‘Não há uma comida típica do Canadá.’ A afirmação vem de ninguém menos que Justin Trudeau. Em bate-papo sobre culinária, gravado para o site Explore Canada, do órgão oficial de turismo, o primeiro-ministro do país justifica sua opinião baseado na incrível diversidade de seu povo. Do caldo formado por diferentes contribuições e tradições, pratos e ingredientes deram à cozinha canadense uma identidade nacional. Aqui listamos as principais comidas típicas do Canadá.
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Num país de inverno rigoroso, um prato típico do Canadá feito com batatas afaga o corpo e traz conforto. Criada em Québec, a poutine ganhou projeção nacional e é consumida em qualquer época do ano em toda parte. A receita de poutine original, com pedaços de queijo e molho de carne, recebeu releituras locais. Por exemplo, nas Províncias Marítimas, no litoral leste do país, a lagosta substitui a carne bovina no prato à base de batatas fritas e queijo. É essa calórica combinação que encabeça a lista de comidas típicas do Canadá, que ao lado de bebidas tradicionais formam um país saboroso.
Entre os ingredientes, o xarope de maple talvez seja o caso mais conhecido. Extraído da árvore que tem estampada sua folha na bandeira do Canadá, ele é um legítimo produto local, consumido em todo o território. O icewine, vinho de uvas congeladas do Canadá, é outro orgulho nacional, ainda que Alemanha, Estados Unidos e Japão também se dediquem à fabricação desse produto.
1 | Poutine
Batata frita faz a alegria de muita gente, sem dúvida. Acrescente a essa maravilha pedaços de coalhada de queijo e molho de carne. Essa receita surgida em Québec virou mania nacional, mas é na província francesa que ela é realmente uma tradição. Aberto 24 horas, o La Banquise, no bairro Plateau-Mont-Royal, serve apenas poutine e oferece 30 versões do prato. Nathalia esteve lá na sua primeira viagem a Montréal. Em outra ocasião em 2017, também almoçou o prato típico do Canadá feito com batatas no La Belle et La Boeuf. Localizado na Rue Saint-Catherine, ele é uma opção de happy hour animada, com sua ampla carta de drinks. Além de hambúrgueres, unidades da rede Frite Alors! servem poutine, incluindo a versão com carne defumada (smoked meat) que Nathalia também comeu e recomenda (diz: é uma delícia!).
2 | Maple
Se fosse no Brasil, ele seria o produto perfeito para figurar num daqueles comerciais sobre o agronegócio. O maple está na bandeira do Canadá. Está presente no dia a dia de todos os habitantes do país. Está no café da manhã, no almoço e no jantar. Está na calda da panqueca, está no pirulito, no preparo do prato principal e na finalização da sobremesa. Maple é tradição. É produto exportação. É presente de viagem também. E Québec é o maior centro produtor do xarope de maple de todo o mundo. Carla, irmã da Nathalia, já contou aqui como é a visita a uma fazenda de maple no Canadá, um dos passeios para se fazer na primavera.
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3 | Icewine
Comer sem beber é difícil, né? Na ida às Cataratas do Niágara e visita às vinícolas perto de Toronto, isso fica comprovado. Além de estar entre os pontos turísticos do Canadá, a região é uma das principais produtoras de vinho do país. Ao lado das quedas d’água, na pequena cidade de Niagara-on-the-Lake, a harmonia entre um bom prato e uma taça é celebrada a cada refeição. É lá também que se encontra uma bebida tipicamente canadense, o icewine, vinho de uvas congeladas, que Nathalia provou em 2 momentos diferentes da sua última visita a Ontario: no almoço da vinícola Two Sister e no bar de gelo da Peller Estates, em que vestiu casaco especial para encarar os 10 graus negativos do ambiente.
4 | Peameal bacon
Se for visitar o St. Lawrence Market, mercado de Toronto, não deixe de comer o sanduíche que é marca registrada do Carousel Bakery. O peameal bacon é composto por finas fatias grelhadas do genuíno lombo canadense envolto em farinha de milho — a receita original levava farinha de ervilha (pea, em inglês). Acompanha molho de mostarda com mel. É bem bom!
5 | Butter tart
É a chamada receita de vovó que atravessa gerações agradando sempre. A torta de manteiga tradicional é uma massa folhada com recheio que mistura açúcar, xarope de milho ou maple, ovo e manteiga (claro!). Registros comprovam que a primeira menção a este doce foi feita em um livro de receitas do século 19, cuja a venda ajudou a arrecadar fundos para um hospital da cidadezinha de Berrie, em Ontário. Desde 2013, outra cidade da província, Midland, promove o maior festival de tortas de manteiga do Canadá.
6 | Canada Dry (Ginger Ale)
Colonizados que somos pelos refrescos à base de cola e bebedores orgulhosos do legítimo guaraná, natural estranharmos o primeiro gole de um ginger ale. A bebida produzida pela Canadá Dry desde 1904 tem gengibre em sua fórmula, o que ajudou a suavizar a birita (e o flagrante) no tempo da Lei Seca. Hoje, além de puro, o refrigerante sai também de fábrica misturado com cranberry, blackberry e até chá verde. Como diriam os anúncios de antigamente, ginger ale está à venda nas boas casas do ramo.
7 | Frutas vermelhas
Se tem algo de que Nathalia sente falta quando volta do Canadá são as frutas vermelhas: cranberries, raspberries, blueberries, wild berries, todas sem exceção. Elas são frescas, suculentas e, principalmente, baratas. De tão abundantes no país, há supermercados e mercados de produtores que fazem promoção do tipo leve 3 pague 2. E Nathalia sempre compra, lógico. Sai com elas pelas ruas porque, além de tudo, são práticas para sacar da mochila e comer no intervalo entre uma atração e outra. Praticamente todos os mercados públicos do Canadá têm uma banca que vende frutas vermelhas frescas. Em Québec, tem ainda o Marché des Saveurs du Québec, em frente ao Marché Jean Talon, principal mercado público da cidade. Vende o que é fabricado na província e derivados de frutas vermelhas, com destaque para o mirtilo selvagem (bleuets sauvages). São geleias, xaropes, chás e tudo mais que possa ser convertido em pequenas porções de felicidade.
8 | Bagel
Existe muita discussão em torno do melhor bagel: se o de Nova York ou o de Montréal. Certo mesmo é que a receita tem laços com os imigrantes judeus que chegaram às duas cidades. A massa da versão canadense leva água adocicada com mel, o que se reflete no sabor final. É também mais crocante e tem tamanho um pouco maior do que o primo-irmão americano. Em Montréal, disputam o título de melhor bagel a Fairmount Bagel e a St. Viateur Bagel (cujos pãezinhos também são encontrados no Marché Jean-Talon).
9 | Carne defumada (smoked meat)
Em Montréal, todos os caminhos levam à Deli Schwartz, restaurante judaico com 90 anos de tradição cuja especialidade é o sanduíche de smoked meat, ou carne defumada (peito de boi marinado por 10 dias em uma mistura de ervas finas e especiarias), servida com mostarda no pão de centeio. O poeta e cantor Leonard Cohen era fã dos sandubas preparados pela Main Deli Steak House, concorrente que também fica no Boulevard Saint-Laurent, praticamente em frente ao Schwartz. Na dúvida, prove um de cada endereço, mas saiba que o sanduíche é enorme, então vale a pena dividir se a fome não for grande. Na Vieux Montréal, parte do centro antigo da cidade, tem também o restaurante Brisket, que significa peito de boi e serve smoked meat.
10 | Beaver tail
Por causa do formato comprido e achatado, a tradução para essa ‘gordice’ é rabo de castor. É o carro-chefe da rede de confeitarias batizada com o nome do doce criado por ela em 1978. A massa se assemelha à de uma rabanada. Bem esticada é frita em óleo até ficar dourada. Não leva recheio. Em compensação, dá-lhe cobertura! Nathalia e nosso sobrinho, Caio, foram à unidade da Beaver Tails perto do Vieux Port, no centro velho de Montréal. Dividimos a versão com pasta de chocolate e avelã.
11 | Nanaimo bar
Doce em três camadas, típico da cidade de Nanaimo, na província de British Columbia. A base é composta por mistura de chocolate, biscoito moído e nozes; o meio leva um creme de manteiga e a cobertura de ganache de chocolate arremata tudo. O doce é o orgulho da cidade da costa oeste canadense, tanto que o centro oficial de turismo de Nanaimo criou a rota dos 39 melhores lugares para se provar nanaimo bar, o original e suas releituras. Não chore, dá para encontrar o doce em cidades como Toronto, onde provei nanaimo bar na Blackbird Bakin Co, em Kensignton Market e no St. Lawrence Market.
12 | Lobster roll
Por razões óbvias, nas províncias marítimas banhadas pelo Atlântico quem reina é a lagosta. Ela está presente em todos os pratos possíveis, durante o ano inteiro. Acha exagero? Pois saiba que até no Natal o peru perde o protagonismo para a lagosta. Na Nova Escócia, além de prová-la à moda roots (usando alicate para quebrar a casca e avental para estancar a sujeirada que os estilhaços provocam), Nathalia comeu ainda o lobster roll, icônico sanduíche em pão de leite recheado com salada de carne de lagosta e maionese. É um lanche que também pode ser encontrado em outras cidades canadenses e americanas.
13 | Carne de bisão
Fisicamente, o bisão se assemelha ao boi e ao búfalo. Nos primórdios do Canadá, sua carne desidratada e triturada servia de base para o preparo do Pemmican, comida rica em proteína e caloria, ideal para alimentar os caçadores de pele que enfrentavam meses e meses de temperaturas negativas. No jantar na CN Tower, em Toronto, Nathalia experimentou bisão de modo menos ortodoxo, grelhado com legumes de acompanhamento. Comi também na forma de sanduíche em Edmonton, no café do Royal Alberta Museum.
14 | Queijos de Québec
Se há um traço marcante da cultura francesa em Québec, ele está redondamente materializado em uma paixão: queijo. A província canadense domina a produção nacional, sendo responsável por fabricar cerca de 500 variedades. Uma visita pelos mercados Jean Talon e Atwater, ambos de Montréal, comprovam estes números: há desde versões mais moles e suaves às mais duras e de sabor acentuado. Já em cidades como Toronto a dica é dar uma passada no Pusateri’s que funciona dentro da Saks’s Fifth Avenue. A unidade desse empório familiar tem uma sessão de queijos que também impressiona pela variedade e pela qualidade. Por toda a província de Québec, fazendas produtoras de queijo abrem suas instalações para visitas guiadas com direito à degustação.
15 | Bannock
Este pão de raízes escocesas foi incorporado à culinária de um dos primeiros povos que habitaram do Canadá, os inuits. De formato arredondado e baixinho, o bannock leva farinha, fermento, leite e óleo. Ele vai bem no café da manhã ou para acompanhar a refeição principal. Bannock é também o nome de um restaurante em Toronto onde Nathalia provou o pão e bebeu um maravilhoso suco de mirtilo, outra especialidade do Canadá.