Categoria: Alemanha

  • Parlamento Alemão (Berlim): visita ao Reichstag, na cúpula do poder

    Parlamento Alemão (Berlim): visita ao Reichstag, na cúpula do poder

    A cúpula de vidro do palácio-sede do Parlamento Alemão, em Berlim, é um símbolo da nova Alemanha. Pois, com o poder legislativo transferido para lá no início dos anos 1990, a cidade mais conhecida do país voltou a ser também sua capital. Hoje viajantes e moradores se encontram ali. A visita à cúpula do Reichstag é gratuita, mas há tours pelo Reichstag, a sede do Parlamento Alemão, que se aprofundam na área e no edifício.

    Visita à cúpula do palácio do Reichstag,
    Cúpula do Parlamento – Foto: Doris Poklekowski/Visit Berlin

    O terraço e a cúpula de vidro proporcionam uma linda visão dos pontos turísticos de Berlim. O passeio pela região administrativa da capital, pela chancelaria e pelo Reichstag inclui atrações às margens do Rio Spree e histórias sobre o bairro do governo e o Muro de Berlim, que dividiu a cidade em Berlim Oriental e Ocidental. Um especialista no assunto guia a excursão a pé Terceiro Reich e Guerra Fria, que passa por marcos históricos, durante as 2 horas de passeio.

    Alemanha reunificada
    Alemanha reunificada – Foto: Wolfgang Scholvien/Visit Berlin

    Visita gratuita à cúpula do Reichstag

    É possível visitar o Parlamento Alemão de graça. Mas, para isso, é preciso fazer a inscrição online com antecedência. O Reichstag está localizado na região administrativa da capital alemã, próximo ao Portão de Brandemburgo.

    Um programa para quem tem tempo é decidir entre um almoço ou um café da manhã no restaurante Käfer na cúpula do parlamento alemão. Além disso, vale ver as opções de passeios para garantir ingressos e tours em Berlim. Muitos deles contam a história da cidade e propõem roteiros que visitam o passado alemão.

  • Carnaval em outros países: quais comemoram e como é a folia

    Carnaval em outros países: quais comemoram e como é a folia

    A folia no Brasil ocupa lugar de destaque entre as festas mais tradicionais do país. Tanto que dá até para esquecer que existe Carnaval em outros países. No entanto, a manifestação cultural é encontrada em muitos destinos. Como ocorre por aqui, eles celebram o período anterior à Quaresma (os 40 dias que precedem a Páscoa).

    Mas quais países comemoram e como é a festa? A música, a fantasia e a animação estão presentes no Carnaval nos Estados Unidos, na Itália, em Portugal, na Alemanha, no Uruguai, em Aruba e no Canadá, cada uma ao seu estilo. Na essência, também são festividades de massa, em muitos casos, lembrando a alegria e até a duração da folia brasileira.

    ⁠Carnaval de Venezia⁠ (Itália)

    A tradição começou no século 11, com o povo dançando nas cercanias da Praça São Marcos. O Carnaval de Veneza já foi considerado ilegal, mas virou símbolo da cultura local. As máscaras e os trajes são considerados o traço mais marcante da celebração, que começa duas semanas antes da Quarta-Feira de Cinzas.⁠

    Baile de máscaras, tradição de Veneza – Foto Italia.it

    Fasching de Munique (Alemanha)

    Colônia tem um Carnaval considerado o mais louco da Alemanha, mas é o Fasching que extrapola. Em Munique, as comemorações começam no dia 11/11, pontualmente às 11 horas e 11 minutos – a data funciona como o início da 5ª estação do ano. Esqueça o ziriguidum e o telecoteco. No Fasching, o som vem de bandas e DJ’s. Na Terça-Feira Gorda, a Tanz der Marktfrauen (dança das mulheres do mercado de Munique: o Viktualienmarkt) fecha a festa.⁠ Se decidir encarar a longa festa, veja guia com dicas de Munique: hotéis, passagem, pontos turísticos e mais .

    Carnaval em Munique, o Fasching – Fotos: Turismo de Munique/Divulgação

    Carnaval da Ilha da Madeira (Portugal)

    São mais de 10 dias de festejos, com celebrações de norte a sul na ilha portuguesa. No entanto, a maioria pode ser vivenciada na capital, Funchal. A principal atração é o Cortejo Alegórico, no sábado de Carnaval, quando em torno de 1.500 foliões são esperados para curtir o desfile com carros decorados. Na terça, é a vez do Cortejo Trapalhão, ainda mais descontraído, com a participação de moradores e turistas.

    Mardi Gras (Estados Unidos)

    Em francês, Mardi Gras quer dizer Terça-feira Gorda. Nos Estados Unidos, há Carnaval em três estados. A cidade de New Orleans é sinônimo da festa. Os desfiles passam por locais clássicos, como a Bourbon Street. Colares e adereços são arremessados por quem está nos carros-alegóricos para uma multidão ensandecida e, não raro, bêbada.

    Carnival (Canadá)

    Há o Canadá. E lá tem Québec, que é quase um outro país, de tradições francesas como a celebração de um Carnaval que coincide com a data do Mardi Gras. Tudo começou em 1894 por ideia de empresários e do primeiro-ministro do Québec (viu só como eles são um mundo à parte, com um chefe de governo só deles?). A ideia era dar uma aquecida no inverno rigoroso, mas a coisa só pegou fogo mesmo depois de 1955. A festa tem mascote próprio, o Bonhomme, que ao pé da letra significa bom homem. Ele lembra mais um boneco Michelin de neve.

    Bonhomme, símbolo da folia momesca de Québec – Foto Divulgação

    Por razões óbvias, não é um Carnaval de escassez de vestes, pelo contrário. As temperaturas negativas dessa época do ano em Québec exigem fantasia pesada (gorro, cachecol e luvas etc). Além de um castelo de gelo, as atrações da festa giram em torno de atividades como corrida de trenós, descida de escorregador na neve e corrida de canoas no lago congelado.

    Corrida de canoa no Rio Saint Laurent congelado – Foto: Divulgação

    Desfile de Llamadas (Uruguai)

    Tem rainha, alegoria e batucada. No caso, a força do candombe, ritmo uruguaio. O Carnaval de nossos vizinhos começa no fim de de janeiro e vara março. Cerca de 50 dias de festa que, assim como no Brasil, tem raízes negras.⁠ Na capital uruguaia há inclusive o Museo del Carnaval, um dos pontos turísticos sugeridos nas nossas dicas de Montevidéu.

    Museo del Carnaval, na Ciudad Vieja, em Montevidéu – Foto Divulgação

    Carnaval de Aruba

    O estilo musical é o calypso, originário de Trinidad. A festa surgiu em Aruba como uma mistura de tradições carnavalescas levadas por britânicos nas décadas de 1930 e 1940 com os clubes sociais característicos dos anos 1920. Em 2024, o país comemora 70 anos do seu Carnaval, o maior evento popular da ilha. Há blocos, incluindo infantis, nas cidades de Oranjestad (a capital) e San Nicolas (área com grafites e galerias).⁠

  • Berlim (Alemanha): pontos turísticos, hotéis e mais dicas

    Berlim (Alemanha): pontos turísticos, hotéis e mais dicas

    Há sempre muito o que fazer na capital da Alemanha. Por isso, dicas de Berlim são sempre bem-vindas para você montar seu roteiro. É uma cidade que pulsa dia e noite graças à mistura de intensa vida cultural, história em estado bruto, comida de primeira e apetite de sobra para ditar novos padrões de comportamento. É um lugar que transforma e se deixa transformar, então desconfie de quem diga que sabe tudo sobre Berlim. Na cidade nada é definitivo, sempre há algo de novo acontecendo.

    A maior cidade alemã é uma maravilha mutante que recebia uma média de meio milhão de turistas por dia antes da pandemia. É gente que está em visita ao Portão de Brandemburgo, à Cúpula do Reichstag (é possível tomar um café da manhã no restaurante Käfer na cúpula do parlamento alemão), à Torre de TV de Berlim (garanta ingresso sem fila) e ao Checkpoint Charlie. E também explorando ruas de bairros tradicionais como Mitte ou de distritos que caíram nas graças da gente hipster na última década, casos de Prenzlauer Berg, Kreuzberg e Neuköln (existe um tour de 4 horas pela Berlim alternativa que passa por esses bairros). Entre as atividades disponíveis na cidade, aliás, tem um pouco de tudo: de tour histórico a pé de 2 horas a passeio de barco pelo Rio Spree e até dar uma volta dirigindo um Trabant (o carro-símbolo da Alemanha Oriental).

    Berlim foi capital do Reino da Prússia, do Império Alemão, da República de Weimar e do Terceiro Reich antes de ser esquartejada em 4 zonas de ocupação depois da Segunda Guerra Mundial, embora seu território estivesse totalmente localizado na área de domínio da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

    O êxodo de alemães, seduzidos pelas vantagens econômicas e sociais oferecidas pelo lado ocidental da cidade, levou o governo a fechar as fronteiras de forma definitiva. Com o apoio de Moscou, o Muro de Berlim foi erguido em 13 de agosto de 1961, separando a capital da futura República Democrática Alemã dos setores americano, britânico e francês, isolados em Berlim Ocidental.

    Novembro de 2019 marca os 30 anos da queda do Muro de Berlim. Desde então, a reunificação promoveu mudanças na paisagem e nos costumes, algo como não se registrou em nenhuma outra cidade da Europa. O lado cosmopolita e inovador se acentuou, as conexões com o passado não foram perdidas e as políticas públicas adotadas desde então focaram num futuro sustentável, na esperança de que as dores do crescimento sejam minimizadas.

    Por tudo isso, não importa se você planeja um roteiro em Berlim de 3 dias, por exemplo. Seja mais ou menos que isso, saiba que todo tempo sempre será pouco para descobrir a cidade, que estará diferente, maior e mais radiante quando você retornar.

    Confira abaixo o que fazer em Berlim, além de hotéis, restaurantes, compras, clima, eventos, transporte e destinos para um roteiro combinado. Nossa série com opções de guia de viagem traz informações grátis e completas para você se planejar bem para conhecer destinos brasileiros e internacionais.

    GUIA DE VIAGEM | BERLIM

    Catedral de Berlim, perto da Ilha de Museus – Foto: @ComoViaja

    pontos turísticos

    Não é de hoje que um dos mantras de Berlim é o de cidade com 1.500 eventos diários para aproveitar, numa escala que compreende 24 horas por dia, 365 dias por ano. Por isso, antes de embarcar para a capital da Alemanha, vale checar as opções e garantir ingressos e tours em Berlim — este link é da GetYoutGuide, parceria do Como Viaja que trabalha vendendo serviços turísticos em diferentes cidades pelo mundo; como é uma empresa alemã, estão disponíveis muitas atividades turísticas na Alemanha.

    Para admirar sua grandiosidade de cima, suba os 368 metros de altura da Torre de TV de Berlim, cartão-postal do lado leste da cidade, na Alexanderplatz. Essa é uma das icônicas praças berlinenses juntamente com a Potsdamer, perto da qual as crianças podem se divertir brincando na Legoland Berlim. Os pequenos também curtem o Zoológico de Berlim, o mais antigo da Alemanha, as visitas ao AquaDom e ao SeaLife (que têm ingresso combinado com acesso prioritário) e ainda o rico acervo do Museu de Tecnologia (Technikmuseum), famoso pela carcaça de avião suspensa do lado de fora do prédio.

    Em matéria de museus, a capital da Alemanha tem uns 200. É possível visitar desde o inusitado museu dedicado à salsicha (currywurst) a programas clássicos, como o Museu de História Natural de Berlim (garante o ingresso com áudio guia). Nas instituições agrupadas às margens do Rio Spree, na chamada Ilha de Museus, se encontram preciosidades. O Portão de Ishtar e o Altar de Pérgamo, por exemplo, fazem parte do magnífico acervo do Pergamonmuseum.

    Berlim é uma aula prática sobre Guerra Fria, especialmente para quem cresceu em meio à polarização do mundo entre os blocos capitalista e socialista. Dos trechos do Muro que permanecem de pé, o maior deles (1.316 km) virou nas mãos de artistas locais e estrangeiros uma grande galeria a céu aberto, a East Side Gallery, monumento à liberdade.

    O interessante DDR Museum (compre entrada sem fila para o museu) mostra como era o cotidiano da Alemanha Oriental. Para quem gosta de história, o tour a pé sobre o Terceiro Reich e a Guerra Fria inclui paradas no Memorial dos Judeus Mortos e nos lugares onde ficam o bunker de Hitler e instituições como SS e Gestapo. Stasi Museum e Deutsches Spionagemuseum são espaços dedicados às atividades de espionagem e segurança praticadas pelos serviços secretos da Alemanha e do mundo.

    Em reconhecimento aos erros do passado nazista, o Memorial aos Judeus Mortos da Europa é um espaço de reflexão e alerta. Um tour pelo bairro judeu de 2,5 horas mostra arquitetura e história da fundação da cidade até a resistência ao nazismo. O pedido para que equívocos assim não se repitam é recorrente em passeios guiados em instituições ou atrações que tenham ligações com o regime de Adolf Hitler. Caso do Estádio Olímpico de Berlim, construído para ser um dos símbolos da propaganda nazista durante os Jogos de 1930.

    HOTÉIS

    Na hora de decidir onde ficar em Berlim lembre-se que Mitte (meio, em alemão) é a região mais central. Seu perímetro cobre os principais pontos turísticos da capital alemã e por isso reúne as principais opções de hotéis, quase todos localizados próximos a estações de trem ou metrô, aliados importantes nos deslocamentos pela cidade. Durante nossa viagem à Alemanha com criança, nos hospedamos por 5 noites no NH Berlin Collection am Checkpoint Charlie, em frente ao Museu da Comunicação, na Leipziger Strasse. E pernoitamos ainda no Novotel Berlin Mitte, que tem um lounge para crianças, com videogame, brinquedos e livros.

    Na efervescência cultural de Kreuzberg, o Mövenpick Hotel Berlin am Potdsdamer Platz é um 4 estrelas que funciona numa antiga unidade restaurada da empresa de eletrônicos Siemens. Fica em frente a um dos bunkers dos tempos do nazismo, hoje um museu com documentação aberta à consulta do público. O Hotel Johann é alternativa para orçamentos enxutos, localizado a 15 minutos dos bares, restaurantes e boutiques da Bergmannstrasse, território frequentado por moradores do bairro.

    Eco-friendly, sustentável, com oferta de comida vegetariana e orgânica, o Almodovar Hotel é a cara de Friedrichshain, distrito separado de Kreuzberg por um canal do Spree, mas unido em espírito: o de romper com convenções sociais. Fica próximo ao melhor da vida noturna da região da Simon-Dach-Strasse e a cerca de 20 minutos de metrô da Alexanderplatz.

    Em busca de algo que seja a cara de Berlim? Experimente se hospedar no Huttenpalast, onde um velho galpão de fábrica foi preenchido por trailers e cabanas de madeira transformadas em aconchegantes dormitórios. Há também a opção de suítes tradicionais para até 3 pessoas. Tudo isso em Neukölln, velho bairro operário que atualmente atrai jovens alternativos interessados em diversão até a alta madrugada.

    O Myer’s Hotel Berlin é o retrato de Prenzlauer-Berg: assim como o bairro, o prédio de estilo neoclássico do século 19 foi repaginado ao sabor da urbanidade local dos dias atuais. Todos os quartos são decorados de forma única. No entorno do hotel boutique estão cafés, ateliês e galerias que conferem ao coração da antiga Berlim Oriental um ar moderno e conectado com as principais tendências da moda e de comportamento. O Hotel Oderberger conservou a piscina que pertencia a uma centenária casa de banho pública em Prenzlauer Berg. Quando não está ocupada por eventos, ela é um dos atrativos desse hotel boutique de 70 quartos.

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    RESTAURANTES

    Saco vazio não para em pé, já dizia a vovozinha. Então fique sabendo que não faltam lugares onde comer em Berlim. A cidade tem em torno de 9.400 opções para saciar a fome, entre restaurantes, cafés, lanchonetes e food trucks. Tem cozinha asiática, do oriente médio, francesa, italiana, mediterrânea, vegana, vegetariana. Se você se delicia provando comidas nos lugares que visita, existem um tour gastronômico no Mitte e outro pelo bairro de Kreuzberg.

    Por ano, berlinenses e turistas devoram em torno de 70 milhões de currywursts, uma das comidas típicas da Alemanha. Aqui, a famosa salsicha da capital é servida com molho de tomate e curry, acompanhada de batata frita (pomme frite). Comida de rua basicona, ela é especialidade do Curry 36, que funciona a pleno vapor no número 36 da Mehringdamm, em Kreutzberg. No mesmo bairro, em um banheiro público restaurado sob a linha do metrô Schlesisches Tor, o Burgermeister serve hambúrgueres com molhos caseiros e fritas até tarde da noite.

    Clássicos como joelho de porco ou bulette (almôndegas de carne) com salada de batata e chucrute (sauerkraut) são parte do cardápio da rústica Brauhaus Lemke am Schloss, cervejaria que tem três endereços na cidade, um deles em frente ao Palácio de Charlottenburg, ponto turístico a ser visitado numa dobradinha (por que não?). Esses pratos que são a própria identidade alemã ganharam versões sofisticadas no PeterPaul, localizado no Mitte.

    Berlim tem 20 restaurantes que integram a edição mais recente do prestigiado Guia Michelin. De menu asiático, o Tim Raue foi uma das 6 casas a receber duas estrelas da publicação francesa, que no ano passado elegeu Sebastian Frank, do Horváth (2 estrelas desde 2015), o melhor chef da Europa, comprovando a importância da capital alemã no cenário mundial da alta gastronomia.

    A cidade também se destaca pela originalidade à mesa. Dono da primeira estrela Michelin em 2019, o Coda é um bar do distrito de Neuköll que só serve sobremesas para acompanhar seus coquetéis. No futurista Data Kitchen os pedidos são feitos num tablet e um e-mail avisa quando os pratos devem ser retirados das caixas individuais que formam uma parede do salão do restaurante, localizado no Mitte. Ainda no quesito peculiaridades, é possível tomar um café da manhã robusto a qualquer hora do dia ou da noite. Primeira filial fora de Israel, o Benedict explora o conceito de brinner (brunch + dinner), com especialidades matinais de várias partes do mundo.

    Feita de trigo e fermentada na própria garrafa, a cerveja típica de Berlim (Berliner Weiss) pode ser apreciada num biergarten (de abril a setembro) e em cervejarias clássicas alemãs, como Löwenbräu e Paulaner. Com cerca de 60 produtores locais, a capital também se tornou referência na fabricação de cerveja artesanal, com destaque para Brlo Brwhouse, Berliner Republik e Eschenbräu, pioneira micro cervejaria em funcionamento desde 2001.

    compras

    Até o mais respeitoso usuário de cartão crédito é seduzido pelo circuitinho básico de compras em Berlim. Centro importante da indústria da moda, a cidade oferece as últimas tendências em lugares como o Bikini Berlim, primeiro shopping center da Alemanha, perto da Igreja Kaiser Wilhelm.

    A poucos passos está localizada a Kurfürstendamm — Ku’damm, como a avenida é chamada pelos íntimos e por ortodoxos compradores que não dispensam grifes como Lagerfeld ou Tommy Hilfiger. A gigante loja de departamentos KaDeWe também vende moda internacional e tem um 6º andar que faz a alegria dos foodies que estejam pela Tauentzienstrasse, outra rua comercial bem movimentada.

    Na Alexanderplatz, coração da velha Berlim Oriental, a Galeria Kaufhof vende roupas, acessórios, presentes e tem um restaurante que salva a pátria da fome fora de hora. Peças feitas pelos melhores designers da cidade estão à venda na loja Boxoffberlin, na Zimmerstrasse, ao lado do museu dedicado ao Trabi, o carro-simbolo da Alemanha Oriental.

    Bonequinhos do farol de Berlim, os Ampelmännchen viraram uma marca bem sucedida de artigos diversos vendidos em unidades próprias, como as da Gendarmermarkt ou da Unter den Linden, a avenida mais importante de Berlim, onde construções famosas — Universidade Humboldt, Museu Histórico Alemão, entre outras — dividem espaço com restaurantes, cafés e lojas.

    O estilo multicultural de Prenzlauer-Berg, Kreutzberg e Neuköln se reflete no comércio local, composto por novos talentos do design, criadores de moda alternativa e sustentável, adeptos do estilo urbano e, muita vezes, na contramão da produção em larga escala e impessoal. Möon, Flagshipstore e Blank Etiquette são marcas que  traduzem o espírito dos jovens moradores profissionais que adotaram esses bairros da antiga Berlim Oriental.

    TRANSPORTE

    Berlim tem dois aeroportos conectados por trem com o centro da cidade: para deixar o Schönefeld (18 km), use as linhas S9 e S49 do S-Bahn ou o Airport Express — ambos param na estação central (Hauptbahnhof). Mesmo destino de quem desembarca nos terminais do Tegel (8km), de onde os ônibus 109, 128 e o Jet Express Bus TXL levam 15 minutos para chegar à principal parada de trens da cidade.

    Se optar por táxi (a partir de 3,50 euros), procure pelos pontos oficiais do aeroporto. Embarque em veículos que tenham número de matrícula escritos no vidro traseiro. Ou então esqueça o carro, contribua com o meio-ambiente e vá de transporte público. Berlim tem uma complexa rede de trens (S, verde), metrôs (U, azul) e ônibus que conecta a cidade de modo integrado.

    Nas estações, os bilhetes são vendidos em máquinas amarelas e vermelhas, de acordo com zonas tarifárias: A (zona central, mais turística), B (centro e aeroporto Tegel) e C (aeroporto Schönefeld e a cidade de Potsdam).

    Existem cartões que incluem transporte e dão desconto em atrações na capital alemã. Um deles é o EasyCity Pass, com S-Bahn, metrô, ônibus, bonde e trem regional. Já o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dias. Importante: valide seu tíquete antes de embarcar ou a multa será puxada.

    A linha de ônibus TX 100 conecta os lados leste e oeste da cidade e passa por cartões-postais num trajeto de 8 km que dura cerca de meia hora. Embarcar em um ônibus turístico de 2 andares pode ser um programa diferente, ainda mais se você estiver com criança. O ônibus hop on hop offpermite descer nos principais pontos turísticos e depois embarcar no veículo seguinte.

    Até 2020, Berlim tem planos para reduzir em cerca de 270 milhões de toneladas os níveis de poluição da cidade. Por isso, os deslocamentos de bicicleta são valorizados. Há estações de aluguel de bike e excursões guiadas de 3 ou 4 horas de bicicleta passando pelos destaques da cidade.

    MOEDA

    Em Berlim, o euro é bem aceito, obrigado. Cartões de débito e de crédito também são bem-vindos em lojas, restaurantes e hotéis. E carregue com você dinheiro vivo suficiente para as primeiras despesas assim que chegar à cidade.

    Se precisar trocar moeda, tem duas casas de câmbio (Wechselstuben) no terminal A do aeroporto Tegel: ReiseBank e Euro-Change — há unidades também nas grandes paradas de trens e metrô. Caixas eletrônicos ATM (Geldautomat) funcionam 24 horas em centros comercias e estações de transporte público.

    Cartões das bandeiras Visa e Mastercard são mais bem aceitos que Amex e Diner’s, mas pergunte antes de comprar ou comer, já que há estabelecimentos (especialmente os menores) que só aceitam pagamento em cash.

    Gorjetas: nos restaurantes, deixe 10% ou mais do total da conta, dê 1 ou 2 euros por dia ao pessoal que arruma os quartos e a mesma quantia por mala aos carregadores nos hotéis e acrescente entre 10% ao valor arredondado da corrida de táxi.

    CLIMA

    O clima de Berlim é temperado, com a temperatura oscilando ao longo do ano, criando uma atmosfera única na cidade para cada estação. O verão vai de maio a agosto, com os termômetros passando dos 20°C — com picos de 30°C, que levam turistas e moradores para os bares de praias montados na beira do rio.

    As cores do outono ficam mais evidentes na paisagem dos parques públicos, como Volkspark e do Tiergarten. De setembro a dezembro, as temperaturas mínimas ficam abaixo dos 10°C, podendo atingir marcas negativas no último mês do ano.

    Berlim enfrenta seu momento de inverno mais rigoroso entre janeiro e fevereiro, quando a neve tinge de branco a capital alemã, o Spree congela e o público se entoca em museus e cafés.

    A primavera traz de volta gente às ruas, mas de casaco, touca, luva e cachecol dependendo dos dias. Enfrentamos vento frio e cortante no fim de março, quando os termômetros apontavam 3°C nos fins de tarde e início de manhã.

    EVENTOS

    Dezembro é tempo do mercado de Natal da Gendarmenmarkt, em Berlim – Foto: Scholvien/Divulgação

    No calendário anual da cidade, fevereiro é mês do Festival de Cinema de Berlim, que já conferiu Urso de Ouro para Central do Brasil, em 1998. O verão é tempo de curtir a vida ao ar livre, seja em passeios de barco pelo Rio Spree ou sentado nos bares temporários montados à beira dele. O sol e o calor animam alemães e estrangeiros a se deitar no gramado de parques como o Tiergarten ou em outras tantas áreas verdes que recobrem 30% da cidade.

    A estação mais quente do ano reserva ainda um carnaval multicultural em Kreuzberg e concertos de música clássica a céu aberto na Gendarmenmarket. Nessa praça, no inverno, é montado um dos mais bonitos mercados de Natal de Berlim, em meio a maravilhas da arquitetura, como a Sala de Concertos, a Catedral Francesa e a Neue Kirche. A cidade também fica especialmente bonita à noite durante o Festival de Luzes em Berlim, quando rola uma excursão em ecotáxi numa espécie de riquixá, por um período de 1 a 2 horas.

    Mas não é preciso haver nenhuma data especial para se celebrar. A vida noturna de Berlim é cultuada como uma das melhores da Europa porque vai de segunda a segunda, com algumas festas se prolongando além dos primeiros raios de sol. Casas como Tresor, Berghain, Felix Club e Watergate são tão conhecidas pela música de qualidade tocadas por seus DJ’s quanto pelas concorridas filas para entrar. E não se aborreça se por acaso você não for aprovado pelo hostess de alguma dessas casas. Não é nada pessoal.

    MAIS DESTINOS

    Uma viagem a Berlim fica mais completa com uma excursão a Potsdam e seus castelos, a cerca de 40 minutos da capital alemã. Reserve um dia para conhecer as maravilhas arquitetônicas declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Com saída em Berlim, há tours guiados pelo Palácio de Sanssouci, construção em estilo rococó que possui um enorme e geometrizado jardim.

    Vale a pena também dar uma passada no centrinho de Potsdam para conhecer o bairro holandês, conjunto de casas de tijolinho construídas no século 18 para colonos holandeses, hoje ocupadas pelo comércio. Na História, a cidade foi palco de um encontro entre países vencedores da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Na Conferência de Potsdam, Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha decidiram o futuro da Alemanha, que havia se rendido.

    Em torno de 3 horas de trem separam Berlim de Dresden, uma das 11 principais cidades da Alemanha para turismo, situada no vale do Rio Elba. Segundo destino na Alemanha mais procurado por brasileiros (depois de Berlim), Munique está a 2 horas de voo da capital — leia Guia Munique, com dicas grátis e completas para sua viagem. Se quiser experimentar dirigir nas autobahns alemãs, parta para o aluguel de carro e caia nas ótimas estradas do país.

    De avião, Viena fica a pouco mais de uma hora de Berlim. Há 10 anos, a capital da Áustria é eleita a melhor cidade do mundo para se viver, segundo ranking da consultoria Mercer. Leia também o Guia Viena, para se planejar com nossas dicas gratuitas.

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  • DDR Museum (Berlim): museu sobre a vida na Alemanha Oriental

    DDR Museum (Berlim): museu sobre a vida na Alemanha Oriental

    A porta de entrada do DDR Museum, museu sobre a Alemanha Oriental em Berlim (garanta o ingresso sem fila), funciona como uma máquina do tempo. A viagem nos conduz direto para os anos 1970. Nascidos nessa década, vivíamos rodeados por objetos semelhantes na infância.

    Gravador com toca-fitas, escovas de cabelo e bobs de plástico, televisão com imagens desbotadas, ursinhos daquela pelúcia peluda (nada do macio plush). Nas cores, muito marrom — o máximo da ousadia em decoração era o uso de um certo laranja ou de tons pastéis. Estávamos novamente com 5 anos.

    A ideia é justamente promover a imersão do visitante no estilo de vida cotidiano de um cidadão da Alemanha comunista. Um museu elaborado para que os objetos estejam sempre ao alcance das mãos. São portas para abrir, vídeos para ver e até um Trabant, o carro-símbolo da Alemanha Oriental, para dirigir virtualmente pelas ruas de Berlim Oriental.

    Como é o DDR Museum

    O museu ocupa cerca de 1.000 m² de área e foi elaborado com a ajuda de historiadores. Altamente interativo, contém explicações em alemão e inglês. Desde a entrada, o visitante é convidado a vasculhar o passado, literalmente. Em torno de 250.000 objetos originais da Alemanha Oriental fazem parte do acervo do DDR Museum, para recompor a história do país a partir do cotidiano de seus habitantes.

    Nossa viagem ao passado começou assim que nos deparamos com a figura do Ampelmänn, o boneco do semáforo na Alemanha Oriental. São eles quem recebem os 500.000 visitantes ao ano na catraca do museu. Validado o ingresso, sinal verde para iniciar a visita.

    O sucesso do DDR Museum está no fato de ser acessível a todas as idades. A dica é explorar cada seção ao máximo, por isso mesmo vamos dar uma destrinchada em alguns setores legais de serem vistos.

    ddr museum
    Fila de espera do Trabi, para dirigir o carro da Alemanha Oriental

    De cara, aconselhamos dar uma chegadinha para o lado direito da entrada, onde fica o passeio virtual a bordo do Trabi, apelido do carrinho que existia na DDR. É melhor ir logo se não tiver fila. Exibidas em um monitor que fica no lugar do para brisa, as instruções para dirigir são tão simples quanto o veículo.

    Para quer saber mais da história do carro, dêum pulo no Berlin Trabi Museum (garanta seu ingresso). E se você quiser ir além do rolê virtual, a cidade oferece o tour de Trabi Limousine e o Trabi Safari, passeio de 1h15 em que de fato o viajante dirige o veículo pela capital.

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    O que fazer no museu da DDR

    Desça um pequeno lance de escada. No piso abaixo do nível da entrada o visitante vê como foi construído o Muro de Berlim, a barreira de 155 km de extensão que tornou Berlim Ocidental uma ilha capitalista dentro da socialista República Democrática da Alemanha — em alemão, Deutsche Demokratische Republik (DDR), daí o nome do museu.

    Grande parte do acervo permanente está exposto em um mobiliário inspirado nos blocos do Wohnungsbauserie 70 (WBS 70), o conjunto habitacional típico da República Democrática da Alemanha. Portas e janelas deste imenso arquivo revelam usos e costumes do país. Joaquim curtiu ver os brinquedinhos de época.

    museu da ddr em berlim
    Criança sendo criança: vendo os brinquedos da antiga Alemanha

    Uma outra seção mostra as profissões mais ‘populares’ da Alemanha comunista, quase todas ligadas ao setores industrial, da construção civil e de serviços. Os mais jovens tinham seu destino profissional definido mais pela necessidade econômica do país do que por desejo próprio. No fim do anos 1970, ser vendedora em uma loja de departamentos era a atividade número um recomendada para moças, enquanto que receber noções de mecânica era garantia de emprego para os rapazes.

    ddr museum em berlim
    Principais profissões na Alemanha Oriental

    O que fazer no museu da Alemanha Oriental

    Para nós, um dos pontos altos da visita foi ver como era por dentro um legítimo apartamento da Alemanha Oriental. Foi como se estivéssemos no set de Adeus, Lênin (no filme de Wolfgang Becker, um filho recria uma RDA que deixou de existir durante os 8 meses em que a mãe, socialista convicta, esteve em coma).

    Ver trechos de um antigo programa de televisão (com sua estética engessada, um pouco como o dia a dia daquele período), dedilhar uma antológica máquina de escrever Erika (artigo vintage nos mercados virtuais dos dias de hoje), tudo estava ao alcance nesta área do DDR Museum.

    Joaquim até arriscou um alô num antiquado telefone de disco, enquanto Nathalia se divertiu ao ver objetos de decoração que lembravam muito a estética dos anos 1970, década em que nascemos.

    A diferença é que muitos daqueles utensílios fizeram parte da vida dos alemães orientais por mais tempo do que eles poderiam imaginar. Apesar de ser a economia mais forte dentre os países debaixo do guarda-chuva soviético, a Alemanha Oriental nem sempre conseguiu suprir todos os cidadãos com bens materiais, menos por ideologia e mais por limites à capacidade de produção.

    Diário da escassez na Alemanha Oriental

    Sem um Plano Marshall, ajuda econômica que despejou bilhões de dólares sobre a parte ocidental da Alemanha, a fim de ajudá-la em sua reconstrução no pós-Guerra, restou ao lado leste alemão alinhar-se às regras ditadas por Moscou. A planificação econômica permitiu à Alemanha Oriental dar boas condições de vida a seus cidadãos até início do anos 1970.

    Depois desse período, até havia produtos para o consumo, mas eles não chegavam a todos necessariamente. O museu conta que havia listas de espera para apartamentos, armários e automóveis —  ter um Trabi exigia de alguns compradores até 10 anos de espera!

    ddr museum em berlim
    Até 10 anos à espera de um Trabi

    No acervo do DDR Museum há um documento chamado de ‘diário da escassez’. A dona de casa Ingeborg Lüdicke anotou em um caderno absolutamente tudo o que estava em falta na pequena Wörlitz, cidade onde morava. Em meados dos anos 1980, não havia de alguns gêneros alimentícios a materiais específicos para que um dentista implantasse uma coroa na boca de um cidadão.

    ddr museum
    Sonhos de consumo na Alemanha Oriental

    Cortina de Ferro e a redenção no esporte

    Sistema social que procurou se afirmar como alternativa ao capital e ao consumo, o socialismo não restringiu sua luta ao plano das ideias. O esporte foi um campo oportuno para demonstrações de poder e superioridade das nações integrantes da chamada Cortina de Ferro.

    Como forma de propagandear o sucesso do regime, o investimento estatal feito na preparação de atletas rendeu à Alemanha Oriental inúmeras medalhas e recordes que perduram até hoje, ainda que muitos desses feitos tenham ficado sempre à sombra das suspeitas de doping, o que nunca ficou totalmente comprovado.

    A despeito disso, o museu exibe medalhas e a biografia de heróis que colocaram o país entre os primeiros colocados em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos: 1972 (3º), 1976 e 1980 (em ambas, terminou atrás da União Soviética).

    No DDR Museum, uma vitrine guarda também um dos momentos mais gloriosos do futebol da Alemanha Oriental, que participou de apenas uma Copa do Mundo: em 1974, justamente na Alemanha Ocidental. O sorteio colocou os dois países na mesma chave do torneio, com o confronto entre eles programado para a última rodada da fase de grupos.

    Relíquias da Copa de 1974: a bola e a flâmula do encontro entre Alemanhas

    Em 22 de junho, na cidade de Hamburgo, o meio-campista Sparwasser marcou o único gol do jogo, aos 32 minutos do 2º tempo. A vitória por 1 a 0 deu o primeiro lugar da chave aos alemães orientais, com os anfitriões terminando a fase classificatória logo atrás. Ambos passaram às quartas de final. A Alemanha Ocidental terminou campeã da Copa que organizou. Ganhou o campeonato, mas não o clássico.

    Símbolos do grande feito futebolístico da Alemanha Oriental, a camisa de Sparwasser, a bola utilizada no jogo e uma flâmula estão lá expostos no DDR Museum. Fernando e Joaquim se  aventuraram a reviver aquele jogo na pequenina mesa de pebolim que tem no museu.

    Cortina de fumaça para a transição

    Quando deixamos a parte do museu que trata do cotidiano da Alemanha Oriental, ficamos frente a frente com uma espécie de cortina de vapor, onde a imagem dos típicos conjuntos habitacionais de Berlim Oriental é projetada. Atravessamos aquela fronteira ilusória e caímos nas entranhas do poder.

    O peso dos móveis equivale à presença que o Estado tinha no cotidiano do país. Nas paredes, cores e símbolos que acompanhavam a falta de pluralidade do sistema político vigente. Sobre mesas interativas, explicações de como funcionava a estrutura de poder da Alemanha Oriental.

    ddr museum
    Ideais socialistas e a presença do Estado na Alemanha Oriental

    A rotina na República Democrática da Alemanha não incluía apenas comer pepinos Spreewald ou circular de Trabi. O permanente estado de vigilância fazia parte do dia a dia de seus cidadãos. A movimentação de pessoas era monitorada pela Stasi, o serviço de segurança e inteligência que operava com ampla rede de agentes e colaboradores (estima-se que até 170.000 pessoas trabalharam para o órgão de controle mantido pelo Estado).

    Ser apanhado pela Stasi representava ter de passar por horas de interrogatório e, não raro, ficar preso. No DDR Museum, Fernando passou pela experiência de entrar numa cela como a que muitos “inimigos” do regime foram colocados.

    Ele achou bem desagradável, assim como foi igualmente desconfortável quando entrou na sala de interrogatório, cuja experiência consiste em apoiar os cotovelos sobre a mesa e levar as mãos aos ouvidos para escutar perguntas gravadas. Não é preciso entender o se diz para sacar que o clima era pesado.

    Apesar disso, nem toda a repressão foi suficiente para calar os movimentos sociais que, com o respaldo da Igreja Protestante, acolheram os ideais de mudança política. Por detrás do grande armário adesivado pelo retrato de Mikhail Gorbatchev, os últimos objetos e documentos do DDR Museum estão ali para explicar como as mudanças políticas e econômicas implantadas pelo líder da União Soviética não poderiam ser ignoradas pela Alemanha Oriental. A pressão popular colocou o governo do então presidente Erich Honecker contra o Muro.

    Gorbatchev e Honecker, camaradas

    É nesse ponto de transição, quando as duas Alemanhas estão prestes a voltar a ser uma única nação que a visita chega ao fim. Deixamos o museu por um buraco aberto num pedaço recriado do Muro de Berlim, como tantos alemães fizeram na noite fria de 9 de novembro de 1989.

    VALE SABER

    Endereço: Karl-Liebknechtstrasse, 1, Berlim, Alemanha. O museu fica às margens do Rio Spree, bem atrás da Catedral de Berlim (Berliner Dom)

    Transporte: De trem (S-Bahn), use as linhas S3, S5, S7, S75 (desça na estação Hackescher Markt e pegue a saída para a Spandauerstrasse; de metrô (U-Bahn), use a linha 5 Museumsinsel, Rothes Rathaus; de bonde (tram), use as linhas M4, M5 ou M6, que também param na Spandauerstrasse; de ônibus, utilize as linhas 100, 200, 300 (parada Lustgarten). Nesses casos, você caminha um pouquinho, mas há placas do DDR Museum indicando o caminho. Um lance de escadas leva você à entrada do museu. Na porta do museu, há ainda a estação DomAquarée, parada dos passeios de barco pelo Rio Spree

    Funcionamento: Diariamente, das 9 às 21 horas

    Preço: € 13,50; crianças, € 8 — até 5 anos, grátis. Parceira do Como Viaja, a empresa de passeios alemã Get Your Guide vende ingressos pelo mesmo preço do museu (compre aqui)

    Compras: A lojinha do DDR Museum é uma perdição. Livros sobre aspectos políticos da Alemanha Oriental, vários exemplares que discorrem a respeito do Muro de Berlim e até publicações com receitas típicas da cozinha do leste estão à venda (naturalmente, todos em alemão ou inglês). Há também jogos de perguntas e respostas sobre a DDR, brinquedos vintage como um simpático patinho de pelúcia e a famosa trinca de suvenires: chaveiro, caneca e imã. Nós garantimos alguns magnéticos e uma miniatura de Trabi verde, que está na nossa sala de casa ainda hoje

    Site: ddr-museum.de

  • Munique (Alemanha): pontos turísticos, hotéis e mais

    Munique (Alemanha): pontos turísticos, hotéis e mais

    Munique está no imaginário de muita gente como a terra da Oktoberfest na Alemanha, nada mais justo. Só que a capital da Baviera não se resume a hectolitros de cerveja, servidos tanto na famosa festa quanto o ano inteiro em cada biergarten e nas muitas cervejarias da cidade, como a tradicional Hofbräuhaus.

    Com os Alpes na moldura, no meio da Europa, Munique é capaz de agradar em cheio àqueles que buscam turismo com comidas típicas da Alemanha, atrações culturais variadas, hotéis de qualidade, tecnologia de ponta ou vida ao ar livre. Combinação que só fortalece o marketing da cidade onde tradição e vanguarda coexistem — com WiFi gratuito em lugares como a Marienplatz, o centro histórico é também indicado para comprar trajes típicos.

    Fundada em 1158, Munique é uma das principais cidades da Alemanha para o turismo e o segundo destino do país mais procurado por visitantes brasileiros, depois da capital — veja também o Guia Berlim. Não é sem razão. Trata-se de uma agradável cidade, de clima descontraído. Os pontos turísticos são acessados facilmente, seja numa caminhada ou com seus eficientes meios de transporte.

    Munique também é um conhecido ponto de partida para a mais visitada atração da Alemanha: o Castelo de Neuschwanstein, que atrai cerca de 1,5 milhão de turistas ao ano. A 120 km de Munique, o icônico palácio, que inspirou Walt Disney na criação do Castelo da Cinderela, pode ser visitado por conta própria (de trem, com o bayern ticket, ou de carro) ou numa excursão de 1 dia . É um roteiro perto Munique, muito cobiçado por viajantes do mundo todo, incluindo os brasileiros.

    Confira abaixo o que fazer em Munique, além de hotéis, restaurantes, compras, clima, eventos e destinos para um roteiro combinado. Nossa série de guia de viagem traz informações grátis e completas para você se planejar bem para conhecer destinos brasileiros e internacionais.

    guia DE VIAGEM | MUNIQUE

    PONTOS TURÍSTICOS

    Alguns dos principais pontos turísticos estão próximos, então dá para fazer quase tudo a pé. A cidade é plana e agradável de ser percorrida numa caminhada. A partir da Marienplatz, em até 15 minutos, você chega a igrejas de Munique, como a Alter Peter Kirche (mais antiga da cidade, do século 12) e a Frauenkirche (igreja-símbolo, com torres de 100 metros), o Viktualienmarkt (histórico mercado de alimentos; faça um tour gastronômico de 2 horas pelo Viktualienmarkt), a Residenz (rico palácio da antiga realeza) e seus vizinhos, o Hofgarten (belo jardim real) e a Odeonplatz (praça onde são realizados eventos ao ar livre). 

    Para experimentar toda a atmosfera de grandeza da Residenz, existe as opções de assistir a um concerto na Residência de Munique, realizado na capela da corte, e a um concerto de gala no Teatro Cuvilliés, palco onde foram encenadas obras como La Finta Giardinera, de Mozart.

    Com uma caminhada de 30 minutos, é possível alcançar a Pinakothek (conjunto de três museus com seis séculos de arte), o Deutsches Museum (um dos maiores museus do mundo sobre ciência e tecnologia) e o Englischer Garten (parque urbano maior do que o Central Park de Nova York). Lá, é possível sentar-se em um dos 7.000 lugares do biergarten que fica aos pés da Chinesischer Turm (torre chinesa toda em madeira, erguida há mais de dois séculos).

    Quem gosta de pedalar pode explorar a cidade numa excursão guiada de bicicleta por 3 horas. Para conhecer os atrativos da cidade, você também pode tomar trem, bonde, ônibus ou metrô. Mas os meios de transporte são realmente valiosos para ir à Allianz Arena (casa dos dois times de futebol da cidade, o Munique 1860 e o Bayern de Munique, cujo museu funciona dentro do estádio); ao Palácio Nymphenburg (residência de verão da antiga corte). 

    Pelos trilhos se alcança facilmente o Olympiapark (construído para os Jogos de 1972; hoje um complexo esportivo e de entretenimento, onde fica o SeaLife de Munique (compre ingresso sem fila), ao BMW Welt (museu e fábrica da montadora alemã) ou ao Tierpark Hellabrunn,  o zoológico de Munique com parquinhos para crianças.

    Uma forma de chegar a todas as atrações é tomar o ônibus hop on hop off, com 3 circuitos, todos com duração de 1 horas: Cidade; Parque Olímpico e Nymphenburg; e Schwabing. Antes da viagem, você ainda pode garantir ingressos de atrações e passeios em Munique. Ou optar pelo Munich City Pass, com direito a usufruir de transporte público, do ônibus hop on hop off e de 45 atrações ou atividades na cidade no sul da Alemanha.

    HOTÉIS

    Quem fica nos hotéis em Munique no centro histórico tem a vantagem de estar colado a atrações como a Marienplatz e a Hofbräuhaus. Tem ainda boas alternativas para comer, beber e fazer compras, especialmente nas ruas onde só é permitido o trânsito de pedestres. O Mercure Hotel München Altstadt é um três-estrelas a poucos passos da Frauenkirche, catedral e símbolo de Munique. Nas regiões da Altstadt (Cidade Velha) e Lehel (onde começa o Englischer Garten) há cinco-estrelas como o Vier Jahreszeiten Kempinski München (situado na rua das grifes, a Maximilianstrasse), além dos igualmente requintados Mandarin Oriental e Bayerischer Hof — leia sobre nossa hospedagem no Bayerischer Hof, a 5 minutos a pé da Marienplatz.

    Se quiser ficar perto da Oktoberfest, a dica é se hospedar no distrito de Ludwigvorstadt, onde rola a tradicional festa da cerveja alemã. Nessa região — próxima da estação central de Munique (Hauptbahnhof) — existem alternativas de hotéis de três ou de quatro estrelas, como o Eurostars Book Hotel, com boas avaliações em sites de reserva. Reformado em 2017, o Sofitel Munich Bayerpost é opção de cinco-estrelas ali.

    No passado, escritores e artistas deram fama a Schwabing, distrito que hoje em dia ostenta luxuosas residências e que ainda mantém a boemia viva nos cafés e nos bares de sua rua principal, a Leopoldstrasse. Unidades de tradicionais redes de hotéis estão presentes no bairro, casos do Mercure Hotel München-Schwabing, instalado na própria Leopoldstrasse, do Pullman Münich e do Ibis München City Nord — entre os dois há uma estação de metrô (Nordfriendorf), a menos de 300 metros de distância. Entre o Rio Isar e o Englischer Garten, o Hilton Munich Park faz o principal parque de Munique parecer sua extensão, de tão próximo.

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    RESTAURANTES

    Munique não é só cerveja alemã. A cidade tem muito a oferecer, de comida típica a gourmet. O Viktualienmarkt é um mercado ao ar livre, com opções para tomar café, provar queijo ou beber nas mesas de seu biergarten.

    Não deixe de experimentar a atmosfera de lugares como o Grossmarkthalle (apontado como a melhor salsicha branca da cidade) ou os igualmente tradicionais Zum Spöckmeier, Augustiner e Hofbräuhaus (cervejarias de Munique onde não faltam receitas à base de carne de porco ou de vitela, muita batata e bretzel). Para uma noite de cerveja e gastronomia da Baviera, junte-se a uma excursão guiada por um morador da cidade. Ou conheça as cervejarias de Munique numa excursão de 3 horas.

    A culinária bávara com pitadas de refinamento e um toque internacional pode ser encontrada no Südtiroler Stuben. O chef Alfons Schuhbeck é uma lenda e conquistou sua primeira estrela Michelin há cerca de 30 anos. Ao todo, a cidade conta com 10 estabelecimentos no prestigiado guia francês.

    Munique tem ainda restaurantes internacionais, de cozinha afegã, grega, espanhola e russa, entre outras nacionalidades. Pela ligação histórica com a Itália, pasta e pizza são estrelas de alguns cardápios.

    compras

    Um bom roteiro de compras pode ser o calçadão que une Marienplatz, Kaufingerstrasse e Neuhauser Strasse. Há lojas de departamento (como a alemã Kaufhof), artigos esportivos, calçados e eletrônicos. Dá para descolar souvenir nas lojinhas perto da praça central e em ruas como a Tal. Também há lembrancinhas na Kaufhof, que vende ainda produtos do Bayern de Munique. A loja oficial do time fica na região.

    Sempre vale ver lojas de museus e atrações, em busca de lembrancinhas diferentes. No Residenz, por exemplo, são vendidas forminhas de biscoito com o contorno das torres da catedral da cidade e do Schloss Neuschwanstein (castelo mais conhecido da Alemanha), além de livros de colorir para crianças com paisagens alemãs.

    Grifes da alta costura e marcas de luxo se concentram na área da Brienner Strasse, da Odeonsplatz, da Theatinerstrasse (com seu complexo Fünf Höfe, de 60 lojas) e a Maximilianstrasse. O público GLS frequenta lojas e cafés ao redor da Gärtnerplatz e na região de Glockhenbach. Nesse colorido distrito, novos estilistas exibem as tendências.

    TRANSPORTE

    Do aeroporto de Munique, usando os trens S8 e S1, o trajeto até o centro leva cerca de 40 e 50 minutos, respectivamente. Os bilhetes podem ser comprados na plataforma de embarque, no nível 2. Há ainda a opção de pegar um traslado do aeroporto de ônibus, no Express Bus Lufthansa, que leva até a estação central de trem en Munique.

    O sistema de transporte da cidade é muito eficiente. Ônibus (Bus), bondes (Trams), trens de subúrbio (S-Bahn) e metrô (U-Bahn) funcionam de modo integrado. Você paga pela distância percorrida. A capital da Baviera é dividida em 4 zonas e possui 3 tipos de tickets para rodar a cidade várias vezes no mesmo dia: single day (passe individual), group day tickets (indicado para famílias ou amigos pois vale para até 5 adultos; se houver crianças entre 6 e 14 anos, duas contam como um adulto) e city tour card (cartão para circular, que dá desconto em atrações).

    Você pode comprar o ticket nas máquinas de autoatendimento nas estações de trem e de metrô. Ou então adquirir seu passe nos centros de visitantes, como os que funcionam diariamente na estação central (Hauptbahnhof) ou na Marienplatz, embaixo do prédio da nova prefeitura (Neues Rathaus).

    MOEDA

    Euro é a moeda da Alemanha — vá comprando moeda estrangeira antes de viajar. Cartões de crédito e débito são bem aceitos. Se precisar trocar dinheiro assim que chegar à cidade, casas de câmbio (Wechselstube) e bancos ficam no piso 3 do aeroporto de Munique. Para saques em Munique, há caixas eletrônicos (Geldautomat) em bancos, shoppings e estações de trem e de metrô.

    CLIMA

    A temperatura de Munique, em média, varia de – 6°C a 23°C ao longo do ano. De clima temperado, a cidade tem dias muito gelados no inverno e calor suportável para brasileiros no verão. Julho e agosto são os meses quentes, quando os termômetros podem atingir 30°C. Junho tem a maior quantidade de chuva (cerca de 140 mm).

    EVENTOS

    Carnaval em Munique, o Fasching – Fotos: Turismo de Munique/Divulgação

    Faça frio ou calor, a cidade faz festas ao ar livre. São celebrações centenárias, com tradições presentes na comida servida, no figurino, na música que anima o público. A Oktoberfest Alemanha é a mais famosa de todas, que atrair cerca de 6 milhões de pessoas. Quando o fim do ano se aproxima, Munique brilha com os mercados de Natal. O da Marienplatz é o maior deles e um dos mais famosos, juntamente com o instalado aos pés da Torre Chinesa, no Englischer Garten. Do fim de novembro até a véspera do Natal, é possível comprar presentes nas barracas e provar delícias como o vinho quente, o glühwein. Nessa época do ano, é possível fazer uma excursão guiada pelos Mercados de Natal, com direito a bilhete de transporte e lebkuchen (tradicional biscoito de gengibre). 

    Fevereiro é tempo do Fasching, Carnaval em Munique. Celebrado na mesma data da nossa folia, inclui desfiles e bailes. As estações são marcos para outros eventos: o Tollwood, festival musical no verão (organizado no Parque Olímpico) e no inverno (no espaço da Oktoberfest), e a Frühlingfest, festa da primavera, realizada entre abril e maio.

    MAIS DESTINOS

    Se você for esticar para cidades do sul da Alemanha, vale investir no aluguel de carro para seguir viagem, quem sabe, até Stuttgart ou à Floresta Negra. Mas a região no entorno de Munique oferece também conhecidos passeios de 1 dia. O mais desejado pela maior parte dos viajantes é a excursão ao Castelo de Neuschwanstein, ponto final da Rota Romântica da Alemanha (existe a opção do passeio de 1 dia combinado com o Castelo de Linderhof) . Esse famoso roteiro pode ser visitado de carro, parando pelas cidadezinhas no caminho, ou numa excursão de 1 dia à Rota Romântica, incluindo a visita à medieval Rothenburg ob der Tauber.

    Outro bate volta, indicado para quem se interessa por história, especialmente por nazismo e Segunda Guerra, é Dachau, primeiro campo de concentração da Alemanha. O tour ao Memorial de Dachau também está disponível a partir de Munique. Quem se interessa por história também pode pegar uma excursão de 1 dia a Nuremberg de trem saindo de Munique. Visita o centro histórico, onde fica o castelo, e a área de desfile do partido nazista.

    Mais famoso castelo da Alemanha: Neuschwanstein – Foto: Jim McDonald/ GNTB/Divulgação
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  • Comidas típicas da Alemanha: 13 pratos para provar na viagem

    Comidas típicas da Alemanha: 13 pratos para provar na viagem

    Na maioria dos cardápios dos restaurantes, as comidas típicas da Alemanha incluem salsicha (wurst) e muita carne de porco, como é o caso do joelho (eisbein).

    Outros dois pratos tradicionais também são encontrados com facilidade nas principais cidades da Alemanha para turismo: o sauerkraut (o chucrute, para nós) e o schnitzel (milanesa de vitela). 

    Apesar de ser uma dupla popular, nem uma nem outra receita é originária da cozinha alemã – veja abaixo de onde elas vêm.

    Como já foram ‘adotados’ por todo o país, não poderiam ficar de fora desta nossa lista com 13 comidas típicas da Alemanha.

    Se você não está com fome, prepare-se porque esta seleção vai abrir seu apetite.

    Salsicha alemã (wurst)

    É natural alguém dizer salsicha quando se quer saber qual a comida típica a Alemanha. Dá para ignorar a tradição do país que possui 1.500 variações do embutido?

    Toda região tem sua típica. A nossa preferida é a salsicha bratwurst, de Nuremberg. Em Berlim (Alemanha), não deixe de provar a currywurst, que já teve até museu em sua homenagem na cidade.

    Cada salsicha no país ostenta uma característica especial, tanto em sabor quanto em tamanho. Olha que bonito esse prato (na foto abaixo) de salsichas com chucrute que pedimos na cervejaria Hofbräuhaus em Munique.

    Chucrute (sauerkraut)

    Repolho azedo. Tradução que assusta à primeira vista. Mas talvez seja um dos pratos da Alemanha que mais remete ao país. Quase sempre como acompanhamento do einsbein (joelho de porco) e da salsicha.

    Confesso, eu tinha um certo bode de comer chucrute até desembarcar em solo alemão. Me amarrei na versão preparada com repolho roxo, que sempre me pareceu mais adocicado que o branco.

    Esse da foto abaixo comemos na nossa primeira noite em Berlim, com um bolo de carne (almôndega avantajada) e batatas. O restaurante é o centenário Alt Berliner Biersalon, na Kufürsterdamm.

    comidas típicas da Alemanha
    Repolho de responsa do Alt Berliner Biersalon – Foto: Nathalia Molina

    Uma curiosidade: o repolho em conserva tem raízes na região francesa da Alsácia, mas já virou parte da culinária alemã.

    Joelho de porco (einsbein)

    O joelho de porco é outro clássico entre as comidas típicas da Alemanha. Trata-se de um pedaço considerável de carne envolvido por uma respeitável camada de gordura.

    Olha, dá para dividir a porção se você não estiver com aquela fome de homem das cavernas. Há quem prefira a versão cozida. Quando frito ou grelhado, o eisbein fica com a parte externa escura e crocante – Nathalia prefere assim.

    Foi desse modo que ela se lambuzou em Frankfurt – vê só o tamanho de cada eisbein na foto! O chucrute e uma das dezenas de formas de servir batata acompanham esse prato.

    comidas típicas da Alemanha
    Os “joelinhos” servidos em Frankfurt – Foto: Nathalia Molina

    Schnitzel

    Estás na Alemanha? Bateu aquela fome? Não gostas muito de repolho, porco e afins? Basta dizer a palavra mágica schnitzel (pronuncia-se: xí-ní-tzel).

    Estou falando de um bom bife à milanesa, feito com vitela e encontrado com facilidade nos lugares que vendem comidas típicas da Alemanha. Além de pratos alemães de fato, eu provei schnitzel nas cinco cidades da nossa viagem.

    Até no antigo restaurante do DDR Museum, museu em Berlim que mostra como era a antiga Alemanha Oriental, eu comi schintzel. E ‘harmonizei’ com Vita Cola, a versão comunista da Coca-Cola.

    E nem precisa gastar saliva pedindo acompanhamento, já que uma porção de batatas (fritas ou em forma de salada) faz as vezes de escolta. Ah, e antes que alguém grite, explico que o schnitzel é alemão de coração, porque sua receita vem da Áustria.

    Comidas típicas da Alemanha
    Schnitzel, o amigo de toda fome

    Pretzel

    O pão em formato de laço não é só um costume da região da Baviera, onde surgiu há cerca de 500 anos, porque é consumido em toda a Alemanha. Pretzel, como conhecemos por aqui, tem aquele sal grosso sobre a massa.

    É consumido quase de modo obrigatório na Oktoberfest de Munique e no biergarten (jardim de cerveja na Alemanha), mantendo alimentado quem bebe um pouco mais.

    Na tradicional Hofbräuhaus, cervejaria em Munique, o garçom circula pelo salão com uma generosa cesta de pretzel para quem quiser comer entre um gole e outro.

    Comidas típicas da Alemanha
    Pretzel vai bem como tudo, até salsicha com repolho e batata

    Schwäbische Maultaschen

    A carne escondida dentro do ravióli teria sido uma transgressão de monges que não queriam jejuar na Sexta-feira Santa.

    Lenda ou não, o fato é que o Maultaschen se tornou uma das especialidades da cozinha da Suábia, região entre a Baviera e Baden-Württenberg.

    O espinafre picado também faz parte do recheio da massa, que pode ser servida regada por um caldo ou passada na frigideira e levada à mesa coberta por rodelas de cebola igualmente fritas.

    Provei essa delícia em Stuttgart, em um almoço seguido de visita ao Centro Histórico e ao Wilhelma, zoológico e jardim botânico da cidade.

    Comidas típicas da Alemanha
    Maultaschen, o ravióli da Suábia – Foto: Stuttgart Marketing

    Spätzle

    Assim como o Maultaschen, o Spätlze é mais um dos pratos da Alemanha que vem da Suábia. Perece nhoque, mas pode ser servido em formato comprido de macarrão.

    É protagonista de uma refeição, coberto por queijo e um toque de cebola frita. Também acompanha um bom goulash.

    A grande presença de imigrantes alemães no sul do Brasil resultou na receita do cless, uma variação do spätlze.

    Aspargos

    Adoradora de aspargos, Nathalia diz que comeu os melhores de sua vida numa viagem à Saxônia, quando visitou Dresden, Leipzig e cidades ao redor dessas duas.

    Burgdorf, Nienburg e Braunschweig são localidades da região com longa tradição no cultivo dessa hortaliça, que tem até uma rota de carro exclusiva para ser percorrida.

    Ao longo de 750 km de estrada, dá para admirar os campos de aspargo (spargel, em alemão) e provar receitas na época da colheita (entre abril e junho).

    Como não dispensa a chance de degustar aspargos, Nath pediu esses brancos numa das nossas refeições em Nuremberg.

    Comidas típicas da Alemanha
    Os aspargos que encantam Nathalia

    Kartoffelklösse

    Kartoffel é batata em alemão. Esta bola de massa de batata surgiu na Turíngia, estado no centro do mapa do país. Serve de acompanhamento para carne.

    Durante a nossa viagem, Nathalia e eu dividimos vários pratos para podermos experimentar um pouco de tudo em matéria de comidas típicas da Alemanha.

    Em Munique, num restaurante colado à Marienplatz, ela pediu Spanferkelbraten, generosos pedaços de carne de porco assados, que vieram acompanhados de molho de cerveja escura e kartoffelklösse.

    Admito, invejei este prato da Nath

    Sauerbraten

    O ingrediente principal é a carne de boi ou de vitela (novilho ainda jovem), que descansa por um mínimo de 3 dias em uma solução que leva vinho, vinagre, temperos e especiarias. Depois de ser frita rapidamente, ela é cozida por cerca de 2 horas. Esse tipo de carne assada alemã é um prato típico da Renânia, região oeste da Alemanha, banhada pelo rio Reno.

    Reibenkuchen mit Apfelmus

    A panqueca de batata é uma massinha saborosa por si só. Mas a tradição alemã pede o purê de maçã para lambuzá-la.

    O prato típico da Renânia também está entre as especialidades da Baviera. É possível encontrar esse mesmo prato com o nome de Kartoffelpuffer.

    A gente devorou umas boas panquequinhas num dos restaurantes da Legoland Alemanha. Veja se o purê não lembra aquelas papinhas para bebês que estão aprendendo a comer.

    Comida alemã para crianças pequenas

    Fischbrötchen

    Se dormir é para os fracos, o que dizer de quem levanta cedo num domingo de manhã para visitar o mercado de peixe de Hamburgo? Além de muita disposição, a razão para ir a um dos pontos turísticos da cidade portuária pode ser devorar sanduíches de arenque ou de salmão.

    Aos domingos, o café da manhã dos moradores e de muitos turistas é ali nas barracas do porto, a maioria delas de frente para o vaivém dos navios.

    Frankfurter Grüne Sosse

    A cor verde do molho se explica pela quantidade de ervas frescas que leva a receita: sete, ao todo. Elas são misturadas com gema, óleo e suco de limão.

    Era o prato preferido do escritor Göethe. O molho é normalmente servido com batatas e ovos ou panquecas. Mas é possível prová-lo com carnes e peixes também.

    Há releituras em que o molho verde é elegantemente apresentado, como no prato do Hotel Die Sonne Frankenberg, integrante da luxuosa associação Relais & Châteaux, localizado na cidade de Frankenberg, no estado de Hessen, onde fica Frankfurt.

    Aliás, como símbolo da gastronomia dessa última cidade, o molho verde tem até festival anual realizado em maio.

    Comidas típicas da Alemanha
    Molho verde, um clássico de Frankfurt
  • Compras em Düsseldorf: dica de roteiro na capital da moda na Alemanha

    Compras em Düsseldorf: dica de roteiro na capital da moda na Alemanha

    Dicas de compras na Alemanha, em Düsseldorf: um roteiro pelos bairros da capital da moda no país, da alta costura ao estilo casual. Avenida mais movimentada da cidade, a Königsalle é o endereço das grifes internacionais

    Do luxo ao casual, não importa o look. Düsseldorf tem um roteiro de compras imbatível para quem faz turismo na Alemanha. A capital alemã da moda concentra lojas em diversos bairros, com vitrines ditando tendências a cada estação.

    Grandes grifes e estilistas locais tornam atraente qualquer passeio que se faça pela cidade, o que diminui consideravelmente a possibilidade de se circular pelas ruas de mãos abanando. A seguir, uma ideia do que você encontra em diferentes regiões de Düsseldorf.

    LUXO NA KÖNIGSALLEE – Foto: Düsseldorf Marketing & Tourismus GmbH/Divulgação
    VITRINES E CAFÉS

    KÖNIGSALLE

    A Königsalle é avenida mais movimentada de Düsseldorf, por onde passam em média de 5.000 pessoas por hora. Kö, para os íntimos, está em grande parte dividida ao meio por um dos canais do Rio Düssel, e reúne as principais marcas da moda internacional, de Hermès a Lagerfeld, passando por Jil Sander, Tiffany e Zegna. Kö Galerie e Sevens são centros de compras onde se encontra do luxo ao casual, e ainda artigos para casa e muitas ofertas de serviços.

    SHOPPING NA KÖ

    A grande loja de departamentos da Alemanha está presente também em Düsseldorf. A Galeria Kaufhof mantém duas unidades na cidade, uma delas bem no número 1 do boulevard da moda. Há 9 anos, a Königsalle é palco da Vogue Fashion’s Night Out, evento que mantém lojas e boutiques de portas abertas até a meia-noite.

    VOGUE FASHION’S NIGHT OUT – Foto: Mathis Wienand/Divulgação

    SCHADOWSTRASSE

    O shopping Shadow Arkadien fica na esquina da Königsalee com a Schadowstrasse, a maior rua comercial de Dusseldorf, com cerca de 200 lojas, da Karstadt (que vende de vestuário a artigos de papelaria) até a Peek & Cloppenburg (cadeia local de roupas e acessórios).

    ALTSTADT

    A fama do bairro mais velho de Düsseldorf vem da enorme concentração de pubs, restaurantes e discotecas, que faz esse trecho da cidade ser conhecido como o maior balcão de bar do mundo. Mas o Altstadt não vive só de vida noturna, não. De dia há lojas e vitrines a serem exploradas, como a Birkenstock, que desde 1774 atrai os amantes de calçados. Quem gosta de vinis certamente vai parar na eclética Hitsville, que tem punk, jazz e eletrônico entre os ritmos oferecidos.

    Ou descolar uma lembrança da viagem para decorar a casa entre objetos vendidos na Shee. Na movimentada Flinger Strasse, estão marcas conhecidas e lojas de departamento (entre elas, a H&M). A novidade de Altstadt para o verão 2017 é a inauguração da Saks Fifth Avenue. A gigante internacional terá peças de grandes grifes com desconto.

    MARCAS CONHECIDAS E LOJAS DE DEPARTAMENTO NA FLINGER STRASSE

    CARLSTADT

    Entre a margem do Rio Reno e o lago Schwanenspiegel, a região de Carlstadt é das coleções do estilista alemão Peter O. Mahler, das novas tendências presentes na loja-conceito da Apropos e das galerias de arte locais. Nessa área histórica de Düsseldorf há espaço também para o estilo urbano e casual da Titus e para as cores, aromas e sabores do mercado de alimentos e flores da Carlsplatz.

    LOJA EM CARLSTADT
    MERCADO DE ALIMENTOS E FLORES

    BILK E UNTERBILK

    Próximos à zona portuária de Düsseldorf, Bilk e Unterbilk são bairros que têm na Lorettostrasse uma comunidade formada por artistas e produtores de moda locais. Nesse universo de ruas estreitas e construções restauradas encontram-se tanto as coleções de streetwear da Null:zwo:elf ao estilo geometrizado de Gabriela Holscher Di-marco, a mente por trás de Ela Selected.

    FLINGERN

    O bairro da classe operária passou por mutações até se tornar mais uma opção para compras e entretenimento em Düsseldorf. O tom urbano está mais do que presente nesse centro de street art alemã. Pequenas oficinas produzem roupas e acessórios em escala artesanal, caso da Bittersuess.

    Quem gosta de ilustrações não deve deixar de visitar a Rikki Grafik, que vende trabalhos de designers da Alemanha, do Reino Unido e da Escandinávia na forma de pôsteres e de outras impressões. No fim do ano, lojas, ateliês e restaurantes de Flingern ficam abertos até de madrugada para quem deseja comprar os presentes de Natal.

    ROUPAS PARA COSPLAY

    JAPANISCHES VIERTEL

    Para quem a moda ocidental não faz a cabeça, Düsseldorf conta com uma das maiores comunidades japonesas da Europa, atrás de Londres e Paris. Nas lojas do quarteirão do Japão tem de tudo: quimono, comida, utensílios domésticos, livros para aprender o idioma e até artigos para quem ama cosplay e mangá.

  • Minimundo em Hamburgo (Alemanha): o Miniatur Wunderland

    Minimundo em Hamburgo (Alemanha): o Miniatur Wunderland

    O Miniatur Wunderland é desses passeios recomendados para quem gosta de atrações no estilo minimundo e está de passagem por Hamburgo, na Alemanha. Se estiver viajando com criança, então, a visita se torna obrigatória. A maior maquete de ferrovia do mundo chama a atenção por sua impressionante riqueza de detalhes e pela tecnologia que a faz funcionar à perfeição em miniatura.

    Na recente expansão, o parque alemão ganhou até um Rio de Janeiro com Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Copacabana e até Carnaval no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Em torno de 20 mil bonequinhos povoam a cidade de miniatura com área de cerca de 45 m².

    Um mundo tão pequeno e, ao mesmo tempo, de números superlativos: 760.000 horas de trabalho consumidas até hoje na construção; 35.000 luzes (pouco menos 10% do total utilizado) só para recriar o brilho de Las Vegas; cerca de 1.000 trens serpenteando 20 km dos mais belos cenários da Europa e da América. Até hoje, 16 milhões de euros foram investidos na atração, que recebe 1 milhão de visitantes ao ano.

    Tudo matematicamente calculado como cada pedaço daquele território. Ideia de Frederik Braun em parceria com seu irmão gêmeo, Gerrit. O Miniatur Wunderland fica às margens do Rio Elba, em Speicherstadt, conjunto de armazéns na região portuária de Hamburgo, cidade onde nasceram seus idealizadores.

    Porjeto com as luzes de Las Vegas

    Como é o minimundo de Hamburgo

    Inaugurado em agosto de 2001, o complexo de maquetes possui 6.800 m² (o projeto de expansão até 2028 prevê 10.000 m² de construção). Toneladas de gesso ganharam forma e cor na hora de reproduzir os Alpes da Áustria, com direito a teleféricos como os que levam turistas às estações de esqui. No norte da Alemanha, a pequena Harz recebe a inusitada visita de um disco voador.

    No quesito ficção, Knuffingen merece destaque. Aos pés dos Alpes, trata-se de uma cidade imaginária, dona de um moderno sistema de automação que reproduz o vaivém de automóveis e caminhões em deslocamentos simultâneos. Tudo no Miniatur Wunderland é controlado de uma sala com 64 computadores.

    Quando visitamos o Deutsche Bahn Museum, museu da ferrovia em Nuremberg, já ficamos impressionados com a destreza de um único funcionário que controlava uma grande maquete com apenas alguns trens circulando.

    Estação de trem de Hamburgo reproduzida

    O que fazer no Miniatur Wunderland

    Tire fotos, grave e mostre para todos que você voltou a ser criança diante do mundo em miniatura. Acompanhe o sobe e desce dos aviões em Knuffingen, a cidade imaginária onde o aeroporto funciona 24 horas sem parar. A propósito, no minimundo um dia inteiro é simulado a cada 15 minutos, graças a um complexo sistema de som e de luz, responsável por fazer Las Vegas brilhar com suas inconfundíveis luzes.

    Além de se ligar no movimento dos trens e carros e circulam, fique atento ao que está parado, aos detalhes. Os mínimos, de preferência. São homens, mulheres, crianças. Objetos, fachadas, monumentos, cartões-portais recriados em escala. Fotos e vídeos já dão ideia de como tudo foi feito caprichosamente pequeno, em sintonia com cenários e paisagens.

    Atenção aos detalhes
    Roma e seu Coliseu

    Aberta ao público em 2016, a seção Itália está materializada em monumentos como o Coliseu, o Vaticano e a Torre de Pisa. E na beleza de regiões como Toscana e Cinque Terre. Veneza deve estar acabada até o fim de 2017. Mônaco, Inglaterra e França fazem parte dos planos de expansão. O que está em construção fica exposto para que o público possa acompanhar as mudanças que estão por vir.

    O Miniatur tem data certa para chegar ao seu destino final: 2028 e com ele a possibilidade dos trilhos atingirem regiões da África, da Ásia e do Oriente Médio.

    É nesse cenário composto mais de pontes e sem fronteiras que o mundo se torna quase perfeito, como numa brincadeira de criança.

    VALE SABER

    Endereço: Kehrwieder 2-4, Speicherstadt, Hamburgo

    Transporte: A estação mais próxima do metrô é a Baumwall. A partir da estação central de Hamburgo (Hauptbahnhof), utilize a linha U3 (amarela) com destino a Rathaus/Barmbek. De lá, siga em direção a Niederbaumbrücke, vire à direita na Kehrwieder, onde fica o Miniatur Wunderland

    Funcionamento: Diariamente, das 9h30 às 18 horas (nos fins de semana e às terças, costuma fechar mais tarde; horário muda conforme a época)

    Preço: O ingresso custa 20 euros. Quem quiser fazer a visita guiada paga mais 17,50 euros (a maior parte dos tours é em alemão)

    Site: miniatur-wunderland.com

  • Fasching, o Carnaval de Munique, na mesma data da folia brasileira

    Fasching, o Carnaval de Munique, na mesma data da folia brasileira

    Todos os anos, a tradição se repete: a dança das mulheres do mercado é o ponto alto de mais um Fasching, Carnaval nas ruas de Munique. Troque no texto a dança por Bacalhau do Batata, Munique por Olinda e a minha voz pela do Francisco José, repórter da Rede Globo. Pronto. Você acaba de descobrir que há mais semelhanças entre a folia daqui e de lá quanto poderia supor a filosofia momesca.

    Munique é uma das muitas cidades alemãs que celebram o período anterior à Quaresma (40 dias que precedem a Páscoa) com música e alegria. Daí o uso da expressão Fasching (em uma tradução livre, algo como festa da noite, da véspera) para designar o Carnaval na Baviera.

    Se no Brasil os ensaios das escolas de samba e dos blocos movimentam o país antes mesma de a festa de Momo começar para valer, em Munique o esquenta também tem início com muita antecedência. E precisão: em 11/11, às 11 horas e 11 minutos — os alemães consideram a data como o início da 5ª estação do ano.

    Como é o Carnaval de Munique

    A origem é imprecisa, mas o certo é que o evento passou por transformações desde os primeiros festejos lá atrás, no século 13. Chegou a ser condenado pela igreja como um ritual pagão e banido da vida dos alemães. Sofreu algumas interrupções, especialmente no período entre guerras. A comemoração do Fasching coincide com a do nosso Carnaval, isto é, sempre precede a Quaresma.

    Fantasias do Carnaval no sul da Alemanha

    Na capital da Baviera, como em todo país, a festa é marcada pelo espírito crítico e de deboche, encarnado em máscaras e fantasias, em um exercício de exorcismo visto também na festa brasileira. E, assim como aqui, a política é um prato cheio para ser satirizada.

    O que fazer no Fasching

    Esqueça o ziriguidum, o balacobaco e o telecoteco. No Fasching, a pegada é outra: dançar ao som de bandas e DJ’s para espantar o frio congelante (beber vinho quente ou uma legítima cerveja de trigo ajudam nessa tarefa). A Marienplatz concentra a maior parte da animação, vocação que a principal praça de Munique exerce desde a fundação da cidade.

    Carros alegóricos percorrem um circuito de ruas e avenidas, há desfiles com gente coloridamente fantasiada — crianças (e alguns adultos também) usam pesadas roupas de bichos e parecem saídas daquele comercial da Parmalat dos anos 90. Bailes de gala são organizados em locais como o Deutsches Theater e no luxuoso hotel Bayerischer Hof (icônico cinco-estrelas de Munique).

    No Viktualienmarkt, a Dança das Mulheres do Mercado

    O ponto alto da festa ocorre na Terça-Feira Gorda, com a realização da Tanz der Marktfrauen. A dança das mulheres que trabalham no grande mercado de alimentos da cidade, o Viktualienmarkt, é ensaiada desde outubro do ano anterior. Confeccionadas pelas próprias dançarinas, as fantasias têm relação com a atividade que elas exercem no mercado (vendedora de verduras, frutas, carnes etc). Uma tradição que se repete desde o início do século 19. E que põe o ponto final em mais um Fasching na capital da Baviera.

    Estando em Munique nesta época do ano, não se assuste se você cruzar pela rua ou no metrô com um arlequim, uma tigresa ou com o diabo em pessoa. Na dúvida, abrace-os e entre nessa festa.

    VALE SABER

    Quando: Sempre começa em 11 de novembro. O fim do Fasching coincide com a data do Carnaval brasileiro.

  • Stollen, o bolo de Dresden no Natal

    Stollen, o bolo de Dresden no Natal

    O famoso bolo de Natal alemão foi criado no século 15, em Dresden. Conheça a origem, os ingredientes e curiosidades dessa iguaria. Versão gigante do Stollen é servida todos os anos na capital da Saxônia

    ATUALIZADO EM 23 DE NOVEMBRO DE 2017

    Eu era muito jovem quando vi meu tio Osmar entrar em casa com uma caixa retangular debaixo do braço. Dentro dela havia uma ‘estólen’, como ele mesmo dizia, caprichando no som do ‘o’ bem aberto. Àquela altura eu desconfiava que fosse algo de comer, só não sabia se era doce ou salgado. A embalagem era de um verde típico das coisas que remetem a gente ao Natal.

    Eu não estava errado. Meu tio disse então que a tal ‘estólen’ (e como ele saboreava acentuar aquela letra ‘o’) era um doce tipicamente alemão, vendido apenas no Natal pela confeitaria que ficava em frente ao trabalho dele, no bairro do Socorro, zona sul de São Paulo.

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    STOLLEN: LEGÍTIMO OU NÃO, UMA DELÍCIA – FOTOS NATHALIA MOLINA @COMOVIAJA

    Naquele dia, no fim do almoço — que na minha família sempre foi sacramentado com um café (bem forte, de preferência) — tivemos a revelação. Não era nem appflestrudel nem panetone, duas delícias que eu adoro, por sinal. O Stollen (e ali eu já havia descoberto sua grafia exata na caixa) era um bolo de massa macia, com frutas cristalizadas e amêndoas, coberto por uma fina camada de açúcar de confeiteiro e um pouco de canela. Legítimo ou não, não tínhamos como contestar a receita. Comi. Comemos. Nos fartamos daquela novidade naquele ano. E nos seguintes, sempre no Natal.

    Como surgiu o Stollen

    O Stollen é uma invenção alemã, mais precisamente da cidade de Dresden. Seu nome original, Striezel, batiza até hoje o mercado de Natal local, o Striezelmarket. A receita surgiu por volta do século 15 e, claro, sofreu alterações significativas até ser composta pelos ingredientes atuais: farinha, fermento, leite, manteiga (na Idade Média, a Igreja Católica vetava seu uso), passas e, às vezes, nozes ou amêndoas.

    Em média, 3 milhões de unidades de Stollen são produzidas no período do Natal na capital da Saxônia. Uma versão gigante é preparada todos os anos em comemoração ao dia de São Nicolau, em 6 de dezembro. Esse Stollen avantajado é carregado em triunfo até a praça Altemarkt. Lá é fatiado e vendido, sendo que o dinheiro arrecadado é revertido para a própria cidade.

    Atualmente, cerca de 130 confeitarias de Dresden e arredores fabricam o Stollen certificado pela associação que garante do uso correto dos ingredientes ao processo de fabricação, sempre à mão, como ocorre desde a Idade Média.

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    Receita diferente, o mesmo prazer

    Há uns 3 anos, Nathalia foi a um evento organizado pelo turismo da Alemanha. Na volta, ela entrou no carro com um pacote nas mãos. Minha a atenção ao trânsito foi para o beleléu quando ela pronunciou uma frase mágica: “Ganhei um Stollen, mas ele tombou e deu uma melecada no embrulho. Parece delicioso mesmo assim, vamos provar?”

    Enquanto voltávamos para casa, eu contei para Nath a história com que iniciei esse texto. Entre uma frase e outra, eu mastigava cada pedaço que minha mulher me dava na boca. Havia sensíveis alterações nos ingredientes, como a canela incorporada ao recheio e não polvilhada como na versão que experimentei pela primeira vez. O fato é que, para mim, saborear aquela guloseima não se tratava somente de um reencontro com o passado. Mas de um profundo desejo de tomar o primeiro avião e seguir para Dresden, procurar uma confeitaria e ter certeza de que algo tão bom pode ser ainda mais delicioso.

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