Texto e fotos de Nathalia Molina
Já fiz coleção de imã de geladeira. Não tenho nada contra essas lembrancinhas, aliás. Objetos pequenos são uma forma de guardar memórias e de presentear família e amigos, e não encher a mala no embarque de volta. Mas, quando viajo, me interesso mais por souvenir sem cara de souvenir ou que sejam curiosos. Pode ser típico, só não precisa necessariamente ter escrito de onde saiu. Mantenho os olhos atentos ao tamanho do que vou comprar, mas não me furto à loucura de trazer um jogo de copos da Alemanha, se bem entender que aquilo me vai me proporcionar de novo o sabor da viagem em casa. O mais importante para mim é mesmo a sensação que o presentinho causa, seja em mim, seja em quem vai ganhá-lo.
Dentro dessa categoria, entram vários itens. Tirando chocolates e guloseimas, garantidos no free shop e em farmácias no exterior (nos Estados Unidos e no Canadá, eles são os melhores remédios vendidos), adoro me aventurar pelos supermercados em busca de produtos típicos. Da Alemanha, por exemplo, eu trouxe na última viagem 2 tipos de mostarda. Depois, foi só passar no supermercado no Brasil para comprar kassler e salsichas variadas. Além de tudo, é uma forma de entrar na realidade do país que visito. De aprender, por exemplo, que senf é mostarda em alemão e doce é süss (no lugar do ‘ss’ vai aquela letra beta que não tem no meu teclado), então, a süsser senf que eu trouxe para mim e para presentear os amigos só poderia ser uma adocicada mostarda para temperar carne de porco, especialmente a salsicha branca, como eles comem lá na Baviera.
TÃO PEQUENOS — Gosto de detalhes. Um xodó é o abridor de garrafas que eu trouxe de Leipzig, na Alemanha. Com 3 dedos de altura, ele tem o formato do bonequinho que indica sinal verde para o pedestre.
Quando a Alemanha estava dividida, todo o lado oriental tinha sinais de trânsito assim, com o bonequinho de chapéu piscando no lugar das tradicionais bolinhas verde e vermelha. Achei tão interessante e fofo que comprei também os imãs, estrategicamente mantidos um acima do outro, grudados na porta da geladeira. Não é demais?
Outro imã legal (e, neste caso, bem útil) foi minha mãe que me deu após sua passagem por Praga. É uma caixinha de fósforos ilustrada com Kafka. Da série ‘personagens e artistas’ dou sempre aquela passadinha estratégica pelas lojinhas de museu. Eu já disse aqui que adoro papelaria, então, não resisto àqueles simpáticos bloquinhos vendidos ali.
Em Viena, no ano passado, me encantei com o caderninho de capa comemorativa pelo Ano Klimt – em 2012, são 150 anos do nascimento de Gustav Klimt. O pequeno calendário de mesa (com apenas 10 cm) também me pegou. A dupla me faz companhia na mesa de trabalho desde o início do ano.
PARA AS CRIANÇAS — Também dá para pensar em presentes bacanas para a meninada. Camisetas divertidas acabam sendo a solução muitas vezes, mas em alguns lugares é possível encontrar brinquedos diferentes. Em Budapeste, achei um quebra-cabeça minúsculo com a inicial do nome do meu filho: J. As peças dentro da letra formam um coringa (Joker). O J fica no quarto do filhote ao lado de outros 2 presentes que trouxe da Alemanha, um carrossel de Rüdesheim e uma caixinha de música de Frankfurt. Ele consegue rodar a manivela com a mãozinha dele e, enquanto a árvore de Natal gira, toca Noite Feliz. É de fazer a mãe chorar… O trio combinou direitinho (dá uma olhada na foto acima deste texto). Em madeira pintada, bem colorida, os 3 têm bastante vermelho.
Objetos trazidos de viagem dão ótimas peças de decoração. Viajar por Minas Gerais e pelo Nordeste do Brasil é maravilhoso para quem aprecia artesanato. Aqui em casa acabou dando o tom da sala, com um cantinho reservado para a cerâmica no estilo Mestre Vitalino (moça grávida, trio de forró e companhia).
Voltamos da mineira Tiradentes com o carro abarrotado de trabalhos de artistas locais, como uma mandala de velas e quadros em madeira.
É um barato o casalzinho de caipiras que se olha. A senhora mineira que nos vendeu disse que, quando os donos da casa brigam, pode se inverter o olhar dos bonecos – dá um trabalho fazer isso, mais fácil fazer as pazes, não é?
Trazidos de viagens, quadrinhos pintados fazem a alegria de uma das paredes da sala. Aqui em casa tudo fica bem pertinho: a ponte Golden Gate de São Francisco (nos Estados Unidos), as casinhas da italiana Positano, a orla de Maceió, o casal bailando tango do Caminito em Buenos Aires, o Pantheon romano, o colorido do Pelourinho em Salvador, o anjo da portuguesa Óbidos… Pode ter souvenir melhor do que experimentar novamente aquelas viagens a cada olhada?
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