Do ponto de vista arquitetônico, o Portão de Brandemburgo é um exemplo do neoclassicismo alemão, com seu conjunto de colunas de inspiração grega. Até aí, beleza (licença pelo trocadilho).
Acesso para a Unter den Linden, uma das mais importantes avenidas de Berlim, sua localização central ganhou ainda mais relevância nos anos em que a capital da Alemanha foi dividida ao meio.
Portão isolado pelo Muro
Por quase três décadas, o Muro de Berlim isolou o Portão de Brandemburgo das metades leste e oeste da cidade, sem que qualquer pessoa pudesse acessá-lo. Porém, as altas placas de concreto não esconderam o portão por completo.
Isso explica porque o Portão de Brandemburgo virou o cenário mais captado por lentes de máquinas e câmeras de TV na histórica noite de 9 de novembro de 1989.
Ao mesmo tempo em que o muro começava a ser progressivamente derrubado, milhares de alemães e muitos jornalistas mostravam ao mundo que a Alemanha voltaria a ser uma só a partir daquela data. O fotógrafo norte-americano Justin Leighton fez esta imagem do dia da queda do Muro de Berlim. Só que, logo depois, os soldados dariam lugar à população.
A foto com máquina analógica (abaixo) revela, a partir do lado ocidental, a perspectiva dos acontecimentos que culminaram na queda do Muro. A saber: a imagem é dos arquivos da cidade de Berlim.
Biga alvo de briga
Das invasões napoleônicas ao isolamento provocado pelo Muro de Berlim, passando pelas bombas da Segunda Guerra, o Portão de Brandemburgo exigiu inúmeras restaurações até chegar por fim à forma atual.
A estátua no topo traz uma Quádriga, biga puxada por quatro cavalos, e simboliza a deusa da paz, Irene. Ironicamente, quando Napoleão tomou a cidade, ela foi levada a Paris com o intuito de representar um troféu de guerra para os franceses. Do mesmo modo, no tempo da Guerra Fria, ela virou motivo de briga ideológica em relação à posição em que os cavalos deveriam marchar. Desde 1958, a estátua aponta para o leste, o antigo lado socialista.
Por outro lado, para uma visão mais adocicada da história, vale ir à Fassbender & Rausch, uma loja que reproduz em forma de chocolate pontos turísticos de Berlim. Com um café no segundo andar, a chocolateria fica num dos cantos da Gendarmenmarkt, praça considerada a mais bonita da cidade por muitos berlinenses – sem dúvida, mais um dos cartões-postais da capital da Alemanha.
Como é a região do Portão de Brandemburgo hoje
A região do Portão de Brandemburgo é imã de visitantes na cidade (há até um escritório de informação turística bem do lado esquerdo dele). A Pariser Platz foi reconstruída após a reunificação, nos anos 1990. Então passou abrigar embaixadas, algumas casas e o cinco-estrelas Adlon, um dos hotéis em Berlim.
Uma vez que você cruze o portão e siga pela Unter den Linden, a principal avenida do lado leste de Berlim, vão surgir no seu caminho atrações como a Ilha de Museus, a Catedral de Berlim e o DDR Museum. Se seguir em frente pela Karl-Liebknecht-Strasse, o visitante encontra a Alexanderplatz e a Torre de TV de Berlim.
Caso passe pelo Portão de Brandemburgo rumo ao lado oeste da cidade, você vai em direção ao Tiergarten, o maior parque da capital alemã. No outro extremo dessa área verde, fica o centenário zoológico de Berlim, o mais antigo da Alemanha.
Nos dias atuais, triunfam a liberdade e o direito de somente pedestres atravessarem o Portão de Brandemburgo para o lado que quiserem.
Nosso filho, Joaquim, aproveitou a tranquilidade do momento para se sentar com a mãe e comer pipoca. Todos os dias, grupos guiados e muita gente sozinha se posta diante do cartão postal de Berlim para uma foto de viagem.
Nem todos conseguem ficar parados, como Joaquim e eu na imagem do alto do texto registrada por Nathalia. Um salto para história. Ao menos a nossa.