Categoria: Destinos Internacionais

Melhores destinos internacionais, com dicas de viagem para o exterior. Confira pontos turísticos, hotéis, passeios, comidas, festas e outros destaques

  • Alexanderplatz (Berlim): a principal praça da capital da Alemanha

    Alexanderplatz (Berlim): a principal praça da capital da Alemanha

    Alexanderplatz, em Berlim, é a principal praça da capital da Alemanha — ou, pelo menos, a mais conhecida delas. Fica no lado leste da cidade, no Mitte, o bairro mais central. Assim batizada por causa da visita do czar da Rússia Alexander I no início do século 19, a praça já foi palco de manifestações de alemães contra o governo da então Alemanha Oriental. Nos dias atuais, ela atrai turistas em visita a atrações como a Torre de TV de Berlim e o relógio com horário mundial, que completou 50 anos em 2019.

    Quando garoto, Berlin Alexanderplatz era todo o meu conhecimento sobre a capital da Alemanha. Corriam os primeiros anos da década de 1990 quando a TV Cultura exibiu a série baseada em romance homônimo, escrito por Alfred Döblin em 1929. Com direção de Rainer Fassbinder, a produção narra a história de um homem que deixa a prisão e recomeça sua vida, tendo a praça como centro dos principais acontecimentos da história.

    Sem drama, esperei muito tempo para poder botar os pés na Alexanderplatz. Durante nossa viagem em família pela Alemanha, Nathalia, Joaquim e eu passamos muitas vezes pela praça, fosse porque iríamos subir os 365 metros da Torre de TV e encarar a cidade lá do alto ou porque deveríamos subir ou descer de alguma linha de transporte público (a estação de mesmo nome que funciona ali é bem movimentada.

    Na Alexanderplatz, temos todo o tempo do mundo

    O que ver na região da Alexanderplatz

    Símbolo da urbanização moldada à moda socialista, após a queda do Muro de Berlim a Alexanderplatz passou por mutações até chegar à concepção atual, com prédios que espelham passado e presente da capital alemã. Tudo ao redor parece grande e amplo diante das pessoas, que caminham de um lado para o outro. Essa imensidão toda da praça me fez perder um pouco o senso de direção até.

    Atrações como a Catedral de Berlim, a Ilha de Museus (com instituições culturais imperdíveis), o SeaLife & AquaDom (aquário de Berlim) e o DDR Museum (museu que mostra como era o cotidiano na antiga Alemanha Oriental) estão a uma curta caminhada da Alexanderplatz, que funciona como referência e imã. De um modo ou de outro, você quase sempre é atraído para lá.

    Bem perto dali, a Unter den Linden, principal avenida da cidade na porção oriental, foi renovada e está cheia de novidades. Após 7 anos de restauração, a Staatsoper acaba de ser reinaugurada, com óperas e concertos na programação. O Humboldtforum é outra atração bastante esperada na cidade. Instalado na Schlossplatz, o espaço de experimentação e instalações, ele será reaberto aos poucos a partir de setembro de 2020. A própria construção, um palácio do século 15, será um atrativo.

    Seguindo a pé pela Unter den Linden, chega-se ao Portão de Brandemburgo, símbolo da cisão e da reunificação da Alemanha, com a celebração na noite da queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. É atualmente o maior cartão-postal da capital alemã. Tudo isso fica a uma agradável caminhada a partir da Alexanderplatz.

  • Hotel em Berlim no centro e para crianças: Novotel Berlin Mitte

    Hotel em Berlim no centro e para crianças: Novotel Berlin Mitte

    O Novotel Berlin Mitte tem boa relação custo-benefício. Quando ficamos nesse hotel em Berlim no centro da cidade, perto da Alexanderplatz, achamos que, além de bem localizado, ele valeu a pena pelo preço cobrado diante da estrutura oferecida, boa tanto para negócios quanto para viagens de férias. Estávamos em família — nosso filho tinha então 5 anos — e consideramos a hospedagem bem confortável e atraente para crianças.

    Numa região abraçada pelo Rio Spree e por um de seus canais, o Novotel Berlin Mitte fica na Fischerinsel (Ilha dos Pescadores, em alemão). Essa faixa de terreno se estende até a Ilha de Museus (Museumsinsel), atração que se alcança com uma caminhada de 15 minutos a partir do hotel. Para atingir outros pontos turísticos da cidade, a opção é a estação Spittelmarkt de metrô (U-Bahn), a 200 m de distância.

    Da varanda do quarto, vimos o entardecer em Berlim. Espaçosa, a acomodação tinha cama queen-size, sofá-cama para até 2 pessoas, ar-condicionado, TV a cabo, frigobar e janelas com isolamento acústico. O banheiro era pequeno, mas bem funcional. Oferecia secador de cabelo e itens de banho gratuitos (xampu e sabonete). Como em grande parte dos hotéis na Europa, a ducha ficava dentro da banheira.

    Pequeno, mas funcional e com banheira

    O armário compacto na entrada do quarto, incluía prateleiras e uma área para roupas de pendurar. Ao lado dele e diante da cama, ficava uma larga bancada de trabalho, com várias tomadas, para carregar equipamentos fotográficos, celulares e notebooks.

    No quarto, armário na entrada, bancada e wifi

    Preço atraente e wifi: hotel de bom custo-benefício

    O Novotel Berlin Mitte oferece rede wireless com acesso gratuito. Hoje em dia wifi free é fundamental, especialmente se você usa aplicativos para se comunicar durante a viagem e se publica nas redes sociais. A estrutura inclui ainda espaço para crianças (que ganham um brinquedinho no check-in), academia, sauna e 7 salas de reuniões. Uma piscina até cairia bem depois de tanta caminhada em Berlim (fica a sugestão). O hotel aceita animais de estimação.

    Brinde para a garotada na chegada

    Hotel para família em Berlim

    Berlim foi a 1ª parada de nossa viagem em família pela Alemanha. Passamos quase 10 noites na capital, sempre hospedados em Mitte. Primeiro ficamos no NH Berlin Mitte, depois rebatizado para chamado de NH Collection Berlin Mitte am Checkpoint Charlie (o hotel fica realmente perto desse hoje ponto turístico de Berlim). Só saímos do hotel por 1 noite porque havia uma convenção da Deutsche Bahn (empresa ferroviária alemã) realizada no próprio hotel — todos os quartos estavam ocupados apenas para aquela diária, daí termos achado que valeria a pena fazer um bate-e-volta.

    Ainda no Brasil, Nathalia pesquisou alternativas localizadas no mesmo bairro e encontrou o Novotel, a 2 estações de metrô do NH Berlin Mitte (ou 10 minutos de deslocamento cronometrados). Deixamos as malas no depósito de bagagens do hotel e levamos apenas uma mochila cada um, com o necessário para dormirmos ‘fora de casa’.

    Frigobar no quarto e bar ao lado da recepção

    Ainda que só por uma noite, ficamos com uma impressão geral bem positiva do Novotel Berlin Mitte. Além da estrutura de quarto descrita no começo do texto, o hotel atende muito bem a quem viaja com criança. No lobby, uma área de lazer foi testada e aprovada por Joaquim. Pequena, mas bem ajeitada, tinha aqueles tapetes emborrachados para forrar o chão, uma estante com bichos de pelúcia e brinquedos, livros infantis, gibis e um console de videogame.

    Cantinho para crianças no hotel em Berlim

    Café da manhã no hotel ou na padaria perto do metrô

    Na noite da chegada, lanchamos no bar do Novotel Berlin Mitte (havíamos nos metido em uma jornada meio maluca para assistir a um jogo do campeonato alemão de futebol num bar, o que acabou não dando muito certo). O hotel possui também o restaurante Novo², de comida mediterrânea. Nele é servido o café da manhã, cobrado à parte.

    Café da manhã na padaria em Berlim

    Nós decidimos sair bem cedo e fazer a 1ª refeição do dia a caminho do metrô (U-Bahn). A estação mais próxima é Spittelmarkt, a 200 metros de distância do hotel. Tomamos café da manhã na movimentada padaria e confeitaria Thürmann. Em frente à entrada da estação, é uma alternativa bacana para começar o dia e ficar um pouco mais enturmado com Mitte, o bairro central de Berlim.

  • Unter den Linden (Berlim): a avenida mais clássica da capital alemã

    Unter den Linden (Berlim): a avenida mais clássica da capital alemã

    A Unter den Linden é um bom ponto de partida de uma visita a Berlim. Mais tradicional avenida da capital da Alemanha, ela rasga cerca de 1,5 km do centro histórico, conectando alguns dos principais cartões postais da cidade, entre eles, a Bebelplatz, a Staastoper (ópera que reabriu suas portas depois de 7 anos de reforma) e a Universidade Humboldt. O Hotel Adlon Kempinski é um 5 estrelas de nota máxima no quesito localização: a 100 metros do Portão de Brandemburgo, onde a avenida tem início.

    Aberta a partir de 1573, a Unter den Linden ganhou forma em etapas, transformando-se progressivamente de zona residencial em comercial até tornar-se região turística, especialmente depois da queda do Muro de Berlim, em 1989. É atualmente território de embaixadas, lojas finas, restaurantes e caminho livre para alcançar atrações como a Ilha de Museus e a Catedral de Berlim.

    Dá para dizer que é a avenida mais prussiana de Berlim, cheia de estilo e classe. Caminhando pela Unter den Linden, também a principal via do lado leste, o viajante passa pela Staatsoper e pela Schlossplatz, praça onde em breve será inaugurado o Humbodltforum, espaço de experimentação de arte. Seguindo reto pela Karl-Liebknecht-Strasse, chega-se ainda à central Alexanderplatz e à Torre de TV de Berlim.

    De acordo com o site do Humboldtforum, sua inauguração está prevista para ocorrer em etapas, a partir de setembro de 2020. Além das exibições permanente e temporárias, o visitante poderá conhecer a história da construção, um palácio do século 15. Quando estivemos em Berlim em 2014, ali funcionava uma estrutura temporária para exposições, chamada de Humboldt-Box.

    O temporário Humboldt-Box, na Unter den Linden em 2014 – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Ainda na Unter den Linden, o prédio barroco do Palais Populaire abriga agora arte moderna, com manifestações de literatura, música, dança e esporte. Ao lado, a Staatsoper recebe óperas e concertos. No prédio renovado, há visitas guiadas regulares em alemão, mas o tour em inglês pode ser agendado.

    Como praticamente toda a cidade, a Unter den Linden não escapou da destruição trazida pela chuva de bombas durante a Segunda Guerra. No centro da avenida, fica um dos maiores trechos onde se encontram as tílias (em alemão, linden), as árvores que dão nome à via e ganham iluminação especial durante o período de Natal.

  • Portão de Brandemburgo (Berlim): ponto turístico da Alemanha

    Portão de Brandemburgo (Berlim): ponto turístico da Alemanha

    Do ponto de vista arquitetônico, o Portão de Brandemburgo é um exemplo do neoclassicismo alemão, com seu conjunto de colunas de inspiração grega. Até aí, beleza (licença pelo trocadilho).

    Portão de Brandemburgo
    O majestoso cartão-postal da capital alemã – Foto: Dagmar Schwelle visitBerlin

    Acesso para a Unter den Linden, uma das mais importantes avenidas de Berlim, sua localização central ganhou ainda mais relevância nos anos em que a capital da Alemanha foi dividida ao meio.

    Portão isolado pelo Muro

    Por quase três décadas, o Muro de Berlim isolou o Portão de Brandemburgo das metades leste e oeste da cidade, sem que qualquer pessoa pudesse acessá-lo. Porém, as altas placas de concreto não esconderam o portão por completo.

    Isso explica porque o Portão de Brandemburgo virou o cenário mais captado por lentes de máquinas e câmeras de TV na histórica noite de 9 de novembro de 1989.

    Ao mesmo tempo em que o muro começava a ser progressivamente derrubado, milhares de alemães e muitos jornalistas mostravam ao mundo que a Alemanha voltaria a ser uma só a partir daquela data. O fotógrafo norte-americano Justin Leighton fez esta imagem do dia da queda do Muro de Berlim. Só que, logo depois, os soldados dariam lugar à população.

    Queda do Muro de Berlim – Foto: Justin Leighton visitBerlin

    A foto com máquina analógica (abaixo) revela, a partir do lado ocidental, a perspectiva dos acontecimentos que culminaram na queda do Muro. A saber: a imagem é dos arquivos da cidade de Berlim.

    Berlim Ocidental, 1989: o povo em expectativa – Foto: Landesarchiv Berlin

    Biga alvo de briga

    Das invasões napoleônicas ao isolamento provocado pelo Muro de Berlim, passando pelas bombas da Segunda Guerra, o Portão de Brandemburgo exigiu inúmeras restaurações até chegar por fim à forma atual.

    A estátua no topo traz uma Quádriga, biga puxada por quatro cavalos, e simboliza a deusa da paz, Irene. Ironicamente, quando Napoleão tomou a cidade, ela foi levada a Paris com o intuito de representar um troféu de guerra para os franceses. Do mesmo modo, no tempo da Guerra Fria, ela virou motivo de briga ideológica em relação à posição em que os cavalos deveriam marchar. Desde 1958, a estátua aponta para o leste, o antigo lado socialista.

    Portão de Brandemburgo
    Quadriga: estátua que virou troféu de guerra – Foto visit Berlin

    Por outro lado, para uma visão mais adocicada da história, vale ir à Fassbender & Rausch, uma loja que reproduz em forma de chocolate pontos turísticos de Berlim. Com um café no segundo andar, a chocolateria fica num dos cantos da Gendarmenmarkt, praça considerada a mais bonita da cidade por muitos berlinenses – sem dúvida, mais um dos cartões-postais da capital da Alemanha.

    portão de brandemburgo
    Portão de Brandemburgo em chocolate, na Fassbender & Rausch

    Como é a região do Portão de Brandemburgo hoje

    A região do Portão de Brandemburgo é imã de visitantes na cidade (há até um escritório de informação turística bem do lado esquerdo dele). A Pariser Platz foi reconstruída após a reunificação, nos anos 1990. Então passou abrigar embaixadas, algumas casas e o cinco-estrelas Adlon, um dos hotéis em Berlim.

    Portão de Brandemburgo
    Pariser Platz virou ponto turístico depois dos anos 1990 – Foto visitBerlin

    Uma vez que você cruze o portão e siga pela Unter den Linden, a principal avenida do lado leste de Berlim, vão surgir no seu caminho atrações como a Ilha de Museus, a Catedral de Berlim e o DDR Museum. Se seguir em frente pela Karl-Liebknecht-Strasse, o visitante encontra a Alexanderplatz e a Torre de TV de Berlim.

    Caso passe pelo Portão de Brandemburgo rumo ao lado oeste da cidade, você vai em direção ao Tiergarten, o maior parque da capital alemã. No outro extremo dessa área verde, fica o centenário zoológico de Berlim, o mais antigo da Alemanha.

    portão de brandemburgo
    Nossa visita em família à capital alemã

    Nos dias atuais, triunfam a liberdade e o direito de somente pedestres atravessarem o Portão de Brandemburgo para o lado que quiserem.

    Nosso filho, Joaquim, aproveitou a tranquilidade do momento para se sentar com a mãe e comer pipoca. Todos os dias, grupos guiados e muita gente sozinha se posta diante do cartão postal de Berlim para uma foto de viagem.

    Nem todos conseguem ficar parados, como Joaquim e eu na imagem do alto do texto registrada por Nathalia. Um salto para história. Ao menos a nossa.

  • Torre de TV de Berlim, a Fernsehturm

    Torre de TV de Berlim, a Fernsehturm

    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

    O que foi criado para ser uma demonstração da força e da eficiência do regime comunista se tornou um símbolo da Berlim reunificada. Agora um cartão-postal da capital da Alemanha, ao lado do Portão de Brandemburgo, a Torre de TV (em alemão, Fernsehturm) foi erguida na antiga Alemanha Oriental, em 3 de outubro de 1969, para transmitir os programas da televisão estatal.

    A ideia de construir a torre surgiu no começo da década de 1950. Ela seria instalada na colina de Müggelberge, longe do miolinho da cidade, mas o governo da Alemanha Oriental percebeu que ficaria na rota do Aeroporto de Schönefeld. Decidiu por erguê-la ali, colada à Alexanderplatz, praça central de Berlim. Seria facilmente vista.

    E é. Com a localização central, no distrito de Mitte, a Fernsehturm aparece no céu a quarteirões de distância da Alexanderplatz. Com 368 metros até a pontinha da antena, a torre recebe em torno de 1,2 milhão de pessoas por ano, procedentes de 86 países. Todas loucas para ver a cidade do alto.

    Para garantir sucesso na empreitada, a principal dica é: vá num dia limpo e ensolarado. Esse é o melhor dos mundos. Com bom tempo, dizem que a visibilidade pode alcançar 40 km de distância. Em nossa viagem em família pela Alemanha, nós não conseguimos isso. Acompanhamos o clima durante alguns dias, mas não havia um com céu totalmente limpo para a visita, por causa da época do ano. Era fim de março. Resolvemos subir no dia em que a previsão era mais otimista, parcialmente nublado.

    BERLIM DO ALTO DA TORRE DE TV

    Pudemos ver a região perto da Alexanderplatz, só que a visibilidade ficou um pouco prejudicada. Mas valeu ver Berlim do alto e localizar algumas atrações que visitamos lá embaixo. Joaquim gostou da brincadeira de ir rodando e caçando os lugares no horizonte. Eu adorei subir a torre novamente, com ele e com Fernando. Na primeira vez em que estive em Berlim, em 1992, também esteve no topo da Fernsehturm. Mas não me lembro de ver painéis com indicações detalhadas, que dão a volta completa no andar de observação. Tudo bem sinalizado.

    A estrutura para visitantes na torre, aliás, mudou muito, assim como o entorno da atração. E seguia mudando quando estivemos lá em 2014. Largos e ruas estavam sendo recompostos, com muitas gruas em ação.

    Como é a área de visitação

    A Torre de TV tem 2 andares para visitação: um piso panorâmico com bar, a 203 m de altura, e um restaurante, 4 m acima. Não se preocupe com vento porque não existe área externa no alto da Torre de TV. Em 40 segundos o elevador vai do chão ao andar com vista da cidade — um painel interno mostra uma luz subindo enquanto se vence metro a metro.

    Berlim Torre de TV Informacao Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViajaTorre de TV Berlim Informacoes Vista Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViajaAo longo da circunferência, de 32 m de diâmetro no centro, painéis com fotos apontam os principais pontos que podem ser vistos naquela direção. Junto com textinhos de apresentação para os distritos de Berlim, estão mapinhas com atrações numeradas.

    Torre de TV Berlim Bar Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViajaPelo deck de observação, binóculos que funcionam com moedas ajudam quem quiser ver mais de perto algum lugar descoberto na paisagem urbana. Para embalar o visual, há drinques e lanches no Bar 203, nesse piso.

    Do deck de observação, uma escadaria leva ao restaurante, com capacidade para até 200 pessoas por vez. O lugar é giratório, a cada 1 hora dá uma volta completa. Nós não comemos lá, mas me parece interessante a ideia, para se sentar e jogar conversa fora. No melhor esquema, food with a view.

    Mesmo que você não queira ir ao restaurante, eu recomendo comprar pela internet a entrada para visitar a torre. Há diversas categorias de bilhete. Nós escolhemos uma que dava acesso a fila expressa, para evitar a espera que no fim de março estava em três horas para subir. Preferimos comprar online, gastar um pouco mais, mas economizar nosso tempo para passear pela linda Berlim.

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    VALE SABER

    Endereço: Panorama­strasse 1a, Berlim. Essa é uma rua paralela à grande Karl-Liebknecht Strasse, bem na região da Alexanderplatz

    Alexanderplatz Transporte Berlim Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViajaTransporte: Provavelmente, como a gente, você vai passar diversas vezes pela Alexanderplatz se ficar uns dias em Berlim. Vários meios de transporte se cruzam ali.

    De U-Bahn, pegue U2, U5 ou U8. À estação Alexanderplatz Hauptbahnhof do S-Bahn chegam os trens S5, S7 e S75. Para ir de bonde elétrico (tram), pegue os números M4, M5 ou M6. Se preferir ir de ônibus, tome 100, 200, 248, N2, N5, N8, N40, N42, N65 ou TXL (as linhas passam nos diferentes lados da praça)

    Funcionamento: diariamente, das 9 horas à meia-noite – de novembro a fevereiro, abre às 10 horas. A última subida ocorre às 23h30, e a entrada no restaurante é até as 23 horas.

    A torre fecha para manutenção sempre 2 dias ao ano: em 2016, não funcionou em 11 de abril e não abrirá em 14 de novembro

    Torre de TV Ingresso Celular Berlim Fernsehturm Alemanha Viagem - Foto Nathalia Molina @ComoViajaPreço: A partir de 13 euros — crianças de 4 a 16 anos, a partir de 8,50; até 3 anos, grátis.

    Há outros diferentes tipos de tickets, com preços mínimos  entre 13 e 24 euros (crianças de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 ou 16 euros).

    Quem compra o Berlin WelcomeCard, cartão de descontos da cidade, paga 25% menos na entrada da Torre de TV, mas apenas se comprá-la na bilheteria da atração. A redução não é válida para tickets premium, aqueles especiais, vendidos pela internet.

    Dependendo da total de dias e de seu roteiro na cidade, vale considerar a compra de tickets premium, já que a espera pode ser grande com o ingresso tradicional. Nós compramos online, e eu explico passo a passo como garantiro ingresso online. É bem prático e garante a entrada sem uma fila enorme.

    Se optar pelo ticket padrão (standard), para evitar ficar de bobeira lá embaixo até subir, envie pelo celular uma mensagem de texto para o número +49 151 15 16 39 22 com o código (SMS code) que está impresso no seu ticket. Isso feito, a administração da Torre de TV informa que envia uma mensagem para seu celular meia hora antes de chegar sua vez

    Souvenir de Berlim Torre de TV e Urso Alemanha Viagem - Foto Nathalia Molina @ComoViajaAlimentação: No deck de observação, há o Bar 203. Funciona todo dia do meio-dia às 23 horas.

    Para fazer reserva no restaurante Sphere, você precisa comprar o Premium Ticket Restaurant, que varia de preço de acordo com a localização da mesa (na janela ou não) — saiba mais sobre os tipos de ingresso disponíveis no link do passo a passo acima. Funciona até meio-dia para café da manhã; do meio-dia às 16 horas, para almoço; e das 18 horas às 22h30, para jantar

    Berlim Souvenir Torre de TV Alemanha Viagem - Foto Nathalia Molina @ComoViajaCompras: No bar, a torre toma forma de copos coloridos. No térreo, uma lojinha vende o cartão-postal em formas diversas de souvenir. Também estão lá artigos com o Portão de Brandemburgo, o Urso de Berlim e os homenzinhos do trânsito — saiba mais sobre os Ampelmännchen, os famosos bonecos verde e vermelho

    Dicas: Há wifi disponível aos visitantes no térreo, no deck de observação e no restaurante.

    Por questões de segurança não é permitido subir com casacos pesados e bolsas grandes. Deixe no guarda-volumes da entrada (sem cobrança adicional).

    Também no térreo há um guichê oficial de informações turísticas de Berlim. Aproveite para pegar folhetos e tirar dúvidas

    Site: tv-turm.de

  • Torre de TV de Berlim: como comprar ingresso

    Torre de TV de Berlim: como comprar ingresso

    Fotos: Nathalia Molina e Fernando Victorino @ComoViaja
    Fotos: Nathalia Molina e Fernando Victorino @ComoViaja

    Já tínhamos passado por lá umas três vezes. O painel sempre informava uma espera gigantesca. No mínimo três horas para ver Berlim do alto. Resolvi que iria checar no hotel à noite se poderia comprar ingresso pela internet para irmos à Torre de TV, perto da Alexanderplatz, praça central da cidade.

    Essa é uma vantagem de quem não viaja com tempo apertado e escolhe um mês fora de temporada. Era finzinho de março, e íamos ficar oito dias em Berlim (1ª parada da nossa viagem em família pela Alemanha). Mas, depois de sentir o drama da espera que é para subir, recomendo fortemente que você siga lendo esse texto e viaje com sua entrada.

     

    Tipos de ingresso à venda

    2 tipos de tickets para a Torre de TV de Berlim: standard e premium (fast track). O 1º pega fila normal, o 2º tem acesso especial se grande espera.

    Torre de TV de Berlim Como Comprar Ingresso Online Home - Tela do Site

    O premium se subdivide ainda em várias categorias de ingressos. Conheça cada um tipo de ticket à venda:

    1 > STANDARD: É o ingresso padrão. Mais barato, pode ser comprado na bilheteria ou nas máquinas de venda de ticket disponíveis no térreo da Fernsehturm.

    Esse é o que pode ter aquela espera longa que citei acima. Um painel na base da torre avisa o tempo médio que os visitantes estão tendo de aguardar naquele momento.

    Caso você escolha o standard, pode usar o SMS Call Service. O ingresso vem com um código (SMS code). Se estiver com um celular habilitado para funcionar em Berlim, pode mandar uma mensagem de texto para o número +49 151 15 16 39 22 com o código que aparece no ingresso. Quando faltar meia hora para você subir, o sistema da Torre de TV envia a mensagem ‘30 min’, para você ter tempo de se dirigir à entrada da atração.

    Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis

    2 > PREMIUM: É o ingresso especial. Mas esse tipo de ticket se subdivide em vários tipos, cada uma para um perfil de visitante. Veja qual deles se encaixa melhor no propósito da sua visita:

    • Torre de TV de Berlim Como Comprar Ingresso Tipos Internet - Tela do SiteEarly Bird Tickets Panorama: É bom para quem pensa em começar o dia indo à Fernsehturm porque a entrada tem de ser cedo (como o nome em inglês já diz, ‘early’). De março a outubro, o visitante sobe às 9 horas; de novembro a fevereiro, às 10 horas. A entrada é sem fila

    Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis

    • Late Night Ticket Panorama: É o oposto do anterior. Neste aqui, a visita é realizada no fim do período de funcionamento, entre 21h30 e 23 horas — pode ser de 21 horas às 22h30, dependendo do período do ano. Também é sem fila. Dá para visitar outras atrações e terminar o dia com um drinque no Bar 203 curtindo as luzes de Berlim

    Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis

    • Premium Ticket Panorama: É a entrada com data e hora escolhidas pelo visitante, evitando filas. É a mais cara opção de ingresso que dá acesso ao andar panorâmico, mas você pode ganhar em tempo decidindo o horário em que a visitação à torre se encaixa melhor no seu roteiro. Nós compramos um ingresso equivalente ao Premium Ticket Panorama, que se chamava Fast View. Valeu a grana que pagamos a mais (o mesmo adicional cobrado atualmente em relação ao Standard Ticket: mais 6,50 euros por adulto e 3,50 euros pelo nosso filho, Joaquim). A diferença é grande financeiramente, eu sei. Mas e o tempo que ganhamos na cidade vendo outras atrações sem a preocupação de perder a subida? Fora que uma criança de 5 anos não tem paciência para ficar horas esperando. Ganhamos em felicidade.

    Preço: a partir de 19,50 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 12 euros; até 3 anos, grátis

    • Torre de TV de Berlim Como Comprar Ingresso Internet Restaurante - Tela do SitePremium Ticket Restaurant: É a única opção de entrada premium que dá acesso ao restaurante Sphere, com reserva. Ele é giratório. Em 1 hora, completa a volta toda. Na hora da compra, você pode decidir se quer o ticket Plus (mais caro, claro), que dá direito a uma mesa na janela. Se sua ideia for apenas juntar o passeio à torre com uma refeição, pode escolher o ticket com mesa na área interna da circunferência do restaurante. Mas, para ter uma experiência completa de ver a cidade por vários ângulos enquanto você come, terá mesmo de desembolsar o preço máximo com acesso ao Sphere

    Preço: a partir de 17,50 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 10 euros; até 3 anos, grátis. Na opção ‘plus’, a partir de 24 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 16 euros; até 3 anos, grátis



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    Como comprar a entrada na internet

    Os tickets premium podem ser comprados online ou nas máquinas de ingresso disponíveis lá na Torre de TV. Acho mais prático resolver logo pela internet e já ir à atração somente na hora determinada.

    Para garantir o ingresso online, você clica em Tickets & Prices no site da Fernsehturm. Depois escolhe Premium Ticket e finalmente decide qual dos 4 abaixo se ajusta aos seus planos.

    Na tela seguinte, você bota a data e a hora — nos casos do Early e Late Tickets, aparecem apenas opções de horário no começo e no encerramento das atividades, respectivamente. Eu fiz a simulação com o Premium Panorama Ticket.

    IMPORTANTE: Note que os preços dos tickets no site sempre aparecem com a palavra ‘from’ (a partir de). Isso porque eles mudam de acordo com a temporada. Fiz uma simulação com datas diferentes, em junho, agosto e novembro. O valor foi do intermediário (20.50 euros) no iniciozinho do verão europeu, subiu para 21.50 euros na alta temporada e caiu para o mínimo (19,50 euros) somente no outono, 1 mês antes de chegar o inverno.

     

    Onde você recebe o ingresso

    Depois da compra, o ingresso é enviado por email, para você imprimir o PDF e mostrar na entrada, ou diretamente para o smartphone. Eu fiquei com a 2ª alternativa. Não imprimi nada. Salvei os bilhetes no celular e passamos o código no scanner da entrada, antes do elevador. Muito prático e fácil.

    Aí é subir a escada até o mezzanino e esperar o elevador. No piso térreo da Torre de TV, a sinalização indica o caminho para você se posicionar em 1 das 2 filas que dão acesso à subida. Com nossos ingressos, pegamos a fila especial. Não tinha ninguém na nossa frente, mas era fim de março. Na alta temporada (leia-se verão na Europa), o cenário deve ser outro. Mas, pense bem, também aumenta em proporção geométrica o número na fila ao lado, sem passe livre.



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  • East Side Gallery: arte no Muro de Berlim

    East Side Gallery: arte no Muro de Berlim

    EAST SIDE GALLERY E TORRE DE TV (ESQ) - Foto: Philip Koch/visitBerlin/Divulgacao
    EAST SIDE GALLERY E TORRE DE TV AO FUNDO – Foto: Philip Koch/visitBerlin/Divulgacao

    Em fevereiro de 1990, poucos meses depois de o Muro de Berlim começar a ser derrubado, centenas de artistas de 20 países se reuniram para produzir as 101 pinturas expostas ao longo de 1.316 metros do lado oriental do muro, maior segmento da antiga fronteira que permanece de pé.

    O tom cinza, medonho e triste das imensas placas de concreto originais, que repartiram Berlim ao meio por 28 anos, foi substituído por cores e traços fortes, dando origem ao East Side Gallery. Esse espaço às margens do rio Spree tornou-se mais que a maior galeria de arte a céu aberto do mundo. Virou um permanente convite à reflexão sobre liberdade.

    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Além de um passeio a pé para ver de perto toda a extensão da exposição, vale experimentar enxergá-la por outro ângulo. Em uma manhã chuvosa de domingo, Nathalia, Joaquim e eu subimos num ônibus hop on hop off e conseguimos fotos bem interessantes, sentados no 2º andar do ônibus panorâmico. O ritmo lento do circular que visita os principais pontos de Berlim ajuda a visualizar os painéis do East Side. Vítimas da ação do tempo, de pichações e até de vandalismo, as pinturas foram restauradas em 2009.

    Turistas posando para selfies em frente às obras fazem parte da rotina da cidade atualmente. Vejas alguns dos destaques:

    • Fraternal Kiss (Mein Gott hilf mir, diese tödliche Liebe zu überleben): ao pé da letra, a obra chama-se Meu Deus, ajude-me a sobreviver a este amor mortal! O Beijo Fraterno (em alemão, Bruderkuss) entre o então presidente da República Democrática da Alemanha, Erich Honecker, e seu camarada Leonid Brejnev, líder da União Soviética, é o grande cartão-postal do East Side Gallery. O tradicional cumprimento soviético selou o encontro entre os líderes políticos em 1979. A foto famosa correu o mundo e foi reproduzida pelo artista russo Dmitri Vrubel.

    Beijo Franterno East Side Gallery Muro de Berlim, Queda, Viagem 2014 - Foto Nathalia Molina @ComoViaja (13)
    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

     

    • Wall Jumper (Mauerspringer): de autoria do neo-zelandês Gabriel Heimler, a pintura de um homem que foge do lado oriental pulando o muro é um dos cenários mais buscados para cliques.

    Wall Jumper Gabriel Heimler East Side Gallery Berlim Alemanha - Foto de dietadeporte no Flickr por Creative Commons
    Foto: dietadeporte/Flickr/Creative Commons

     

    • Test The Rest: o Trabant, veículo-símbolo da Alemanha socialista, atravessando o muro é outro imã de visitantes. A obra de Birgit Kinder carrega na placa a data da queda do Muro de Berlim, 9 de novembro de 1989.

    Foto do perfil 'savagecats' no Flickr por Creative Commons
    Foto: savagecats/Flickr/Creative Commons

     

    • Homage to the Young Generation (Hommage an die Junge Generation): um dos primeiros artistas que começou a pintar o Muro ainda em 1984, Thierry Noir também tem trabalhos expostos nas ruas de Londres e Nova York. O francês é visto de pincel à mão trabalhando em uma de suas obras numa cena do filme Asas do Desejo, de Win Wenders, de 1987.

    Foto: Tanja Koch/visitBerlin/Divulgacao
    Foto: Tanja Koch/visitBerlin/Divulgacao

     

    • It Happened in November (Es Geschah im November): nascido no Irã, Kani Alavi estudou artes em Berlim e viveu nas imediações do Checkpoint Charlie durante a Guerra Fria. O mar de rostos buscando atravessar o Muro expressa o tamanho do impacto gerado pelo que aconteceu em novembro de 1989.

    Foto: Perfil 'savagecats'/Flickr/Creative Commons
    Foto: savagecats/Flickr/Creative Commons

     

    • Worlds People (Wir sind ein Volk): a psicodelia presente no painel do alemão de origem russa Schamil Gimajew também tem forte impacto visual.

    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

     

    • Berlyn: a pintura do ilustrador de livros infantis Gherard Lahl dispensa tradução.

    Foto: Fernando Victorino @ComoViaja
    Foto: Fernando Victorino @ComoViaja

     

    VALE SABER

    Endereço: Mühlenstrasse, entre a Oberbaumbrücke (Ponte Oberbaum) e a estação Ostbahnhof

    Transporte: De S-Bahn e desça na estação Warschauer Strasse ou Ostbanhhof. A linha U1 também leva à 1ª estação

    Funcionamento: 24 horas

    Preço: Grátis

    Site: eastsidegallery-berlin.de

  • Ampelmänn: boneco do semáforo da Berlim comunista vira souvenir

    Ampelmänn: boneco do semáforo da Berlim comunista vira souvenir

    Em 1961, Karl Peglau criou um par de bonequinhos para ajudar os pedestres a atravessarem a rua em segurança. O objetivo era diminuir o número de acidentes na antiga Alemanha Oriental. Para o psicólogo e especialista em trânsito, a imagem do farol deveria despertar nos cidadãos muito mais que um sinal de alerta, especialmente em crianças e idosos. Assim criou o Ampelmänn, boneco do semáforo.

    Por isso mesmo a suavidade do traço — em contraposição às linhas duras e retas dos símbolos similares mundo afora — dariam à criação dele um toque, digamos, mais humano. O que Peglau não imaginava era que as figuras desenhadas por ele nas cores verde e vermelha virariam ícones de Berlim Oriental.

    No início, a ideia do bonequinho levar um chapéu na cabeça foi rejeitada por Peglau, que o considerava um acessório um tanto burguês. Ele repensou seu conceito quando viu o então secretário do partido socialista, Erich Honecker, aparecer na televisão usando uma palheta para se proteger do sol. Nascia um mito naquele momento.

    Até hoje, os Ampelmännchen (diminutivo de Ampelmann; numa tradução livre, homenzinhos do farol), fazem as pessoas avançar nos cruzamentos de ruas e avenidas da capital alemã e/ou parar diante de vitrines cheias de produtos com suas estampas.

    Durante nossa passagem por Berlim — 1ª parada na nossa viagem em família à Alemanha —, os bonequinhos conquistaram nosso filho, Joaquim. Se dependesse dele, teríamos levado tudo o que havia disponível na loja da Ampelmann na Gendarmenmarkt, onde há objetos para casa, roupas, acessórios e o que mais você julgar bacana ser identificado por um dos poucos símbolos da Alemanha comunista que resistiu após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A marca vende em torno de 600 produtos diferentes com os bonequinhos.

    Como não amar esse bonequinho e esse menino?

    Vitória do proletariado

    Falar em resistência não é força de expressão. Entre 1990 e 1997, os semáforos do lado comunista foram sendo substituídos pelo padrão de luzes de tráfego utilizadas do lado capitalista. Com o objetivo de manter vivo algum traço de identidade dos alemães orientais, em meio ao novo país que surgia com a reunificação, o designer industrial Markus Heckhausen começou a recuperar os velhos faróis de pedestres que estavam sendo descartados.

    Boneco do semáforo em Berlim

    A causa defendida por ele passou a receber apoio de artistas, políticos e dos cidadãos que se sentiam representadas por aquelas figurinhas do farol. Um comitê sobre o assunto foi fundado. Protestos, realizados. A pressão popular surtiu efeito e outras partes do leste alemão voltaram a adotar os Ampelmännchen, assim como o antigo lado ocidental também cedeu à simpatia da dupla.

    A história do Ampelmann virou livro, fruto da parceria entre Heckhausen e Karl Peglau. O sucesso da publicação estimulou o designer a lançar outros produtos que tivessem os bonequinhos como tema. Como empresa, a Ampelmann surgiu em 1997, e hoje conta com 7 lojas próprias espalhadas pela capital (os produtos também podem ser encontrados em pontos turísticos da cidade). A maior variedade de mercadorias se encontra na loja principal, localizada na Unter den Linden, principal avenida do lado oriental da cidade, que começa no Portão de Brandemburgo.

    Soma ainda café e uma bicicleta que serve café. E uma franquia da marca foi aberta em 2010 na cidade de Tóquio, no Japão. Incrível imaginar que um ícone do comunismo rendesse tantos dividendos nos dias de hoje, não? O mesmo ocorre com o Trabant, carro símbolo da Alemanha Oriental, que também virou cult.

    Lojas na capital alemã têm souvenir de todos os preços

    Quando a conheci, Nathalia tinha uma abridor de garrafas em alumínio, no formato do boneco verde, lembrança trazida da viagem feita à Alemanha em 2001. Já a despesa durante o tour em família foi bem maior: compramos camisetas, capa de celular, um par de esponjas de banho (a vermelha, tadinha, hoje em dia está sem a cabeça, de tanto ser usada), um guarda chuva do qual Joaquim se orgulha muito (quando chove em São Paulo, evidentemente). Ah, ainda temos da viagem da Nathalia em 2001 dois imãs, o verde e o vermelho, que me vigiam neste exato momento em que decido não mais avançar com este texto. Parei!

  • Ilha de Museus (Berlim): conheça os 5 na região central de Mitte

    Ilha de Museus (Berlim): conheça os 5 na região central de Mitte

    É uma ilha, posto que é cercada por água. Mas é acessível por terra, visto que nós chegamos até ela a pé. Uma vez ilha, poderíamos dizer, sem medo, que é paradisíaca, dada a quantidade de museus (5) que, reunidos, guardam em torno de 6 mil anos de história da humanidade. A Ilha de Museus (Museumsinsel) fica em uma faixa de chão envolvida pelo Rio Spree, no distrito de Mitte, região central de Berlim. Ali perto, fica outro museu imperdível para quem se interessa pela história da Alemanha Oriental, o DDR Museum (compre o ingresso).

    Em virtude do monumental acervo, é praticamente impossível ver tudo na Ilha de Museus em uma mesma visita. Se quiser conhecer só as principais obras expostas, reserve pelo menos 1 dia inteiro para isso. Nesse caso, a tarefa é facilitada porque os museus ficam perto uns dos outros.

    Mapa da Ilha de Museus Berlim Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViaja

    A proximidade explica porque quase todos eles terminaram arrasados ao final da Segunda Guerra. Além dos bombardeios sobre Berlim que destruíram muitas obras de arte, algumas peças foram roubadas em meio ao caos que tomou conta da cidade, sem falar na divisão feita em parte do acervo após a separação das Alemanhas. O processo de revitalização dos museus ainda não havia começado quando Nathalia esteve em Berlim, em 1992 – o 1º museu reaberto totalmente foi o Alte Nationalgalerie, 2 anos após a Unesco declarar a Ilha de Museus Patrimônio da Humanidade, em 1999.

    Cada prédio tem estilo arquitetônico próprio, motivo suficiente para conhecer o conjunto formado por eles. Visitar a Ilha de Museus é prestar adoração à arte, tomá-la como algo sagrado. A seguir, um resumo do que você vai encontrar em cada espaço.

    1 | Pergamonmuseum

    Quando Nathalia, Joaquim e eu atravessamos a Via Procissional da Babilônia, rapidamente entendemos o que aquele corredor desejava despertar nos visitantes que se aproximavam da cidade na região da Mesopotâmia. A ferocidade dos leões pintados nas paredes buscavam intimidar a quem desejasse transpor aquela fronteira sem que tivesse sido convidado a fazer isso.

    Não era o nosso caso. Vencido o grande corredor, nos depararmos com a majestosa Porta de Ishtar, um dos acessos para a cidade da Babilônia. Aquela imensidão de azulejos azuis vitrificados nos torna ínfimos diante de seus mais de 14 metros de altura e 30 metros de extensão. A luz natural que entra pelo teto do museu potencializa a grandiosidade arquitetônica da obra.

    Caçula da ilha, o Pergamon é o museu mais frequentado de Berlim, com 1 milhão de visitantes por ano. Erguido em 1930, está dividido em 3 espaços e se destaca por reconstruir partes de cidades da Antiguidade. Quando estivemos na Alemanha, o museu já se encontrava em reforma, mas ainda foi possível nos sentarmos na escadaria do Altar de Pérgamo, obra erguida no século 2 a.C e dedicada a Zeus.

    Joaquim e eu nos aboletamos nos degraus enquanto ouvíamos as explicações do audioguia (Quim não entendia nada do inglês que era dito, mas fazia aquela cara de conteúdo, que terminou despertando risos num grupo de estudantes sentados ao nosso lado).

    Veja o altar e o painel de 113 m em baixo relevo que narra a luta entre deuses e gigantes da mitologia. Na ala dedicada à arte islâmica encontram-se ruínas da fachada do palácio de Mshatta. Compre o ingresso com direito a audioguia.

    2 | Neues Museum

    Construído na metade do século 19, o Novo Museu foi bastante castigado pelas bombas na Segunda Guerra, permanecendo em ruínas até 1999. Restaurado e reaberto 10 anos depois, apresenta peças de arte egípcia e coleções que abrangem do período Paleolítico à Idade Média. Vale ver o busto da rainha Nefertiti, encontrado em 1912 durante escavações em Amarna, capital do Egito Antigo. Compre o ingresso sem fila e com audioguia.

    Neues Museum (à direita) e cúpula da Catedral de Berlim (ao fundo)

    3 | Altes Museum

    Inaugurado em 1830, é o mais antigo museu da ilha, obra de arquitetura neoclássica do renomado Karl Friedrich Schinkel, que projetou um pórtico de quase 90 metros de altura, sustentado por 18 colunas em estilo jônico. Trata-se do maior e mais importante acervo de arte antiga, com peças greco-romanas e etruscas. Esculturas, vasos, moedas e joias estão entre as peças em exposição, com destaque para a estátua da Deusa Berlim. Veja também as representações dos rostos de Júlio César e Cleópatra.

    Altes Museum Berlim Museu Ilha Museumsinsel Viagem Alemanha - Foto Nathalia Molina @ComoViaja
    Altes Museum, o mais antigo da Ilha

    4 | Bode-Museum

    Por fora, é o prédio que mais passa a sensação de que os museus ficam mesmo sobre uma ilha — sua estrutura lembra um pouco a proa de um navio. Esculturas produzidas do início da Idade Média até o final do século 18, obras do Período Bizantino, de parte do Renascimento Italiano e uma das maiores coleções de moedas do mundo fazem parte do acervo do museu, que leva o sobrenome de seu 1º diretor, Wilhelm von Bode. Há uma galeria para as crianças participarem de oficina de artesanato, lerem ou ouvirem histórias.

    ILHA DE MUSEUS
    Bode Museum, cuja arquitetura lembra a proa de um navio

    5 | Alte Nationalgalerie

    Depois de projetar o Neues Museum, o arquiteto Friedrich August Stüler se inspirou na Acrópole de Atenas para erguer a Antiga Galeria Nacional, inaugurada em 1876. Lá estão obras do século 19 doadas pelo banqueiro Joachim Heinrich Wilhelm, principalmente quadros de Caspar David Friedrich, representante da pintura romântica alemã.

    O museu foi o primeiro do mundo a comprar quadros impressionistas, de Édouard Manet e Claude Monet, em 1896. Atualmente o acervo é inspirador, com quadros também de Pierre-Auguste Renoir e Paul Cézanne – difícil fazer Nathalia querer sair do 2º pavimento, dedicado ao impressionismo.

    1º museu a investir em Impressionistas – Foto: @ComoViaja

    VALE SABER:

    Endereço: A Ilha de Museus fica em Mitte, perto da Catedral de Berlim (Berliner Dom)

    Funcionamento: De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Os 5 museus fecham às segundas

    Preço: Altes Museum e Bode-Museum, 10 euros cada; Pergamonmuseum e Alte Nationalgalerie, 12 euros cada; Neues Museum, 14 euros. O ingresso que dá acesso a todos os museus custa 19 euros (ou seja, se você já tiver interesse em visitar pelo menos 2 museus, esse é o bilhete a ser comprado).

    Há ainda a opção de comprar o ingresso do Pergamonmuseum (com direito a audioguia) e o ingresso do Neues Museum (sem fila e com audioguia), com a GetYourGuide, empresa alemã que vende tours e entradas de atrações em destinos pelo mundo.

    Transporte: Se os museus ficam em uma ilha, natural que uma das maneiras de se chegar até lá seja navegando. Em Berlim, há várias empresas que realizam passeios de barco pelo rio Spree, cada uma com um píer próprio.

    De metrô (U-Bahn), use a linha U6 e desça na Friedrichstrasse

    De trem (S-Bahn), utilize as linhas S1, S2, S25 e desça também na Friedrichstrasse ou as linhas S5, S7 e S75 para descer na Hackescher Markt

    De tram (trem de superfície), use as linhas M1 ou 12, que param na Am Kupfergraben ou M4, M5, M6 e desça em Hackescher Markt

    De ônibus, tome as linhas 100 e 200 e desça no Lustgarten (o Jardim das Delícias fica em frente à entrada do Altes Museum) ou pegue o TXL e salte na Staatsoper ou ainda utilize a linha 147 e desça na Friedrichstrasse

    Alimentação: Cada um dos 5 museus possui um café. Paramos para um lanche rápido dentro da Alte Nationalgalerie. Enquanto folheou livros infantis, Joaquim faturou umas 4 ou 5 madeleines, aqueles bolinhos franceses em forma de conchas que acompanham uma xícara de café. Virou fã. Agora acha que tem madeleine sempre que paramos para um café

    Dicas: Se a ideia for se aprofundar um pouco mais sobre acervos e exposições, pergunte na bilheteria sobre audioguias.

    Lembre-se de andar com moedas de 1 euro se quiser usar os guarda-volumes dos museus. A moeda é usada para abrir o compartimento. Quando você retira suas coisas, ela é devolvida

    Site: smb.museum

  • Berlim Oriental hoje: no leste ficam os principais pontos turísticos

    Berlim Oriental hoje: no leste ficam os principais pontos turísticos

    Uma pergunta me intrigava: onde ficava aquela parte do Muro de Berlim? Na minha primeira viagem à cidade, em 1992, tirei fotos diante de um segmento da antiga barreira que dividia a cidade em Ocidental e Oriental. Em 2014, quando voltei à Alemanha em família, com Fernando e Joaquim, não encontrei o trecho fotografado 22 anos antes. Mas descobri que os principais pontos turísticos de Berlim visitados atualmente na capital da Alemanha ficam do lado leste da cidade.

    Depois de muito pesquisar na internet, já de volta ao Brasil, finalmente descobri que estivemos bem próximos daquele trecho do Muro, pintado em preto e branco com uma contagem de mortos que tentaram atravessar a velha fronteira. Seguia lá, à beira do Rio Spree. Só que encoberto.

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    Estive em Berlim em dois momentos depois da queda do Muro: 1992 e 2014. Como era e como é a cidade? Minha sensação ao me deparar com o Muro três anos após a queda e agora? Você fica sabendo aqui: http://abre.ai/muro-de-berlim-queda #comoviaja #alemanha #berlim #muro #murodeberlim #viagem #BLN25YearsLater #germany25reunified

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    Na reconstrução de uma cidade unida, edifícios foram adicionados ao Reichstag, o prédio do parlamento alemão (Deutscher Bundestag), que ficava na parte ocidental, muito próximo da barreira que foi símbolo da Guerra Fria. Aquele segmento que vi em 1992 foi restaurado para virar o Mauermahnmal (Memorial do Muro).

    Na descrição do folheto oficial, ele foi instalado, mantendo seu percurso original, como um corpo estranho que corta a Marie-Elisabeth-Lüders Haus, inaugurada em 2003. Juntamente com 2 outros novos prédios, a construção faz parte do Band des Bundes, espécie de Alameda Federal, tida com um símbolo arquitetônico da Alemanha reunificada.

    Trecho do Muro de Berlim aparece no fundo da imagem – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
    Mesma região de Berlim após reunificação da Alemanha – Foto: Günter Steffen/Visit Berlin/Divulgação

    Ali ao lado, a Kronprinzenbrücke foi reerguida em 1996, com os indefectíveis traços do espanhol Santiago Calatrava. Destruída pelos bombardeios da Segunda Guerra e esquecida durante o período do Muro, a ponte foi uma das primeiras conexões retomadas entre as porções ocidental e oriental de Berlim.

    Para se locomover na cidade, existem cartões que incluem transporte e dão desconto em atrações na capital alemã. Um deles é o EasyCity Pass, com S-Bahn, metrô, ônibus, bonde e trem regional. Já o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dias. Importante: valide seu tíquete antes de embarcar ou a multa será puxada.

    Além disso, veja as opções para garantir ingressos e tours em Berlim. Esse link é da GetYoutGuide, parceria do Como Viaja que trabalha vendendo serviços turísticos em diferentes cidades pelo mundo; como é uma empresa alemã, estão disponíveis muitas atividades turísticas na Alemanha. Muitos desses passeios contam a história da cidade e propõem roteiros que visitam o passado alemão.

    Pontos turísticos em Berlim Oriental

    Um estrangeiro menos atento mal percebe o lado leste (Ost, em alemão) e o oeste (West). Caminhando pela capital alemã, obviamente veem-se marcas da divisão da Alemanha, como nos riscos no chão da então partida Potsdamer Platz. Ali, no espaço antes ocupado pelo Muro, foi realizado no verão de 1990 o simbólico show The Wall – Live in Berlin, com Roger Waters, ex-líder da banda Pink Floyd. Ao longo dos séculos uma das principais praças da cidade, a Potsdamer voltou a esse patamar para a população de Berlim após a queda do Muro.

    Potsdamer Platz, praça de Berlim – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Testemunhas daquele tempo estão em vários bairros berlinenses, como a DDR-Grenzwachturm, torre de vigilância da antiga Alemanha Oriental. Originalmente localizada entre o Portão de Brandemburgo e a Leipziger Platz, o modelo BT 6 foi instalado e é aberto à visitação na Erna-Berger-Strasse, rua perto da Leipziger, praça colada à Potsdamer.

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    Em setembro de 2015, foi inaugurado na Leipziger Platz o Spy Museum Berlin, para reviver experiências e métodos de infiltração usados em Berlim, chamada de capital dos espiões. Com muita tecnologia (ao menos 200 telas em alta resolução), o museu usa recursos multimídia para transportar os visitantes à atmosfera da espionagem.

    Torre de TV, Ilha de Museus e Catedral de Berlim

    Apenas para um roteiro histórico focado em Berlim Oriental já sobrariam opções para incluir na viagem. Mas, ainda que seu interesse não seja ver especificamente os traços remanescentes desse passado, é interessante saber que muitas das atrações clássicas que atualmente fazem a festa dos turistas na capital da Alemanha ficam na antiga porção oriental.

    São vários os pontos turísticos de Berlim incluídos na lista de indispensáveis, os ‘must-see’ — muitos, como a Catedral de Berlim (Berliner Dom), têm entrada gratuita com o Berlin Pass. No lado leste da cidade, ficam a Alexandreplatz (praça central da metrópole), a Torre de TV de Berlim (garanta ingresso com acesso prioritário), a Ilha de Museus (compre o Berlin WelcomeCard com entrada para Ilha de Museus e transporte público) e a Unter den Linden, alameda que conecta o Portão de Brandemburgo (Brandenburger Tor) à Schlossplatz, praça na Ilha de Museus. A gente mal se dá conta disso.

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    Difícil mesmo ver essa linha divisória na metrópole alemã 30 anos depois. Desde que Berlim voltou a ser a capital da Alemanha em 1990, a cidade vem passando por uma extensa e constante reestruturação — as gruas são quase parte do cenário, um desafio para viajantes registrarem imagens sem elas. Completamente renovada, Berlim não é mais uma cidade dividida. Em teoria, já não era em 1992, mas na prática as diferenças visuais eram gritantes.

    Pela cidade ainda existiam várias placas de concreto, como aquelas diante das quais me postei, embora o Muro de Berlim já tivesse sido derrubado em diversos trechos, e esse era mesmo o desejo: retomar a vida que se tinha antes da divisão da Alemanha, reatar o que havia sido cortado. Erguido em 1961 pela Alemanha Oriental para isolar Berlim Ocidental, localizada dentro da área comunista, o Muro era a expressão máxima, o símbolo da Guerra Fria.

    Com o fim da Segunda Guerra, como aconteceu com o restante do território da Alemanha, Berlim foi dividida entre França, Grã-Bretanha e Estados Unidos (lado oeste) e União Soviética (parte leste). Na cidade em si, havia 4 zonas de ocupação; em relação aos outros 3 países, a União Soviética controlou a maior delas. Deu origem à República Democrática da Alemanha — em alemão, Deutsche Demokratische Republik (DDR). De regime comunista, existiu de 1949 a 1990 e tinha em Berlim Oriental sua capital.

    Há diversos lugares em Berlim dedicados a contar a história da época em que existia a República Democrática da Alemanha, sob vários aspectos: como era o cotidiano na antiga Alemanha Oriental; os sistemas e os órgãos de vigilância e de espionagem; como era viver numa cidade dividida.

    Mais longo pedaço do Muro ainda de pé, a East Side Gallery é eternizada em imagens e selfies de turistas. A galeria a céu aberto impressiona com 101 pinturas em 1.316 metros de comprimento. The Wall Museum, museu do Muro, foi inaugurado ali em 2016. A exposição percorre do fim da Segunda Guerra e da consequente construção da barreira física até os acontecimentos dos meses anteriores à queda, em 9 de novembro de 1989.

    A barreira entre as 2 Berlins se estendia por um total de 155 km. No Gedenkstätte Berliner Mauer ou Berlin Wall Memorial (Memorial do Muro de Berlim), dá para entender visualmente como a fronteira se estruturava, com 2 paredes e, entre elas, a ‘Faixa da Morte’, espaço onde desertores eram alvo dos soldados da Alemanha Oriental.

    Muro de Berlim em memorial – Foto: J. Hohmuth/Berlin Wall Foundation/Divulgação

    O memorial na Bernauer Strasse — rua onde as janelas dos prédios foram fechadas por tijolos durante a vigência do Muro — ocupa 1,4 km de comprimento, acompanhando a trajetória da antiga linha da divisa entre Berlim ao oeste e ao leste.

    Checkpoint Charlie, Die Mauer e Museu do Muro

    Para sentir o clima da cidade partida, uma experiência marcante é Die Mauer ou The Wall (O Muro), panorama criado por Yadegar Asisi. A ambientação na área principal da exposição é tão expressiva que, olhando do alto, pessoas de verdade diante da cena parecem fazer parte delas. Fernando e Joaquim se confundiram com as figuras do painel realista, com 60 m de largura por 15 m de altura.

    A exibição Die Mauer está instalada no emblemático Checkpoint Charlie, posto militar na fronteira. Além da foto clássica com o ‘soldado’ americano, da exposição ao ar livre de pedaços do Muro e do panorama realista do artista Asisi, a esquina das ruas Friedrichstrasse com Zimmerstrasse tem muito mais a oferecer.

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    Na diagonal da Die Mauer, fica o Mauermuseum, museu do Muro fundado em 1962. No lado oposto da rua, imagens e informações na BlackBox Kalter Krieg, exposição numa caixa preta, abordam a Guerra Fria. Na outra diagonal do cruzamento, um McDonald’s está do ‘lado correto’, a porção antigamente americana.

    Na estação Friedrichstrasse, a Stiftung Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, fundação sobre a história da Alemanha, funciona no Tränenpalast (Palácio de Lágrimas), construção de arquitetura contemporânea, erguida em 1962 em Berlim Oriental. Era um dos pontos para se cruzar para o outro lado da cidade.

    Exposição em estação que era ponto de passagem para Alemanha Ocidental – Foto: Axel Thünker/Stiftung Haus der Geschichte/Divulgação

    A exposição GrenzErfahrungen. Alltag der deutschen Teilung (Experiências na Fronteira. Vida Cotidiana na Alemanha Dividida) mostra com objetos e depoimentos os efeitos dessa cisão na vida da Alemanha.

    A região não tem só atrativos ligados a Berlim dividida. Pertinho de Checkpoint Charlie, fica outro cartão-postal de Berlim que não tem a ver com a era comunista, mas que estava na porção controlada pela Alemanha Oriental: a bela Gendarmenmarkt. A praça de 1688 reúne 2 igrejas do século 18 e 1 sala de concerto do século seguinte, ao redor delas, vários cafés.

    Um lugar lindo, mais um motivo, entre tantos descritos até aqui, que me obriga a concordar com a observação de Gerd Wenzel, ex-colega de trabalho do Fernando e alemão de Prenzlauer Berg, distrito no leste de Berlim: “Os russos ficaram com a parte mais bonita da cidade.”

    Viagem pela história da Alemanha e do mundo

    Muro de Berlim em 1992, apenas 3 anos depois da queda – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Foi a história que me conduziu à Alemanha em minha primeira vez no país (e na Europa) em 1992. A cidade ainda se estruturava após a reunificação da Alemanha, então não havia essa profusão de atrações. Não importava, eu queria ir até lá ver, sentir esse momento de perto. Adolescente da época da Guerra Fria, cresci ouvindo, lendo e vendo (no cinema) passagens sobre a Segunda Guerra, o Muro de Berlim, a Alemanha dividida. Para alguém que se interessava pelo assunto, natural que o país europeu no mínimo despertasse minha curiosidade.

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    Mas eu não me programei para ir ao país europeu quando desembarquei em Berlim. Nova York até então era o único destino internacional que eu realmente havia decidido conhecer — antes disso, apenas havia dado um giro com meus pais, aos 5 anos, pela Argentina, pelo Chile e por seus Lagos Andinos. Em 1991, eu tinha 20 anos quando resolvi morar em Nova York. Num desses acasos da vida, no ano seguinte recebi o convite da minha madrinha para visitá-la na Alemanha. Funcionária do Itamaraty, minha tia poderia ter sido transferida para qualquer parte do mundo. E olha como as coisas acontecem na vida: ela foi para Berlim.

    Lá estava eu dentro do avião para ver aquela cidade que havia apenas 3 anos tinha deixado de ser partida pelo Muro. Desembarquei e fui encontrar Maria Sylvia. Me lembro de que achei o aeroporto pequeno (em nada comparável à estrutura que vi na viagem à Alemanha em família em 2014, com Fernando e Joaquim). Fomos para a casa dela, um predinho bonito no lado ocidental. As floreiras nas janelas anunciavam que já estávamos na primavera. Era fim de abril, fazia um frio danado, mas a cidade já aguardava a estação pegar de verdade.

    Na visita a Berlim em 1992, uma foto minha no Europa Center – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Almoçamos em família, com meu tio e meu primo. Me contaram sobre situações cotidianas, de divertidos tropeços no alemão a observações daquele momento, como a leva de poloneses que iam de carro a Berlim para fazer compras de supermercado (muito mais barato, segundo eles). Depois, caprichosa, minha tia me mostrou vários recortes que havia separado de lugares que queria me mostrar na cidade.

    Mais do que parênteses, colchetes: [A internet estava bem no iniciozinho. Portanto, não havia site ou blog para consultar. É preciso lembrar isso porque o mundo mudou tanto em 30 anos que a gente até se esquece que um dia o computador tinha aquela tela preta com escritos em verde. E só. A programação era feita em linguagens como Basic, Pascal e Lotus 1 2 3. Para mim, uma chatice tamanha, provavelmente uma das razões que me fez largar a Faculdade de Informática na Uerj em 1990 — sempre brinco dizendo que a culpa é do Bill Gates, que devia ter inventado o Windows antes; da criação em 1985 à popularidade lá pelo início dos anos 1990, levou um tempão para as janelinhas coloridas chegarem aos computadores dos brasileiros.]

    Ampelmann, Trabi e DDR Museum

    Assim como não havia informação de viagem online, tampouco eram conhecidos (e até cultuados) pelos turistas Trabi ou Ampelmännchen, 2 figuras que saíram do trânsito da Alemanha Oriental para o mundo do souvenir com força total.

    Em 1997, surgiu a Ampelmann, marca com 6 lojas próprias e 1 café, que vende produtos estampados com os bonequinhos verde (‘siga’) e vermelho (‘pare’). Os bonequinhos do farol de Berlim, ampelmännchen, são quase sinônimo de passaporte carimbado na Alemanha.

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    O mesmo acontece com o Trabi. Em 1991 foi produzido o último Trabi, o carro da Alemanha Oriental. Atualmente em Berlim, dá para ver e até dirigir um, em tour real pelas ruas, ou virtual no veículo na entrada do DDR Museum.

    Ou trazer um Trabi de lembrança, como nós fizemos. Uma simpática maneira de guardar os momentos e a aula de História que tivemos dentro do DDR Museum. Sobre o cotidiano e a história da Alemanha Oriental, o museu está entre nossos programas favoritos na viagem em família de 2014.

    Souvenir de Berlim: Trabi de todo jeito na loja do museu sobre a Alemanha Oriental – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Diversos museus na capital alemã contam vários pontos desse período de Berlim dividida. Não apenas os 2 sobre o Muro, o DDR e o Spy, como ainda o Stasi Museum, no velho quartel-general da polícia do regime comunista alemão. O conjunto de 50 edifícios fica no distrito de Lichtenberg, assim como a Frankfurter Allee, alameda com a típica arquitetura da era comunista. Também formavam Berlim Oriental, entre outros distritos, Pankow (com seu agora descolado bairro de Prenzaluer Berg) e Treptow, onde foi erguido o maior memorial soviético, com 100.000 m² e cemitério para 5.000 soldados.

    Palácio de Charlottenburg e zoológico de Berlim

    Alexanderplatz e a Torre de TV de Berlim, em 1992

    Naquela viagem em 1992, até estive do lado oriental. De dia, na Alexanderplatz, ainda hoje umas das principais praças da capital alemã; de noite, em festas underground. No restante do roteiro, o lado ocidental.

    Fomos a todas as atrações que minha madrinha destacou, todas mais do que indicadas para uma visita atualmente também. Entre elas, o Charlottenburg Schloss, palácio barroco dos tempos da Prússia, onde voltei com Fernando e Joaquim numa visita deliciosa (olha o clima na foto abaixo).

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    Também estavam na lista do lado oeste o zoológico de 1844, mais antigo da Alemanha, que mantém 16.000 animais de cerca de 1.500 espécies; e os bonitos canteiros e estufas do jardim botânico, com cerca de 20.000 tipos de plantas. Tudo absolutamente lindo, e do lado da velha Alemanha Ocidental.

    Zoológico de Berlim, na minha visita em 1992

    KaDeWe e igreja de Berlim bombardeada

    Ainda nessa parte de Berlim, gostei de conhecer a grande e tradicional KaDeWe. O nome completo é Kaufhaus des Westens (numa tradução livre, loja de departamento do oeste), mas ninguém chama assim o estabelecimento de 60.000 m², em funcionamento desde 1907. Mas adorei mesmo foi caminhar sozinha pela agitada Kurfürstendamm, principal avenida da cidade no lado oeste.

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    Andar sem rumo e dar de cara com a Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis-Kirche, igreja destruída na Segunda Guerra, cuja torre destroçada foi mantida para abrigar um memorial. Agorinha, ao escrever, me vem viva a imagem daquela tarde.

    A igreja ‘quebrada’ de pano de fundo com sua escadaria em primeiro plano. Pelos degraus, em pé e sentados, jovens conversavam num visual punk, com roupas pretas e cabelos coloridos (estamos falando de 27 anos atrás, quando não havia tinta em cores rolando solta nos cabeleireiros, nem muita gente disposta a experimentá-la).

    Kurfürstedamm e a igreja bombardeada, em outra foto minha de 1992

    Aquele instante suspenso em Berlim era repleto de contexto. Ali a História fazia a diferença. A igreja bombardeada, marca de um país arrasado na Segunda Guerra, que se reerguia e se reunificava depois da queda do Muro. Os jovens, a contestação, a mudança. Aquela cena era Berlim, cidade onde os livros e o futuro se encontram.

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