Gente andando de um lado para o outro, gente parada no meio da rua, ônibus turístico desembarcando mais gente para andar de um lado para outro e parar no meio da rua, tudo isso entre o vaivém dos carros. Impensável para os padrões alemães. Estamos em Berlim, em um lugar onde, no passado, não convinha ficar andando de bobeira se não fosse para parar, mostrar documentos, seguir em frente ou parar por ali mesmo.
Posto militar que ficava na fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental, o Checkpoint Charlie agora é parada obrigatória por outro motivo: visitar os pontos turísticos da capital da Alemanha relacionados ao antigo Muro de Berlim, que caiu em 1989. Muita gente vai até lá por conta própria, por exemplo, com ônibus hop-on hop-off ou transporte público (o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dia). Outros preferem fazer alguma visita guiada na capital da Alemanha. Há desde tour de bicicleta sobre Muro de Berlim e Guerra Fria à visita guiada a pé sobre Terceiro Reich e Guerra Fria.
Algumas placas coloridas estão expostas em uma das esquinas. Tudo bem que Joaquim, uma criança, e eu, um baixinho, ficamos reduzidos a nada diante da placa de 3 m de altura.
No entroncamento de 2 ruas, num raio de não mais que 100 m, outras 3 atrações ‘dialogam’ com o Checkpoint Charlie. Vizinho à cabine, apenas 1 ano depois de o muro ter sido levantado, surgiu o Museu do Muro de Berlim, o Mauermuseum, iniciativa do ativista Rainer Hildebrandt de mostrar histórias de quem buscou vencer a fronteira pela falta de perspectiva do que não fosse muro.
Visitantes mais empolgados podem dar uma olhada na banca com artigos vintage, como bandeiras da Alemanha Oriental, casacos militares da ex-União Soviética ou gorros cossacos. Fica na calçada da Zimmerstrasse na esquina com a Friedrichstrasse, perto dos blocos do Muro de Berlim.
Já a tentativa de levar uma vida comum às margens do emparedamento é a base de Panorama Die Mauer (garanta sua entrada para a exposição), exposição que ocupa uma grande estrutura metálica cilíndrica na Zimmerstrasse. A poucos passos da obra de Yadegar Asisi, a Guerra Fria é tema de BlackBox. Como numa caixa-preta de avião, a mostra registra ações dos Estados Unidos e da União Soviética entre 1945 e 1990, época em que o mundo vivia se perguntando: quem iria apertar primeiro o botão vermelho?
Aliás, o próprio Checkpoint Charlie foi cenário de um dos vários momentos de tensão durante a polarização política. Em 1961, um incidente diplomático entre norte-americanos e soviéticos levou seus países a enviaram tanques para a região do posto de checagem. Após tensa negociação entre os presidentes John Kennedy e Nikita Krushev, os veículos foram recuados e nenhum tiro foi disparado.
Hoje, as ruas por onde circularam tanques recebem ônibus de turismo, enquanto militares de mentirinha fazem pose de sentinela em fotos com visitantes.