Cabral nem tinha dado com os burros nas águas brasileiras, e o Zum Gulden Stern já servia salsichas em Nuremberg. Fundado em 1419, o restaurante prepara e serve a legítima Nürnberger Rostbratwurst.
Assim que chegamos à cidade alemã fomos almoçar no Zum Gulden Stern, a convite do Turismo de Nuremberg. Foi uma ótima recepção, tanto pela qualidade da comida quanto pelo aspecto histórico do lugar. Depois, ao longo dos dias, comemos a salsicha de Nuremberg também na versão drei im weggla, sanduíche de rua.
Logo na chegada ao Zum Gulden Stern, a arquitetura se destaca. A casinha é linda. Nem parece que teve de ser reerguida após a Segunda Guerra, assim como quase todo o centro histórico de Nuremberg – 90% foi destruído com os bombardeios. Por dentro, também mantém o clima de Idade Média, com muita madeira e pedra na decoração.
NA BRASA
Dá para ver as salsichas sendo feitas na grelha sobre o fogo. O restaurante não cozinha ou frita nada previamente. O calor da chama prepara a salsicha e deixa a casquinha crocante, uma delícia!
O Zum Gulden Stern batizou a salsicha de Nuremberg de ‘röstla’. Como rost significa ‘grelhar’ em alemão e esse é o modo tradicional de preparo, o restaurante resolveu chamar assim. A salsicha ainda é fabricada lá mesmo, seguindo a receita original dos velhos tempos. Daí esse tipo de restaurante ser chamado de Bratwursthaus, algo como ‘casa que faz Bratwurst, a salsicha de Nuremberg’.
Pedimos a porção com 6 röstlas (7,20 euros). O Zum Gulden Stern oferece ainda a opção de 8 salsichas (a 8,90 euros), 10 (por 10,60 euros) ou 12 (a 12,30 euros).
A salada de batatas estava deliciosa. Huumm… Os pedacinhos desmanchavam. Não faltou o chucrute (em alemão, sauerkraut). Os dois acompanhamentos custam 2,10 euros cada e são feitos por produtores locais. O restaurante prestigia os fazendeiros da região de Nuremberg, comprando legumes e verduras.
COZIDA COM VINHO
Também é possível pedir a salsicha cozida, chamada de saure zipfel (em português, algo como ‘fim azedinho’). Preparada lentamente com água, vinagre, cebola, vinho e especiarias, essa genuína versão tem sabor acentuado. Se come acrescentando mostarda amarela. Fica bem interessante.
Paladares mais ortodoxos provavelmente vão gostar da salsicha na brasa. Nós achamos a grelhada mais gostosa, mas aprovamos as duas maneiras.
Para comer como um local em Nuremberg, na Baviera, procure uma das várias barraquinhas espalhadas pelo centro histórico da cidade da Alemanha ou um restaurante histórico de salsichas (nós fomos ao Zum Gulden Stern). Nas ruas, as barraquinhas vendem um delicioso sanduíche feito com salsicha: o drei im weggla. Significa algo como ‘três no pão’ – drei é ‘três’ em alemão. O trio do sanduíche é de Rostbratwurst, salsicha típica de Nuremberg.
Eu já tinha provado o drei in weggla em 2011, quando estive na feira de Natal da cidade, a mais famosa da Alemanha. Agora em 2014 fiz questão de voltar com meu marido, Fernando, e nosso filho, Joaquim, à mesma barraquinha da praça central de Nuremberg. Queria dividir com eles o prazer e a lembrança daquele momento especial. Não sabia se ela estaria lá porque não havia feira de Natal – era abril. Mas estava!
Essa barraquinha fica no lado da praça oposto à igreja, bem em frente ao supermercado local. O drei in weggla custa 3 euros, preço médio cobrado pelas outras vistas nas praças e ruas de pedestre do centro histórico.
Primeiro, comi do modo tradicional, com chucrute. A moça abre o pão, põe três salsichas (no plural, Bratwürste) e, sobre elas, o preparo de repolho. Quem não curte pode pedir sem. A mostarda fica lá para se servir à vontade.
No repeteco, fiquei só no pãozinho com Rostbratwurst porque sabia que teria um sócio. Não é que Joaquim espichou o olho assim que viu nosso drei im weggla?
O Museu Porsche, em Stuttgart, na Alemanha, fica colado à estação de trem e oferece um bom desconto na compra do ingresso até 2020. Veja como foi nossa visita a esse santuário da esportividade na terra do automóvel
ATUALIZADO EM 15 DE DEZEMBRO DE 2017
Você salta do trem e, da plataforma, escuta o berro grave de um motor que rasga a aparente tranquilidade daquela região. Um som uniforme, de respeito, um alerta para que você tenha a exata noção de onde foi parar. Você identifica um vulto azul como responsável por aquela ruidosa saudação de boas-vindas.
Em frente à estação um prédio futurista parece flutuar. Você está a poucos metros do Museu Porsche, em Stuttgart, na Alemanha. Da saída da Neuwirtshaus não são necessários mais do que dois minutos de caminhada para se alcançar a entrada desse santuário da esportividade.
Como é o Museu Porsche
O clima é de devoção. Pelo menos foi a impressão que eu, sujeito não aficionado por carros, tive quando visitei os mais de 5.000 metros quadrados do acervo, que reúne 80 exemplares.
Diante de cada modelo em exposição, homens feitos parecem crianças em frente a uma vitrine de brinquedos. Máquinas profissionais ou celulares à mão, fotografam cada ângulo daqueles automóveis. Procuram um clique diferente, inédito, revelador. Nem um motor exposto escapa da sanha das lentes. Perdoai-vos, senhor! Eles são adoradores de Porsche.
O que fazer no Museu Porsche
Percorre-se o museu em pouco mais uma hora se você não for do tipo que lê cada explicação contida nas placas ao lado dos carros. Notei que a turma do flash quase não fez isso. Provavelmente sabem tudo sobre a história daquelas máquinas. Já meu conhecimento sobre Porsches vem do cinema. A propósito, nunca vi um desses carros estacionados ou guiados abaixo da linha dos 120 por hora nos filmes.
Minto. Sally, a charmosa Porsche Carrera do filme Carros não demonstra pressa na maior parte das cenas da animação produzida em parceria pela Pixar-Disney. E foi calmamente que Sally chegou a Stuttgart, em fevereiro de 2014, e permaneceu em exposição por três meses, para alegria do meu filho, Joaquim, fã da animação. Era parte das mostras especiais criadas pelo museu, maneira encontrada pela Porsche para mostrar seu espírito inquieto, de constante renovação.
Em 2018, a montadora comemora os 70 anos da criação do primeiro carro esporte batizado com a marca Porsche, o 356 Roadster. A exposição especial 70 Years Porsche Sportscars será aberta em 9 de junho.
Tive a sorte de ver em cartaz a mostra 24 horas para a Eternidade, dedicada a contar a história da Porsche nas 24 horas de Le Mans, tradicional corrida de resistência disputada na França desde 1923. A exposição marcava o retorno da montadora de Stuttgart à prova depois de 15 anos. Dispostos como se estivessem em uma pista, mais de 20 carros ajudavam a repassar a participação da Porsche na prova, da qual é recordista com 19 títulos.
Naquele fim de semana da corrida, o museu ficou aberto pela primeira vez de forma ininterrupta, das 9 horas da manhã de sábado às 6 da manhã do domingo. Fãs puderam assistir à prova em monitores dentro e fora do prédio. A entrada no fim de semana especial foi gratuita.
A primeira vitória da montadora em Le Mans ocorreu em 1970, mesmo ano em que foi produzido filme homônimo, estrelado por Steve McQueen, notório fã de automobilismo. O ator norte-americano tinha intenção de disputar a corrida para valer ao lado do piloto Jackie Stewart, mas McQueen apenas conduziu o modelo 908, equipado com câmeras que captaram cenas da corrida. Lançado no ano seguinte, o filme não fez sucesso.
Em 1979, o também ator Paul Newman conseguiu um 2º lugar guiando um Porsche 935 na categoria que reunia pilotos profissionais e amadores. Amante da velocidade, Newman montaria sua própria escuderia anos mais tarde, mais especificamente na Fórmula Indy.
O primeiro carro
O nascimento de um mito como Porsche poderia perfeitamente estar nas telas do cinema. Conceitos de velocidade, potência e design sempre estiveram entre os desafios a serem vencidos pelo fundador da marca, Ferdinand Porsche. Austríaco nascido numa cidade que hoje faz parte da atual República Tcheca, ele esteve envolvido com inúmeros projetos da Daimler, empresa que daria origem à Mercedes-Benz, em 1929. Dois anos mais tarde, Porsche abriria seu próprio escritório de engenharia, com uma equipe que incluía seu filho, Ferdinand Anton Porsche, ou Ferry, como ficou conhecido.
O velho Ferdinand foi o homem que deu vida ao Fusca, veículo popularizado na Alemanha de Hitler. De suas pranchetas nasceram também duas máquinas de guerra: os tanques Tiger e Elefant.
Por sua ligação com os nazistas, Ferdinand Porsche terminou preso na França ao fim da Segunda Guerra. Nos quase dois anos em que esteve detido, Ferry foi quem levou adiante a fábrica em ritmo quase artesanal, e criou em 1948 o primeiro carro identificado com o nome Porsche: o 356, modelo nascido a partir de conceitos do Fusca, como o motor traseiro, por exemplo.
Produzido até meados dos anos 1960, o carro ainda não era veloz e potente como seu sucessor, o 911, lançado no Salão do Automóvel de Frankfurt, em 1963.
De lá para cá, o modelo 911 passou por evoluções. Concebido para corridas, o Carrera foi criado nos anos 1970. Virou um mito. O som de seu motor é rouco e alto, com um chiado ao fundo que lembra um assobio, como quem convoca alguém a dar uma volta. Num dos vários pontos interativos do museu, é possível ouvir o motor do 911 e de outros modelos pisando abaixo de círculos com áudio.
Outro momento interativo que faz sucesso é a possibilidade de entrar num Porsche.
Em Carros, Sally Carrera convida o protagonista Relâmpago MacQueen, um promissor e veloz carro de corrida, a dar uma volta pela Rota 66. Antes de deixá-lo comendo poeira na lendária rodovia dos Estados Unidos, a simpática personagem usa uma frase que poderia servir de provocação para quem ficou com vontade de visitar o Museu da Porsche em Stuttgart: ‘E aí, você vem ou não vem?’
Transporte: O museu fica ao lado da estação Neuwirtshaus (Porscheplatz). A linha que leva até lá é a S6, no sentido Weil der Stadt — fique atento pois também servem os trens com o letreiro escrito Leonberg ou Renningen, estações anteriores ao ponto final, mas posteriores à parada do museu. Da Hauptbanhof (estação central), são apenas quatro estações, nem 20 minutos de trajeto
Funcionamento: De terça a domingo, das 9 às 18 horas
Preço: adultos, 8 euros; crianças até 14 anos, 4 euros (menor de 14 anos, grátis, desde que acompanhado por um adulto). Até 30 de junho de 2020, quem visitar o Museu Porsche terá desconto de 25% na compra do ingresso para o Museu Mercedes, em Stuttgart, na Alemanha
Alimentação: Há um café e um restaurante no museu (não comemos por lá)
Compras: Na loja, miniaturas, camisetas, pôsteres e livros estão à venda. É legal a vitrine com carrinhos entre as listras
Dicas: Na entrada do museu, ventava muito em abril. Há armários para guardar mochilas, casacos ou bolsas. Tenha moeda de 1 euro para encaixar atrás da fechadura e destravar a chave. Ela pode ser retirada de volta na saída
Quando e onde os bonecos Playmobil tiveram origem, recorde de vendas, temas do brinquedo, novidades previstas: leia 7 curiosidades. Conheça também a evolução das figuras e as novidades para 2017
ATUALIZADO EM 9 DE ABRIL DE 2017
Nós estivemos no Playmobil FunPark, na cidade alemã de Zindorf, e nos divertimos muito em família. Por isso, recomendamos o parque do Playmobil na Alemanha para um passeio pertinho de Nuremberg com crianças. Mas se prepare para resistir às compras. Foi impossível não passar na lojinha no fim do passeio e trazer uns sets para casa. Desde então, os bonecos estão entre os brinquedos preferidos do nosso filho, Joaquim. Se você também curte Playmobil, descubra quando e onde tiveram origem, recorde de vendas, temas e novidades previstas para 2017, entre outras curiosidades sobre o brinquedo, que já passou dos 40 anos, celebrados em 2014.
1 > ORIGEM DO BRINQUEDO
Os bonecos Playmobil surgiram na Alemanha e até hoje são fabricados pela geobra Brandstätter GmbH & Co.KG, empresa da Baviera. A matriz da companhia está localizada na cidade de Zindorf (vizinha a Nuremberg), onde também fica o Playmobil FunPark. O brinquedo foi desenhado por Hans Beck a pedido de Horst Brandstätter, e lançado em fevereiro de 1974, durante a renomada Feira Internacional de Brinquedos de Nuremberg. Na ocasião, o holandês Hermann Simon esteve no evento e se encantou com os bonequinhos.
2 > RECORDE DE VENDAS DE PLAYMOBIL
O holandês fez uma encomenda equivalente a 1 milhão de marcos alemães. Um visionário aquele vendedor de brinquedos. Em 2016, a empresa registrou 611 milhões de euros em vendas em todo o mundo. O brinquedo é encontrado atualmente em cerca de 100 países — 70% da produção é exportada.
3 > QUANTIDADE DE BONECOS FABRICADOS
Desde a criação do Playmobil, foram vendidos aproximadamente 2,9 bilhões de bonequinhos. Se estivessem de mãos dadas, dariam a volta ao mundo 3,6 vezes. São encontrados atualmente em cerca de 100 países, e a cada segundo 3,2 figuras de Playmobil são fabricadas.
4 > PRODUÇÃO DOS BRINQUEDOS NA EUROPA
Em torno de 70% dos brinquedos do mundo são produzidos na Ásia. A Brandstätter contraria essa tendência e mantém suas 5 fábricas na Europa: na Alemanha (são 2: em Zindorf e Selb), em Malta, na República Tcheca e na Espanha. Dos 4.283 funcionários da Brandstätter no mundo, 2.405 deles trabalham na Alemanha. Além do escritório-matriz em Zindorf, a companhia mantém subsidiárias em 13 países, localizados na Europa e na América do Norte.
Um Playmobil tradicional tem 7,5 centímetros de altura e é composto por sete peças (sem contar acessórios). Desde 1976, essas figuras básicas são fabricadas em Malta – cerca de 100 milhões por ano.
Os primeiros bonecos eram construtores, cavaleiros e indígenas originários dos Estados Unidos. As figuras e os acessórios foram se diversificando ao longo dos anos — os de praia, por exemplo, vieram apenas em 2010. Com a evolução da tecnologia, já em 1982, os bonecos puderam ganhar também tons de pele e mãozinhas que giram. Mas a primeira figurinha barriguda apareceu em 1987, com o capitão dos piratas (que usa um chapéu típico). O Papai Noel do Playmobil foi lançado em 1995, 5 anos depois da linha 1.2.3, indicada para pequeninos a partir de 1 ano e meio.
Ano a ano, a marca lança edições temáticas. Para 2017, estão previstos bonecos Playmobil nas versões dos filmes Como Treinar seu Dragão e Os Caça-Fantasmas.
6 > TEMAS E VERSÕES ENCONTRADOS
As crianças dispõem de brinquedos Playmobil em aproximadamente 30 temas, em cerca de 5.100 versões. Os temas incluem assuntos como vida urbana (City Life e City Action), Velho Oeste (Western), férias de verão (Summer Fun) e esportes (Sports & Action).
A linha de futebol, com os bonecos capazes de chutar uma bolinha, foi lançada em 2006, ano da Copa do Mundo da Alemanha. Já a de hóquei — que diverte meu sobrinho Rafael no Canadá; aos 4 anos, já muito fã do esporte nacional de seu país — surgiu no primeiro semestre de 2015.
7 > PLAYMOBIL PARA MENINAS
No Brasil, os bonecos Playmobil estão muito associados ao universo dos meninos. Mas há até bonecas com vestidinhos para trocar, criadas em 2013. O primeiro boneco com figura feminina foi lançado pela empresa alemã muito antes, em 1976. Depois de 5 anos, a companhia passou a fabricar meninos e meninos, com 5,5 cm de tamanho, e bebês, de 3,5 cm. Mas a boneca grávida surgiu apenas em 2012.
Quando estivemos na Alemanha, em 2014, as prateleiras estavam cheias de caixas com sets femininos. Trouxemos umas caixinhas para dar de presente. Princesas e mães com bebês eram algumas das bonequinhas à venda. Os temas onde o rosa predomina são Princess (Castelos e Princesas), Fairies (Contos de Fada) e Dollhouse (Casa de Boneca). No Brasil, esses brinquedos já aparecem nas lojas.
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Principal estádio de Berlim, o Estádio Olímpico de Berlim reúne história, mitos e fatos, de Hitler a Zidane. O Berlin Pass dá acesso gratuito a esse e a mais de 60 outros pontos turísticos de Berlim e passeio na capital alemã, incluindo Catedral de Berlim, instituições da Ilha de Museus, passeio de barco pelo Rio Spree, ônibus hop-on hop-off e Museu Judaico de Berlim, além de tours a pé e de bicicleta.
Para visitar a Torre de TV de Berlim, você precisa comprar entrada — garanta o ingresso com acesso prioritário. Diretamente na bilheteria, quem apresenta o Berlin WelcomeCard tem desconto (apenas na entrada normal, não vale para ingresso com acesso prioritário). O Berlin WelcomeCard dá acesso a transporte público e redução no valor de atrações.
Na capital alemã, estivemos no Estádio Olímpico de Berlim, o Olympiastadion, 2 dias depois de o Bayern de Munique ser campeão alemão numa partida contra o Hertha Berlin, time local. Durante nossa viagem ao país, em Munique, também fizemos o tour na Allianz Arena e visitamos o Museu do Bayern de Munique.
Conheça abaixo 7 curiosidades sobre o Estádio Olímpico de Berlim:
1 | Vocação esportiva do lugar
Localizado em Charlottenbourg, distrito de Berlim, a área onde atualmente fica o estádio foi, no passado, um local para corridas de cavalos. Posteriormente, o Hipódromo Grunewald deu espaço ao Estádio Nacional (Deutsches Stadion), construído para a Olimpíada de 1916, não realizada devido ao estouro da Primeira Guerra Mundial.
2 | Tal pai, tal filho
Otto March assinou os projetos de construção do Hipódromo e do Deutsches Stadion. O filho dele, Werner Otto, foi o arquiteto responsável pela criação do Olympiastadion, erguido para os Jogos de 1936.
3 | Mais rápido, mais forte…
O grande nome da Olimpíada de 1936 foi o norte-americano Jesse Owens, dono de quatro medalhas de ouro no atletismo. Ele venceu os 100 metros, 200 metros, a prova do salto em distância e o revezamento 4×100. Por ser negro, seus resultados são sempre reverenciados como resposta ao discurso de ‘superioridade ariana’ sustentado pelos nazistas. Até hoje há muita controvérsia sobre se Owens foi cumprimentado ou não por Adolf Hitler. Certo é que o velocista norte-americano batiza rua próxima ao Estádio Olímpico e possui espaço de destaque dentro dele.
4 | Berlim nas Copas do Mundo
Ao todo, 9 jogos foram disputados no Estádio Olímpico de Berlim nas 2 Copas do Mundo organizadas pela Alemanha. O Brasil estreou na edição de 2006 contra a Croácia. Venceu por 1 a 0, gol do meia Kaká. Outros cinco jogos, incluindo a final daquele ano, foram realizados em Berlim. No Mundial de 1974, com o país dividido, a seleção que mais atuou no estádio foi o Chile: três jogos. As Alemanhas Ocidental e Oriental atuaram em Berlim uma vez cada.
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5 | Zidane perdeu a copa e a cabeça
As 69.000 pessoas presentes ao Estádio Olímpico de Berlim viram Zinédine Zidane desferir uma cabeçada no peito de Marco Materazzi e ser expulso aos 5 minutos da prorrogação da final entre França e Itália. A vitória nos pênaltis por 5 a 3 e o quarto título da Azzurra ficaram em segundo plano.
A agressão ao adversário que teria xingado sua irmã foi o último gesto da carreira de Zidane, que se aposentou ao final da Copa do Mundo de 2006.
6 | Bomba da Segunda Guerra
Em 2002, durante escavações de uma reforma, operários encontraram uma bomba da Segunda Guerra debaixo de um setor de arquibancada do Estádio Olímpico de Berlim. O explosivo de fabricação inglesa falhou quando foi lançado e acabou não sendo detonado. A área foi evacuada para que técnicos desarmassem a bomba.
7 | Hertha: em casa de ferreiro…
Competição mais importante depois da Bundesliga, a Copa da Alemanha tem sua final disputada no Estádio Olímpico de Berlim desde 1985. De lá para cá, o Hertha, time que manda seus jogos no estádio, chegou apenas uma vez à decisão do torneio. Com um time amador, perdeu a final de 1993 para o Bayer Leverkusen por 1 a 0.
‘A sessão vai começar em 5 minutos’, avisa uma moça à porta de uma sala de onde saem acordes que me soam familiares. Aceito o convite e entro. Na tela, uma orquestra sinfônica executa o hino oficial da Uefa Champions League, o principal torneio de clubes da Europa. Justo, já que estou no estádio do Bayern de Munique, último campeão da competição. O time da moda, do técnico mais incensado dos últimos tempos: Pep Guardiola. Quando visitamos o museu dedicado ao time alemão, a equipe era treinada pelo espanhol.
Natural da Catalunha, o treinador pode repetir na Alemanha a trajetória de sucesso que obteve comandando o Barcelona. Por ora, desfruta de um display com sua imagem em tamanho natural na área onde também estão posados os jogadores do atual elenco. Para que Guardiola deixe de ser aquela figura estática em alumínio e ocupe outros espaços mais nobres do museu será necessário tempo. E ganhar títulos.
Ninguém na Alemanha venceu mais que o Bayern — vale visitar também a Allianz Arena Munique, estádio que vimos nesse mesmo dia. São 24 salvas de prata, como é chamado o troféu dado ao campeão nacional. Na área denominada Via Triunphalis elas estão dispostas lado a lado em estantes envidraçadas. Lembram uma equipe de futebol perfilada durante a execução de um hino. Admito que essa foi sensação que tive ao vê-las, talvez por vício profissional. Inspecionar cada taça, copa e salva demanda tempo pois, definitivamente, informação a respeito de cada conquista não falta.
E se você for chegado a números, escalações e toda sorte de conhecimento de almanaque, eles estão disponíveis em telas ao alcance do dedo. Toque e tenha acesso a dados do passado e presente, de Ludwig Hymon (jogador dos anos 30) a Manuel Neuer, atual goleiro titular do Bayern.
A propósito, se quiser testar seus reflexos como se fosse o próprio arqueiro titular da seleção alemã, há 2 tótens com luzes que se acendem de forma alternada. Ganha quem tocar as lâmpadas o maior número de vezes no menor tempo. Se, como eu, você for melhor com os pés experimente o desafio do painel luminoso com três níveis de dificuldade. Capriche e acerte a cruz em vermelho que pisca de modo aleatório. Ok, meu resultado foi satisfatório.
Para um leigo, não há mistério para explorar o Museu do Bayern de Munique. Arrisco dizer que dá até para dispensar o áudio-guia.
Principais jogadores do Bayern de Munique
A rica história do clube é dividida em sete marcos a partir de 1900, data de sua fundação. Com explicações escritas em alemão e inglês, o visitante consegue entender o contexto histórico do período em questão, vê lances de jogos e conhece atletas que simbolizaram cada era.
Franz Beckenbauer é o maior deles. Foi contemporâneo de Pelé e seu companheiro de time no fim da carreira do brasileiro, no Cosmos, dos Estados Unidos. Como o Rei, ganhou apelido equivalente: Kaiser (Imperador, em alemão). Seu nome, sua figura esguia e seu mito estão presentes em três ambientes do Museu: na Calçada de Fama, ao lado do goleiro Sepp Meier e do artilheiro Gerd Muller, parceiros de clube nos chamados Anos Dourados (1966 a 1979, quando o time enfileirou três títulos europeus em sequência a partir de 74); no espaço dedicado aos treinadores, Beckenbauer figura entre os que se destacaram à beira do gramado; e na antiga sala de reuniões da presidência recriada no museu, onde um vídeo gravado reúne Willi Hoffmann, Fritz Scherer e Franz Beckenbauer, que dirigiu o clube entre 1994 e 2009.
Outra semelhança com Pelé é que Beckenbauer também se aventurou a cantar. Nada de composição própria como o Rei do Futebol, mas duas canções gravadas em compactos em meados de 1960, cujas capas têm a foto de Beckenbauer ao melhor estilo Chega de Saudade, o disco-símbolo de João Gilberto lançado em 1959, marco da bossa nova.
Em uma parede, estão expostos demais LPs, inspirados ou que contaram com o talento musical de outros ídolos do Bayern, como Gerd Muller e Rummenigge, que teve seus ‘joelhos sexies’ homenageados pela dupla pop inglesa Alan e Denise, em 1983.
Você pode ouvir todo esse material. Eu dei meu voto de confiança a Beckenbauer na faixa Nada vai separar grandes amigos (Gute Freund kann Niemand Trennen). Empata em carisma com Pelé e seu antológico refrão ABC, ABC, toda criança tem que ler e escrever.
No filme mencionado por mim no início do texto, Beckenbauer nem aparece tanto. Também é um dos poucos personagens, do passado e do presente, que não usa a palavra família para descrever o ambiente que caracteriza o clube. Sentimento que não exigiu muito esforço de tradução na hora de explicar para o filho de 5 anos. Sentado ao meu lado durante os 15 minutos de projeção, ele quase não piscou os olhos. Mesmo para uma criança que não fala alemão, ouvir uma narração em que o locutor se esgoela gritando ‘Tor, Tor, Tor’ deixa claro o que aquelas três letrinhas significam.
Antes de o filme começar, ainda com a tela escura, meu filho ficou entusiasmado com o som da torcida gritando o nome do time a plenos pulmões. Saiu da sala imitando aquele canto, dizendo que queria torcer para o Bayern.
Desejo que pôde ser estimulado um pouco mais quando atravessamos a loja de produtos oficiais, a caminho da saída.
Antes, demos uma passadinha pela área dedicada aos torcedores. Aderimos à onda selfie em uma máquina digital posicionada de frente para um banner com o escudo do clube.
Em questão de segundos nossa imagem foi parar no painel eletrônico com fotos de outros visitantes. De alguma forma também estamos imortalizados naquele museu.
Dentro do estádio, no nível intermediário das cadeiras, a visão que se tem do gramado da Allianz Arena Munique lembra muito a do Estádio do Pacaembu, em São Paulo, onde, às vezes, é possível escutar os jogadores falando, principalmente nos jogos com pouca torcida, tamanha proximidade da plateia com o campo.
No estádio construído para a Copa do Mundo de 2006 é quase impossível ouvir o falatório dos atletas, já que seus 57 mil lugares são tomados durante o ano todo por fãs do Bayern e do rival Munique 1860. Vazio durante a visita que fiz durante uma manhã de primavera, o silêncio reinante foi quebrado pelo som da máquina de cortar grama.
‘Nosso atual técnico, Pep Guardiola, é muito exigente. Quer que o gramado seja sempre aparado de modo que fique bem rente. Exige também que a grama seja molhada para que a bola role mais depressa’, explica a guia, que arremata com certa ironia: ‘Bem, nosso treinador gosta de ter o controle de tudo por aqui’. Pep Guardiola era, então, treinador do Bayern de Munique, hoje comandado pelo croata Niko Kovač.
Não foi à toa que Pep mandou instalar uma sofisticada e moderna aparelhagem para fazer suas prelações ao time antes dos jogos, no vestiário. É no ambiente mais sacrossanto do futebol que ouvi o nome de Guardiola vir acompanhado de uma pequena maldade associada com feng shui, expressão chinesa que relaciona fluxo de energia com a harmonia de um espaço. Difícil é acreditar que com um gramado daqueles e um vestiário amplo e organizado a harmonia não prevaleça.
No vestiário do Bayern de Munique
No tour os visitantes têm direito de escolher qual dependência querem visitar. Formado por outros brasileiros, dois argentinos e um chinês, nosso grupo escolheu o lado do Bayern. De acordo com a guia, o Munique 1860 usa espaço com características semelhantes, mas sem a cor vermelha — vale visitar o Museu do Bayern, que vimos nesse mesmo dia.
A divisão do estádio entre os rivais inclui mudança de cor do revestimento externo, em plástico fino, leve e resistente. Por fora, a Allianz Arena lembra um pneu de carro. Nos jogos do Bayern, luzes vermelhas se acendem. O azul dá o tom em partidas do 1860.
Quando é a seleção da Alemanha que joga por lá, prevalece a neutralidade do branco. Só não há divisão na ampla sala de imprensa, onde adotou-se o neutro cinza para as cadeiras dos técnicos e dos jornalistas.
A visita passa por vestiários e corredores internos e termina no corredor que leva à subida ao gramado. Excepcionalmente, a porta que dá acesso ao campo estava aberta, fato raro. Pudemos então percorrer o caminho que Dante, Lahm, Ribéry, Robben e outros passam antes de cada jogo.
Ponto alto do tour, essa entrada simbólica fica mais emocionante quando a guia põe para tocar o hino oficial da Uefa Champions League. Ao contrário do que fazem os atletas, nossa subida termina no último degrau, onde uma fita não nos permite pisar o gramado que segue sendo cuidadosamente cortado, como manda Pep Guardiola.
Por fim, mas não por último.
No trem, a caminho de Frankfurt.
Como num reality show em que os participantes perdem a noção do tempo por conta do confinamento, estou sem saber ao certo qual dia de viagem é esse. Só sei que ela está chegando ao fim em 72 horas.
Viajar em família por tanto tempo é uma experiência cansativa. Ainda mais em outro país, deslocando-se por tantas cidades.
Joaquim, Nathalia e eu estamos cansados. Nunca estivemos tão grudados. São 24 horas por dia. Às vezes, nem todo o amor do mundo segura a onda nos momentos de estresse.
Com apenas 5 anos Joaquim conseguiu levar bem o ritmo cansativo de visitas, passeios e alguns compromissos. Reclama da falta dos amigos. Pudera. Mas aprendeu muita coisa legal, que nem todos os primeiros anos de escola (talvez os seguintes também) serão capazes de ensinar.
Se virou em outra língua para comer e beber. E em bom português para se queixar daquilo que não queria. Há pouco disse que está ‘com saudade de voltar para São Paulo’.
Nathalia tem trabalhado pacas. Vira madrugadas selecionando fotos e informações para abastecer o público brasileiro, cinco horas atrás por conta do fuso. Não raro, acordo no meio da noite e a encontro cochilando, celular quase despencado entre as mãos. Essa menina ama o que faz. Quem me inspirou a embarcar nesse trem foi ela.
Eu… Bem, eu realizei um sonho antigo. Desejava visitar a Alemanha em 2006, durante a Copa do Mundo. O meu mundo deu voltas, Nathalia cruzou meu caminho, Joaquim surgiu dessa intersecção. Cá estamos nós.
De cidade em cidade, passamos frio, encaramos a chuva fina, batemos perna um bocado, subimos, descemos, fomos em frente. Não era lá e voltamos. Descobrimos lugares, conhecemos gente de forma inesperada. Brasileiros ou que simplesmente conheciam nosso idioma. Rimos muito, falamos muito palavrão (Joaquim fez intensivão). Falamos alto para o padrão germânico. Nos abraçamos, nos beijamos. Aprendemos muito. Sobre um lindo país, sobre o que achávamos que sabíamos. E a respeito de nós mesmos.
Nossa jornada chegará ao fim. Aventureiros costumam acrescentar um ‘sãos e salvos’ a essa frase. Eu, do contra contumaz, lamento. Repetiria tudo de novo.
Mas só se fosse com essa dupla.
Ficaram também seus museus, igrejas, seus jardins onde sua gente se estica no gramado sob o sol, ou senta num daqueles bancões de madeira, bebe cerveja e alimenta a alma — leia nossos textos sobre Munique.
Munique é propicia para passeios em família, especialmente ao ar livre. O Englisher Garten é dica para dias ensolarados, com direito a piquenique. Já o Deutsches Museum é programa para esquecer o relógio. Não é preciso ser um nerd para gostar de uma de suas 50 seções dedicadas à ciência e tecnologia. Só é difícil convencer uma criança a deixar o Kinderreich, área do mesmo museu onde adulto só entra acompanhando os pequenos.
Fazer esses programas em Munique consome tempo muito mais pelo tamanho das atrações do que pela distância entre elas. Vista do alto da torre da Neues Rathaus (nova prefeitura), na Marienplatz, você consegue ter uma boa noção da cidade e percebe o quanto tudo é mais perto do que se imagina quando só se observa o mapa.
Allianz Arena e Olympiapark (Parque Olímpico) podem ser alcançados de metrô a cerca de meia da região central. Nos dois casos há muito mais o que fazer do que simplesmente tirar fotos do local. No primeiro, o tour guiado, a passagem pelo Museu do Bayern (com direito a compras na lojinha do clube) e um almoço dentro do estádio são boas opções para visitar em família.
Em Munique, muitos pais e filhos circulam juntos a pé, de bicicleta, na rua, nos parques. E o Hellabrunn, zoológico da cidade, talvez seja o programa que melhor traduza esse clima-família. Quem sabe inspirado pela natureza que o cerca, o bando, ali, se reconhece.
A primeira parte de nossa viagem terminou no sábado 29 de março, dia em que o sol deu as caras o tempo todo e a temperatura subiu bem, em torno dos 15 graus.
Hoje, quando estivermos de partida, a cidade será tomada por corredores que vão participar da Meia Maratona de Berlim. Um trecho da Leipziger Strasse, nosso endereço nos últimos dias, estará bloqueado pela organização da prova desde as primeiras horas da manhã. Nada que vá nos atrapalhar para chegarmos à Hauptbahnhof, a estação central de trem, de onde partiremos para Munique.
Organizado, acessível e bem sinalizado, o transporte público de Berlim permite ao viajante se locomover para todos os cantos da cidade e fora dela. Após uma semana usando de forma intensiva o metrô, já nem era preciso mais consultar o mapa de estações para sabermos que direção tomar.
Até Joaquim já reconhecia com facilidade nossa localização. Como no dia em que fomos à vizinha Potsdam. Ao fazermos a transferência do metrô para o trem, nosso filho de 5 anos identificou a Potsdamer Platz. E exclamou: ‘Ei, quero ir de novo no Lego!’ Rimos pois, de fato, havíamos estado três dias antes no Lego Discovery Centre, que fica nesta região da cidade.
Nossa jornada por Berlim incluiu uma programação que buscou mesclar paradas em pontos clássicos como a Torre de Televisão da Alexanderplatz e o Checkpoint Charlie, visitas ao Pergamonmuseum e ao Palácio de Charlottenburg. E ainda passagens pelo Sea Life e pelo Museu Tecnológico, este um excelente programa para adultos e, principalmente, para crianças.