Tchau, São Paulo! Oi, Rio!

Difícil a vida de mãe trabalhadora. Eu poderia dizer mãe viajante, mas a viagem é um privilégio que, certamente, alivia o sofrimento de partir. Mas, como eu dizia, tem de ser duro na queda o coração de mãe trabalhadora viajante. Cruzei a porta de entrada do aeroporto ainda sob impacto de ver meu filho chorando. (Nesta hora dá para ver claramente o bem que faz um pai presente e um marido acolhedor.) No caminho, meu filho até estava animado: ‘Vamos levar a mamãe no aepoto.’ E enumarava as cores de avião que pretende experimentar: ‘A gente não foi de verdinho ainda‘, ressaltava. Para ele, aos 2 anos, a cor é o item mais importante num avião.

Viajante desde os 3 meses de idade e acostumado à ideia de uma família espalhada na ponte Rio-São Paulo, convive com a realidade de voar para ver as pessoas e até já nutre certo gosto pela coisa. Por isso, não se conformou em ficar em São Paulo enquanto a mãe iria para o Rio para trabalhar: ‘Vovó, a mamãe vai para a casa da vovó? E o Joaquim?’ Rio para ele são férias e fins de semana de bagunça. Mesmo para mim é estranho pensar em ir à minha cidade a trabalho — durante estes 12 anos morando em São Paulo, foram poucas as vezes em que isso aconteceu. Levo comigo, então, um pouquinho deste paulistinha de nome português, como o carioca mais importante da literatura nacional, Machado de Assis. E me despeço da pauliceia com uma deliciosa saudação infantil que inventei para explicar ao miúdo que mudamos de ares nas nossas viagens: ‘Tchau, São Paulo! Oi, Rio!’

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