais louco da Alemanha, mas é o Fasching que extrapola. Em Munique, as comemorações começam no dia 11/11, pontualmente às 11 horas e 11 minutos – a data funciona como o início da 5ª estação do ano. Esqueça o ziriguidum e o telecoteco. No Fasching, o som vem de bandas e DJ’s. Na Terça-Feira Gorda, a Tanz der Marktfrauen (dança das mulheres do mercado de Munique: o Viktualienmarkt) fecha a festa. Se decidir encarar a longa festa, veja guia com dicas de Munique: hotéis, passagem, pontos turísticos e mais .
Carnaval da Ilha da Madeira (Portugal)
São mais de 10 dias de festejos, com celebrações de norte a sul na ilha portuguesa. No entanto, a maioria pode ser vivenciada na capital, Funchal. A principal atração é o Cortejo Alegórico, no sábado de Carnaval, quando em torno de 1.500 foliões são esperados para curtir o desfile com carros decorados. Na terça, é a vez do Cortejo Trapalhão, ainda mais descontraído, com a participação de moradores e turistas.
Mardi Gras (Estados Unidos)
Em francês, Mardi Gras quer dizer Terça-feira Gorda. Nos Estados Unidos, há Carnaval em três estados. A cidade de New Orleans é sinônimo da festa. Os desfiles passam por locais clássicos, como a Bourbon Street. Colares e adereços são arremessados por quem está nos carros-alegóricos para uma multidão ensandecida e, não raro, bêbada.
Carnival (Canadá)
Há o Canadá. E lá tem Québec, que é quase um outro país, de tradições francesas como a celebração de um Carnaval que coincide com a data do Mardi Gras. Tudo começou em 1894 por ideia de empresários e do primeiro-ministro do Québec (viu só como eles são um mundo à parte, com um chefe de governo só deles?). A ideia era dar uma aquecida no inverno rigoroso, mas a coisa só pegou fogo mesmo depois de 1955. A festa tem mascote próprio, o Bonhomme, que ao pé da letra significa bom homem. Ele lembra mais um boneco Michelin de neve.
Por razões óbvias, não é um Carnaval de escassez de vestes, pelo contrário. As temperaturas negativas dessa época do ano em Québec exigem fantasia pesada (gorro, cachecol e luvas etc). Além de um castelo de gelo, as atrações da festa giram em torno de atividades como corrida de trenós, descida de escorregador na neve e corrida de canoas no lago congelado.
Desfile de Llamadas (Uruguai)
Tem rainha, alegoria e batucada. No caso, a força do candombe, ritmo uruguaio. O Carnaval de nossos vizinhos começa no fim de de janeiro e vara março. Cerca de 50 dias de festa que, assim como no Brasil, tem raízes negras. Na capital uruguaia há inclusive o Museo del Carnaval, um dos pontos turísticos sugeridos nas nossas dicas de Montevidéu.
Carnaval de Aruba
O estilo musical é o calypso, originário de Trinidad. A festa surgiu em Aruba como uma mistura de tradições carnavalescas levadas por britânicos nas décadas de 1930 e 1940 com os clubes sociais característicos dos anos 1920. Em 2024, o país comemora 70 anos do seu Carnaval, o maior evento popular da ilha. Há blocos, incluindo infantis, nas cidades de Oranjestad (a capital) e San Nicolas (área com grafites e galerias).
Cristiano Ronaldo já foi eleito 5 vezes o melhor jogador do mundo, número menor de vezes que a Ilha da Madeira (terra onde o craque nasceu) conquistou o World Travel Awards, prêmio considerado o Oscar do turismo. Em 2022, o arquipélago venceu pelo 8º ano consecutivo a categoria melhor destino insular da Europa. Na capital, Funchal, ficam não só um museu em homenagem ao filho ilustre como ainda um hotel temático que tem o craque como um dos sócios.
A Ilha da Madeira faz parte do grupo de 4 ilhas que formam o arquipélago de mesmo nome, pertencente a Portugal, país que a descobriu no século 15. Do pacote de ilhas fazem parte ainda a pequena Porto Santo e as até hoje inabitadas Desertas (compostas por Ilhéu Chão, Deserta Grande e Bugio e Selvagens (formadas por ilhotas também sem ocupação humana).
Apenas 2 horas de voo separam Lisboa desse ponto isolado na imensidão do Oceano Atlântico. A origem vulcânica da Ilha da Madeira justifica o relevo montanhoso. Essas e outras condições geográficas impõem ao arquipélago um permanente clima de primavera, com 20 graus de temperatura, em média, garantindo com que o destino possa ser visitado em qualquer período do ano. Apesar da topografia irregular, a ilha conseguiu plantar uvas e produzir uma bebida de fama internacional, o vinho Madeira.
Com 270.000 habitantes, esse destino português vive majoritariamente do turismo. Seguem algumas dicas se você pensa em planejar sua viagem para lá:
O que fazer na Ilha da Madeira
Funchal, a capital do arquipélago, tem um centro histórico rico e belo, de ruelas que combinam passado com vestígios da modernidade. Para entendê-la desde seus primórdios, conheça o velho Colégio dos Jesuítas, edificação de mais de 400 anos onde hoje fica a Universidade da Madeira, também aberta à visitação e que mantém programação cultural.
Ainda pela Funchal histórica, a chamada Zona Velha é opção de programa à noite, com bares e restaurantes. A área têm muitas construções centenárias, como a Capela do Corpo Santo, a Catedral de Funchal, o Palácio São Lourenço e o Museu de Arte Sacra, onde estão expostas pinturas flamengas do século 15, época em que a refinação de açúcar era a principal fonte de renda da ilha — para saber mais sobre essa época, dê um pulo no Museu do Açúcar.
É também no centro antigo que o projeto Arte de Portas Pintadas deu tintas novas ao bairro, transformando-o em uma galeria a céu aberto.
Entre mar e montanhas, é possível ir de teleférico até Monte, a parte alta da cidade. A subida leva cerca de 20 minutos. Lá em cima, fica o Jardim Tropical Monte Palace, espaço de 70 mil metros quadrados com plantas raras vindas de várias partes do mundo, obras de arte e os típicos azulejos portugueses — um conjunto de 40 painéis retrata a história de Portugal.
Na volta, a tradição local é descer a bordo do carro de cesto, uma espécie de sofá empurrado ladeira abaixo por dois condutores, sempre de chapéu.
Você pode testar a sorte no Cassino da Madeira, complexo de entretenimento com ambientes que remetem ao Brasil. Além dos salões de jogos e do bar com vista para o mar, possui os restaurantes Bahia e Rio e a discoteca Copacabana.
Como curtir a natureza
Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1999, a Floresta Laurissilva é apenas um dos atrativos naturais da Ilha da Madeira. Uma área de 15.000 hectares que pode ser acessada por caminhos que passam ao lado das levadas, tradicionais canais de irrigação criados para transportar água em grande quantidade do norte ao sul da ilha.
Também é possível desfrutar da natureza da Ilha da Madeira em mergulhos nas piscinas naturais de origem vulcânica, localizadas nas regiões de Porto Moniz ou de Seixal. Aventureiros podem fazer atividades como canyoning, rapel, mountain bike, surfe e parapente.
Um passeio de catamarã pela Rota dos Fajãs leva o visitante à Ponta do Pargo. Nesse trecho ainda pouco explorado ao sudoeste da ilha o visitante consegue avistar tartarugas, baleias e golfinhos. Durante uma parada prevista no roteiro, é possível praticar snorkeling, stand up paddle ou caiaque.
Por toda a ilha há mirantes para ver o mar, o que também pode ser feito de fortificações, que já defenderam o arquipélago no passado. Uma delas é o Forte de São Tiago, no centro histórico. Há um restaurante nele.
Onde ficar na Ilha da Madeira
Por todas as regiões da ilha o que não faltam são opções de hospedagem 5 estrelas, quase todas com vistas deslumbrantes para o Atlântico. O turismo de luxo prevalece especialmente em Funchal, onde se encontra a maior oferta de acomodações. Na capital madeireinse há desde apartamentos simples, localizados a 10 minutos do Centro, por exemplo, até unidades de renomadas redes de hotelaria mundial.
Presente há mais de 120 anos na ilha, em um penhasco de frente para o mar azul, o Belmond Reid’s Palace (reserve aqui) foi eleito o melhor hotel de Portugal pela World Travel Awards, em votação pela internet que premia a indústria mundial de viagens e turismo.
Igualmente vencedor do Oscar do turismo, só que na categoria de melhor hotel sustentável, o Galo Resort Madeira (reserve aqui) é mais um representante da ilha, que também ostenta o melhor hotel boutique da temporada, o Pestana CR7 (veja aqui). Próximo ao porto onde param os cruzeiros, o empreendimento nasceu da parceria da rede portuguesa de hotéis Pestana com o craque da Seleção de Portugal, Cristiano Ronaldo.
O que comer na Madeira
A sofisticação da rede hoteleira da ilha é acompanhada pela cozinha. Il Galo D’Oro é dono de 2 estrelas no prestigiado Guia Michelin, graças à combinação da gastronomia ibérica com a mediterrânea em pratos assinados pelo chef francês Benoit Sinthon. Igualmente estrelado no prestigiado guia gastrômico, o chef Luís Pestana comanda o William, restaurante do Belmond Reid’s Palace Hotel.
Mas é da tradição portuguesa que saem os pratos típicos da Ilha da Madeira. Como se pode esperar de uma terra cercada pelo Atlântico, a alimentação tem nos frutos do mar e nos peixes seus produtos mais importantes. Servida como entrada ou petisco, a lapa é um molusco preparado na própria concha. Leva muito alho antes ser comido bem quente, com pitadas de manteiga e de suco de limão.
O peixe-espada também é produto típico da região. Temperado com alho, sal, suco de limão e pimenta, é servido com banana ou molho de maracujá. Há ainda bifes de atum ao ‘molho de vilão’ (mix de vinagre, azeite, orégano e pimenta), acompanhados de milho em cubos.
Para os carnívoros, existe a espetada. Nesse churrasco madeirense, pedaços de carne bovina são temperados com alho, sal grosso e louro antes de serem levados à brasa, espetados em um galho de loureiro.
Outra iguaria local é o bolo do caco, que de bolo não tem nada. Trata-se de um pão arredondado e achatado, assado sobre uma pedra (caco, como é chamada). Come-se com manteiga de alho e salsa.
Para tomar? Além do vinho, a Ilha da Madeira oferece como bebida típica a poncha, mistura que leva aguardente de cana, limão e açúcar (te lembrou a nossa caipirinha, não?). Tours específicos saem de Funchal com destino aos vinhedos da vizinha Câmara de Lobos, a principal cidade produtora da bebida nessa região portuguesa. O roteiro – que costuma incluir visita às vinhas, alguns goles e um almoço ao estilo madeirense – passa ainda pelas localidades de São Vicente e Porto Moniz, no norte da ilha.
O vime e o vinho estão entre os produtos que atraem turistas na hora das compras de souvenir. Mas é o bordado da Madeira, introduzido pelos ingleses no fim do século 18, que tem valor de instituição, seja estampando artigos para casa ou roupas. As peças são certificadas por um selo de autenticidade e origem. No centro de Funchal, ficam fábricas e lojas tradicionais, abertas à visitação e, claro, às compras.
Onde visitar o filho ilustre, Cristiano Ronaldo
O craque português Cristiano Ronaldo é a grande personalidade da Ilha da Madeira. Orgulho que motivou o aeroporto local a ser rebatizado com o nome do atacante da seleção portuguesa, em 2017.
Eleito 5 vezes vezes o melhor jogador de futebol do mundo, ele guarda seus troféus num museu que funciona desde 2013 na capital, Funchal. Do acervo do Museu CR7, que conta a história do craque madeirense, fazem parte vídeos, fotos, taças e uma estátua do craque feita de cera em tamanho natural.
Como ir e o que fazer em Porto Santo
Na única cidade da ilha, Vila Baleira, funciona a Casa Museu Cristóvão Colombo. Fotos, mapas e outros objetos do tempo das grandes navegações compõem o acervo, que ocupa a residência onde o explorador e descobridor da América viveu.
Pastel de Belém, legítimo, só existe um. Fica lá ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, na Pastéis de Belém, em Lisboa. O resto… o resto é pastel de nata. Falando assim parece até que não são dignos de serem apreciados. Pelo contrário, há boas pastelarias em Lisboa que rivalizam em fama e fila com o que é feito no Belém há quase 200 e virou um dos doces portugueses típicos.
A origem do pastel de Belém
O mistério é a alma do negócio. Do surgimento dos famosos pastéis ao modo como são preparados, tudo é cercado de sombras. Certo mesmo é que a pastelaria mantém suas portas abertas desde 1837 no mesmíssimo endereço: Rua Belém, números 84 a 92, vizinha ao Mosteiro dos Jerônimos.
Como ocorreu com quase toda a doçaria portuguesa, os pastéis surgiram do aproveitamento das gemas de ovos, uma vez que as claras eram utilizadas na época para engomar as roupas de freiras e padres. Da mistura das gemas com leite e açúcar (pouco, esse é um segredo) surgiu uma iguaria que desafiou a gula dos religiosos. Mais do que nunca, o que se fazia nos claustros morria nos claustros, já que a maioria das receitas conventuais se popularizou anos depois.
Segundo a pastelaria do Belém, o doce surgiu no início do século 19, quando Portugal era sacudido pela Revolução Liberal, movimento político que, entre outras mudanças, forçou o retorno da Família Real, que vivia no Brasil desde 1808.
A revolução promoveu também a extinção das ordens religiosas em todo o país. Durante a expulsão dos clérigos, conta o site, alguém ligado ao Mosteiro dos Jerônimos resolveu botar à venda os doces na loja ao lado de uma refinação de cana de açúcar. À medida que caíram no gosto popular, passaram a ser chamados de pastéis de Belém.
Onde comer o legítimo pastel de Belém
Comer pastéis de Belém é parte do roteiro pelo bairro onde estão ainda o Mosteiro dos Jerônimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Na frente da pastelaria fica um disputado balcão. Há mesas em salões de paredes são revestidas de azulejos. Nath e eu estivemos juntos lá em 2007. Pedimos dois salgados, mas somos incapazes de lembrar seus sabores. Estávamos ali por uma doce razão.
Como recebi boa educação, não escreverei aqui um palavrão. Mas você certamente vai soltar algum (e vai ser um daqueles de se dizer de boca cheia, com perdão do trocadilho) no dia em que cravar seus dentes naquela massa folheada com recheio cremoso. Manda a tradição polvilhar canela no doce ainda quentinho, o que intensifica o aroma e o sabor dos ingredientes.
Aproveite a visita e veja a cozinha envidraçada onde são preparados os doces. O espaço da Pastéis de Belém é conhecido como Oficina do Segredo. Nada mais português de tão ao pé da letra para designar os mistérios que envolvem a produção dos genuínos pastéis, que saem aos montes todos os dias.
Onde comer pastéis de nata em Lisboa
Como expliquei no começo, pastel de nata é como pode ser chamado tudo aquilo que não sai do endereço no Belém. Ainda que algumas pastelarias de sucesso na capital de Portugal tenham a ousadia de vender seus produtos no bairro que deu nome e tradição a esta iguaria. Para acompanhar, a sugestão pode ser um café expresso, um galão (café com espuma de leite) ou uma tacinha de Vinho do Porto.
Manteigaria
Não importa se para começar o dia ou encerar a noite, os pastéis da Manteigaria estão à venda das 8 à meia-noite. A principal loja é a da Rua do Loreto, no Chiado. E ainda há unidades na Rua Augusta, no bairro do Alvalade, no Time Out Market e praticamente nas fuças da pioneira do Belém.
Pastelaria Aloma
O pastel de nata seduz o visitante desde a chegada ao aeroporto de Lisboa, onde fica uma de suas lojas. Há unidades em outros pontos da capital portuguesa, como em Campo de Ourique e na Rua do Loreto, no Chiado, separada por apenas 120 metros da concorrente Manteigaria.
Bairro Alto Hotel
A pastelaria que funciona no térreo do hotel no Bairro Alto aposta em segredinhos na confecção de seus pastéis de nata, como só rechear a massa depois de cozida e acrescentar notas cítricas e baunilha ao creme à base de ovos e açúcar. Funciona diariamente, entre 10 da manhã e 6 da tarde. Unidade a 1,50 euro (caixa com 6 pastéis, 9 euros)
Fábrica da Nata
Serve café da manhã, almoço e lanche, mas quem atravessa a porta de entrada sabe bem o quer. Os pastéis de nata da Fábrica de Nata são preparados diante dos olhos dos fregueses. As lojas da Praça dos Restauradores e a da Rua Augusta estão separadas por 500 metros de distância, no coração da Baixa.
Confeitaria Nacional
Inaugurada em 1829, a Confeitaria Nacional mantém-se solene e elegante. Garante ter um pastel de nata de massa “estaladiça” e recheio cremoso. Ocupa uma esquina na Praça da Figueira, e serve também pratos do dia de segunda a sexta e ainda brunch aos sábados e domingos (mediante reserva).
Em 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, instituições do mundo todo montam programação especial, inspiradas por um mesmo tema. No sábado mais próximo, ocorre a Noite Europeia dos Museus, com atividades e horários especiais
ATUALIZADO EM 15 DE MAIO DE 2018
Realizado desde 1977, o Dia Internacional dos Museus (em inglês, International Museum Day) ocorre sempre em 18 de maio. Várias instituições pelo mundo preparam programação especial para a ocasião, com atividades para adultos e crianças. Em 2017, a participação no evento ultrapassou o total de 36.000 museus em cerca de 160 países.
Em alguns museus, a programação especial é realizada em outras datas de maio ou às vezes estendida a mais dias. A 16ª Semana Nacional de Museus no Brasil é realizada de 14 a 20 de maio. Na Europa, muitas atividades se concentram na Noite Europeia dos Museus, em 2018 marcada para sábado 19 de maio.
As instituições costumam liberar a entrada gratuitamente nesse dia ou dão desconto no ingresso. Em Portugal, museus, monumentos e palácios administrados pela Direção Geral do Patrimônio Cultural (DGPC) têm entrada gratuita e programação especial para 19 de maio, a Noite Europeia dos Museus.
O Dia Internacional de Museus é uma iniciativa do Conselho Internacional de Museus (em inglês, International Council of Museums – Icom), que reúne atualmente 37.000 instituições de 141 países. A entidade foi criada em 1946 com o compromisso de “promover e proteger a herança natural e cultural, presente e futura, tangível e intangível”, segundo a explicação oficial.
O tema
Todo ano um assunto é proposto para discutir a importância dos museus na sociedade. Em 2018, é Museus Hiperconectados: Novas Abordagens, Novos Públicos. Considerando a rede global de conexões e a era tecnológica em que vivemos, o tema convida as instituições a repensarem como apresentar seus acervos e atrairem o interesse do público.
VALE SABER
Site:imd.icom.museum — na página, é possível fazer uma busca interativa, filtrada por museus, exposições, eventos ou programas educacionais.
Uma tarde basta para visitar o Freeport Fashion, outlet em Lisboa que é também o maior da Europa. Agora, se a ideia for fazer compras nele daí ele já vai exigir um dia inteiro de sua viagem. Este mega complexo com 75.000 m² de área fica em Alcochete, cidade da região metropolitana, a cerca de 30 minutos da capital de Portugal. O centro de compras funciona o ano inteiro e oferece descontos que podem chegar a 70%.
Como é o outlet em Lisboa
Composto por 150 marcas, o outlet em Lisboa tem lojas espalhadas por simpáticas alamedas com calçamento em pedra portuguesa. À esquerda da entrada principal fica uma sequência para quem adora o outfit mais esportivo: Asics, Nike, Adidas, Under Armour e Puma. Perto delas fica o 28, café que tem uma réplica do clássico bondinho amarelo, ícone de Lisboa e imã de likes no Instagram, do tipo que faz alguém deixar nos comentários: “Ei, está em Portugal?”
Além do 28, no Freeport Outlet há outras opções de cafeterias e até restaurantes, estes últimos para quem quer fazer da ida até ele um programa completo, sem pausa para lanchinhos apenas. Assim, o Basílico é auto-denominado um canto italiano; há o Sabores com Alma, um português raíz; já o Farnel segue o receituário da culinária nacional e ainda abriu uma hamburgueria que funde o clássico americano com um toque da cozinha local; da vizinha Espanha vem a inspiração tanto para o Cañas y Tapas quanto para o Selfish with a Twist.
O que fazer no maior outlet da Europa
Sacola vazia não para em pé, dito popular aqui ajustado ao universo das compras. Portanto, o outlet em Lisboa abrange marcas consagradas e adoradas do povo pechincheiro, como Calvin Klein, Levi’s, Guess, Lacoste e Mango. Tem até uma unidade das brasileiríssimas Havaianas (do jeito que o preço anda por aqui, vai que haja uma oferta camarada do outro lado do Atlântico?).
Um giro pelo Freeport Fashion é também a chance de se abastecer de looks com apelo mais europeu, do consagrado gênio Karl Lagerfeld (Alemanha) às peças da marca portuguesa Ana Sousa e incluindo ainda o visual casual e ensolarado da Façonnable, criada em 1950 na Riviera Francesa. E acrescente à lista uma coleção de coleções espanholas, entre elas, o luxo acessível de Bimba y Lola, a irreverência da Desigual e o estilo único de Adolfo Dominguez.
Relógios, perfumes, produtos de beleza, artigos para casa e roupas infantis, tudo cabe em termos de variedade neste outlet inaugurado em 2004. Caso você se exceda nas compras (não necessariamente em gasto, mas em quantidade de peças), há unidades da Samsonite e da Rolling Luggage para você adquirir uma mala extra.
O que mais saber
Endereço: Avenida Euro 2004, 2890-154 – Alcochete
Transporte: O outlet mantém uma linha de ônibus entre Lisboa e o centro de compras. As saídas são diárias a partir da Praça Martim Moniz (10h30) e da Praça Marquês de Pombal (11h), com retorno sempre às 16 horas. O transfer de ida e volta custa €10 (acima de 13 anos; crianças até 12 anos, grátis) – pack família custa €20 (2 adultos e 2 crianças até 12 anos). A passagem pode ser paga diretamente no ônibus ou mediante reserva no site da cityrama.pt. A página do Freeport Fasion também dá uma ideia de quanto custa o táxi do outlet de Lisboa até a Praça Marquês de Pombal (€38) e o aeroporto (€30). Para quem for de carro, há 2.000 vagas gratuitas de estacionamento.
Horário de funcionamento: Diariamente, das 10h às 22 horas
Preço: Dependendo da época, dá para pegar saldos bem interessantes, como uma jaqueta da Benetton de €149 por €59,90.
Maior feira de intercâmbio do Brasil, o Salão do Estudante 2018 passa por 8 cidades do país. São em torno de 200 instituições de ensino de aproximadamente 20 países, mostrando opções de cursos e promoções para os alunos brasileiros. Em alguns casos, segundo a organização, quem se matricular no evento pode até conseguir desconto. Além de tirar dúvidas sobre programas de intercâmbio, procedimentos para inscrição, vistos de estudante e preços de cursos, os interessados em estudar no exterior podem se informar sobre passagens aéreas e possibilidades de acomodação.
Alguns dos países presentes no Salão do Estudante são: Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Portugal, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, França, Irlanda, Reino Unido, Espanha, Rússia, Suíça, Bélgica e África do Sul. Agências de intercâmbio brasileiras também estão no evento, assim como consulados dos Estados Unidos, de Portugal e da África do Sul, entre outros, e órgãos educacionais como o Campus France, da França, e a americana Education USA.
Os cursos apresentados no Salão do Estudante vão de cursos para aprender um idioma estrangeiro a profissionalizantes no exterior. Pela primeira vez no Salão do Estudante, a Associação Americana de Programas Intensivos de Inglês (English USA) conta com um pavilhão inteiro no evento, com diversas escolas de idiomas dos Estados Unidos.
Adolescentes eseus pais podem conhecer oportunidades tanto de high school (ensino médio) quanto de acampamentos de verão. Os programas na feira incluem ainda graduação, pós, MBA, mestrado e doutorado em universidades internacionais. Da Rússia, vem a RUDN University, onde estudam cerca de 29.000 alunos de aproximadamente 140 países.
Universidade em Portugal com nota do Enem
Para quem pensa em fazer o ensino superior em Portugal, o país é o convidado especial desta edição do Salão do Estudante. Estão no evento instituições politécnicas e universidades privadas e públicas de cidades como Lisboa, de Coimbra e do Porto. A maioria das instituições portuguesas aceita a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — o peso das disciplinas muda segundo a universidade ou o curso desejado.
Para mim, é um dia especial no calendário: 13 de junho junta dois ícones, um da literatura e outro da fé. Ambos nasceram em Lisboa: Fernando Pessoa, em 1888; e Santo Antônio, em 1191. Não apenas o dia 13 de junho e a cidade de Lisboa unem os dois. Também o nome. Sim, antes de ser santo, Antônio chamava-se Fernando, como o poeta-mór.
Eu amo Fernando Pessoa. Hoje ele faria 125 anos, e muitos lugares levam o viajante a revistá-lo em Lisboa. Um muito famoso é o Café A Brasileira, com uma escultura do poeta em frente, onde muita gente se senta para tirar foto. Outro é o túmulo do poeta, no claustro do Mosteiro dos Jerônimos. Foi emocionante ler trechos da obra de Fernando Pessoa e seus heterônimos. Vê se não é quase uma reza?
Se passar pelo A Brasileira, ir ao Mosteiro dos Jerônimos ou simplesmente andar pelas ruas da cidade não bastar, dá uma lida na reportagem que a Priscila Roque, do Cultuga, fez para o Saraiva Conteúdo com 10 lugares relacionados ao escritor em Lisboa. As dicas são de 3 especialistas: Jerónimo Pizarro, estudioso e um dos responsáveis pelos volumes da coleção Edição Crítica de Fernando Pessoa; Fabrizio Boscaglia, pesquisador e guia do passeio temático Lisboa com Fernando Pessoa, da Lisboa Autêntica; e João Correia Filho, autor do livro Lisboa em Pessoa.
CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO, NO RIO — Foto retirada do site oficial
No Brasil, para devotos ou simpatizantes de Santo Antônio, o lugar a ser visitado é oSantuário e Convento de Santo Antônio. Fica bem no alto do Largo da Carioca, com uma vista do Centro da cidade. As filas ficam imensas todo 13 de junho, mas minha mãe, que se casou na igreja do convento, sempre vai até lá.
Não pelo lado casamenteiro (até porque meus pais se separam depois, mas nada a ver com o santo, né?). E minha mãe detesta as maldades que fazem com o santo nas simpatias atrás de casório (eu também acho bem nada a ver). Ela vai até o convento para buscar o pãozinho de Santo Antônio, com a fé de que ele nos guarda para que nunca nos falte comida. Por causa da minha mãe e da minha avó materna, que passou essa fé a ela, acabei eu também virando uma simpatizante do santo. Já liguei para a minha mãe pedindo meu pãozinho de Santo Antônio.
Foto retirada do site oficial
Com isso, 13 de junho é uma data marcante no calendário para mim, um dia de celebrar os dois Fernandos (Pessoa e o depois Antônio). Para completar minha relação com a dupla, uma curiosidade: me casei com um Fernando! Nossa história começou num dia 13 também, mas um mês depois, em 13 de julho. Depois ainda tem gente que diz que 13 não é número de sorte…
As comidas típicas de Portugal são a perdição de qualquer viajante pelo país. É preciso ser muito enjoado para não se deliciar com receitas que esbanjam sabor e tradição. O bacalhau, o caldo verde, as alheiras, tudo isso está no imaginário do brasileiro quando se pensa no que o povo português nos deixou de legado culinário. Os pratos de Portugal vão da delicadeza do pescado (abundante em um país abraçado pelo oceano) ao vigor das carnes (grelhadas, assadas, ensopadas, deliciosas todas).
Certa vez, escrevi que dificilmente abandona-se a mesa em Portugal sem carregar nas papilas marcas de uma cozinha farta em paladar e quilos a mais na cintura por obra da gula. Como netos de portugueses, Nathalia e eu decidimos fazer esta lista de comidas típicas de Portugal sabedores de que você vai terminar de ler o texto com água na boca. A relação está destacada por região do país, indo rumo ao sul no mapa e incluindo a Ilha da Madeira e os Açores.
Comidas típicas do Porto e Norte
Portugal nasceu aqui, região que tem no Porto sua cidade mais conhecida. A região do Minho, de cidades como Braga e Viana, foi a que mais contribuiu para o fluxo migratório rumo ao Brasil. Porém, as comidas típicas do noroeste de Portugal nem de perto são conhecidas como as incontáveis versões de bacalhau que a mesma região nos brindou. Aliás, o bacalhau pode ser encontrado de todas as maneiras: fresco, salgado e ainda em conserva. Então, comecemos com as receitas que levam o ‘fiel amigo’, apelido do pescado mais famoso do país.
Bacalhau à Gomes de Sá
Tradicional receita do Porto feita com lascas de bacalhau marinadas em leite durante cerca de 2 horas antes de irem à panela. Os pedaços são preparados em azeite, com cebola e alho. Eles chegam à mesa com os acréscimos de azeitonas pretas e ovos cozidos. O nome foi dado em homenagem ao criador da receita, o comerciante José Luis Gomes de Sá
Bacalhau à Minhota
As postas de bacalhau são douradas dos dois lados em azeite quente. Sobre elas são colocadas cebolas e alho picado puxados no mesmo óleo. Batatas em rodelas, também fritas no azeite, acompanham o prato, que ainda leva tiras de pimentão vermelho.
Bacalhau ao Zé do Pipo
José Valentim, o Zé do Pipo, criou este prato para um concurso culinário no Porto. É a versão que mais aprecio à base de bacalhau. Aqui, o fiel amigo serve de recheio a uma massa que leva purê de batatas e maionese levada para gratinar. No meio dessa mistura vão temperos e ingredientes que tornam o prato ainda mais saboroso.
Tripas à moda do Porto
A história ensina que este prato passa pela tomada de Ceuta (1415) pelos portugueses, quando o exército precisou levar a bordo todo o estoque de carne da região do Porto, restando à população as tripas animais (daí os cidadãos portuenses serem apelidados de tripeiros). Trata-se de um grande cozido à base de vísceras, de enchidos (salsichas ou linguiças) e feijão branco. Qualquer semelhança com a nossa dobradinha não é mera coincidência. Prato de sabor intenso.
Rojões à moda do Minho
Prato forte à base de pedaços carne de porco sem osso aos quais se juntam posteriormente fígado suíno e tripas enfarinhadas (enchido típico do Norte de Portugal), ambos fritos. Depois, essa mistura é cozida lentamente. Acompanha batatas e castanhas na hora de servir.
Papas de sarrabulho
Por ser uma receita típica do Minho, ela é muitas vezes servida com os rojões. Leva sangue de porco, miúdos suínos, carnes de vaca e de galinha, cominho, farinha de milho, entre outros ingredientes. Prato para ser apreciado no inverno, sobretudo.
Arroz de lampreia
O protagonismo desse arroz está na lampreia, animal aquático de forma alongada e cilíndrica, como uma enguia. A cidade de Penacova, próxima a Coimbra, é considerada a capital portuguesa da lampreia, que tem um festival gastronômico dedicado a ela em fevereiro há cerca de 30 anos.
Posta mirandesa
Comida portuguesa da região de Trás-os-Montes feita à base de carne de vaca, temperada com sal grosso e levada à grelha. O acompanhamento fica a cargo das famosas batatas ao murro (cozidas e posteriormente esmagadas de forma grosseira) e grelos salteados (talos de hortaliças levados à frigideira sem gordura).
Alheira
Os judeus que queriam escapar da Inquisição driblaram o fato de não comerem carne de porco fazendo um enchido à base de aves e usando pão para dar consistência à massa. As tripas recheadas eram igualmente postas para defumar em varais, como os cristãos faziam com os enchidos de carne suína, não gerando assim suspeitas de sua origem religiosa.
Francesinha
Sanduíche parrudo, típico da cidade do Porto. Dentro do pão vão salsicha, linguiça, presunto, bife de vaca, tudo coberto por queijo derretido e molho que mistura cerveja, caldo de carne e vinho do Porto. E, em alguns casos, cabe ainda um ovo frito por cima. É servido com batatas fritas. A bomba calórica ganhou esse nome por guardar alguma semelhança com o sanduba francês croque-monsieur.
Caldo verde
As sopas engrossam a lista de comidas portuguesas típicas. Mas é o caldo verde que parece simbolizar nossa relação com o país europeu. É pura tradição do Minho. Leva batatas, couves e chouriço (no Brasil, a linguiça Toscana cumpre este papel). É um prato de inverno, de comer suando.
Comidas típicas do Centro de Portugal
Fátima, Coimbra e Castelo Branco fazem parte do Centro de Portugal, onde se localiza a Serra da Estrela, o ponto continental mais alto do país e também a região em que se produz um dos queijos portugueses mais famosos.
Caldeiradas de peixe
O nome revela ser receita de uma panela. E é. No caso, uma invenção culinária de pescadores, que colocaram peixe, batatas, cebolas e tantos outros ingredientes em camadas dentro de um tacho.
Leitão da Bairrada
Crocante por fora, macio e suculento por dentro, essa receita de leitão típica da Bairrada, no Centro de Portugal, é muito consumida em dias de festa. Vai sempre muito bem com batatinha cozida sem pele e laranja em rodelas.
Cabrito estonado a Oleiros
O consumo do cabrito não se limita à Páscoa na Beira Baixa de Portugal. Nesta receita, típica da cidade pertencente ao distrito de Castelo Branco, a pele do animal é mantida na hora de assar em forno a lenha, a fim de garantir suculência e sabor.
Chanfana
A rigidez da carne de cabra velha é vencida pela marinada em vinho tinto e temperos. Uma dose de aguardente é acrescentada quando tudo vai à panela de barro, selada para ser esquecida no fogo por quase 5 horas de cozimento. o Resultado é um prato típico português da região da Bairrada, já eleito uma das 7 Maravilhas da Gastronomia, em 2011.
Única capital da Europa em que o sol se põe no mar, Lisboa oferece de restaurantes refinados a tascas mais simples. Em todos eles há pratos típicos de Portugal, ora em releituras, ora em verão ortodoxa, sem nunca dever em termos de qualidade e sabor.
Bacalhau à Brás
Diz a crença popular de que as raízes do prato estão no Bairro Alto, em Lisboa. A receita leva bacalhau desfiado e batata palha, ambos fritos com cebola em azeite. Ovos batidos com garfo são derramados sobre os ingredientes, dando uma textura cremosa ao prato. Azeitonas pretas picadas são o toque final.
Sardinhas assadas
Considerada a rainha do mar, a sardinha em sua versão assada vai à grelha apenas com sal grosso. Prato comum nas festas dos santos populares (Antônio e São João, no período junino), ele é servido com batatas cozidas e pão.
Bife à Marrare
Napolitano radicado em Lisboa, Antônio Marrare criou este prato, muito popular sobretudo nos cafés lisboetas do século 19. Trata-se de um bife coberto por molho à base de manteiga e natas (algo semelhante ao creme de leite). Feita na própria frigideira, a mistura cremosa adquire a coloração meio marrom do suco da carne. O restaurante Brilhante, no Cais do Sodré, é um dos poucos da cidade que revive este clássico.
Choco frito
Esse molusco é o principal ingrediente dessa receita comum à região de Setúbal (área metropolitana de Lisboa). Marinados em alho, limão e sal, os tentáculos do choco são ainda empanados em farinha de milho. Frito, o petisco é servido com limão para espremer por cima.
Peixinhos da horta
Na primeira metade do século 16, muito antes de as PANCs (plantas alimentícias não convencionais) serem consumidas, surgiu este prato feito com vagem de feijão encapada por massa de farinha, frita em óleo. Sim, se você pensou em tempurá, acertou. Os portugueses apresentaram a novidade aos japoneses, durante o período das Grandes Navegações.
Castanhas assadas
A simplicidade está materializada nesta receita, que exige castanhas, forno a 200°C e cerca de 30 minutos de espera. Polvilhar sal grosso sobre o fruto seco é opcional. Sazonal, seu consumo se dá mais a partir do outono, quando é comum ver pessoas comendo castanhas na rua, preparadas em fogareiro a carvão.
Comidas típicas do Alentejo
O passado de carências fez surgir no Alentejo uma cozinha em que o pão e a água se converteram em base para uma série de receitas. A eles foram adicionadas ervas aromáticas, que enriqueceram de sabor as poucas quantidades de carnes ou pescados. Estão no mapa da região cidades como Évora, Santarém, Sines, Portalegre e Beja.
Sopa de tomate
A base deste caldo leva tomate, cebola, alho, temperos variados (louro, orégano, sal e pimenta) e água fervente. O que confere ponto mais viscoso à mistura é a batata. No Alentejo, os ovos são acrescentados para serem escalfados (fervidos no próprio líquido) antes de a sopa ser servida.
Açorda
Não há carne nem legumes nesta receita típica do Alentejo. Leva pão rústico picado, alho picado e coentro. Acrescenta-se água fervente aos poucos, criando uma papa. Por fim, adiciona-se uma gema de ovo, para ser cozida no calor dos ingredientes.
Migas
A primeira parte deste prato consiste em fritar carnes de porco e reservar. Então pega-se pedaços de pão rústicos para passar na mesma frigideira. O acréscimo de água faz surgir uma papa e, posteriormente, umas pelotinhas. É uma comida típica de Portugal no inverno, para ganhar quilos à mesa.
Ensopado de borrego
Pedaços de cordeiro novo estão na base deste prato, mais consumido na Páscoa. Suculenta, a receita ganha batatas cozidas no próprio molho da carne e um toque de hortelã fresca ao cozido. O pão alentejano tostado é um complemento indispensável na hora de saborear.
Carne de porco à Alentejana
Terra e mar em um prato criado por um cozinheiro do Algarve, mas que usa o porco típico do Alentejo. Marinados de um dia para o outro, os pedaços de carne suína são fritos e ganham a companhia das amêijoas. O calor da mistura faz cozinhar e abrir a concha deste molusco semelhante ao marisco. Nacos de batatas fritas fazem parte do resultado final.
Comidas típicas do Algarve
Sinônimo de sol e praia, o Algarve é destino de férias no sul de Portugal. Com o mar a seus pés, natural que as receitas típicas tivessem ingredientes vindos das profundezas do oceano. Da capital, Faro, às cidades de Tavira e Albufeira os pratos primam por frescor e traços da cultura árabe.
Amêijoas de Cataplana
O molusco mais famoso do Algarve é cozido na tradicional panela, originária dos anos de domínio árabe na região. Não faltam cebola, alho, tomate, louro e salsa na composição dessa iguaria, acrescida ainda de pequenas partes de chouriço e bacon. Come-se com pão, especialmente para molhar no caldo.
Carapaus alimados
Versão escabeche deste peixe. Limpo e cozido rapidamente em água fervente, ele é regado por azeite e suco de limão. Salsa e rodelas de cebola crua completam a receita, criada para ser consumida até mesmo dias depois do preparo.
Estupeta de Atum
As partes menos nobres do atum são chamadas de estupetas. Nesta salada típica do Algarve, a carne é dessalgada antes de ser misturada com cubos de cebola, tomate e pimentões verde e vermelho.
Polvo
O complemento deste título poderia ser grelhado, ensopado, à vinagrete, em forma de salada, assado… Come-se este molusco de todas as maneiras no país. O prato típico de Portugal é muito consumido, especialmente no Algarve, onde se destaca o polvo à lagareiro, temperado a sal e alho e fartamente regado por azeite. Para comer junto? Batatinhas, ora pois.
Comidas típicas da Ilha da Madeira e dos Açores
As ilhas situadas no meio do Oceano Atlântico guardam um certo ar tropical em seu clima. Há receitas semelhantes entre si e outras que remetem às comidas típicas de Portugal continental.
Cozido de Furnas
Comida de uma panela só. Nela vão carnes de porco, de vaca e de galinha, morcela, chouriço, inhame, repolho, couve, batata, cenoura e nabo. Os ingredientes são postos sem água nem gordura na panela, que é enterrada em buracos no solo vulcânico. Tudo é cozido no vapor a 110°C por cerca de 5 horas. Prato típico de Furnas, localidade na ilha açoriana de São Miguel.
Bolo lêvedo
Assim como ocorre com o bolo do caco da Ilha da Madeira, esta receita dos Açores está mais para pão, por causa do formato. E as semelhanças param por aí, já que o de lêvedo, à base de farinha e batata, tem sabor adocicado.
Bolo do caco
Entre as comidas típicas de Portugal está esse pão originário da Ilha de Porto Santo, com raízes árabes. Um dos segredos está na quantidade de dobras (3) da massa, que leva nada além de farinha de trigo, água, sal e fermento. O pão é assado sobre uma pedra (o caco) aquecida em brasa.
Bifes de atum
Peixe abundante na região da Ilha da Madeira, o atum é temperado com vinagre, louro, alho e sal. Frito em azeite, ganha acompanhamentos de milho frito e molho vilão – à base de vinho branco, vinagre, cebola e segurelha (erva aromática).
Lapas
Este pequeno marisco da ilha é grelhado em manteiga derretida e alho por apenas 5 minutos (se passar disso, fica borrachudo). Serve-se com suco de limão. Prato sazonal, já que a lapa só pode ser apanhada no mar de outubro a abril.
Espetadas de carne
Pedaços de carne são temperados com sal grosso apenas e fincadas em espetos de loureiro, árvore comum na Madeira. Come-se com cubos de farinha de milho e couve.
Carne de vinha d’alhos
O segredo está na vinha d’alhos, marinada que combina vinho, vinagre, alho, louro, cravo-da-índia, pimenta do reino e sal. Pedaços de carne de porco ficam imersos nesta mistura por cerca de 6 horas (há receitas que falam em 2 ou 3 dias!). Depois de dourada em gordura, a carne é servida com pão frito em azeite ou batatas coradas.