Do ponto de vista arquitetônico, o Portão de Brandemburgo é um exemplo do neoclassicismo alemão, com seu conjunto de colunas de inspiração grega. Até aí, beleza (licença pelo trocadilho).
Acesso para a Unter den Linden, uma das mais importantes avenidas de Berlim, sua localização central ganhou ainda mais relevância nos anos em que a capital da Alemanha foi dividida ao meio.
Portão isolado pelo Muro
Por quase três décadas, o Muro de Berlim isolou o Portão de Brandemburgo das metades leste e oeste da cidade, sem que qualquer pessoa pudesse acessá-lo. Porém, as altas placas de concreto não esconderam o portão por completo.
Isso explica porque o Portão de Brandemburgo virou o cenário mais captado por lentes de máquinas e câmeras de TV na histórica noite de 9 de novembro de 1989.
Ao mesmo tempo em que o muro começava a ser progressivamente derrubado, milhares de alemães e muitos jornalistas mostravam ao mundo que a Alemanha voltaria a ser uma só a partir daquela data. O fotógrafo norte-americano Justin Leighton fez esta imagem do dia da queda do Muro de Berlim. Só que, logo depois, os soldados dariam lugar à população.
A foto com máquina analógica (abaixo) revela, a partir do lado ocidental, a perspectiva dos acontecimentos que culminaram na queda do Muro. A saber: a imagem é dos arquivos da cidade de Berlim.
Biga alvo de briga
Das invasões napoleônicas ao isolamento provocado pelo Muro de Berlim, passando pelas bombas da Segunda Guerra, o Portão de Brandemburgo exigiu inúmeras restaurações até chegar por fim à forma atual.
A estátua no topo traz uma Quádriga, biga puxada por quatro cavalos, e simboliza a deusa da paz, Irene. Ironicamente, quando Napoleão tomou a cidade, ela foi levada a Paris com o intuito de representar um troféu de guerra para os franceses. Do mesmo modo, no tempo da Guerra Fria, ela virou motivo de briga ideológica em relação à posição em que os cavalos deveriam marchar. Desde 1958, a estátua aponta para o leste, o antigo lado socialista.
Por outro lado, para uma visão mais adocicada da história, vale ir à Fassbender & Rausch, uma loja que reproduz em forma de chocolate pontos turísticos de Berlim. Com um café no segundo andar, a chocolateria fica num dos cantos da Gendarmenmarkt, praça considerada a mais bonita da cidade por muitos berlinenses – sem dúvida, mais um dos cartões-postais da capital da Alemanha.
Como é a região do Portão de Brandemburgo hoje
A região do Portão de Brandemburgo é imã de visitantes na cidade (há até um escritório de informação turística bem do lado esquerdo dele). A Pariser Platz foi reconstruída após a reunificação, nos anos 1990. Então passou abrigar embaixadas, algumas casas e o cinco-estrelas Adlon, um dos hotéis em Berlim.
Uma vez que você cruze o portão e siga pela Unter den Linden, a principal avenida do lado leste de Berlim, vão surgir no seu caminho atrações como a Ilha de Museus, a Catedral de Berlim e o DDR Museum. Se seguir em frente pela Karl-Liebknecht-Strasse, o visitante encontra a Alexanderplatz e a Torre de TV de Berlim.
Caso passe pelo Portão de Brandemburgo rumo ao lado oeste da cidade, você vai em direção ao Tiergarten, o maior parque da capital alemã. No outro extremo dessa área verde, fica o centenário zoológico de Berlim, o mais antigo da Alemanha.
Nos dias atuais, triunfam a liberdade e o direito de somente pedestres atravessarem o Portão de Brandemburgo para o lado que quiserem.
Nosso filho, Joaquim, aproveitou a tranquilidade do momento para se sentar com a mãe e comer pipoca. Todos os dias, grupos guiados e muita gente sozinha se posta diante do cartão postal de Berlim para uma foto de viagem.
Nem todos conseguem ficar parados, como Joaquim e eu na imagem do alto do texto registrada por Nathalia. Um salto para história. Ao menos a nossa.
O que foi criado para ser uma demonstração da força e da eficiência do regime comunista se tornou um símbolo da Berlim reunificada. Agora um cartão-postal da capital da Alemanha, ao lado do Portão de Brandemburgo, a Torre de TV (em alemão, Fernsehturm) foi erguida na antiga Alemanha Oriental, em 3 de outubro de 1969, para transmitir os programas da televisão estatal.
A ideia de construir a torre surgiu no começo da década de 1950. Ela seria instalada na colina de Müggelberge, longe do miolinho da cidade, mas o governo da Alemanha Oriental percebeu que ficaria na rota do Aeroporto de Schönefeld. Decidiu por erguê-la ali, colada à Alexanderplatz, praça central de Berlim. Seria facilmente vista.
E é. Com a localização central, no distrito de Mitte, a Fernsehturm aparece no céu a quarteirões de distância da Alexanderplatz. Com 368 metros até a pontinha da antena, a torre recebe em torno de 1,2 milhão de pessoas por ano, procedentes de 86 países. Todas loucas para ver a cidade do alto.
Para garantir sucesso na empreitada, a principal dica é: vá num dia limpo e ensolarado. Esse é o melhor dos mundos. Com bom tempo, dizem que a visibilidade pode alcançar 40 km de distância. Em nossa viagem em família pela Alemanha, nós não conseguimos isso. Acompanhamos o clima durante alguns dias, mas não havia um com céu totalmente limpo para a visita, por causa da época do ano. Era fim de março. Resolvemos subir no dia em que a previsão era mais otimista, parcialmente nublado.
Pudemos ver a região perto da Alexanderplatz, só que a visibilidade ficou um pouco prejudicada. Mas valeu ver Berlim do alto e localizar algumas atrações que visitamos lá embaixo. Joaquim gostou da brincadeira de ir rodando e caçando os lugares no horizonte. Eu adorei subir a torre novamente, com ele e com Fernando. Na primeira vez em que estive em Berlim, em 1992, também esteve no topo da Fernsehturm. Mas não me lembro de ver painéis com indicações detalhadas, que dão a volta completa no andar de observação. Tudo bem sinalizado.
A estrutura para visitantes na torre, aliás, mudou muito, assim como o entorno da atração. E seguia mudando quando estivemos lá em 2014. Largos e ruas estavam sendo recompostos, com muitas gruas em ação.
Como é a área de visitação
A Torre de TV tem 2 andares para visitação: um piso panorâmico com bar, a 203 m de altura, e um restaurante, 4 m acima. Não se preocupe com vento porque não existe área externa no alto da Torre de TV. Em 40 segundos o elevador vai do chão ao andar com vista da cidade — um painel interno mostra uma luz subindo enquanto se vence metro a metro.
Ao longo da circunferência, de 32 m de diâmetro no centro, painéis com fotos apontam os principais pontos que podem ser vistos naquela direção. Junto com textinhos de apresentação para os distritos de Berlim, estão mapinhas com atrações numeradas.
Pelo deck de observação, binóculos que funcionam com moedas ajudam quem quiser ver mais de perto algum lugar descoberto na paisagem urbana. Para embalar o visual, há drinques e lanches no Bar 203, nesse piso.
Do deck de observação, uma escadaria leva ao restaurante, com capacidade para até 200 pessoas por vez. O lugar é giratório, a cada 1 hora dá uma volta completa. Nós não comemos lá, mas me parece interessante a ideia, para se sentar e jogar conversa fora. No melhor esquema, food with a view.
Mesmo que você não queira ir ao restaurante, eu recomendo comprar pela internet a entrada para visitar a torre. Há diversas categorias de bilhete. Nós escolhemos uma que dava acesso a fila expressa, para evitar a espera que no fim de março estava em três horas para subir. Preferimos comprar online, gastar um pouco mais, mas economizar nosso tempo para passear pela linda Berlim.
Endereço: Panoramastrasse 1a, Berlim. Essa é uma rua paralela à grande Karl-Liebknecht Strasse, bem na região da Alexanderplatz
Transporte: Provavelmente, como a gente, você vai passar diversas vezes pela Alexanderplatz se ficar uns dias em Berlim. Vários meios de transporte se cruzam ali.
De U-Bahn, pegue U2, U5 ou U8. À estação Alexanderplatz Hauptbahnhof do S-Bahn chegam os trens S5, S7 e S75. Para ir de bonde elétrico (tram), pegue os números M4, M5 ou M6. Se preferir ir de ônibus, tome 100, 200, 248, N2, N5, N8, N40, N42, N65 ou TXL (as linhas passam nos diferentes lados da praça)
Funcionamento: diariamente, das 9 horas à meia-noite – de novembro a fevereiro, abre às 10 horas. A última subida ocorre às 23h30, e a entrada no restaurante é até as 23 horas.
A torre fecha para manutenção sempre 2 dias ao ano: em 2016, não funcionou em 11 de abril e não abrirá em 14 de novembro
Preço: A partir de 13 euros — crianças de 4 a 16 anos, a partir de 8,50; até 3 anos, grátis.
Há outros diferentes tipos de tickets, com preços mínimos entre 13 e 24 euros (crianças de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 ou 16 euros).
Quem compra o Berlin WelcomeCard, cartão de descontos da cidade, paga 25% menos na entrada da Torre de TV, mas apenas se comprá-la na bilheteria da atração. A redução não é válida para tickets premium, aqueles especiais, vendidos pela internet.
Dependendo da total de dias e de seu roteiro na cidade, vale considerar a compra de tickets premium, já que a espera pode ser grande com o ingresso tradicional. Nós compramos online, e eu explico passo a passo como garantiro ingresso online. É bem prático e garante a entrada sem uma fila enorme.
Se optar pelo ticket padrão (standard), para evitar ficar de bobeira lá embaixo até subir, envie pelo celular uma mensagem de texto para o número +49 151 15 16 39 22 com o código (SMS code) que está impresso no seu ticket. Isso feito, a administração da Torre de TV informa que envia uma mensagem para seu celular meia hora antes de chegar sua vez
Alimentação: No deck de observação, há o Bar 203. Funciona todo dia do meio-dia às 23 horas.
Para fazer reserva no restaurante Sphere, você precisa comprar o Premium Ticket Restaurant, que varia de preço de acordo com a localização da mesa (na janela ou não) — saiba mais sobre os tipos de ingresso disponíveis no link do passo a passo acima. Funciona até meio-dia para café da manhã; do meio-dia às 16 horas, para almoço; e das 18 horas às 22h30, para jantar
Compras: No bar, a torre toma forma de copos coloridos. No térreo, uma lojinha vende o cartão-postal em formas diversas de souvenir. Também estão lá artigos com o Portão de Brandemburgo, o Urso de Berlim e os homenzinhos do trânsito — saiba mais sobre os Ampelmännchen, os famosos bonecos verde e vermelho
Dicas: Há wifi disponível aos visitantes no térreo, no deck de observação e no restaurante.
Por questões de segurança não é permitido subir com casacos pesados e bolsas grandes. Deixe no guarda-volumes da entrada (sem cobrança adicional).
Também no térreo há um guichê oficial de informações turísticas de Berlim. Aproveite para pegar folhetos e tirar dúvidas
Já tínhamos passado por lá umas três vezes. O painel sempre informava uma espera gigantesca. No mínimo três horas para ver Berlim do alto. Resolvi que iria checar no hotel à noite se poderia comprar ingresso pela internet para irmos à Torre de TV, perto da Alexanderplatz, praça central da cidade.
Essa é uma vantagem de quem não viaja com tempo apertado e escolhe um mês fora de temporada. Era finzinho de março, e íamos ficar oito dias em Berlim (1ª parada da nossa viagem em família pela Alemanha). Mas, depois de sentir o drama da espera que é para subir, recomendo fortemente que você siga lendo esse texto e viaje com sua entrada.
Tipos de ingresso à venda
Há 2 tipos de tickets para a Torre de TV de Berlim: standard e premium (fast track). O 1º pega fila normal, o 2º tem acesso especial se grande espera.
O premium se subdivide ainda em várias categorias de ingressos. Conheça cada um tipo de ticket à venda:
1 > STANDARD: É o ingresso padrão. Mais barato, pode ser comprado na bilheteria ou nas máquinas de venda de ticket disponíveis no térreo da Fernsehturm.
Esse é o que pode ter aquela espera longa que citei acima. Um painel na base da torre avisa o tempo médio que os visitantes estão tendo de aguardar naquele momento.
Caso você escolha o standard, pode usar o SMS Call Service. O ingresso vem com um código (SMS code). Se estiver com um celular habilitado para funcionar em Berlim, pode mandar uma mensagem de texto para o número +49 151 15 16 39 22 com o código que aparece no ingresso. Quando faltar meia hora para você subir, o sistema da Torre de TV envia a mensagem ‘30 min’, para você ter tempo de se dirigir à entrada da atração.
Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis
2 > PREMIUM: É o ingresso especial. Mas esse tipo de ticket se subdivide em vários tipos, cada uma para um perfil de visitante. Veja qual deles se encaixa melhor no propósito da sua visita:
Early Bird Tickets Panorama: É bom para quem pensa em começar o dia indo à Fernsehturm porque a entrada tem de ser cedo (como o nome em inglês já diz, ‘early’). De março a outubro, o visitante sobe às 9 horas; de novembro a fevereiro, às 10 horas. A entrada é sem fila
Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis
Late Night Ticket Panorama: É o oposto do anterior. Neste aqui, a visita é realizada no fim do período de funcionamento, entre 21h30 e 23 horas — pode ser de 21 horas às 22h30, dependendo do período do ano. Também é sem fila. Dá para visitar outras atrações e terminar o dia com um drinque no Bar 203 curtindo as luzes de Berlim
Preço: a partir de 13 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 8,50 euros; até 3 anos, grátis
Premium Ticket Panorama: É a entrada com data e hora escolhidas pelo visitante, evitando filas. É a mais cara opção de ingresso que dá acesso ao andar panorâmico, mas você pode ganhar em tempo decidindo o horário em que a visitação à torre se encaixa melhor no seu roteiro. Nós compramos um ingresso equivalente ao Premium Ticket Panorama, que se chamava Fast View. Valeu a grana que pagamos a mais (o mesmo adicional cobrado atualmente em relação ao Standard Ticket: mais 6,50 euros por adulto e 3,50 euros pelo nosso filho, Joaquim). A diferença é grande financeiramente, eu sei. Mas e o tempo que ganhamos na cidade vendo outras atrações sem a preocupação de perder a subida? Fora que uma criança de 5 anos não tem paciência para ficar horas esperando. Ganhamos em felicidade.
Preço: a partir de 19,50 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 12 euros; até 3 anos, grátis
Premium Ticket Restaurant: É a única opção de entrada premium que dá acesso ao restaurante Sphere, com reserva. Ele é giratório. Em 1 hora, completa a volta toda. Na hora da compra, você pode decidir se quer o ticket Plus (mais caro, claro), que dá direito a uma mesa na janela. Se sua ideia for apenas juntar o passeio à torre com uma refeição, pode escolher o ticket com mesa na área interna da circunferência do restaurante. Mas, para ter uma experiência completa de ver a cidade por vários ângulos enquanto você come, terá mesmo de desembolsar o preço máximo com acesso ao Sphere
Preço: a partir de 17,50 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 10 euros; até 3 anos, grátis. Na opção ‘plus’, a partir de 24 euros — criança de 4 a 16 anos, a partir de 16 euros; até 3 anos, grátis
Os tickets premium podem ser comprados online ou nas máquinas de ingresso disponíveis lá na Torre de TV. Acho mais prático resolver logo pela internet e já ir à atração somente na hora determinada.
Para garantir o ingresso online, você clica em Tickets & Prices no site da Fernsehturm. Depois escolhe Premium Ticket e finalmente decide qual dos 4 abaixo se ajusta aos seus planos.
Na tela seguinte, você bota a data e a hora — nos casos do Early e Late Tickets, aparecem apenas opções de horário no começo e no encerramento das atividades, respectivamente. Eu fiz a simulação com o Premium Panorama Ticket.
IMPORTANTE: Note que os preços dos tickets no site sempre aparecem com a palavra ‘from’ (a partir de). Isso porque eles mudam de acordo com a temporada. Fiz uma simulação com datas diferentes, em junho, agosto e novembro. O valor foi do intermediário (20.50 euros) no iniciozinho do verão europeu, subiu para 21.50 euros na alta temporada e caiu para o mínimo (19,50 euros) somente no outono, 1 mês antes de chegar o inverno.
Onde você recebe o ingresso
Depois da compra, o ingresso é enviado por email, para você imprimir o PDF e mostrar na entrada, ou diretamente para o smartphone. Eu fiquei com a 2ª alternativa. Não imprimi nada. Salvei os bilhetes no celular e passamos o código no scanner da entrada, antes do elevador. Muito prático e fácil.
Aí é subir a escada até o mezzanino e esperar o elevador. No piso térreo da Torre de TV, a sinalização indica o caminho para você se posicionar em 1 das 2 filas que dão acesso à subida. Com nossos ingressos, pegamos a fila especial. Não tinha ninguém na nossa frente, mas era fim de março. Na alta temporada (leia-se verão na Europa), o cenário deve ser outro. Mas, pense bem, também aumenta em proporção geométrica o número na fila ao lado, sem passe livre.
Em fevereiro de 1990, poucos meses depois de o Muro de Berlim começar a ser derrubado, centenas de artistas de 20 países se reuniram para produzir as 101 pinturas expostas ao longo de 1.316 metros do lado oriental do muro, maior segmento da antiga fronteira que permanece de pé.
O tom cinza, medonho e triste das imensas placas de concreto originais, que repartiram Berlim ao meio por 28 anos, foi substituído por cores e traços fortes, dando origem ao East Side Gallery. Esse espaço às margens do rio Spree tornou-se mais que a maior galeria de arte a céu aberto do mundo. Virou um permanente convite à reflexão sobre liberdade.
Além de um passeio a pé para ver de perto toda a extensão da exposição, vale experimentar enxergá-la por outro ângulo. Em uma manhã chuvosa de domingo, Nathalia, Joaquim e eu subimos num ônibus hop on hop off e conseguimos fotos bem interessantes, sentados no 2º andar do ônibus panorâmico. O ritmo lento do circular que visita os principais pontos de Berlim ajuda a visualizar os painéis do East Side. Vítimas da ação do tempo, de pichações e até de vandalismo, as pinturas foram restauradas em 2009.
Turistas posando para selfies em frente às obras fazem parte da rotina da cidade atualmente. Vejas alguns dos destaques:
Fraternal Kiss (Mein Gott hilf mir, diese tödliche Liebe zu überleben): ao pé da letra, a obra chama-se Meu Deus, ajude-me a sobreviver a este amor mortal! O Beijo Fraterno (em alemão, Bruderkuss) entre o então presidente da República Democrática da Alemanha, Erich Honecker, e seu camarada Leonid Brejnev, líder da União Soviética, é o grande cartão-postal do East Side Gallery. O tradicional cumprimento soviético selou o encontro entre os líderes políticos em 1979. A foto famosa correu o mundo e foi reproduzida pelo artista russo Dmitri Vrubel.
Wall Jumper (Mauerspringer): de autoria do neo-zelandês Gabriel Heimler, a pintura de um homem que foge do lado oriental pulando o muro é um dos cenários mais buscados para cliques.
Test The Rest: o Trabant, veículo-símbolo da Alemanha socialista, atravessando o muro é outro imã de visitantes. A obra de Birgit Kinder carrega na placa a data da queda do Muro de Berlim, 9 de novembro de 1989.
Homage to the Young Generation (Hommage an die Junge Generation): um dos primeiros artistas que começou a pintar o Muro ainda em 1984, Thierry Noir também tem trabalhos expostos nas ruas de Londres e Nova York. O francês é visto de pincel à mão trabalhando em uma de suas obras numa cena do filme Asas do Desejo, de Win Wenders, de 1987.
It Happened in November (Es Geschah im November): nascido no Irã, Kani Alavi estudou artes em Berlim e viveu nas imediações do Checkpoint Charlie durante a Guerra Fria. O mar de rostos buscando atravessar o Muro expressa o tamanho do impacto gerado pelo que aconteceu em novembro de 1989.
Worlds People (Wir sind ein Volk): a psicodelia presente no painel do alemão de origem russa Schamil Gimajew também tem forte impacto visual.
Berlyn: a pintura do ilustrador de livros infantis Gherard Lahl dispensa tradução.
VALE SABER
Endereço: Mühlenstrasse, entre a Oberbaumbrücke (Ponte Oberbaum) e a estação Ostbahnhof
Transporte: De S-Bahn e desça na estação Warschauer Strasse ou Ostbanhhof. A linha U1 também leva à 1ª estação
Em 1961, Karl Peglau criou um par de bonequinhos para ajudar os pedestres a atravessarem a rua em segurança. O objetivo era diminuir o número de acidentes na antiga Alemanha Oriental. Para o psicólogo e especialista em trânsito, a imagem do farol deveria despertar nos cidadãos muito mais que um sinal de alerta, especialmente em crianças e idosos. Assim criou o Ampelmänn, boneco do semáforo.
Por isso mesmo a suavidade do traço — em contraposição às linhas duras e retas dos símbolos similares mundo afora — dariam à criação dele um toque, digamos, mais humano. O que Peglau não imaginava era que as figuras desenhadas por ele nas cores verde e vermelha virariam ícones de Berlim Oriental.
No início, a ideia do bonequinho levar um chapéu na cabeça foi rejeitada por Peglau, que o considerava um acessório um tanto burguês. Ele repensou seu conceito quando viu o então secretário do partido socialista, Erich Honecker, aparecer na televisão usando uma palheta para se proteger do sol. Nascia um mito naquele momento.
Até hoje, os Ampelmännchen (diminutivo de Ampelmann; numa tradução livre, homenzinhos do farol), fazem as pessoas avançar nos cruzamentos de ruas e avenidas da capital alemã e/ou parar diante de vitrines cheias de produtos com suas estampas.
Durante nossa passagem por Berlim — 1ª parada na nossa viagem em família à Alemanha —, os bonequinhos conquistaram nosso filho, Joaquim. Se dependesse dele, teríamos levado tudo o que havia disponível na loja da Ampelmann na Gendarmenmarkt, onde há objetos para casa, roupas, acessórios e o que mais você julgar bacana ser identificado por um dos poucos símbolos da Alemanha comunista que resistiu após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A marca vende em torno de 600 produtos diferentes com os bonequinhos.
Vitória do proletariado
Falar em resistência não é força de expressão. Entre 1990 e 1997, os semáforos do lado comunista foram sendo substituídos pelo padrão de luzes de tráfego utilizadas do lado capitalista. Com o objetivo de manter vivo algum traço de identidade dos alemães orientais, em meio ao novo país que surgia com a reunificação, o designer industrial Markus Heckhausen começou a recuperar os velhos faróis de pedestres que estavam sendo descartados.
A causa defendida por ele passou a receber apoio de artistas, políticos e dos cidadãos que se sentiam representadas por aquelas figurinhas do farol. Um comitê sobre o assunto foi fundado. Protestos, realizados. A pressão popular surtiu efeito e outras partes do leste alemão voltaram a adotar os Ampelmännchen, assim como o antigo lado ocidental também cedeu à simpatia da dupla.
A história do Ampelmann virou livro, fruto da parceria entre Heckhausen e Karl Peglau. O sucesso da publicação estimulou o designer a lançar outros produtos que tivessem os bonequinhos como tema. Como empresa, a Ampelmann surgiu em 1997, e hoje conta com 7 lojas próprias espalhadas pela capital (os produtos também podem ser encontrados em pontos turísticos da cidade). A maior variedade de mercadorias se encontra na loja principal, localizada na Unter den Linden, principal avenida do lado oriental da cidade, que começa no Portão de Brandemburgo.
Soma ainda café e uma bicicleta que serve café. E uma franquia da marca foi aberta em 2010 na cidade de Tóquio, no Japão. Incrível imaginar que um ícone do comunismo rendesse tantos dividendos nos dias de hoje, não? O mesmo ocorre com o Trabant, carro símbolo da Alemanha Oriental, que também virou cult.
Quando a conheci, Nathalia tinha uma abridor de garrafas em alumínio, no formato do boneco verde, lembrança trazida da viagem feita à Alemanha em 2001. Já a despesa durante o tour em família foi bem maior: compramos camisetas, capa de celular, um par de esponjas de banho (a vermelha, tadinha, hoje em dia está sem a cabeça, de tanto ser usada), um guarda chuva do qual Joaquim se orgulha muito (quando chove em São Paulo, evidentemente). Ah, ainda temos da viagem da Nathalia em 2001 dois imãs, o verde e o vermelho, que me vigiam neste exato momento em que decido não mais avançar com este texto. Parei!
É uma ilha, posto que é cercada por água. Mas é acessível por terra, visto que nós chegamos até ela a pé. Uma vez ilha, poderíamos dizer, sem medo, que é paradisíaca, dada a quantidade de museus (5) que, reunidos, guardam em torno de 6 mil anos de história da humanidade. A Ilha de Museus (Museumsinsel) fica em uma faixa de chão envolvida pelo Rio Spree, no distrito de Mitte, região central de Berlim. Ali perto, fica outro museu imperdível para quem se interessa pela história da Alemanha Oriental, o DDR Museum (compre o ingresso).
Em virtude do monumental acervo, é praticamente impossível ver tudo na Ilha de Museus em uma mesma visita. Se quiser conhecer só as principais obras expostas, reserve pelo menos 1 dia inteiro para isso. Nesse caso, a tarefa é facilitada porque os museus ficam perto uns dos outros.
A proximidade explica porque quase todos eles terminaram arrasados ao final da Segunda Guerra. Além dos bombardeios sobre Berlim que destruíram muitas obras de arte, algumas peças foram roubadas em meio ao caos que tomou conta da cidade, sem falar na divisão feita em parte do acervo após a separação das Alemanhas. O processo de revitalização dos museus ainda não havia começado quando Nathalia esteve em Berlim, em 1992 – o 1º museu reaberto totalmente foi o Alte Nationalgalerie, 2 anos após a Unesco declarar a Ilha de Museus Patrimônio da Humanidade, em 1999.
Cada prédio tem estilo arquitetônico próprio, motivo suficiente para conhecer o conjunto formado por eles. Visitar a Ilha de Museus é prestar adoração à arte, tomá-la como algo sagrado. A seguir, um resumo do que você vai encontrar em cada espaço.
1 | Pergamonmuseum
Quando Nathalia, Joaquim e eu atravessamos a Via Procissional da Babilônia, rapidamente entendemos o que aquele corredor desejava despertar nos visitantes que se aproximavam da cidade na região da Mesopotâmia. A ferocidade dos leões pintados nas paredes buscavam intimidar a quem desejasse transpor aquela fronteira sem que tivesse sido convidado a fazer isso.
Não era o nosso caso. Vencido o grande corredor, nos depararmos com a majestosa Porta de Ishtar, um dos acessos para a cidade da Babilônia. Aquela imensidão de azulejos azuis vitrificados nos torna ínfimos diante de seus mais de 14 metros de altura e 30 metros de extensão. A luz natural que entra pelo teto do museu potencializa a grandiosidade arquitetônica da obra.
Caçula da ilha, o Pergamon é o museu mais frequentado de Berlim, com 1 milhão de visitantes por ano. Erguido em 1930, está dividido em 3 espaços e se destaca por reconstruir partes de cidades da Antiguidade. Quando estivemos na Alemanha, o museu já se encontrava em reforma, mas ainda foi possível nos sentarmos na escadaria do Altar de Pérgamo, obra erguida no século 2 a.C e dedicada a Zeus.
Joaquim e eu nos aboletamos nos degraus enquanto ouvíamos as explicações do audioguia (Quim não entendia nada do inglês que era dito, mas fazia aquela cara de conteúdo, que terminou despertando risos num grupo de estudantes sentados ao nosso lado).
Veja o altar e o painel de 113 m em baixo relevo que narra a luta entre deuses e gigantes da mitologia. Na ala dedicada à arte islâmica encontram-se ruínas da fachada do palácio de Mshatta. Compre o ingresso com direito a audioguia.
2 | Neues Museum
Construído na metade do século 19, o Novo Museu foi bastante castigado pelas bombas na Segunda Guerra, permanecendo em ruínas até 1999. Restaurado e reaberto 10 anos depois, apresenta peças de arte egípcia e coleções que abrangem do período Paleolítico à Idade Média. Vale ver o busto da rainha Nefertiti, encontrado em 1912 durante escavações em Amarna, capital do Egito Antigo. Compre o ingresso sem fila e com audioguia.
Neues Museum (à direita) e cúpula da Catedral de Berlim (ao fundo)
3 | Altes Museum
Inaugurado em 1830, é o mais antigo museu da ilha, obra de arquitetura neoclássica do renomado Karl Friedrich Schinkel, que projetou um pórtico de quase 90 metros de altura, sustentado por 18 colunas em estilo jônico. Trata-se do maior e mais importante acervo de arte antiga, com peças greco-romanas e etruscas. Esculturas, vasos, moedas e joias estão entre as peças em exposição, com destaque para a estátua da Deusa Berlim. Veja também as representações dos rostos de Júlio César e Cleópatra.
Altes Museum, o mais antigo da Ilha
4 | Bode-Museum
Por fora, é o prédio que mais passa a sensação de que os museus ficam mesmo sobre uma ilha — sua estrutura lembra um pouco a proa de um navio. Esculturas produzidas do início da Idade Média até o final do século 18, obras do Período Bizantino, de parte do Renascimento Italiano e uma das maiores coleções de moedas do mundo fazem parte do acervo do museu, que leva o sobrenome de seu 1º diretor, Wilhelm von Bode. Há uma galeria para as crianças participarem de oficina de artesanato, lerem ou ouvirem histórias.
Bode Museum, cuja arquitetura lembra a proa de um navio
5 | Alte Nationalgalerie
Depois de projetar o Neues Museum, o arquiteto Friedrich August Stüler se inspirou na Acrópole de Atenas para erguer a Antiga Galeria Nacional, inaugurada em 1876. Lá estão obras do século 19 doadas pelo banqueiro Joachim Heinrich Wilhelm, principalmente quadros de Caspar David Friedrich, representante da pintura romântica alemã.
O museu foi o primeiro do mundo a comprar quadros impressionistas, de Édouard Manet e Claude Monet, em 1896. Atualmente o acervo é inspirador, com quadros também de Pierre-Auguste Renoir e Paul Cézanne – difícil fazer Nathalia querer sair do 2º pavimento, dedicado ao impressionismo.
1º museu a investir em Impressionistas – Foto: @ComoViaja
VALE SABER:
Endereço: A Ilha de Museus fica em Mitte, perto da Catedral de Berlim (Berliner Dom)
Funcionamento: De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Os 5 museus fecham às segundas
Preço: Altes Museum e Bode-Museum, 10 euros cada; Pergamonmuseum e Alte Nationalgalerie, 12 euros cada; Neues Museum, 14 euros. O ingresso que dá acesso a todos os museus custa 19 euros (ou seja, se você já tiver interesse em visitar pelo menos 2 museus, esse é o bilhete a ser comprado).
Há ainda a opção de comprar o ingresso do Pergamonmuseum (com direito a audioguia) e o ingresso do Neues Museum (sem fila e com audioguia), com a GetYourGuide, empresa alemã que vende tours e entradas de atrações em destinos pelo mundo.
Transporte: Se os museus ficam em uma ilha, natural que uma das maneiras de se chegar até lá seja navegando. Em Berlim, há várias empresas que realizam passeios de barco pelo rio Spree, cada uma com um píer próprio.
De metrô (U-Bahn), use a linha U6 e desça na Friedrichstrasse
De trem (S-Bahn), utilize as linhas S1, S2, S25 e desça também na Friedrichstrasse ou as linhas S5, S7 e S75 para descer na Hackescher Markt
De tram (trem de superfície), use as linhas M1 ou 12, que param na Am Kupfergraben ou M4, M5, M6 e desça em Hackescher Markt
De ônibus, tome as linhas 100 e 200 e desça no Lustgarten (o Jardim das Delícias fica em frente à entrada do Altes Museum) ou pegue o TXL e salte na Staatsoper ou ainda utilize a linha 147 e desça na Friedrichstrasse
Alimentação: Cada um dos 5 museus possui um café. Paramos para um lanche rápido dentro da Alte Nationalgalerie. Enquanto folheou livros infantis, Joaquim faturou umas 4 ou 5 madeleines, aqueles bolinhos franceses em forma de conchas que acompanham uma xícara de café. Virou fã. Agora acha que tem madeleine sempre que paramos para um café
Dicas: Se a ideia for se aprofundar um pouco mais sobre acervos e exposições, pergunte na bilheteria sobre audioguias.
Lembre-se de andar com moedas de 1 euro se quiser usar os guarda-volumes dos museus. A moeda é usada para abrir o compartimento. Quando você retira suas coisas, ela é devolvida
Uma pergunta me intrigava: onde ficava aquela parte do Muro de Berlim? Na minha primeira viagem à cidade, em 1992, tirei fotos diante de um segmento da antiga barreira que dividia a cidade em Ocidental e Oriental. Em 2014, quando voltei à Alemanha em família, com Fernando e Joaquim, não encontrei o trecho fotografado 22 anos antes. Mas descobri que os principais pontos turísticos de Berlim visitados atualmente na capital da Alemanha ficam do lado leste da cidade.
Depois de muito pesquisar na internet, já de volta ao Brasil, finalmente descobri que estivemos bem próximos daquele trecho do Muro, pintado em preto e branco com uma contagem de mortos que tentaram atravessar a velha fronteira. Seguia lá, à beira do Rio Spree. Só que encoberto.
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Estive em Berlim em dois momentos depois da queda do Muro: 1992 e 2014. Como era e como é a cidade? Minha sensação ao me deparar com o Muro três anos após a queda e agora? Você fica sabendo aqui: http://abre.ai/muro-de-berlim-queda #comoviaja #alemanha #berlim #muro #murodeberlim #viagem #BLN25YearsLater #germany25reunified
Na reconstrução de uma cidade unida, edifícios foram adicionados ao Reichstag, o prédio do parlamento alemão (Deutscher Bundestag), que ficava na parte ocidental, muito próximo da barreira que foi símbolo da Guerra Fria. Aquele segmento que vi em 1992 foi restaurado para virar o Mauermahnmal (Memorial do Muro).
Na descrição do folheto oficial, ele foi instalado, mantendo seu percurso original, como um corpo estranho que corta a Marie-Elisabeth-Lüders Haus, inaugurada em 2003. Juntamente com 2 outros novos prédios, a construção faz parte do Band des Bundes, espécie de Alameda Federal, tida com um símbolo arquitetônico da Alemanha reunificada.
Trecho do Muro de Berlim aparece no fundo da imagem – Foto: Nathalia Molina @ComoViajaMesma região de Berlim após reunificação da Alemanha – Foto: Günter Steffen/Visit Berlin/Divulgação
Ali ao lado, a Kronprinzenbrücke foi reerguida em 1996, com os indefectíveis traços do espanhol Santiago Calatrava. Destruída pelos bombardeios da Segunda Guerra e esquecida durante o período do Muro, a ponte foi uma das primeiras conexões retomadas entre as porções ocidental e oriental de Berlim.
Para se locomover na cidade, existem cartões que incluem transporte e dão desconto em atrações na capital alemã. Um deles é o EasyCity Pass, com S-Bahn, metrô, ônibus, bonde e trem regional. Já o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dias. Importante: valide seu tíquete antes de embarcar ou a multa será puxada.
Além disso, veja as opções para garantir ingressos e tours em Berlim. Esse link é da GetYoutGuide, parceria do Como Viaja que trabalha vendendo serviços turísticos em diferentes cidades pelo mundo; como é uma empresa alemã, estão disponíveis muitas atividades turísticas na Alemanha. Muitos desses passeios contam a história da cidade e propõem roteiros que visitam o passado alemão.
Pontos turísticos em Berlim Oriental
Um estrangeiro menos atento mal percebe o lado leste (Ost, em alemão) e o oeste (West). Caminhando pela capital alemã, obviamente veem-se marcas da divisão da Alemanha, como nos riscos no chão da então partida Potsdamer Platz. Ali, no espaço antes ocupado pelo Muro, foi realizado no verão de 1990 o simbólico show The Wall – Live in Berlin, com Roger Waters, ex-líder da banda Pink Floyd. Ao longo dos séculos uma das principais praças da cidade, a Potsdamer voltou a esse patamar para a população de Berlim após a queda do Muro.
Potsdamer Platz, praça de Berlim – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Testemunhas daquele tempo estão em vários bairros berlinenses, como a DDR-Grenzwachturm, torre de vigilância da antiga Alemanha Oriental. Originalmente localizada entre o Portão de Brandemburgo e a Leipziger Platz, o modelo BT 6 foi instalado e é aberto à visitação na Erna-Berger-Strasse, rua perto da Leipziger, praça colada à Potsdamer.
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Em setembro de 2015, foi inaugurado na Leipziger Platz o Spy Museum Berlin, para reviver experiências e métodos de infiltração usados em Berlim, chamada de capital dos espiões. Com muita tecnologia (ao menos 200 telas em alta resolução), o museu usa recursos multimídia para transportar os visitantes à atmosfera da espionagem.
Torre de TV, Ilha de Museus e Catedral de Berlim
Apenas para um roteiro histórico focado em Berlim Oriental já sobrariam opções para incluir na viagem. Mas, ainda que seu interesse não seja ver especificamente os traços remanescentes desse passado, é interessante saber que muitas das atrações clássicas que atualmente fazem a festa dos turistas na capital da Alemanha ficam na antiga porção oriental.
São vários os pontos turísticos de Berlim incluídos na lista de indispensáveis, os ‘must-see’ — muitos, como a Catedral de Berlim (Berliner Dom), têm entrada gratuita com o Berlin Pass. No lado leste da cidade, ficam a Alexandreplatz (praça central da metrópole), a Torre de TV de Berlim (garanta ingresso com acesso prioritário), a Ilha de Museus (compre o Berlin WelcomeCard com entrada para Ilha de Museus e transporte público) e a Unter den Linden, alameda que conecta o Portão de Brandemburgo (Brandenburger Tor) à Schlossplatz, praça na Ilha de Museus. A gente mal se dá conta disso.
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Difícil mesmo ver essa linha divisória na metrópole alemã 30 anos depois. Desde que Berlim voltou a ser a capital da Alemanha em 1990, a cidade vem passando por uma extensa e constante reestruturação — as gruas são quase parte do cenário, um desafio para viajantes registrarem imagens sem elas. Completamente renovada, Berlim não é mais uma cidade dividida. Em teoria, já não era em 1992, mas na prática as diferenças visuais eram gritantes.
Pela cidade ainda existiam várias placas de concreto, como aquelas diante das quais me postei, embora o Muro de Berlim já tivesse sido derrubado em diversos trechos, e esse era mesmo o desejo: retomar a vida que se tinha antes da divisão da Alemanha, reatar o que havia sido cortado. Erguido em 1961 pela Alemanha Oriental para isolar Berlim Ocidental, localizada dentro da área comunista, o Muro era a expressão máxima, o símbolo da Guerra Fria.
Com o fim da Segunda Guerra, como aconteceu com o restante do território da Alemanha, Berlim foi dividida entre França, Grã-Bretanha e Estados Unidos (lado oeste) e União Soviética (parte leste). Na cidade em si, havia 4 zonas de ocupação; em relação aos outros 3 países, a União Soviética controlou a maior delas. Deu origem à República Democrática da Alemanha — em alemão, Deutsche Demokratische Republik (DDR). De regime comunista, existiu de 1949 a 1990 e tinha em Berlim Oriental sua capital.
East Side Gallery e Memorial do Muro de Berlim
Há diversos lugares em Berlim dedicados a contar a história da época em que existia a República Democrática da Alemanha, sob vários aspectos: como era o cotidiano na antiga Alemanha Oriental; os sistemas e os órgãos de vigilância e de espionagem; como era viver numa cidade dividida.
Mais longo pedaço do Muro ainda de pé, a East Side Gallery é eternizada em imagens e selfies de turistas. A galeria a céu aberto impressiona com 101 pinturas em 1.316 metros de comprimento. The Wall Museum, museu do Muro, foi inaugurado ali em 2016. A exposição percorre do fim da Segunda Guerra e da consequente construção da barreira física até os acontecimentos dos meses anteriores à queda, em 9 de novembro de 1989.
A barreira entre as 2 Berlins se estendia por um total de 155 km. No Gedenkstätte Berliner Mauer ou Berlin Wall Memorial (Memorial do Muro de Berlim), dá para entender visualmente como a fronteira se estruturava, com 2 paredes e, entre elas, a ‘Faixa da Morte’, espaço onde desertores eram alvo dos soldados da Alemanha Oriental.
Muro de Berlim em memorial – Foto: J. Hohmuth/Berlin Wall Foundation/Divulgação
O memorial na Bernauer Strasse — rua onde as janelas dos prédios foram fechadas por tijolos durante a vigência do Muro — ocupa 1,4 km de comprimento, acompanhando a trajetória da antiga linha da divisa entre Berlim ao oeste e ao leste.
Checkpoint Charlie, Die Mauer e Museu do Muro
Para sentir o clima da cidade partida, uma experiência marcante é Die Mauer ou The Wall (O Muro), panorama criado por Yadegar Asisi. A ambientação na área principal da exposição é tão expressiva que, olhando do alto, pessoas de verdade diante da cena parecem fazer parte delas. Fernando e Joaquim se confundiram com as figuras do painel realista, com 60 m de largura por 15 m de altura.
A exibição Die Mauer está instalada no emblemático Checkpoint Charlie, posto militar na fronteira. Além da foto clássica com o ‘soldado’ americano, da exposição ao ar livre de pedaços do Muro e do panorama realista do artista Asisi, a esquina das ruas Friedrichstrasse com Zimmerstrasse tem muito mais a oferecer.
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Na diagonal da Die Mauer, fica o Mauermuseum, museu do Muro fundado em 1962. No lado oposto da rua, imagens e informações na BlackBox Kalter Krieg, exposição numa caixa preta, abordam a Guerra Fria. Na outra diagonal do cruzamento, um McDonald’s está do ‘lado correto’, a porção antigamente americana.
Na estação Friedrichstrasse, a Stiftung Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland, fundação sobre a história da Alemanha, funciona no Tränenpalast (Palácio de Lágrimas), construção de arquitetura contemporânea, erguida em 1962 em Berlim Oriental. Era um dos pontos para se cruzar para o outro lado da cidade.
Exposição em estação que era ponto de passagem para Alemanha Ocidental – Foto: Axel Thünker/Stiftung Haus der Geschichte/Divulgação
A exposição GrenzErfahrungen. Alltag der deutschen Teilung (Experiências na Fronteira. Vida Cotidiana na Alemanha Dividida) mostra com objetos e depoimentos os efeitos dessa cisão na vida da Alemanha.
A região não tem só atrativos ligados a Berlim dividida. Pertinho de Checkpoint Charlie, fica outro cartão-postal de Berlim que não tem a ver com a era comunista, mas que estava na porção controlada pela Alemanha Oriental: a bela Gendarmenmarkt. A praça de 1688 reúne 2 igrejas do século 18 e 1 sala de concerto do século seguinte, ao redor delas, vários cafés.
Um lugar lindo, mais um motivo, entre tantos descritos até aqui, que me obriga a concordar com a observação de Gerd Wenzel, ex-colega de trabalho do Fernando e alemão de Prenzlauer Berg, distrito no leste de Berlim: “Os russos ficaram com a parte mais bonita da cidade.”
Viagem pela história da Alemanha e do mundo
Muro de Berlim em 1992, apenas 3 anos depois da queda – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Foi a história que me conduziu à Alemanha em minha primeira vez no país (e na Europa) em 1992. A cidade ainda se estruturava após a reunificação da Alemanha, então não havia essa profusão de atrações. Não importava, eu queria ir até lá ver, sentir esse momento de perto. Adolescente da época da Guerra Fria, cresci ouvindo, lendo e vendo (no cinema) passagens sobre a Segunda Guerra, o Muro de Berlim, a Alemanha dividida. Para alguém que se interessava pelo assunto, natural que o país europeu no mínimo despertasse minha curiosidade.
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Mas eu não me programei para ir ao país europeu quando desembarquei em Berlim. Nova York até então era o único destino internacional que eu realmente havia decidido conhecer — antes disso, apenas havia dado um giro com meus pais, aos 5 anos, pela Argentina, pelo Chile e por seus Lagos Andinos. Em 1991, eu tinha 20 anos quando resolvi morar em Nova York. Num desses acasos da vida, no ano seguinte recebi o convite da minha madrinha para visitá-la na Alemanha. Funcionária do Itamaraty, minha tia poderia ter sido transferida para qualquer parte do mundo. E olha como as coisas acontecem na vida: ela foi para Berlim.
Lá estava eu dentro do avião para ver aquela cidade que havia apenas 3 anos tinha deixado de ser partida pelo Muro. Desembarquei e fui encontrar Maria Sylvia. Me lembro de que achei o aeroporto pequeno (em nada comparável à estrutura que vi na viagem à Alemanha em família em 2014, com Fernando e Joaquim). Fomos para a casa dela, um predinho bonito no lado ocidental. As floreiras nas janelas anunciavam que já estávamos na primavera. Era fim de abril, fazia um frio danado, mas a cidade já aguardava a estação pegar de verdade.
Na visita a Berlim em 1992, uma foto minha no Europa Center – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Almoçamos em família, com meu tio e meu primo. Me contaram sobre situações cotidianas, de divertidos tropeços no alemão a observações daquele momento, como a leva de poloneses que iam de carro a Berlim para fazer compras de supermercado (muito mais barato, segundo eles). Depois, caprichosa, minha tia me mostrou vários recortes que havia separado de lugares que queria me mostrar na cidade.
Mais do que parênteses, colchetes: [A internet estava bem no iniciozinho. Portanto, não havia site ou blog para consultar. É preciso lembrar isso porque o mundo mudou tanto em 30 anos que a gente até se esquece que um dia o computador tinha aquela tela preta com escritos em verde. E só. A programação era feita em linguagens como Basic, Pascal e Lotus 1 2 3. Para mim, uma chatice tamanha, provavelmente uma das razões que me fez largar a Faculdade de Informática na Uerj em 1990 — sempre brinco dizendo que a culpa é do Bill Gates, que devia ter inventado o Windows antes; da criação em 1985 à popularidade lá pelo início dos anos 1990, levou um tempão para as janelinhas coloridas chegarem aos computadores dos brasileiros.]
Ampelmann, Trabi e DDR Museum
Assim como não havia informação de viagem online, tampouco eram conhecidos (e até cultuados) pelos turistas Trabi ou Ampelmännchen, 2 figuras que saíram do trânsito da Alemanha Oriental para o mundo do souvenir com força total.
Em 1997, surgiu a Ampelmann, marca com 6 lojas próprias e 1 café, que vende produtos estampados com os bonequinhos verde (‘siga’) e vermelho (‘pare’). Os bonequinhos do farol de Berlim, ampelmännchen, são quase sinônimo de passaporte carimbado na Alemanha.
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O mesmo acontece com o Trabi. Em 1991 foi produzido o último Trabi, o carro da Alemanha Oriental. Atualmente em Berlim, dá para ver e até dirigir um, em tour real pelas ruas, ou virtual no veículo na entrada do DDR Museum.
Ou trazer um Trabi de lembrança, como nós fizemos. Uma simpática maneira de guardar os momentos e a aula de História que tivemos dentro do DDR Museum. Sobre o cotidiano e a história da Alemanha Oriental, o museu está entre nossos programas favoritos na viagem em família de 2014.
Souvenir de Berlim: Trabi de todo jeito na loja do museu sobre a Alemanha Oriental – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Diversos museus na capital alemã contam vários pontos desse período de Berlim dividida. Não apenas os 2 sobre o Muro, o DDR e o Spy, como ainda o Stasi Museum, no velho quartel-general da polícia do regime comunista alemão. O conjunto de 50 edifícios fica no distrito de Lichtenberg, assim como a Frankfurter Allee, alameda com a típica arquitetura da era comunista. Também formavam Berlim Oriental, entre outros distritos, Pankow (com seu agora descolado bairro de Prenzaluer Berg) e Treptow, onde foi erguido o maior memorial soviético, com 100.000 m² e cemitério para 5.000 soldados.
Palácio de Charlottenburg e zoológico de Berlim
Alexanderplatz e a Torre de TV de Berlim, em 1992
Naquela viagem em 1992, até estive do lado oriental. De dia, na Alexanderplatz, ainda hoje umas das principais praças da capital alemã; de noite, em festas underground. No restante do roteiro, o lado ocidental.
Fomos a todas as atrações que minha madrinha destacou, todas mais do que indicadas para uma visita atualmente também. Entre elas, o Charlottenburg Schloss, palácio barroco dos tempos da Prússia, onde voltei com Fernando e Joaquim numa visita deliciosa (olha o clima na foto abaixo).
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Também estavam na lista do lado oeste o zoológico de 1844, mais antigo da Alemanha, que mantém 16.000 animais de cerca de 1.500 espécies; e os bonitos canteiros e estufas do jardim botânico, com cerca de 20.000 tipos de plantas. Tudo absolutamente lindo, e do lado da velha Alemanha Ocidental.
Zoológico de Berlim, na minha visita em 1992
KaDeWe e igreja de Berlim bombardeada
Ainda nessa parte de Berlim, gostei de conhecer a grande e tradicional KaDeWe. O nome completo é Kaufhaus des Westens (numa tradução livre, loja de departamento do oeste), mas ninguém chama assim o estabelecimento de 60.000 m², em funcionamento desde 1907. Mas adorei mesmo foi caminhar sozinha pela agitada Kurfürstendamm, principal avenida da cidade no lado oeste.
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Andar sem rumo e dar de cara com a Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis-Kirche, igreja destruída na Segunda Guerra, cuja torre destroçada foi mantida para abrigar um memorial. Agorinha, ao escrever, me vem viva a imagem daquela tarde.
A igreja ‘quebrada’ de pano de fundo com sua escadaria em primeiro plano. Pelos degraus, em pé e sentados, jovens conversavam num visual punk, com roupas pretas e cabelos coloridos (estamos falando de 27 anos atrás, quando não havia tinta em cores rolando solta nos cabeleireiros, nem muita gente disposta a experimentá-la).
Kurfürstedamm e a igreja bombardeada, em outra foto minha de 1992
Aquele instante suspenso em Berlim era repleto de contexto. Ali a História fazia a diferença. A igreja bombardeada, marca de um país arrasado na Segunda Guerra, que se reerguia e se reunificava depois da queda do Muro. Os jovens, a contestação, a mudança. Aquela cena era Berlim, cidade onde os livros e o futuro se encontram.
A passagem por Berlim me fez recordar de uma das aulas do antigo curso colegial, quando aprendi o princípio de Lavoisier, para quem ‘na Natureza, nada se perde, tudo se transforma’. Aqui, a teoria do pai da Química Moderna é licença poética para resumir como os alemães lidam com heranças e memórias do antigo lado oriental da cidade. Na maioria das vezes eles sabem explorá-las de modo turístico e lucrativo, mas sem deixar de preservar a história.
Ampelmänn, boneco do semáforo de pedestres da antiga Berlim Oriental, virou uma espécie de embaixador informal da cidade unificada, por exemplo. A situação não é muito diferente com o Trabant, o carro símbolo da antiga Alemanha Oriental. Chamado pelo carinhoso apelido Trabi, o veículo virou atração turística. Há um Trabi Safari, passeio de 1h15 para quem quiser dirigir o carro pela capital alemã, o Berlin Trabi Museum (garanta o ingresso) e até o tour de Trabi Limousine.
O último Trabi — apelido carinhoso que o carro recebeu — deixou a linha de montagem em 30 de abril de 1991, quase 1 ano e meio após a queda do Muro de Berlim. Desde então, virou objeto de adoração e nostalgia não só na Alemanha como também em outros países. É possível dirigir o veículo, ainda que virtualmente, até no museu, na entrada do DDR Museum (compre ingresso sem fila), sobre a vida no antigo país comunista.
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Até viajar para Berlim (1ª cidade que visitamos na nossa viagem em família pela Alemanha), o único e escasso Trabant que eu havia visto de perto era o do Flávio Gomes, jornalista e ex-companheiro de trabalho. Colecionador de carros antigos, Flavinho é entusiasta do Trabi, “o veículo mais perfeito já construído pela humanidade”, segundo ele. “Pequeno, econômico, leve, feito de fibra de algodão com resina plástica, que dura até o fim dos tempos”, acrescenta.
Do ponto de vista técnico, o Trabant é um veículo simples, cuja potência do motor equivale à de uma moto de 250 cilindradas. No painel não há mais do que o velocímetro e um botão para acionar o limpador de para-brisa. Politicamente insuspeito (luxo é algo pequeno-burguês) e ecologicamente incorreto (o fumacê que produzia atingia níveis de poluição impensáveis nos dias atuais), o Trabi era um sonho de consumo dos alemães orientais.
Até 10 anos à espera de um Trabi
Nesse caso, sonho não é força de expressão, não. Muitas pessoas esperavam mais de 10 anos para poder comprá-lo porque a velocidade de produção da única fábrica de Trabant do país — em Zwickau, cidade a 300 km de Berlim — não acompanhava a demanda. Ou seja, teve gente que viu o comunismo chegar ao fim antes de guiar seu Trabi.
Vários modelos de Trabi: souvenir do DDR Museum
Quem quer conhecer mais sobre a produção, que chegou a um total de 3 milhões de unidades entre 1958 e 1991, pode ir ao Berlin Trabi Museum (garanta o ingresso), próximo ao Checkpoint Charlie. Foram muitos os exemplares do carrinho na Alemanha Oriental, transformado em todo tipo de veículo. Alguns exemplos são o modelo Panzer (militar), a versão em forma de limosine, o veículo para camping (em que a barraca é montada acima dele) e a Ferratrabi, adaptação inspirada no automóvel italiano.
Tour real e virtual de Trabi em Berlim
Hoje em dia, quem visita Berlim pode se aventurar pelas ruas da capital alemã a bordo de um Trabi, sentindo a emoção de dirigir o veículo. “A experiência de guiar esse carro é única. Poucos veículos representam a história de uma nação como o Trabi. Talvez nenhum”, ressalta Flávio Gomes, que foi buscar seu Trabant de cor Sky Blue diretamente na fonte, em 2009. A bordo de seu Gerd, nome que Flavinho deu à nova aquisição, ele deu um giro pelo Leste Europeu antes de embarcar o carro para o Brasil.
Em Berlim, cruzamos diversas vezes com a carreata puxada pelo guia do Trabi Safari. Atrás dele, modelitos conversíveis, um cor-de-rosa, outro em estilo tigresa passavam por nós deixando um inconfundível cheiro de combustível queimado. O tour passa pelo Portão de Brandemburgo, pela Potsdamer Platz, pela Alexanderplatz e a pela Torre de TV, pela Catedral de Berlim e pela Unter den Linden.
Quanto estivemos no DDR Museum, Nathalia e eu encaramos fila para brincarmos de pilotagem no simulador, que reproduz as ruas e os velhos prédios da Berlim Oriental. Foi como jogar XBox usando joystick de Attari. Eu ao volante e Joaquim de colo-piloto esmerilhamos, fizemos altas manobras — muitas delas sobre as calçadas.
Brincadeiras à parte, guiar um Trabant ou apenas vê-lo de em circulação por Berlim nos ajuda a entender um pouquinho mais sobre o passado da antiga Alemanha Oriental, como resume Flávio Gomes: “Quando você entra num Trabi, visita a história.”
Ficamos rodeados por tubarões. Zebra, lixa, cinza… e outros mais bizarros. Se você tem interesse por essas temidas e instigantes criaturas, o SeaLife tem de estar no seu roteiro em Munique. Nos 33 ambientes, há 4.500 animais de diferentes espécies. Também achei muito forte a parte do aquário que trata de estrelas do mar e cavalos marinhos. Sensacional conhecer tantas variedades de cada um deles.
Nas 3 espécies que citei, além de ver animais de diversos tipos, é possível aprender muito sobre eles. Tanto em explicações nos painéis quanto em atividades interativas. Numa das salas, por exemplo, a parede era dividida em nichos com telas de programas. Ao toque do nosso filho, então com 5 anos, apareceram opções de tubarões para escolher sobre qual ele queria saber de hábitos e características. No nicho ao lado, Joaquim e eu ficamos bobos com a quantidade de dentes que um tubarão troca em vida.
Ficamos surpresos também com o formato de minhoca do tubarão epaulette. Tem uma curiosa mancha preta no corpo, que dá a impressão de um olho negro no meio daquela tripinha te olhando.
Num canto de outro ambiente do SeaLife, pinturas representam vários tipos de tubarões, com seus comprimentos. Nosso pequenino menino estava da altura do mais baixinho da turma feroz. Hoje arrisco dizer que ficaria lá pelo 3º ou 4º entre os menores.
Já cresceu bem na régua dos tubarões
Os tubarões são definitivamente o destaque do aquário, que informa ter a maior variedade de tipos na Alemanha. Até o pré histórico de Port Jackson está lá. Aliás, assim como o SeaLife Berlim, a unidade de Munique inaugurou a exposição Saurier der Meere (Mares Jurássicos, numa tradução livre), com descendentes de animais extintos, como o listrado náutilo (que lembra um esquisito caracol enroscado) e o mudskipper (que pode respirar fora da água).
Descobertas no aquário em Munique
Registrei em vídeo o rápido nado do tubarão blacktip (galha preta). Muito legal, aliás, esse tanque com espécies oceânicas. A visão do alto dá a noção do tamanho da área que abriga 400.000 l de água. Adorei ver ali também as tartarugas marinhas, espécie de xodó meu dentro do universo subaquático. A visão de baixo do tanque, dentro de um túnel panorâmico, rende muitas bocas abertas e lindas fotos. Nos fins de semana, em certos horários, dá para ver mergulhadores limpando o tanque e alimentando as duas espécies.
De cara com o polvo e a moreia
Em Munique achamos o polvo! E também a medonha moreia, enfiada dentro de uma rocha. Diante da cena de sua boca abrindo e fechando levemente, é assustador imaginar o tamanho e as arcadas que aquela mordida por tomar. Protegidos pelo vidro, Quim e eu fizemos muitas caretas para a selfie. Durante nossa ida à unidade de Berlim, ficamos a ver navios porque o polvo não quis saber de receber visita. Em Munique, Quim pirou com o movimento quase gelatinoso do ser de sangue azul e 3 corações.
Em Munique, vimos o polvo
Já tínhamos visto o SeaLife Berlim quando chegamos ao Parque Olímpico (Olympiapark) para visitar a unidade de Munique — Fernando foi ao Estádio Olímpico (Olympiastadion), ali pertinho. O aquário de Munique é uma das atrações que funcionam no complexo onde foram realizadas as Olimpíadas de 1972. Há 9 unidades alemãs do SeaLife. Nós visitamos 3 durante nossa viagem à Alemanha com criança: Berlim, Munique e Legoland Atlantis by SeaLife (atração dentro do parque Legoland Alemanha, localizado em Günzburg, também na Baviera.
Parque Olímpico de Munique tem várias atrações, entre elas, o SeaLife
Confesso que tive medo de o passeio em Munique ser chato — seria a mesma coisa de Berlim? Me surpreendi. A experiência no SeaLife tem semelhanças entre as 2 unidades: as crianças recebem na entrada máscara de mergulhador de papel e um livreto para carimbarem conforme passam pelas salas do aquário; no tanque interativo o monitor do SeaLife permite aos visitantes tocarem em estrelas do mar e caranguejos; ambientes mostram peixes típicos dos rios da região (no caso de Munique, especialmente o Isar); uma parede com iluminação colorida também exibe o movimento das águas vivas; há placas e painéis explicativos espalhados pelos ambientes; e alguns dos animais se repetem mesmo. Por exemplo, o laranja peixe palhaço e o azul cirurgião patela, simpáticos peixinhos que fazem sucesso com as crianças menores por terem inspirado Nemo, Marlin e Dory, protagonistas do filme Procurando Nemo.
Com máscara de mergulhador, Joaquim observa peixes de rios da regiãoCarimbo a cada estação cumprida pela criançaParade com o balé das águas vivas
De cardume ensaiado a cavalos marinhos
Mas até mesmo nas áreas parecidas há diferenças. Em Munique, o Schwarmring — sala redonda onde o cardume (‘schwarm’) nada no alto em círculo (‘ring’) — tem plaquetas com os sinais mais usados pelos mergulhadores para se comunicar embaixo d’água. Divertido e informativo. Assim como os espaços dedicados às estrelas-do-mar e aos cavalos-marinhos. Nas placas, aprendemos o tanto de tipo que existe de cada um deles. Algumas explicações estavam apenas em alemão, mas havia informação suficiente em inglês para se entreter.
Sinais de mergulhadores
No caso das estrelas, deu até para tocar em materiais para sentir a textura de 3 variedades. De mentirinha. As de verdade, com várias delas grudadas nas paredes de pedras dos tanques, criavam um cenário pontilhado por cores vivas. Em alguns deles, dava para enfiar a cabeça por baixo para se sentir entre estrelas.
Nosso peixinho entre as estrelas
Especial também foi apreciar os cavalos marinhos, de várias cores. O SeaLife tem um programa de reprodução desses delicados seres. Com o rabo enroscado em plantinhas, balançam levemente ao sabor do movimento da água.
A beleza do cavalo marinho
Saímos do SeaLife Munique com muitas imagens memoráveis. Como esquecer do azul intenso deste peixe lindamente horrendo? E da variedade de tubarões a que fomos apresentados? Ou das bonitas formas que a natureza pode tomar em águas-vivas, cardumes, cavalos-marinhos e estrelas? Depois dessa dose de maravilha animal, seguimos explorando as belezas construídas pelo homem na capital da Baviera.
Transporte: O aquário fica bem no Parque Olímpico de Munique (Olympiapark), de fácil acesso de metrô (U-Bahn). Pegue a linha U3 e desça na estação Olympiazentrum. Mesmo com criança, a caminhada não dura 10 minutos, e há sinalização no caminho.
Horário: Diariamente, abre às 10 horas. O horário de encerramento varia de acordo com a época do ano. Até 29 de abril de 2016 e de 13 de setembro a 28 de outubro, fecha às 18 horas. Durante o verão europeu e em feriados bancários ou bávaros, funciona até as 19 horas. Sempre o limite para entrar no SeaLife é 1 horas antes do encerramento
Preço: € 18,50 euros (online sai por € 12,95).
Alimentação: Não é permitido comer dentro do aquário, mas você pode levar seu lanche para comer no terraço ou numa área coberta para piquenique.
Confira uma lista de museus na Alemanha com atividades para criança. Visitamos vários em diversas cidades e contamos como eles são. Alguns são dedicados aos pequenos, outros mantêm áreas lúdicas ou interativas
Sobram museus na Alemanha, e igualmente não faltam possibilidades de se levar crianças para aprender e se divertir neles. A dica é escolher a área de interesse e explorar, já que uma viagem nunca será suficiente para englobar tudo. Em nosso roteiro, priorizamos assuntos como comunicação e tecnologia. Além da vocação do país para máquinas e aparatos tecnológicos, apostamos que os acervos interessariam tanto a nós, os pais, quanto ao filho, Joaquim, então com 5 anos. Acertamos, máquinas e afins agradaram aos três.
Outro tipo de instituição que ficamos curiosos em conhecer foi o Kindermuseum, museu das crianças. Adoramos a ideia. Seria tão bacana se no Brasil tivéssemos algo parecido. As 5 cidades que visitamos na nossa viagem em família pela Alemanha têm seu Kindermuseum. Eles não expõem necessariamente experimentos da ciência ou temas que a meninada estuda no colégio. São lugares dedicados a formar futuros frequentadores de museus. Com formatos e estruturas diferentes, proporcionam a garotada aprender experimentando e, assim, se sentirem à vontade dentro de um museu.
ATIVIDADE INFANTIL NO MUSEU DA COMUNICAÇÃO, EM FRANKFURT — Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
Também vimos crianças em instituições focadas em arte e cultura, com pais ou professores. E nós levamos Joaquim para conhecer, por exemplo, as esculturas da Antiguidade Clássica e o majestoso altar do Pergamonmuseum, que guarda ainda belos painéis e artefatos islâmicos em Berlim. Mas não incluímos essas instituições tradicionais na lista abaixo, tampouco os completos museus de carro existentes na Alemanha — no da Mercedes, além de veículos, descobrimos a história do automóvel.
Aqui selecionamos lugares que mexem com o lado lúdico ou criativo da meninada. Reunimos 13 museus para começar. Mas esta lista pode crescer. Se descobrirmos novos programas ou instituições indicados para a garotada, vamos incluir a seguir. Veja só o que separamos para você levar a criança para dentro do museu na Alemanha:
1, 2, 3 | MUSEUM FÜR KOMMUNIKATION (MUSEU DA COMUNICAÇÃO, EM BERLIM, FRANKFURT E NUREMBERG) Levar uma criança a um museu da comunicação é mais ou menos como apresentá-la aos dinossauros de um acervo de história natural. Muito do que ela verá deixou de existir faz tempo, mas nunca é demais saber de onde evoluímos. Na Alemanha, a Fundação de Museus de Correios e Telecomunicações mantém 3 instituições nas cidades de Berlim, Nuremberg e Frankfurt. O museu na capital alemã ficava quase em frente ao nosso hotel. Na chegada, Joaquim levou um susto ao ser saudado por 1 dos 3 simpáticos robôs que circulam pelo átrio. Lúdicas, as atrações das galerias interativas fizeram sucesso com nosso filho.
Em Nuremberg, o Museum für Kommunikation compartilha o prédio com o Deutsche Bahn Museum, museu de trens na cidade. Antes de conhecer o Kibala, a área infantil com o universo das ferrovias, Joaquim usou um telefone de disco para uma rápida conversa com o pai — acho curioso e pesado experimentar essa forma de comunicação. Apesar de vivermos a era da internet — e uma exposição discutir nosso papel como consumidores e produtores de conteúdo na grande rede –, brincar de apresentador de televisão, gravar seu programa em um estúdio e enviá-lo por e-mail ainda pode ser bem interessante para crianças.
Assim como na unidade de Nuremberg, também havia um correio pneumático no museu da comunicação de Frankfurt, no setor reservado à atividade infantil com monitores da instituição. Joaquim achou o máximo o sistema que transporta mensagens por uma rede de tubos. Ele escreveu um bilhete e enviou por um buraco, viu a cápsula com seu escrito viajar pelo espaço e foi encontrá-la em outro ponto do sala. Quim ainda usou uma pena para escrever seu nome em um cartão, enquanto nós, os jornalistas, voltamos ao passado que não vivemos e usamos tipos móveis para imprimir nossa marca, Como Viaja.
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Funcionamento: Berlim: Quarta a sexta, das 9 às 17 horas — terça, até as 20 horas; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas / Frankfurt: Terça a sexta, das 9 às 18 horas — sábado, domingo e feriado, das 11 às 19 horas / Nuremberg: Terça a sexta, das 9 às 17 horas — sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas
Preço: Berlim: 4 euros — menores de 18 anos, grátis / Frankfurt: 3 euros — entre 6 e 16 anos, 1,50 euro; até 5 anos, grátis / Nuremberg: 5 euros — entre 6 e 17 anos, 2,50 euros; até 5 anos, grátis; bilhete familiar, 10 euros
4 | LABYRINTH KINDERMUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM BERLIM)
Na base da brincadeira, as crianças assumem o papel de construtores, arquitetos e urbanistas e transformam o pedaço de cidade instalada dentro do museu. Essa é a proposta da exposição Platz da! Kinder machen Stadt (algo como Abram caminho! As crianças fazem a cidade), prorrogada até 18 de abril de 2017. No Labyrinth, um tema é escolhido para ser explorado pelas crianças de modo nada contemplativo, mais sensorial. Nesse ambiente de ‘aprender fazendo’ multidisciplinar, meninos e meninas entre 3 e 12 anos descobrem o mundo ao seu redor. Estações são montadas para explorar diferentes aspectos de um mesmo assunto.
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Funcionamento: Sábado e domingo, das 11 às 18 horas — sexta, a partir das 13 horas
Preço: 5,50 (adultos e crianças a partir de 2 anos) — às sextas, a entrada custa 1 euro a menos; bilhete familiar (2 adultos e até 4 crianças), 16 euros
5 | DEUTSCHES TECHNIKMUSEUM (MUSEU DA TECNOLOGIA, EM BERLIM)
O bombardeiro suspenso no alto do prédio é um símbolo do Museu Alemão de Tecnologia. Só mesmo a ciência e a técnica para fazerem um avião parecer flutuar sobre o que já foi uma grande área industrial de Berlim.
O moderno edifício de 5 andares concentra velhos e novos conceitos de tecnologia, do tear ao computador. Há exemplares valiosos de aeronaves que repassam, de modo cronológico, os 200 anos de história da aviação alemã. Tecnologia aeroespacial, escrita e impressão, transporte e navegação, cada área possui um rico acervo e muito conhecimento a ser adquirido em forma de atividades interativas. No setor de ferrovia, até estações de trem são reconstituídas.
Não tente encarar os 25.000 m² de exposições. Se a criança gostar mais de aviões, carros e barcos não existe razão para circular por toda a ala de engenharia química e farmacêutica. Como o dia de visita pode ser puxado, vale comer no Café Anhalt, localizado no térreo, e que tem um bom apflestrudel com sorvete de baunilha.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9 às 17h30; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas
Preço: 8 euros, adultos — menores de 6 anos, grátis; bilhete familiar (1 adulto e 2 menores de 17 anos, 9 euros) ou (2 adultos e 3 menores de 17 anos, 17 euros)
6 | MUSEUM FÜR NATURKUNDE (MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, EM BERLIM)
Os mineirais, os fósseis, os animais, todos os itens expostos no museu são resultado de muita pesquisa e investigação, fazendo com que o acervo seja permanentemente atualizado. Resultado de uma expedição feita no atual território da Tanzânia, na África, 250 toneladas de ossos de dinossauros foram encontradas e mandadas para Berlim, desde o início do século 20. Reorganizados, eles ajudaram a compor a maior parte do acervo de animais pré-históricos do museu. Destaque para o Braqueosauro exposto no centro do espaço Evolução em Ação. Com 13 metros e 27 centímetros de altura, trata-se do maior esqueleto de dinossauro montado no mundo.
Quem for ao museu pode ver de perto também um exemplar de Tiranossauro Rex, cuja ossada foi achada durante escavações feitas em Montana, nos Estados Unidos. O esqueleto está temporariamente emprestado para fins de estudo e pesquisa.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9h30 às 18 horas — sábado e domingo, a partir das 10 horas
Preço: 8 euros — criança entre 6 e 14 anos, 5 euros; até 5 anos, grátis; ticket de família (2 adultos e até 3 crianças abaixo de 14 anos); 15 euros; bilhete para família pequena (1 adulto e até 2 crianças abaixo de 14 anos), 9 euros
7 | DEUTSCHES MUSEUM (MUSEU DE TECNOLOGIA, EM MUNIQUE)
Nem um dia inteiro será suficiente para ver tudo o que se encontra no museu, um dos maiores do mundo em matéria de tecnologia e ciência natural. Para se ter ideia, algumas alas estão fechadas para modernização (a reabertura total está prevista para 2019) , mas ainda assim é possível visitar setores interessantes, como os de transporte, computação e astronomia.
Território exclusivamente dedicado às crianças, o Kinderreinch fez a alegria de Joaquim durante nossa visita. O reino da garotada no Deutsches Museum também passa por revitalização e volta a funcionar em 4 de junho de 2016.
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Funcionamento: Diariamente, das 9 às 17 horas
Preço: 11 euros, adultos — menores de 6 anos, grátis; bilhete família (2 adultos com menores até 15 anos), 23 euros
8 | FB BAYERN ERLEBNISWELT (MUSEU DO BAYERN, EM MUNIQUE)
Recomendado à geração Playstation, o museu do Bayern de Munique tem acervo que inclui todos os troféus conquistados pelo maior campeão do futebol alemão e mais uma parte digital com informações sobre jogos históricos, ídolos e estatísticas do clube fundado em 1900. Há atividades interativas para crianças e adultos. Joaquim, que não era fã de futebol, virou torcedor do Bayern depois de nossa visita ao museu.
O espaço está instalado no nível 3 da Allianz Arena, estádio onde o clube bávaro joga e pelo qual também fizemos o tour. Como fica distante do centro de Munique, vale a pena combinar os dois programas. Nós passamos um ótimo dia por lá.
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Funcionamento: Diariamente, das 10 às 18 horas (em dias de jogos do Bayern, só quem tem ingresso pode visitar o museu, que fecha quando o Munique 1860 joga na Allianz Arena)
Preço: 12 euros — maiores de 14 anos; crianças entre 6 e 13 anos, 6 euros — menores de 5 anos, grátis
9 | SPIELZEUGMUSEUM (MUSEU DE BRINQUEDOS, EM MUNIQUE)
O tamanho diminuto parece adequado para um espaço que pretende expor brinquedos. O Spielzeugmuseum, em Munique, está instalado na torre do prédio medieval da antiga prefeitura da cidade (Altes Rathaus). Naquela ponta que se vê no canto da praça central de Munique, a cada andar uma salinha expõe a coleção do museu. É um programa rapidinho, que pode ser feito numa das muitas passadinhas que se dá pela Marienplatz quando se visita a capital da Baviera.
Na visita, sobe-se de elevador até o 5º andar, para ir descendo depois. Uma estreita escada em caracol liga os pisos com brinquedos (são 4; um deles é fechado ao público) que inspiram ter muita história. As vitrines não têm cara de showroom de fabricante.
A graça do Spielzeugmuseum está justamente na simplicidade. O acervo está mais para uma coleção de fato. Como se a vovó tivesse juntado os brinquedos de sua mãe, os seus e os das gerações futuras até chegar às atuais. A exposição inclui de artefatos do século 19 até exemplares mais modernos como bonecas e robôs. Antes do lançamento mundial recente da Barbie em várias silhuetas, foi curioso ver que a boneca também existia com cabelos ruivos ou escuros quando lançada.
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Funcionamento: Diariamente, das 10 horas às 17h30
Preço: 4 euros — criança de 4 a 15 anos, 1 euro; ticket de família (com filhos de até 15 anos), 8 euros
10 | KINDER MUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM FRANKFURT)
Coleção de figurinha, de boneca, de dinossauro, de bolinha, de adesivo, de lápis de cor. Criança junta tudo. Adulto também, só muda o objeto de desejo. Alguns inventam de expandir isso e chegam a uma coleçãozona, a essência de um museu. Quando visitamos o Kinder Museum Frankfurt, vimos a exibição Sammelfieber — Von den Dingen und Ihrer Geschichte (algo como A Febre de Colecionar — Das Coisas e Sua História), que mostrava exatamente isso: como surgem e são feitas as coleções. Nosso filho montou a dele, com objetos disponíveis no programa interativo da exibição.
Parte do Historisches Museum Frankfurt, o museu histórico da cidade, o Kinder Museum foi aberto em 1972, com o objetivo de aproximar as crianças do universo dos museus, para formar o público do futuro. Quando pagamos as entradas, Joaquim recebeu um papelzinho com ‘tarefas’ para ir seguindo as partes visitadas na exposição sobre coleções. Ele curtiu ainda a sala com máquinas de escrever e outra com jogos de computador simulando restaurações em obras de arte.
Pequenino, o museu é um programa tranquilo de fazer com crianças, pelo tamanho e pelo fácil acesso. Fica num ponto mais do que central da cidade, o Hauptwache. A estação de mesmo nome é o entroncamento das várias linhas de transporte de Frankfurt. Nós chegamos mesmo caminhando. O museu fica escondidinho no nível abaixo da praça, no mezzanino. Dá para comer sanduíches com as famosas salsichas alemãs no quiosque em frente à entrada. Nós aprovamos a dobradinha.
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Funcionamento: Terça a domingo, das 10 às 18 horas — durante as férias escolares alemãs, pode abrir também às segundas
11 | DEUTSCHE BAHN MUSEUM (MUSEU DO TREM, EM NUREMBERG)
Os mais de 180 anos de história da ferrovia na Alemanha são contados a partir de objetos e trens expostos — das velhas locomotivas a vapor aos modernos modelos de alta velocidade.
Com 500 metros de trilhos e 30 miniaturas elétricas controladas por um funcionário do museu, uma grande maquete ganhou a atenção de Joaquim durante nossa visita a esse museu em Nuremberg. Para as crianças, há ainda o Kibala, área totalmente interativa e que inclui passeio a bordo de um trenzinho pelos quase 1.000m² do lugar.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9 às 17 horas — nos fins de semana e feriados, das 10 às 18 horas
Preço: 10 euros (quem tiver ticket de trem ou metrô do dia paga só 4 euros) – entre 6 e 17 anos, 2,5 euros; até 5 anos, grátis; bilhete familiar (2 adultos e até 4 crianças), 4 euros
12 | SPIELZEUGMUSEUM (MUSEU DE BRINQUEDOS, EM NUREMBERG)
A relação de Nuremberg com a fabricação de brinquedos vem desde a Idade Média. A produção industrial local ganhou tanta importância no século 19 que a cidade virou referência mundial em matéria de brinquedo — a mais importante feira internacional do gênero é realizada, anualmente, desde 1950, e o museu reflete a evolução da sociedade a partir destes objetos.
Aberto em 1971, o Spielzeugmuseum agrada à família inteira. Antigos passatempos de madeira, bonecas e suas casas ricamente decoradas, brinquedos mecânicos e miniaturas estão em exposição pelos 4 andares do casarão de fachada renascentista. No verão, a brincadeira se espalha pelo quintal onde funciona o Café La Kritz.
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Funcionamento: De terça a sexta, das 10 às 17 horas (sábados e domingos, até 18 horas; durante a feira internacional de brinquedos, até 20 horas)
Preço: 5 euros (adulto); 5,50 euros (1 adulto e 3 menores de 18 anos) ou 10,50 euros (2 adultos e 3 menores de 18 anos)
13 | JUNGES SHCLOSS — KINDERMUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM STUTTGART)
Joaquim já havia experimentado um capacete de cavaleiro medieval e um chapéu de camponês no Landesmuseum Würtemberg, museu sobre história e cultura em Stuttgart. Quando visitamos o Junges Schloss, museu infantil instalado na mesma construção, o antigo castelo (Alten Schloss), ele subiu de vez na vida: botou não apenas a coroa, mas a roupa toda de rei.
Chamado também de Kindermuseum (a esta altura, se você não sabe alemão como nós, já deve imaginar que se trata do museu das crianças), o setor é dedicado a exposições temporárias voltadas para a garotada. Achamos esse conceito muito interessante porque a meninada tem sempre algo novo para aprender por lá.
As atividades são pensadas para envolver as crianças no tema proposto. Até 26 de junho de 2016, por exemplo, está em cartaz Römische Baustelle! Eine Stadt entsteh (numa tradução livre, Canteiro de Obras Romano! Uma Cidade Criada). Durante nossa visita, Quim participou de tudo que envolvia a exposição sobre a Rússia — diversas princesas de lá se casaram com nobres de Württemberg, trazendo influências e costumes de sua origem para a região no sul da Alemanha.
Nosso filho escreveu no quadro-negro usando o alfabeto cirílico, viu de dentro de uma carruagem um filme com a paisagem que a nobre teria apreciado em sua viagem a partir da Rússia, montou quebra-cabeças com o mapa do roteiro percorrido, desenhou padronagens tipicamente russas em colheres de madeira. E ainda teve disposição para brincar de jogo da memória com uma das monitoras.
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Funcionamento: Terça a domingo, das 10 às 17 horas
Preço: 3,50 euros — crianças entre 4 e 12 anos, 2 euros; até 3 anos, grátis; ticket de família (2 adultos e 2 crianças de 4 a 12 anos), 9 euros; bilhete de família pequena (1 adulto + 1 criança entre 4 e 12 anos), 5,50 euros