‘Esse aqui é de quê?’, perguntamos à atendente na confeitaria em Coimbra. ‘Ovos, açúcar e amêndoas.’ Seguimos pelos doces portugueses indagando: ‘E esse? E aquele?’ A resposta alternava os 3 ingredientes, sempre. Confiante, Fernando apontou para o último, perguntando com um riso no canto da boca: ‘Esse é de amêndoas, ovos e açúçar?’ Ao que a funcionária contestou numa frase seca: ‘Esse é de feijão!’
Aqui em casa temos algumas tantas histórias com essas delícias. Muitas delas literalmente experimentadas no país europeu. Provar uma iguaria típica num café ou numa confeitaria pode render deliciosas mordidas (e risadas), ao passar pelo périplo de descobrir o que é o que na vitrine sem identificação. Nunca mais esquecemos a história do doce de feijão no Centro de Portugal, vivida há pouco mais de 15 anos.
Quando se fala de comidas típicas de Portugal no quesito doces, invariavelmente a doçaria conventual chega à mesa. Preparadas com aquela base de ingredientes cantada pela atendente de Coimbra – ovos, açúcar e amêndoas –, as receitas rendem uma infinidade de deliciosas combinações. Algumas de massa folhadas, outras com coco ou baunilha.
Outro dado interessante para se saber é que confeitaria em Portugal se chama pastelaria. Por isso, pastel não tem nada a ver com a massa frita e crocante que conhecemos no Brasil. Nada mais é do que um doce. Confira a seguir algumas ideias para adoçar sua passagem por Portugal.
Pastel de nata
De todos os doces, o pastel de nata é o mais famoso. Para nós, praticamente um vício. Temos de provar do mais simples ao legítimo português. Também se conhece por pastel de Belém, em decorrência da fama mundial da confeitaria situada no bairro de Lisboa de mesmo nome. Depois de comermos muitos na viagem, já voltamos para São Paulo com caixinhas de pastéis de nata.
Travesseiro de Sintra
Doce típico feito com massa folhada e recheio de creme de amêndoas e ovos. O formato se assemelha ao de um travesseiro. Sua origem está ligada à casa Piriquita, em Sintra, cuja filha dos fundadores criou o doce após a 2ª Guerra, em virtude da escassez de insumos. Até hoje, nenhuma visita à vila pode ser considerada completa sem uma passagem pela pastelaria, aberta em 1862.
Queijada de Sintra
Outro ícone da doçaria de Sintra, surgido no período medieval. É uma torta que leva queijo fresco, ovos, açúcar, farinha a canela. O resultado é uma massa crocante por fora e cremosa por dentro.
Sericaia
É um doce típico de Elvas, no Alentejo. Tem o aspecto de um pudim, de consistência mais firme. Leva ovos, açúcar e canela e pode ser servido com ameixa em calda.
Pastel de feijão
Esse doce português é elaborado à base de amêndoas e feijão branco e assado numa forminha redonda, como a de empada. A receita foi inventada em Torres Vedras, cidade localizada no distrito de Lisboa (onde a capital é também a metrópole).
Fofo de Belas
Nós chamamos o nosso filho de fofo de Belas algumas vezes, quando ele era pequenino. Levamos o Joaquim para ver um espetáculo de teatro infantil no Sesc Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, e lá comemos pela primeira vez o doce. Olhando pode se parecer com um sonho. Mas, tirando o creme de baunilha do recheio, é completamente diferente após a mordida. É feito de pão de ló, levando a uma textura que torna seu nome totalmente adequado.
Toucinho do céu
Gemas e amêndoas estão na base da sobremesa, que lembra um pudim, mas já comemos também o doce assado dentro de uma massinha fininha redonda. Tem toucinho no nome porque originalmente levava banha de porco entre os ingredientes. Como é comum em outros doces de Portugal, ele pode ser encontrado no país inteiro, mas é bem famoso na parte norte de Portugal, em Guimarães e Trás-os-Montes.
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Pudim do Abade de Priscos
A cidade de Braga é o berço dessa receita, a única de autoria do monge Manuel Joaquim Machado Rebelo que se tornou de conhecimento popular. Chef vocacional, o padre elaborou um pudim que leva gemas, açúcar, toucinho de porco, vinho do Porto e outros segredos.
Dom Rodrigo
Também nasceu num convento, mais precisamente o das Bernardas, em Tavira. O nome é homenagem a Rodrigo, um dos membros do clero local no século 14. Composto por fios de ovos, ovos moles, açúcar e amêndoas, recebe um toque de canela por fim. Está entre os mais doces.