Uma grande festa de aniversário a céu aberto. Em 27 de abril, a Holanda celebra o Dia do Rei (Koninginnedag), em comemoração ao nascimento do soberano Willem-Alexander. Nesta data, as ruas das principais cidades do país ficam entupidas de pessoas, todas vestidas de laranja da cabeça aos pés — a cor simboliza a dinastia Orange-Nassau.
Andréa Martins, amiga da Nathalia, mora na Holanda há 5 anos e curte a tradição do país europeu. “É muito legal ver todo mundo de laranja”, diz. Dá para participar da celebração em várias cidades — entre elas, Amsterdã, Eindhoven, Haia, Rotterdam, Breda e Groningen. “No ano passado, fomos a Delft”, lembra Andréa. “Neste ano, devemos ficar em Gouda (cidade onde mora com o marido e os 2 filhos, todos holandeses).” Ela conta que nunca passou o Dia do Rei em Amsterdã (“é muito cheio”), mas dá a dica de outra cidade divertida na data: “A festa é animada em Utrecht.”
Neste dia, Amsterdã recebe 2 vezes mais pessoas do que a população local — só de trem chegam à cidade cerca de 250 mil turistas. Ruas, terraços, canais, todos os espaços são tingidos de laranja. Apesar de a circulação ficar comprometida (não tenha pressa), é possível visitar algumas poucas atrações que funcionam normalmente, como os museus Van Gogh, Stedelijk e RIjksmuseum, além da casa de Anne Frank.
Para muitos, a celebração começa já na véspera, nos pubs e casas noturnas que mantêm uma programação especial para a chamada Noite do Rei (Koningsnacht). Na liberal e tolerante Holanda, dá para imaginar o tamanho da empolgação que toma conta desse ‘esquenta’. Alguns valentes encontram pique para emendar com a festa principal, na manhã seguinte, dia em que se registra um substancial aumento de 600% nas vendas do tompouce, massa folhada doce com creme, decorada com uma casca laranja.
Mas o grande barato está mesmo nas ruas, onde rola um grande mercado de pulgas. Minha amiga Camila Werner, que morou em Delft, conta que é uma tradição as pessoas esticarem um cobertor no chão em frente de casa para vender produtos de segunda mão. “Dá para achar coisas bem legais gastando muito pouco, tem até produtos por 1 euro”, conta. Andréa destaca roupas e brinquedos entre as boas opções de compra que encontrou. Uma curiosidade: o site oficial do turismo de Amsterdã estima que um vendedor de rua fature cerca de 90 euros nesse dia.
Camila participou da festa em Haia, no tempo em que se comemorava o Dia da Rainha (Koninginnedag). A tradição teve início em 31 de agosto 1885, em homenagem à soberana Wilhelmina. Para que a festa sempre pudesse ocorrer no verão, a rainha Beatrix — nascida em 31 de janeiro, no auge do inverno holandês — aceitou que a festa fosse realizada em 30 de abril, data de aniversário da mãe dela.
Desde 2013, com a ascensão de Willem-Alexander — o primeiro homem a ocupar o trono holandês em 123 anos — o Dia do Rei passou a ser comemorado em 27 de abril, aniversário dele. E, se a data cair num domingo, a celebração é antecipada. Afinal, seja sempre feita a vontade do povo, que adora festejar.
Ficamos rodeados por tubarões. Zebra, lixa, cinza… e outros mais bizarros. Se você tem interesse por essas temidas e instigantes criaturas, o SeaLife tem de estar no seu roteiro em Munique. Nos 33 ambientes, há 4.500 animais de diferentes espécies. Também achei muito forte a parte do aquário que trata de estrelas do mar e cavalos marinhos. Sensacional conhecer tantas variedades de cada um deles.
Nas 3 espécies que citei, além de ver animais de diversos tipos, é possível aprender muito sobre eles. Tanto em explicações nos painéis quanto em atividades interativas. Numa das salas, por exemplo, a parede era dividida em nichos com telas de programas. Ao toque do nosso filho, então com 5 anos, apareceram opções de tubarões para escolher sobre qual ele queria saber de hábitos e características. No nicho ao lado, Joaquim e eu ficamos bobos com a quantidade de dentes que um tubarão troca em vida.
Ficamos surpresos também com o formato de minhoca do tubarão epaulette. Tem uma curiosa mancha preta no corpo, que dá a impressão de um olho negro no meio daquela tripinha te olhando.
Num canto de outro ambiente do SeaLife, pinturas representam vários tipos de tubarões, com seus comprimentos. Nosso pequenino menino estava da altura do mais baixinho da turma feroz. Hoje arrisco dizer que ficaria lá pelo 3º ou 4º entre os menores.
Já cresceu bem na régua dos tubarões
Os tubarões são definitivamente o destaque do aquário, que informa ter a maior variedade de tipos na Alemanha. Até o pré histórico de Port Jackson está lá. Aliás, assim como o SeaLife Berlim, a unidade de Munique inaugurou a exposição Saurier der Meere (Mares Jurássicos, numa tradução livre), com descendentes de animais extintos, como o listrado náutilo (que lembra um esquisito caracol enroscado) e o mudskipper (que pode respirar fora da água).
Descobertas no aquário em Munique
Registrei em vídeo o rápido nado do tubarão blacktip (galha preta). Muito legal, aliás, esse tanque com espécies oceânicas. A visão do alto dá a noção do tamanho da área que abriga 400.000 l de água. Adorei ver ali também as tartarugas marinhas, espécie de xodó meu dentro do universo subaquático. A visão de baixo do tanque, dentro de um túnel panorâmico, rende muitas bocas abertas e lindas fotos. Nos fins de semana, em certos horários, dá para ver mergulhadores limpando o tanque e alimentando as duas espécies.
De cara com o polvo e a moreia
Em Munique achamos o polvo! E também a medonha moreia, enfiada dentro de uma rocha. Diante da cena de sua boca abrindo e fechando levemente, é assustador imaginar o tamanho e as arcadas que aquela mordida por tomar. Protegidos pelo vidro, Quim e eu fizemos muitas caretas para a selfie. Durante nossa ida à unidade de Berlim, ficamos a ver navios porque o polvo não quis saber de receber visita. Em Munique, Quim pirou com o movimento quase gelatinoso do ser de sangue azul e 3 corações.
Em Munique, vimos o polvo
Já tínhamos visto o SeaLife Berlim quando chegamos ao Parque Olímpico (Olympiapark) para visitar a unidade de Munique — Fernando foi ao Estádio Olímpico (Olympiastadion), ali pertinho. O aquário de Munique é uma das atrações que funcionam no complexo onde foram realizadas as Olimpíadas de 1972. Há 9 unidades alemãs do SeaLife. Nós visitamos 3 durante nossa viagem à Alemanha com criança: Berlim, Munique e Legoland Atlantis by SeaLife (atração dentro do parque Legoland Alemanha, localizado em Günzburg, também na Baviera.
Parque Olímpico de Munique tem várias atrações, entre elas, o SeaLife
Confesso que tive medo de o passeio em Munique ser chato — seria a mesma coisa de Berlim? Me surpreendi. A experiência no SeaLife tem semelhanças entre as 2 unidades: as crianças recebem na entrada máscara de mergulhador de papel e um livreto para carimbarem conforme passam pelas salas do aquário; no tanque interativo o monitor do SeaLife permite aos visitantes tocarem em estrelas do mar e caranguejos; ambientes mostram peixes típicos dos rios da região (no caso de Munique, especialmente o Isar); uma parede com iluminação colorida também exibe o movimento das águas vivas; há placas e painéis explicativos espalhados pelos ambientes; e alguns dos animais se repetem mesmo. Por exemplo, o laranja peixe palhaço e o azul cirurgião patela, simpáticos peixinhos que fazem sucesso com as crianças menores por terem inspirado Nemo, Marlin e Dory, protagonistas do filme Procurando Nemo.
Com máscara de mergulhador, Joaquim observa peixes de rios da regiãoCarimbo a cada estação cumprida pela criançaParade com o balé das águas vivas
De cardume ensaiado a cavalos marinhos
Mas até mesmo nas áreas parecidas há diferenças. Em Munique, o Schwarmring — sala redonda onde o cardume (‘schwarm’) nada no alto em círculo (‘ring’) — tem plaquetas com os sinais mais usados pelos mergulhadores para se comunicar embaixo d’água. Divertido e informativo. Assim como os espaços dedicados às estrelas-do-mar e aos cavalos-marinhos. Nas placas, aprendemos o tanto de tipo que existe de cada um deles. Algumas explicações estavam apenas em alemão, mas havia informação suficiente em inglês para se entreter.
Sinais de mergulhadores
No caso das estrelas, deu até para tocar em materiais para sentir a textura de 3 variedades. De mentirinha. As de verdade, com várias delas grudadas nas paredes de pedras dos tanques, criavam um cenário pontilhado por cores vivas. Em alguns deles, dava para enfiar a cabeça por baixo para se sentir entre estrelas.
Nosso peixinho entre as estrelas
Especial também foi apreciar os cavalos marinhos, de várias cores. O SeaLife tem um programa de reprodução desses delicados seres. Com o rabo enroscado em plantinhas, balançam levemente ao sabor do movimento da água.
A beleza do cavalo marinho
Saímos do SeaLife Munique com muitas imagens memoráveis. Como esquecer do azul intenso deste peixe lindamente horrendo? E da variedade de tubarões a que fomos apresentados? Ou das bonitas formas que a natureza pode tomar em águas-vivas, cardumes, cavalos-marinhos e estrelas? Depois dessa dose de maravilha animal, seguimos explorando as belezas construídas pelo homem na capital da Baviera.
Transporte: O aquário fica bem no Parque Olímpico de Munique (Olympiapark), de fácil acesso de metrô (U-Bahn). Pegue a linha U3 e desça na estação Olympiazentrum. Mesmo com criança, a caminhada não dura 10 minutos, e há sinalização no caminho.
Horário: Diariamente, abre às 10 horas. O horário de encerramento varia de acordo com a época do ano. Até 29 de abril de 2016 e de 13 de setembro a 28 de outubro, fecha às 18 horas. Durante o verão europeu e em feriados bancários ou bávaros, funciona até as 19 horas. Sempre o limite para entrar no SeaLife é 1 horas antes do encerramento
Preço: € 18,50 euros (online sai por € 12,95).
Alimentação: Não é permitido comer dentro do aquário, mas você pode levar seu lanche para comer no terraço ou numa área coberta para piquenique.
Confira uma lista de museus na Alemanha com atividades para criança. Visitamos vários em diversas cidades e contamos como eles são. Alguns são dedicados aos pequenos, outros mantêm áreas lúdicas ou interativas
Sobram museus na Alemanha, e igualmente não faltam possibilidades de se levar crianças para aprender e se divertir neles. A dica é escolher a área de interesse e explorar, já que uma viagem nunca será suficiente para englobar tudo. Em nosso roteiro, priorizamos assuntos como comunicação e tecnologia. Além da vocação do país para máquinas e aparatos tecnológicos, apostamos que os acervos interessariam tanto a nós, os pais, quanto ao filho, Joaquim, então com 5 anos. Acertamos, máquinas e afins agradaram aos três.
Outro tipo de instituição que ficamos curiosos em conhecer foi o Kindermuseum, museu das crianças. Adoramos a ideia. Seria tão bacana se no Brasil tivéssemos algo parecido. As 5 cidades que visitamos na nossa viagem em família pela Alemanha têm seu Kindermuseum. Eles não expõem necessariamente experimentos da ciência ou temas que a meninada estuda no colégio. São lugares dedicados a formar futuros frequentadores de museus. Com formatos e estruturas diferentes, proporcionam a garotada aprender experimentando e, assim, se sentirem à vontade dentro de um museu.
ATIVIDADE INFANTIL NO MUSEU DA COMUNICAÇÃO, EM FRANKFURT — Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
Também vimos crianças em instituições focadas em arte e cultura, com pais ou professores. E nós levamos Joaquim para conhecer, por exemplo, as esculturas da Antiguidade Clássica e o majestoso altar do Pergamonmuseum, que guarda ainda belos painéis e artefatos islâmicos em Berlim. Mas não incluímos essas instituições tradicionais na lista abaixo, tampouco os completos museus de carro existentes na Alemanha — no da Mercedes, além de veículos, descobrimos a história do automóvel.
Aqui selecionamos lugares que mexem com o lado lúdico ou criativo da meninada. Reunimos 13 museus para começar. Mas esta lista pode crescer. Se descobrirmos novos programas ou instituições indicados para a garotada, vamos incluir a seguir. Veja só o que separamos para você levar a criança para dentro do museu na Alemanha:
1, 2, 3 | MUSEUM FÜR KOMMUNIKATION (MUSEU DA COMUNICAÇÃO, EM BERLIM, FRANKFURT E NUREMBERG) Levar uma criança a um museu da comunicação é mais ou menos como apresentá-la aos dinossauros de um acervo de história natural. Muito do que ela verá deixou de existir faz tempo, mas nunca é demais saber de onde evoluímos. Na Alemanha, a Fundação de Museus de Correios e Telecomunicações mantém 3 instituições nas cidades de Berlim, Nuremberg e Frankfurt. O museu na capital alemã ficava quase em frente ao nosso hotel. Na chegada, Joaquim levou um susto ao ser saudado por 1 dos 3 simpáticos robôs que circulam pelo átrio. Lúdicas, as atrações das galerias interativas fizeram sucesso com nosso filho.
Em Nuremberg, o Museum für Kommunikation compartilha o prédio com o Deutsche Bahn Museum, museu de trens na cidade. Antes de conhecer o Kibala, a área infantil com o universo das ferrovias, Joaquim usou um telefone de disco para uma rápida conversa com o pai — acho curioso e pesado experimentar essa forma de comunicação. Apesar de vivermos a era da internet — e uma exposição discutir nosso papel como consumidores e produtores de conteúdo na grande rede –, brincar de apresentador de televisão, gravar seu programa em um estúdio e enviá-lo por e-mail ainda pode ser bem interessante para crianças.
Assim como na unidade de Nuremberg, também havia um correio pneumático no museu da comunicação de Frankfurt, no setor reservado à atividade infantil com monitores da instituição. Joaquim achou o máximo o sistema que transporta mensagens por uma rede de tubos. Ele escreveu um bilhete e enviou por um buraco, viu a cápsula com seu escrito viajar pelo espaço e foi encontrá-la em outro ponto do sala. Quim ainda usou uma pena para escrever seu nome em um cartão, enquanto nós, os jornalistas, voltamos ao passado que não vivemos e usamos tipos móveis para imprimir nossa marca, Como Viaja.
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Funcionamento: Berlim: Quarta a sexta, das 9 às 17 horas — terça, até as 20 horas; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas / Frankfurt: Terça a sexta, das 9 às 18 horas — sábado, domingo e feriado, das 11 às 19 horas / Nuremberg: Terça a sexta, das 9 às 17 horas — sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas
Preço: Berlim: 4 euros — menores de 18 anos, grátis / Frankfurt: 3 euros — entre 6 e 16 anos, 1,50 euro; até 5 anos, grátis / Nuremberg: 5 euros — entre 6 e 17 anos, 2,50 euros; até 5 anos, grátis; bilhete familiar, 10 euros
4 | LABYRINTH KINDERMUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM BERLIM)
Na base da brincadeira, as crianças assumem o papel de construtores, arquitetos e urbanistas e transformam o pedaço de cidade instalada dentro do museu. Essa é a proposta da exposição Platz da! Kinder machen Stadt (algo como Abram caminho! As crianças fazem a cidade), prorrogada até 18 de abril de 2017. No Labyrinth, um tema é escolhido para ser explorado pelas crianças de modo nada contemplativo, mais sensorial. Nesse ambiente de ‘aprender fazendo’ multidisciplinar, meninos e meninas entre 3 e 12 anos descobrem o mundo ao seu redor. Estações são montadas para explorar diferentes aspectos de um mesmo assunto.
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Funcionamento: Sábado e domingo, das 11 às 18 horas — sexta, a partir das 13 horas
Preço: 5,50 (adultos e crianças a partir de 2 anos) — às sextas, a entrada custa 1 euro a menos; bilhete familiar (2 adultos e até 4 crianças), 16 euros
5 | DEUTSCHES TECHNIKMUSEUM (MUSEU DA TECNOLOGIA, EM BERLIM)
O bombardeiro suspenso no alto do prédio é um símbolo do Museu Alemão de Tecnologia. Só mesmo a ciência e a técnica para fazerem um avião parecer flutuar sobre o que já foi uma grande área industrial de Berlim.
O moderno edifício de 5 andares concentra velhos e novos conceitos de tecnologia, do tear ao computador. Há exemplares valiosos de aeronaves que repassam, de modo cronológico, os 200 anos de história da aviação alemã. Tecnologia aeroespacial, escrita e impressão, transporte e navegação, cada área possui um rico acervo e muito conhecimento a ser adquirido em forma de atividades interativas. No setor de ferrovia, até estações de trem são reconstituídas.
Não tente encarar os 25.000 m² de exposições. Se a criança gostar mais de aviões, carros e barcos não existe razão para circular por toda a ala de engenharia química e farmacêutica. Como o dia de visita pode ser puxado, vale comer no Café Anhalt, localizado no térreo, e que tem um bom apflestrudel com sorvete de baunilha.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9 às 17h30; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas
Preço: 8 euros, adultos — menores de 6 anos, grátis; bilhete familiar (1 adulto e 2 menores de 17 anos, 9 euros) ou (2 adultos e 3 menores de 17 anos, 17 euros)
6 | MUSEUM FÜR NATURKUNDE (MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, EM BERLIM)
Os mineirais, os fósseis, os animais, todos os itens expostos no museu são resultado de muita pesquisa e investigação, fazendo com que o acervo seja permanentemente atualizado. Resultado de uma expedição feita no atual território da Tanzânia, na África, 250 toneladas de ossos de dinossauros foram encontradas e mandadas para Berlim, desde o início do século 20. Reorganizados, eles ajudaram a compor a maior parte do acervo de animais pré-históricos do museu. Destaque para o Braqueosauro exposto no centro do espaço Evolução em Ação. Com 13 metros e 27 centímetros de altura, trata-se do maior esqueleto de dinossauro montado no mundo.
Quem for ao museu pode ver de perto também um exemplar de Tiranossauro Rex, cuja ossada foi achada durante escavações feitas em Montana, nos Estados Unidos. O esqueleto está temporariamente emprestado para fins de estudo e pesquisa.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9h30 às 18 horas — sábado e domingo, a partir das 10 horas
Preço: 8 euros — criança entre 6 e 14 anos, 5 euros; até 5 anos, grátis; ticket de família (2 adultos e até 3 crianças abaixo de 14 anos); 15 euros; bilhete para família pequena (1 adulto e até 2 crianças abaixo de 14 anos), 9 euros
7 | DEUTSCHES MUSEUM (MUSEU DE TECNOLOGIA, EM MUNIQUE)
Nem um dia inteiro será suficiente para ver tudo o que se encontra no museu, um dos maiores do mundo em matéria de tecnologia e ciência natural. Para se ter ideia, algumas alas estão fechadas para modernização (a reabertura total está prevista para 2019) , mas ainda assim é possível visitar setores interessantes, como os de transporte, computação e astronomia.
Território exclusivamente dedicado às crianças, o Kinderreinch fez a alegria de Joaquim durante nossa visita. O reino da garotada no Deutsches Museum também passa por revitalização e volta a funcionar em 4 de junho de 2016.
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Funcionamento: Diariamente, das 9 às 17 horas
Preço: 11 euros, adultos — menores de 6 anos, grátis; bilhete família (2 adultos com menores até 15 anos), 23 euros
8 | FB BAYERN ERLEBNISWELT (MUSEU DO BAYERN, EM MUNIQUE)
Recomendado à geração Playstation, o museu do Bayern de Munique tem acervo que inclui todos os troféus conquistados pelo maior campeão do futebol alemão e mais uma parte digital com informações sobre jogos históricos, ídolos e estatísticas do clube fundado em 1900. Há atividades interativas para crianças e adultos. Joaquim, que não era fã de futebol, virou torcedor do Bayern depois de nossa visita ao museu.
O espaço está instalado no nível 3 da Allianz Arena, estádio onde o clube bávaro joga e pelo qual também fizemos o tour. Como fica distante do centro de Munique, vale a pena combinar os dois programas. Nós passamos um ótimo dia por lá.
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Funcionamento: Diariamente, das 10 às 18 horas (em dias de jogos do Bayern, só quem tem ingresso pode visitar o museu, que fecha quando o Munique 1860 joga na Allianz Arena)
Preço: 12 euros — maiores de 14 anos; crianças entre 6 e 13 anos, 6 euros — menores de 5 anos, grátis
9 | SPIELZEUGMUSEUM (MUSEU DE BRINQUEDOS, EM MUNIQUE)
O tamanho diminuto parece adequado para um espaço que pretende expor brinquedos. O Spielzeugmuseum, em Munique, está instalado na torre do prédio medieval da antiga prefeitura da cidade (Altes Rathaus). Naquela ponta que se vê no canto da praça central de Munique, a cada andar uma salinha expõe a coleção do museu. É um programa rapidinho, que pode ser feito numa das muitas passadinhas que se dá pela Marienplatz quando se visita a capital da Baviera.
Na visita, sobe-se de elevador até o 5º andar, para ir descendo depois. Uma estreita escada em caracol liga os pisos com brinquedos (são 4; um deles é fechado ao público) que inspiram ter muita história. As vitrines não têm cara de showroom de fabricante.
A graça do Spielzeugmuseum está justamente na simplicidade. O acervo está mais para uma coleção de fato. Como se a vovó tivesse juntado os brinquedos de sua mãe, os seus e os das gerações futuras até chegar às atuais. A exposição inclui de artefatos do século 19 até exemplares mais modernos como bonecas e robôs. Antes do lançamento mundial recente da Barbie em várias silhuetas, foi curioso ver que a boneca também existia com cabelos ruivos ou escuros quando lançada.
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Funcionamento: Diariamente, das 10 horas às 17h30
Preço: 4 euros — criança de 4 a 15 anos, 1 euro; ticket de família (com filhos de até 15 anos), 8 euros
10 | KINDER MUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM FRANKFURT)
Coleção de figurinha, de boneca, de dinossauro, de bolinha, de adesivo, de lápis de cor. Criança junta tudo. Adulto também, só muda o objeto de desejo. Alguns inventam de expandir isso e chegam a uma coleçãozona, a essência de um museu. Quando visitamos o Kinder Museum Frankfurt, vimos a exibição Sammelfieber — Von den Dingen und Ihrer Geschichte (algo como A Febre de Colecionar — Das Coisas e Sua História), que mostrava exatamente isso: como surgem e são feitas as coleções. Nosso filho montou a dele, com objetos disponíveis no programa interativo da exibição.
Parte do Historisches Museum Frankfurt, o museu histórico da cidade, o Kinder Museum foi aberto em 1972, com o objetivo de aproximar as crianças do universo dos museus, para formar o público do futuro. Quando pagamos as entradas, Joaquim recebeu um papelzinho com ‘tarefas’ para ir seguindo as partes visitadas na exposição sobre coleções. Ele curtiu ainda a sala com máquinas de escrever e outra com jogos de computador simulando restaurações em obras de arte.
Pequenino, o museu é um programa tranquilo de fazer com crianças, pelo tamanho e pelo fácil acesso. Fica num ponto mais do que central da cidade, o Hauptwache. A estação de mesmo nome é o entroncamento das várias linhas de transporte de Frankfurt. Nós chegamos mesmo caminhando. O museu fica escondidinho no nível abaixo da praça, no mezzanino. Dá para comer sanduíches com as famosas salsichas alemãs no quiosque em frente à entrada. Nós aprovamos a dobradinha.
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Funcionamento: Terça a domingo, das 10 às 18 horas — durante as férias escolares alemãs, pode abrir também às segundas
11 | DEUTSCHE BAHN MUSEUM (MUSEU DO TREM, EM NUREMBERG)
Os mais de 180 anos de história da ferrovia na Alemanha são contados a partir de objetos e trens expostos — das velhas locomotivas a vapor aos modernos modelos de alta velocidade.
Com 500 metros de trilhos e 30 miniaturas elétricas controladas por um funcionário do museu, uma grande maquete ganhou a atenção de Joaquim durante nossa visita a esse museu em Nuremberg. Para as crianças, há ainda o Kibala, área totalmente interativa e que inclui passeio a bordo de um trenzinho pelos quase 1.000m² do lugar.
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Funcionamento: Terça a sexta, das 9 às 17 horas — nos fins de semana e feriados, das 10 às 18 horas
Preço: 10 euros (quem tiver ticket de trem ou metrô do dia paga só 4 euros) – entre 6 e 17 anos, 2,5 euros; até 5 anos, grátis; bilhete familiar (2 adultos e até 4 crianças), 4 euros
12 | SPIELZEUGMUSEUM (MUSEU DE BRINQUEDOS, EM NUREMBERG)
A relação de Nuremberg com a fabricação de brinquedos vem desde a Idade Média. A produção industrial local ganhou tanta importância no século 19 que a cidade virou referência mundial em matéria de brinquedo — a mais importante feira internacional do gênero é realizada, anualmente, desde 1950, e o museu reflete a evolução da sociedade a partir destes objetos.
Aberto em 1971, o Spielzeugmuseum agrada à família inteira. Antigos passatempos de madeira, bonecas e suas casas ricamente decoradas, brinquedos mecânicos e miniaturas estão em exposição pelos 4 andares do casarão de fachada renascentista. No verão, a brincadeira se espalha pelo quintal onde funciona o Café La Kritz.
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Funcionamento: De terça a sexta, das 10 às 17 horas (sábados e domingos, até 18 horas; durante a feira internacional de brinquedos, até 20 horas)
Preço: 5 euros (adulto); 5,50 euros (1 adulto e 3 menores de 18 anos) ou 10,50 euros (2 adultos e 3 menores de 18 anos)
13 | JUNGES SHCLOSS — KINDERMUSEUM (MUSEU DAS CRIANÇAS, EM STUTTGART)
Joaquim já havia experimentado um capacete de cavaleiro medieval e um chapéu de camponês no Landesmuseum Würtemberg, museu sobre história e cultura em Stuttgart. Quando visitamos o Junges Schloss, museu infantil instalado na mesma construção, o antigo castelo (Alten Schloss), ele subiu de vez na vida: botou não apenas a coroa, mas a roupa toda de rei.
Chamado também de Kindermuseum (a esta altura, se você não sabe alemão como nós, já deve imaginar que se trata do museu das crianças), o setor é dedicado a exposições temporárias voltadas para a garotada. Achamos esse conceito muito interessante porque a meninada tem sempre algo novo para aprender por lá.
As atividades são pensadas para envolver as crianças no tema proposto. Até 26 de junho de 2016, por exemplo, está em cartaz Römische Baustelle! Eine Stadt entsteh (numa tradução livre, Canteiro de Obras Romano! Uma Cidade Criada). Durante nossa visita, Quim participou de tudo que envolvia a exposição sobre a Rússia — diversas princesas de lá se casaram com nobres de Württemberg, trazendo influências e costumes de sua origem para a região no sul da Alemanha.
Nosso filho escreveu no quadro-negro usando o alfabeto cirílico, viu de dentro de uma carruagem um filme com a paisagem que a nobre teria apreciado em sua viagem a partir da Rússia, montou quebra-cabeças com o mapa do roteiro percorrido, desenhou padronagens tipicamente russas em colheres de madeira. E ainda teve disposição para brincar de jogo da memória com uma das monitoras.
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Funcionamento: Terça a domingo, das 10 às 17 horas
Preço: 3,50 euros — crianças entre 4 e 12 anos, 2 euros; até 3 anos, grátis; ticket de família (2 adultos e 2 crianças de 4 a 12 anos), 9 euros; bilhete de família pequena (1 adulto + 1 criança entre 4 e 12 anos), 5,50 euros
O Kindereich, dentro do Deutsches Museum, museu de Munique, mostra ciência e tecnologia de modo divertido para criança na Alemanha. Garotada brinca com Instrumentos musicais, cordas, bolinhas e tintas de pintura
ATUALIZADO EM 16 DE MARÇO DE 2017
O aviso na entrada era expresso: adulto só entrava acompanhado por criança. Estávamos num dos mais completos museus que visitamos na Alemanha, em Munique: o Deutsches Museum. Como nosso filho, Joaquim, esteve conosco durante o tour pelo país, Nathalia e eu tivemos passe livre para entrar no Kinderreich, espaço onde a ciência é apresentada de modo divertido e intuitivo para quem, às vezes, ainda nem sabe ler. Com 8 setores, o salão era amplo. Grande mesmo, a ponto de ter dentro dele um caminhão de bombeiro, alegria da meninada, que sobia e descia, entrava e saía do veículo sem parar.
Fotos e vídeo: Nathalia Molina @ComoViaja
Agora vamos ver o que reserva às crianças a extensa reforma em andamento no Deutsches Museum. Atualmente, o maior museu da capital da Baviera tem algumas áreas fechadas, entre elas o subsolo onde se localizava o setor dedicado à garotada quando fizemos nossa viagem em família pela Alemanha. Deve reabrir inteiramente renovado em 2019.
Até lá, o Kinderreich funciona no piso térreo, com experiências novas. Entre elas estão grandes blocos de Lego para construir espaços e entrar neles, além de uma oficina de arte e de um painel para traçar o caminho de bolinhas rolando.
Como é o museu para crianças em Munique
O Deustches Museum por si só já desperta o interesse de crianças acima de uns 5 anos. Gigante, o museu bávaro reúne uma coleção invejável relacionada à ciência e à tecnologia, que inclui do sistema solar a máquinas voadoras. Devido à revitalização, diversas partes estão fechadas ao público, como o rico setor de fotografia e filmagem. Mas, não se preocupe, há sempre algo bacana para ser visto pela família toda.
Especificamente sobre o Kinderreich, a proposta é fazer com que as cerca de 200 mil crianças de 3 a 8 anos que visitam essa área infantil por ano entrem em contato com as leis da natureza e tomem gosto pela ciência de um modo menos acadêmico, mais divertido. Nada de ciência da forma clássica. Sem perceber, a meninada aprende tudo, com rapidez.
Acho fascinante existirem espaços com esse acervo tecnológico, essas demonstrações científicas, voltados para crianças. Eu só conhecia algo semelhante em 2 lugares em São Paulo: o Museu Catavento e a Estação Ciência (fechada para reforma faz tempo). A estrutura é bem diferente, mas o objetivo é o mesmo.
O que fazer no Kinderreich
No Kinderreich, Quim brincou com barquinhos num sistema de eclusas, mexeu no computador (os programas disponíveis mostram a imagem da criança na superfície da água e explicam o funcionamento do Corpo de Bombeiros, entre outras atividades), girou com a mãe uma roda de madeira para guiar bolinhas coloridas por canaletas até círculos da mesma cor.
Por mais que tudo estivesse acessível (e a ideia é fazer com que as crianças explorem cada objeto exposto), é sempre legal ficar de olho. Aos 5 anos, Joaquim estava meio sem saber como agir com um conjunto de polias e roldanas. Dei uma força – quer dizer, mais ou menos, já que o conceito dessa máquina simples é justamente facilitar a tarefa de erguer cargas pesadas. Não preciso dizer que ele adorou subir e descer sentado sobre um disco de metal sendo que eu só precisava puxar uma corda para erguê-lo. De quebra, nosso filho aprendeu algo que – na teoria – ele estudará a fundo lá pela adolescência.
Embora algumas partes do Kinderreich ainda fossem sofisticadas para seu entendimento, Joaquim passou por todas elas, no nosso roteiro em família — leia textos sobre viagem à Alemanha com criança. Mas, assim, sem formalidade, absorveu alguns conceitos de ótica e astronomia, ali dispostos em forma de experimentos práticos para as crianças. No Theodor Heuss, barco salva-vidas que leva o nome do primeiro presidente alemão, antes da reforma atual, era possível ver por espaços abertos a sala de comando, a cabine de passageiros e a sala das máquinas. Não se podia visitar o interior da embarcação.
Joaquim sempre foi musical. Por isso, o espaço em que ele mais se sentiu à vontade no Kinderreich foi o departamento com instrumentos, facilmente identificado por um enorme violão. É possível não só dedilhá-lo (isso, sim, exige esforço), bem como entrar em seu interior.
Há também instrumentos de percussão e, numa sala fechada, um piano de armário. Joaquim, que nunca havia chegado perto de um, se sentou e saiu tocando uma sinfonia própria, composta ao sabor do improviso e da livre exploração. Como convém tudo no Kinderreich.
[youtube https://youtu.be/IVz2vANN7SQ]
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Endereço: Museumsinsel 1
Transporte: Todo tipo de transporte público serve para se chegar ao Deutsches Museum. A estação de trem (S-Bahn) mais próxima é a Isartor. De U-Bahn (transporte urbano da cidade), as opções são as linhas 1 e 2, descendo na estação Fraunhoferstrasse. Se optar pelo tram (bonde), pegue o 16 (Deutsches Museum), o 17 (Fraunhoferstrasse) ou o 18 (Isartor). Também levam até lá as linhas de ônibus 132 (Boschbrücke), 52 e 62 (ambas, Baaderstrasse)
A pé da Marienplatz dá cerca de 20 minutos de caminhada em terreno plano. O percurso inclui passagem por 2 pontos turísticos de Munique: o Viktualienmarkt e o Isartor, 1 dos 4 portais que protegiam a cidade no período medieval
Funcionamento: O setor infantil funciona todo dia, das 9 horas às 16h45 — o Deutsches Museum fica aberto até as 17 horas
Preço: Para acessar o Kinderreich, é preciso pagar o ingresso regular do museu: adulto, a 11 euros — crianças de 6 a 15 anos, 4 euros; até 5 anos, grátis; maiores de 65 anos e portadores de necessidades especiais, 7 euros. O ticket para a família, válido para 2 adultos com crianças até 15 anos, custa 23 euros
Alimentação: Há um restaurante no mezzanino (segunda a sexta, das 9 às 17 horas; sábado e domingo, até 15h30 — refeições quentes, sempre entre 10h30 e 15 horas). O Deustches Museum dispõe de 3 cafés: no térreo e no piso 3, eles vendem também lanches; dentro da loja do museu, há máquinas automáticas com opções para comer e beber. Existe ainda uma área para piquenique no térreo — tem espaço com trocadores.
Site: Kinderreich no Deutsches Museum
*Quando você reserva pelo Booking, um percentual do valor é repassado ao Como Viaja. Assim, você contribui para que a gente continue a escrever aqui. Conheça todos os parceiros do Como Viaja, que oferecem passagens, hotéis, guias e reservas de atrações
Veja atrações e novidades do Playmobil FunPark na Alemanha. Nosso filho adorou o parque dos bonecos em Zindorf, perto de Nuremberg. São 90.000 m² de área com setores temáticos e atividades em região coberta
ATUALIZADO EM 8 E ABRIL DE 2017
Passamos pelos guardas, e Joaquim foi logo saudar o rei e a rainha. Reverência feita, saiu em disparada. Havia mais gente para visitar, lembrava o Ritterburg no alto da colina à frente. O castelo do cavaleiro com suas bandeirinhas nas pontas das torres causa impacto imediato em quem atravessa o portão do Playmobil FunPark. Sem brinquedos eletrônicos, apenas com atividades lúdicas, o parque temático dos bonequinhos na Alemanha fica em Zindorf, perto de Nuremberg.
Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
Com rede de corda para escalada e ágeis escorregadores de metal, o Ritterburg é sucesso de público, como descubro depois nas informações do parque para a imprensa. Igualmente disputado pelas crianças é o navio pirata. Foram mesmo os lugares mais cheios que vimos. E reforçamos a preferência. Nosso filho não titubeia ao responder do que mais gostou no Playmobil FunPark.
De fato são imperdíveis. Mas perde muito quem se limita a conhecer a dobradinha popular entre os cerca de 700 mil visitantes anuais (em 2016, o parque ultrapassou a marca recorde de 800 mil visitas na temporada). Distante em torno de 15 km de Nuremberg, o parque nos surpreendeu pela quantidade de atividades disponíveis. Em 90.000 m² de área, se espalham setores temáticos de Playmobil, com bonecos e cenários em tamanho aumentado. Além de cavaleiros e piratas, há cowboys, dinossauros, construtores e animais. Entre outras possibilidades para a criançada se soltar estão um lago com pedalinhos, o playground de chafarizes, a área de parcours com um pequeno pula-pula e um parque de atividades como minigolfe, boliche e bocha.
Como é o parque em Zindorf
Nosso filho, então com 5 anos, aproveitou o parque com gosto. Nós, os pais, também. Ficamos encantados com o conceito do Playmobil FunPark. Na era da tecnologia, não há recursos eletrônicos. Nada se mexe sozinho.
Para a brincadeira existir, a criança tem de se movimentar, tem de brincar. Seja escorregando, remando, escalando, rodando alavancas. É preciso ser muito criativo para fazer um parque ser interessante nos dias de hoje sem fazer nada se mover eletronicamente. Por mais paradoxal que soe, o estilo à moda antiga acabou sendo uma ideia arrojada.
O Playmobil FunPark privilegia o lúdico. Sem perceber, brincando, a meninada exercita a coordenação motora, testa limites e gasta muita energia. Tudo com uma ajudinha da Mecânica (aquela da Física que a gente estuda na escola, lembra?). Puxa a corda, e o barquinho se move. Gira a roda, e o pedaço de pedra se enrosca ladeira acima.
Depois de quase um mês rodando na Alemanha, o parque pertinho de Nuremberg foi uma das experiências mais marcantes para Joaquim na nossa viagem. Isso porque ele sequer tinha brincando com os conhecidos bonequinhos. Seu primeiro Playmobil foi o pintor Albrecht Dürer, presente de boas-vindas deixado no quarto do hotel pelo Turismo de Nuremberg na nossa chegada à cidade.
Já o pai… Ao falarmos no Brasil sobre a ideia de levar Quim ao parque, Fernando viajou direto para o tempo em que criava histórias do xerife recuperando o ouro das mãos do bandido. Nossa geração brincou de Playmobil. Pudera, o brinquedo regula idade com a gente. Fez 40 anos em 13 de julho de 2014 — leia curiosidades sobre a marca Playmobil. Me lembro de primos que tinham os bonecos, mas a versão feminina conheci só no parque da Alemanha.
Quando incluímos Nuremberg na viagem, o Playmobil FunPark entrou para o programa logo após nossa pesquisa básica em busca de atrações do universo infantil. Fernando se empolgou com a ideia de levar Joaquim para conhecer bem na fonte — o brinquedo foi inventado em Zirndorf, pequena cidade da Baviera onde fica o parque — os bonecos que fizeram sua alegria na infância.
Mudamos o roteiro da viagem em família à Alemanha por causa do Playmobil FunPark. Pela geografia, o mais lógico seria parar em Nuremberg, no caminho da ferrovia entre Berlim e Munique. Mas o parque não estaria em pleno funcionamento na data em que planejávamos passar pela região. Antes de fechar a ordem das 5 cidades que visitaríamos, me informei sobre o que estaria funcionando na época da nossa passagem por Nuremberg, inicialmente ainda durante a temporada de inverno do Playmobil FunPark. Veríamos apenas o HOB-Center, espaço coberto com brinquedos e lanchonetes. Mudamos os planos. Demos, então, uma volta no mapa da Alemanha, indo direto de Berlim para Munique, depois para Stuttgart e só aí retornando para Nuremberg, antes de seguir para Frankfurt.
Valeu ter feito a inversão. O HOB-Center é muito mais legal do que poderíamos supor ao ver o site do parque. Afinal, são 5.000 m² para diversão indoor. Ver as atrações ao ar livre, no entanto, torna o passeio incomparavelmente melhor. Teria sido frustrante viajar de tão longe para ficar só no playground coberto.
Claro que, se você já for passar por Nuremberg durante o frio, uma visita ao Playmobil FunPark vai fazer a alegria da garotada. Mas, caso você possa escolher a data da viagem, o ideal é se programar para ir com o lugar em pleno funcionamento.
Estivemos lá no meio de abril, no 1º dia do parque inteiro aberto. Era fim de semana, e as famílias aproveitaram a chegada da primavera para ir conferir as atrações ao ar livre. Em início de temporada, o Playmobil estava bem tranquilo de ser explorado. Se você for visitá-lo durante o alto verão europeu, procure os espaços mais concorridos (castelo e navio pirata) na 1ª hora de funcionamento, para evitar aglomeração.
Chegar cedo, de preferência logo que o parque abrir, é minha recomendação, se o objetivo for explorar atrações internas e externas. Dá para usufruir do período da manhã, mais vazio, e para fazer a visita no tempo das crianças, com mais calma. Ainda assim, você pode precisar acelerar em certas horas puxado pela urgência da meninada em querer ver tudo.
O que fazer no Playmobil FunPark
Para a temporada 2017, o parque aquático ganha mais atrações para amenizar o calor do verão europeu, como labirintos e rodas de águas, novidades que começam a funcionar a partir de maio. Já no mês seguinte tem a estreia do torneio de cavaleiros, que promete agitar a região do castelo em batalhas que colocarão frente a frente os corajosos guerreiros mirins.
Com tantas atrações para brincar, natural que as crianças fiquem eufóricas. Quim, por exemplo, não se continha a cada novidade que surgia durante a nossa visita. “Olha a girafa!”, apontou para o par de animais diante da Arca de Nóe (Arche Noah, no nome alemão). Aí correu para a casa fofa da fazendinha (Bauernhof), onde brincou de ordenhar a vaca.
Se demorou bem no castelo da entrada. Passamos um bom tempo, explorando os ambientes, que eram muitos. “Senta, senta!” Nosso garoto queria mostrar o som de realeza que soava toda vez em que os tronos eram ocupados. Quim escalou corrente, subiu escada, aprendeu a suspender o balde do poço. Até que descobriu os escorregadores.
Desceu muitas vezes. Não bastava. Ele queria compartilhar sua alegria (sem botão de rede social, obviamente). “Vem, mamãe! Vem, papai! Escorrega!” A felicidade dele era tão contagiante e os escorregadores estavam ali chamando… Não tinha nenhuma placa de ‘kids only’, vimos um alemão seguir os filhos e, então, entendemos que tudo bem. Criamos coragem e aceitamos o convite. Que delícia!
A bagunça em família também foi boa em outro ponto-sensação do Playmobil: o navio pirata. Todos a bordo, Quim tomou o leme e, na direção certa, desceu para checar o porão. A saída estratégica foi pela esquerda. Navegante, tinha mais a explorar.
Com o pai, andou de barquinho, se movendo conforme a força feita por Fernando para puxar a corda à frente, na horizontal. Com a mãe, andou de jangada, se movendo conforme a (quase) força feita por mim para empurrar o bastão de madeira contra o fundo do lago. Morri de medo de passar vergonha e terminarmos num naufrágio. Mas marujo não dorme de touca, certo? Atracamos em risadas no cais.
À nossa volta, eram muitas as famílias se divertindo também, com filhos de idades variadas. O Playmobil FunPark foi projetado para crianças de até 12 anos. As atrações contemplam mesmo interesses das diferentes etapas dentro dessa faixa etária. Mas eu diria que as brincadeiras temáticas com cenários e bonecos (para mim, a razão para se ir ao parque) devem agradam bem até uns 8 anos de idade. A garotada mais velha pode aproveitar espaços com jogos e atividades, como a teia de escalada Okta-Kletternetz e a Baumhaus, casa na árvore com estação de pesquisa.
Com 2.400 m² de área, o circuito de cordas do Parcours tem 4 trajetos, com a indicação da idade apropriada. Quim até tentou se equilibrar entre madeiras e cordas, mas se lançou na corrida para o Velho Oeste (Western). Subiu no touro antes de tentar derrubar garrafas com o pai no bar do saloon.
À direita da área do Velho Oeste, há um lago e uma ducha. Dependendo do calor, pode ser uma boa levar uma muda de roupa para trocar as crianças se elas resolverem testar o chuveiro. O próprio site do parque faz essa recomendação, além de indicar que pode ser útil pôr na bolsa roupa de banho para a garotada se refrescar no playground molhado (Wasserspielplatz).
Durante nossa visita o clima estava mais frio. O máximo de água que rolou foi uma cortina. Joaquim adorou a brincadeira de estar dentro do chafariz sem se molhar.
Como um boneco Playmobil
Estar fisicamente na brincadeira, fazer parte da história entre bonecos do tamanho dele: isso foi o grande barato desse parque para Joaquim. No HOB-Center, o espaço coberto, as crianças entram nos cenários de Playmobil. Estão lá um barco viking, um castelo medieval e uma casa de boneca sonho de consumo para as meninas fãs do mundo em cor-de-rosa. Na área ao lado, também interna, nosso menino testou sua habilidade no circuito suspenso de aventura.
Almoçamos no HOB-Center enquanto rolava um espetáculo de mágica. Quim entendeu tudo. Afinal, o show era mudo. A única fala, pedindo a participação da plateia, rendeu uma lição básica de alemão ao nosso filhote. “Eins, zwei, drei!”, contava nos dedos até 3 o protagonista, antes de cada truque.
E de cada mordida de Joaquim no nugget ou na batata frita (nas férias, está valendo!). Compramos o combo do menu infantil, com suco de bebida. Pagamos 2 euros de depósito para cada prato e cada copo. A quantia é devolvida no fim da refeição, se apresentado o recibo com a louça suja. Devolvemos tudo, mas optamos por ficar com os 2 copos com a carinha do boneco. Em casa, embalam sucos, vitaminas e lembranças nas refeições desse pequeno, hoje com 8 anos, a cada dia maior.
Pegou gosto pelo Playmobil apresentado pelo pai. Depois de alguns euros deixados na loja do parque, bastou chegarmos ao hotel para nosso filho rechear com os bonecos seu mundo de histórias. A mesinha de centro do quarto parecia uma festa à fantasia: tinha de palhaço a árbitro de futebol. Tão lindamente doida e colorida quanto à imaginação de Joaquim.
Transporte: A linha de ônibus 113 leva ao parque a partir da estação Rothenburger Strasse do metrô (U-Bahn), que fica em Nuremberg; desça na 9ª parada (Bundesamt), em Zirndorf. A linha de ônibus 151 funciona de segunda a sábado e conecta as estações de trem (S-Bahn) de Zirndorf e de Anwanden com o Playmobil FunPark.
Decidimos pegar um táxi e guardar as energias para aproveitar a brincadeira. Não saiu barato, mas encaramos como um investimento na nossa energia. Do hotel no centro de Nuremberg até a porta do parque, levamos cerca de 20 minutos e pagamos em torno de 30 euros por trecho.
O parque tem área para estacionamento de motorhome. Quem for de carro dispõe de cerca de 3.000 vagas, ao preço fixo de 5 euros — na temporada de inverno, 3 euros. Quando apenas a área de escalada funciona, o estacionamento custa 1 euro (grátis para quem gastar 20 euros em compras na loja do parque)
Funcionamento: Muda conforme a época do ano; no site, a informação é atualizada de acordo com a temporada. Em 2017, na temporada da primavera ao outono europeu, abre de 8 de abril a 5 de novembro, das 9 às 18 horas — entre 1º de maio e 11 de setembro, até as 19 horas; de 2 de dezembro de 2017 a 18 de fevereiro de 2018, abre a partir das 10 horas
Apenas os brinquedos de escalada cobertos funcionam até 7 de abril, das 10 às 18 horas. Esse horário vale também para a temporada de inverno, entre 2 de novembro e 18 de fevereiro de 2018, quando somente a parte ao ar livre do parque permanece fechada; a área coberta funciona inteiramente
Preço: Também varia de acordo com a época. Em 2017, entre 8 e 30 de abril e entre 12 de setembro e 5 de novembro, a entrada custa 9 euros. De 1º de maio a 11 de setembro, sai a 11 euros. Crianças de até 3 anos não pagam.
Até 7 de abril, o acesso apenas aos brinquedos de escalada custa 1,50 euro — permanence fechado o restante da área coberta. Na temporada de inverno, o ingresso para toda a área coberta com escalada sai a 6 euros
O parque oferece um preço reduzido para entrada à tarde. Não recomendo essa opção. Talvez seja vantagem para alemães, que estão lá perto e têm a oportunidade de voltar com mais frequência. Para quem vai de fora da Alemanha, o desconto de 2 ou 3 euros não compensa o que se deixa de ver por causa do tempo curto
Alimentação: O horário de funcionamento de restaurantes e do biergarten varia de acordo com a demanda. Pelo parque encontram-se snack points, que vendem lanches como crepe, hambúrguer ou milho, e pontos de venda de sorvete.
De março a novembro, das 8 às 11 horas, o buffet de café da manhã no HOB-Center sai a 10,90 euros por pessoa — crianças de 3 a 11 anos, 6,90 euros; mais novas, grátis. Os visitantes que chegam entre 8 e 9 horas ganham desconto de 1 euro no ingresso do Playmobil.
Compras: Aproveitando o embalo, não resistimos aos bonecos à venda na lojinha da saída. Prepare-se, o lugar é uma tentação só! E pode ser acessado mesmo por quem não está no parque.
Trouxemos Playmobil de vários estilos, especialmente porque estavam à venda kits 2-em-1 comemorativos (pelos 40 anos da marca de brinquedos). Por um preço menor, as caixas vinham com mais cenários e peças. Durante a nossa cobertura da Copa do Mundo 2014 com brinquedos, usamos os jogadores e os árbitros de futebol que compramos na loja do parque
Dicas: Tirando o HOB-Center, a maior parte das atividades do Playmobil FunPark é realizada ao ar livre. Não tivemos de nos preocupar tanto com o calor porque fomos no meio de abril e o tempo estava ótimo. Nada de sol excessivo.
No Velho Oeste, há abrigo no pequeno ambiente que reproduz um saloon. Na área dos piratas, apenas na parte baixa do barco. O castelo tem alguns cantos cobertos, mas a maioria dos pontos está em espaço aberto.
Por isso, água e protetor solar na família toda. De quebra, vale levar boné ou chapéu para rostos mais sensíveis. Roupa de banho e uma muda para troca são indicados para a garotada brincar nas áreas molhadas
Vista feita a convite do Playmobil FunPark e do Turismo de Nuremberg
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O site da Legoland Berlim conta uma história com ar de fábula sobre o 1º Discovery Centre da marca. Criado em 2007, o espaço permite às crianças mergulhar no universo criativo dos tijolinhos mais famosos do mundo. Em 1932, Ole Kirk Kristiansen, carpinteiro da pequena cidade de Billund (onde hoje fica a Lego House, na Dinamarca), decidiu fazer algo mais divertido do que fabricar móveis. Começou a produzir brinquedos de madeira.
Dois anos mais tarde, Ole promoveu um concurso entre seus empregados, para encontrar um nome para sua empresa, em um desafio que ele próprio venceu. Nascia a marca Lego, que só seria materializada na forma de um tijolinho de plástico colorido em 1958, ano em que foi inventado e patenteado.
A ideia de criar um lugar para ensinar a construir com Lego só surgiu anos mais tarde, de tanto que os funcionários da empresa eram abordados por pessoas que queriam saber como dar forma àquelas pecinhas coloridas. Essa inventividade toda, traço marcante do universo Lego, ficou evidente assim que nos aproximamos do Sony Center, complexo de apartamentos, restaurantes e entretenimento que fica na Potsdamer Platz.
Sentinela, uma enorme girafa formada por milhares de pecinhas indica que estamos mais próximos do Legoland Discovery Centre (garanta seu ingresso online). A brincadeira estava só começando. No fim de abril de 2022, o site da atração avisava que ela estava fechada sem data ainda para reabertura.
Girafa de pecinhas dá às boas-vindas na atração
Como loja, esse é o lugar certo para comprar Lego em Berlim (e sobre isso falaremos daqui a pouco). Antes, vale saber que adulto só entra no Legoland Discovery Centre acompanhado de criança (no caso, para eles, quem está abaixo de 17 anos). Joaquim foi nosso salvo-conduto. Exploramos cada ambiente e participamos das atividades porque tudo era novidade para nós.
Outra informação importante, para o bolso, é que existe ticket combo, para quem quiser ir tanto a Legoland Berlim quanto ao SeaLife, por exemplo. Nós fomos às 2 atrações também com o Joaquim e também ao AquaDom, elevador que se move dentro de um tanque com peixes no centro do Radisson Blu Hotel.
Na Legoland, as atrações foram pensadas para meninos e meninas entre 3 e 10 anos. Construído na altura deles, o mobiliário facilita o acesso das crianças e as deixa em segurança. Reparamos que muitos pais desencanavam dos filhos enquanto eles brincavam.
Espaço feito para descobertas
Pontos turísticos de Berlim em miniatura
Da entrada, o visitante é conduzido por uma escada até a Miniland, dividida em 2 salões. No 1º deles dá para acompanhar do amanhecer ao anoitecer de Berlim, com seus sons nas primeiras horas do dia, o frenesi que toma conta da capital alemã no meio da manhã e o desacelerar ao cair da tarde. Os principais edifícios e cartões-postais berlinenses estão representados, tijolo por tijolo.
Até o que hoje só existe na cidade na forma de memorial está lá. O trecho do Muro de Berlim que ficava em frente ao Portão de Brandemburgo segue de pé, em uma brincadeira que dura o tempo de se apertar um botão para vê-lo cair, como ocorreu de verdade em 1989. Quando aquela imitação de bloco de concreto foi ao chão, ouvimos gritos da população, e uma canção começou a tocar. Joaquim perguntou o que queria dizer a pichação no muro com a palavra freedom e que música em inglês era aquela. Sem teorizar muito nem traduzir a letra, explicamos que a cena tinha a ver com liberdade. Quim entendeu o recado e passou a cantar (no exato ritmo da música) versos de sua mais do que livre adaptação: “Freeeeedommm, a liberdade do freeeedommm…”
Fez sucesso. A música também (pelo menos entre a gente), mas eu me refiro à brincadeira. Joaquim fez o muro cair, por baixo, umas 10 vezes, atrasando um pouco a sequência da nossa visita. Na época em que visitamos a Miniland de Berlim, a 2ª sala era dedicada a Star Wars. Cenas do filme eram reproduzidas, e personagens como os robôs C3PO e R2D2, expostos.
A saga de George Lucas não era o único filme homenageado com esculturas em tamanho natural nos ambientes do Discovery Centre . Na falta de Han Solo, Harrison Ford estava presente na pele (plástica) de Indiana Jones, do lado de quem fiz pose para foto com chapéu na cabeça igual ao do arqueólogo-herói. Havia ainda o bruxinho Harry Potter, e um Batman (com quase o dobro da minha altura) zelava pela ordem perto do cinema.
Assistimos a Legends of Chima, produção em 3D do Lego Studios. Apesar de a sessão ser curta, eu e Nath demos umas cochiladas ao som do alemão incompreensível para nós. Vez ou outra acordávamos com calor ou vapor d’água vindos dos efeitos em 4D. Isso quando não escutávamos o nome Chima sendo gritado pelos personagens da história. Mesmo sem entender lhufas do que era dito, Quim não desgrudou os olhos da tela, e saiu do cinema satisfeito, com o espírito guerreiro pronto para encarar o Lego Ninjago, onde a missão era cruzar um corredor sem disparar um sensível alarme a laser.
Espírito guerreiro no Ninjago
Caverna do dragão
Perto da entrada de uma caverna, um carrinho em forma de dragão apareceu, e um monitor nos convidou a dar uma volta. Tínhamos acabado de entrar no Drachenbahn, atração que mudaria a relação do Joaquim (e a nossa, por que não?) com a Legoland — Nathalia escreveu a respeito na abertura da série sobre viagem à Alemanha com crianças.
Brinquedo na Legoland em Berlim: um passeio pelo escuro
O trajeto do passeio é curto, com curvas e surpresas. Os bonecos de Lego possuem movimentos simples e interagem sem assustar. Não é uma montanha-russa nem um trem fantasma. Defino como um trem encantado. Por fim, surge o dragão e o clima esquenta graças a efeitos especiais. Em 2017, a Legoland Berlim ganhou nova área, dedicada a dinossauros, Lego Dino Explorer.
Pecinhas de Lego, carrinhos e voo para quem pedala
Mesas baixas, cadeirinhas e uma enorme quantidade de tijolinhos prontos para serem mexidos por mãos pequenininhas. O piso inferior do Lego Discovery Centre é a razão pela qual ele foi criado: 100 m² inteiros para estimular a criatividade. É irresistível ver aquele material todo à disposição, mas eu me contive.
Duplo Bauernhof é indicado para crianças de 2 a 5 anos, com peças da linha Lego Duplo, especialmente desenhadas para quem ainda não tem tanta destreza para lidar com as peças tradicionais — aqui os pais podem ajudar os filhos a exercitar a coordenação.
Na linha clube da Luluzinha, as meninas têm a chance se bandear para o território de Heartlake City, cidade fictícia onde amigas vivem histórias em que os tons de rosa e púrpura prevalecem. Do lado oposto, meninos (mais novos e mais velhos) são orientados por monitores na criação e na montagem de carros velozes. Em Lego Racers, é possível ainda testar os protótipos em uma rampa. O desempenho é cronometrado e dá para apostar corrida com outra criança.
No centro do salão, fica um enorme brinquedão (Klettergerüst), com parede de escalada, escorregador e piscina de bolinhas. Naquele tempo, Joaquim não dispensava uma atração assim. Ele se empolgou tanto que achou que a rampa de lançamento do campo de provas ao lado fosse um lugar para descer sentado. Ele só não chegou a escorregar porque eu o tirei de lá. Leve como era e é até hoje, Quim teria quebrado fácil, fácil o recorde da pista naquela tarde.
Desafiar a gravidade e flutuar são as tarefas em Merlins Zauberschüler. Quem pedala mais forte, voa como autêntico aprendiz de feiticeiro. Nathalia e Joaquim foram bem na brincadeira. Ganharam até uma volta de bônus do monitor. Para quem quer ir além, a nova área Space Mission convida pequenos exploradores a construírem seus próprios foguetes e a se lançar em uma missão intergaláctica.
Mas é o Modellbau-Workshop a principal atração de toda unidade de Lego Discovery Centre. É a oficina comandada pelos profissionais que constroem os edifícios, os monumentos, os animais e os personagens expostos em todos os centros de entretenimento Lego ao redor do planeta. Eles explicam técnicas para quem quer criar suas próprias esculturas. Em suma, a arte de levar a vida na brincadeira.
VALE SABER
Endereço: Potsdamerstrasse, 4, Berlim, Alemanha
Transporte: A Potsdamer Platz é uma praça central de Berlim, com uma grande estação de entrocamento de trens e metrô. Use as linhas U2, S1, S2, S25, RE3, RE4 ou RE5 e desça em Potsdamer Platz. Da saída da estação ao Lego Discovery Centre, a caminhada leva 5 minutos
De ônibus, use as linhas M48, M85, M200 ou M347, para a Varian-Fry-Strasse. Com a M41, desça na Potsdamer Platz.
Se estiver de carro, há um estacionamento no Sony Center com duas entradas, uma pela Ben-Gurion-Strasse, outra na Bellevuestrasse
Horário: Diariamente, das 10 às 19 horas (última entrada às 17 horas)
Preço: No site, o tíquete sai a partir de € 19. A GetYourGuide, empresa alemã parceira do Como Viaja, também vende ingresso online para a Legoland Berlim.
Alimentação: Há um café no piso inferior com comidas e bebidas. Pais cujos filhos sejam alérgicos podem trazer a própria comida
Compras: A que funciona no Lego Discovery Centre oferece grande variedade de sets em caixas fechadas e ainda possui um paredão com gavetas cheias de peças avulsas para combinar do jeito que quiser. Aberta diariamente, das 10 às 19 horas, com acesso também para quem não for visitar o Lego Discovery Centre
Cheiro de madeira jovem no ar. Papel de parede reluzente, carpete impecavelmente nivelado, macio, do tipo que levaria você a pisá-lo descalço não estivesse ele instalado no corredor de acesso aos quartos. Sensação comparável àquela de quando entramos em um carro zero. Foi assim que Nathalia, Joaquim e eu encontramos o Königsburg (Castelo Real), Legoland Hotel inaugurado no verão de 2014 no parque de diversões na Alemanha, na cidadezinha de Günzburg, perto de Munique, na Baviera. Ele tinha apenas 2 dias de funcionamento quando nos hospedamos por 1 noite, como presente de aniversário do nosso filho.
Quim ficou eufórico ao ver o hotel, cuja fachada recria um castelo medieval, com paredes decoradas como se fossem construídas com imensas e pesadas pedras cinzentas. Saiu correndo pela alameda que liga a recepção ao Königsburg. Só parou no meio do caminho para subir em um dragão feito de Lego, que fica em frente a entrada do Ritterburg (Castelo do Cavaleiro), hotel vizinho e mais antigo, também de inspiração medieval.
Além do Königsburg e do Ritterburg, a Legoland inaugurou em março de 2016 o Drachenburg, com um dragão como mote. Tem a mesma quantidade de quartos do castelo do cavaleiro (34) e de facilidades à disposição dos hóspedes. Isso vale também para os 44 aposentos do Königsburg, que ainda tem outras 12 suítes com 10 m² a mais, sofá-cama (que permite a uma 5ª pessoa dormir) e console de Nintendo Wii U.
No Traveller’s Choice Award 2019, o complexo chamado de Legoland Feriendorf (vila de férias, numa tradução livre do alemão) ficou em 3º lugar eleito pelos viajantes no TripAdvisor entre os 25 melhores hotéis para família na Alemanha. Para a temporada 2018, a novidade em acomodação por lá foi o Pirate Island. Com 142 quartos, o hotel de temática de pirata pode abrigar até 594 hóspedes. A reserva de hospedagem em todo o complexo está disponível no link de Legoland Hotel.
Como é o Legoland Hotel em forma de castelo
O Königsburg tem aparência de castelo, altura de castelo, mas nem por isso obriga seus hóspedes a usarem escada o tempo todo. Há um moderno elevador para ligar os dois andares do hotel. No térreo, ficava um balcão de apoio próximo à entrada do restaurante, com um funcionário que tirava dúvidas simples sobre serviços disponíveis ou entrava em contato com a recepção graças ao único telefone que havia no prédio.
Os quartos não tinham ramal, o que causou desconforto quando precisamos de ajuda para entender como regular o ar-condicionado. Fui até o térreo, mas o funcionário que estava lá não sabia como lidar com os comandos também. Ficamos sem saber porque a recepção do complexo já estava fechada. Atualmente ela funciona 24 horas. Como eu disse acima, o Königsburg estava funcionando havia apenas 2 dias, o que geralmente exige ajustes naturais.
Ficamos no quarto com 30 m², de paredes magicamente decoradas, com muitos objetos construídos com as pecinhas de Lego. As instalações eram confortáveis, mas básicas, com cama king-size, ar-condicionado, banheiro com ducha, secador, frigobar, cafeteira, duas televisões e um balde de Lego para as crianças brincarem durante a hospedagem.
Elas dormem no espaço localizado na entrada do quarto, numa espécie de antessala, separada do banheiro e do quarto do casal por um porta de correr. Pendurada na parede, a placa com a inscrição ‘kids only’ deixa claro que a crianças mandam no pedaço. No lugar do chocolate em cima da cama, costume em hotelaria, pecinhas amarelas aguardam os hóspedes no Legoland Hotel.
Você pode imaginar como foi a reação de Quim diante daquilo tudo. Ele ia de um lado para o outro do quarto, admirado com as paredes cheias de personagens, cenas, com os objetos de decoração construídos de Lego — basta ver pela foto que ele quis tirar ao lado da porta do banheiro.
O que fazer na vila de férias: Feriendorf
Considerando que há um parque de diversões muito próximo, fica até difícil imaginar que alguma criança vá ter disposição para brincar com algo eletrônico em algum momento. Isso sem falar que cada um dos hotéis possui seu próprio playground, com brinquedos de madeira, escorregador e tanque de areia.
E mais: no complexo há uma área (Hochseilgarten) com circuito de triciclo (que Joaquim experimentou) e espaços para escalada, tirolesa, boliche e mini-golfe — para brincar é preciso comprar ingresso.
Chegamos à Legoland Alemanha por volta das 10h30. Fizemos check-in, mas só poderíamos acessar o quarto depois das 15 horas. Deixamos a bagagem na recepção e seguimos para o parque carregando apenas mochila com casacos, biscoitos e água. Almoçamos cedo. Fome no restante do dia? Só de diversão.
À noite, depois de um bom banho, saímos a pé para jantar, ali dentro da Feriendorf. No Königsburg, há o Zun Tafelrund, restaurante anexo ao castelo. Em clima de taberna, serve de tábua de frios a hambúrgueres, passando por pizzas e massas, sem falar em menu infantil e em pratos com carne e acompanhamento.
No entanto, foi de olho num leque de opções aberto e na economia que fizemos na reserva online dessa despesa extra que escolhemos jantar no Dschungel Buffet, na área da recepção do resort. Vizinho a ele, o teakhouse serve grelhados e acompanhamentos.
O Dschungel Buffet tem paredes decoradas com os simpáticos bonequinhos, pequena área de recreação infantil e o buffet tinha um balcão dedicado às crianças, na altura da garotada. Mesmo para quem paga no local, a placa com os preços na porta (apesar de estar escrita apenas em alemão) não deixava dúvida: o Dschungel era o melhor custo-benefício porque o valor incluía bebida.
Lá dentro, 3 descobertas. 1ª: o preço do menu incluía apenas refrigerantes, não suco. 2ª: para esclarecer essa dúvida e saber que sabores de suco havia, tivemos de apelar para a mímica porque a garçonete que nos atendeu não falava inglês. 3ª: havíamos demorado demais para ir ao restaurante, que fecha às 22 horas e, como em qualquer buffet, a comida já não estava tão fresca quanto no momento em que começou a ser servida, às 17 horas. Resultado: nosso jantar terminou com uma pontinha de frustração porque só chegamos para comer perto das 21 horas.
Então, vale saber: ou você termina a brincadeira mais cedo no parque e segue para o jantar.no Dschungle ainda no início do buffet, ou janta nos restaurantes à la carte. Ou seja, almoça e lancha no parque, aproveita até o fechamento e escolhe entre o Zun Tafelrund (aberto até as 23 horas, no Königsburg) e o Steakhouse (até as 23h30, perto da recepção). Ambos aceitam pedidos até as 22 horas pelo menos.
Servido em dois horários, o café da manhã é a única refeição incluída na hospedagem. Como tínhamos direito a mais 1 dia de parque antes de seguir para Stuttgart no fim da tarde, saímos da cama bem cedo. Entre 7h30 e 8h45 tivemos tempo mais que suficiente para nos alimentarmos com o café do tipo continental. Joaquim ainda foi cumprimentado pelo mascote de dragão que circulou pelo salão. Ficou meio ressabiado, ainda sob efeito do trauma que tinha sido o passeio pela montanha-russa daquele mesmo personagem.
Além dos 3 hotéis em forma de castelo, a Legoland Alemanha possui outros tipos de hospedagem, ideais para quem quer ficar mais dias gastando menos. Há chalés que acomodam de 4 a 6 pessoas, em instalações semelhantes às dos castelos e 3 tipos de decoração temática. Na frente de cada conjunto de casinhas também há playground.
Outra alternativa é estacionar um motorhome na área de camping ou pernoitar em quartos de madeira construídos em formato de barril. Essas 2 opções ficam em um bosque, a cerca de 10 minutos de caminhada do parque temático. O pacote dos visitantes — acampados ou em chalés — inclui ingresso para brincar no parque temático.
Quando estivemos no Legoland Hotel, com o parque apenas no 2º dia de funcionamento daquela temporada, a ocupação era alta nas vilas de casas. Carros grandes, famílias numerosas. Crianças correndo como se estivessem no quintal de casa. Pais sentados na soleira da porta, vendo a vida passar sem pressa alguma.
A Legoland Alemanha é, sim, um resort. Está lá na inscrição da placa de entrada, em inglês. Entretanto, a denominação resort quase sempre nos leva a pensar em um tipo de complexo hoteleiro cheio de facilidades e, em alguns casos, serviços exclusivos e um certo luxo. Mas, ao pé da letra, resort significa estância, um lugar para descansar. E ponto.
E o nome do lugar em alemão (feriendorf) demonstra isso: você está em um genuína colônia de férias. Com conforto, serviços e entretenimento à disposição, mas sem afetação, com um clima de casa de campo. Vivemos férias legitimamente alemãs nesse pedaço da viagem à Alemanha com crianças. Então, em Günzburg, faça como os alemães e como nós fizemos: descanse e divirta-se!
Transporte: De carro, use a estrada A8, entre Munique e Stuttgart, e pegue a saída em direção a Günzburg. O estacionamento custa 6 euros por dia.
De trem, desça em Günzburg. À esquerda da saída da estação há um ônibus que faz a ligação com o parque, com saídas a 15 minutos na alta temporada e meia-hora na baixa. O transporte é grátis para quem apresentar o tíquete do trem
Funcionamento: Em 2020, o Legoland Hotel funciona de 28 de março a 8 de novembro
Queríamos visitar cidades alemãs em família, mas como conciliar museus e pontos turísticos levando conosco uma criança de 5 anos? Assim como fazemos com os programas quando estamos no Brasil, nossa viagem foi definida com base nos interesses pessoais de todos aqui de casa, para que cada um aproveitasse aquilo que escolheu ver da melhor maneira. Foi assim que a Legoland Alemanha entrou no roteiro.
Esse exercício democrático sempre exige pesquisa. Com a Alemanha foi preciso um pouco mais, para conhecer o que há de lúdico, já que o país europeu costuma ser lembrado como um destino adulto, indicado para quem gosta de história e cultura, por exemplo. No planejamento que Nathalia e eu desenhamos, buscávamos esse tipo de programa e também lugares para nosso filho, Joaquim, brincar.
Razão pela qual saltamos do trem na pequena Günzburg, entre Munique e Stuttgart, para dois dias de visita à Legoland Alemanha. Quim havia acabado de fazer aniversário. Como presente, reservamos uma noite no então recém-inaugurado Königsburg (Castelo Real), com direito a 2 dias de entrada no parque temático.
Era para ser surpresa. Mas, quando o nosso menino, ainda no Brasil, nos pegou acessando o site oficial (e multicolorido) da Legoland, ficou impossível não dizer o que tínhamos em mente para aquela longa jornada pela Alemanha. A empolgação dele nos contagiou de tal forma que, no fim desse trecho da viagem, nos sentíamos tão criança quanto ele. E prontos para encarar a metade final do roteiro.
Além do mais, a visita a Legoland era a primeira vez do Joaquim em um parque de diversão. De certa forma, era meu début também. Na infância até fui algumas vezes ao velho Playcenter, parque que ficava na Marginal Tietê, em São Paulo. Ou seja, experiência que não se compara à de um grande centro internacional de entretenimento temático.
Como é o parque de diversões de Lego
Tínhamos o mapa nas mãos, mas decidimos explorar de forma aleatória cada uma das 8 áreas temáticas da Legoland. Achamos interessante começar pela torre de observação (Aussichtsturm), uma plataforma giratória fechada que sobe a 50 metros. Dá uma visão panorâmica de parte do parque, pois fica numa das extremidades.
Se não quiser ir tão alto, experimente o Tret-a-Mobil. Você pedala o carrinho ou deixa a velocidade reduzida do brinquedo te levar pelo trilho suspenso. Por não ser envidraçado como a torre de observação, fica mais fácil fazer fotos e vídeos dando uma ideia geral do parque, com 55 milhões de peças de Lego usadas na ambientação.
A Legoland Alemanha é voltada para crianças de 2 a 12 anos. Logo, não é um reino repleto de brinquedos radicais. Mas atrações extremas existem, não demoramos a descobrir. Nosso aquecimento foi no Drachenjagd, versão light em que as curvas bruscas assustam mais do que sobe e desce que não faz nem cócegas — embora eu tenha segurado o bracinho do Quim firmemente durante as 2 voltas que demos. Coisa de pai, sabe como é.
Montanha russa retrô, com visual de madeira
Na entrada de todo brinquedo há uma régua dividida nas cores vermelha, amarela e verde, cada uma indicando a altura da criança. O monitor da atração legitima o que os pedaços coloridos mostram.
Na época, Joaquim ficava na zona amarela, ou seja, tinha de ir em todas as atrações na companhia de um adulto. Garoto alto, espigado, logo ele entrou sem problemas no Feuerdrache, a tal montanha russa em que fomos parar sem perceber, como Nathalia descreveu no texto que abre essa série de Alemanha com crianças. O brinquedo em si não faz aquele malabarismo todo que outras montanhas russas apresentam mundo afora, mas impressiona a quem nunca tinha botado os pés em um parque de diversões, caso do Joaquim.
Mais radical montanha russa da Legoland Alemanha
Depois do susto no Feuerdrache, nosso menino chorou durante meia hora. Tempo em que ficamos estudando qual era a melhor atração pós trauma da montanha russa. Quim escolheu o Kanu X-pedition, uma canoa que flutua por um percurso curto. É bem suave, molezinha, molezinha. Tanto que adultos só entram se for para acompanhar crianças menores de 3 anos.
Em toda atração que envolve água, o risco de você sair molhado é alto. Como dormiríamos no Legoland Hotel na vila ao lado do parque, nosso plano era nos encharcarmos no primeiro dia, quando teríamos chuveiro à disposição e roupas secas para trocar. No fim do dia seguinte — depois de mais parque —, seguiríamos para Stuttgart, e ninguém estava disposto a pegar o trem usando peças úmidas.
Personagens no bosque entre o hotel e o parque de diversões
Já deu para sacar que, entre teoria e prática, às vezes prevaleceu a vontade de uma criaturinha que era a razão para estarmos na Legoland. Naquele 1º dia, o maldito dia da montanha russa, Joaquim não quis encarar o Dschungle X-pedition, canoa que escorrega do alto de um vulcão por um toboágua a 12 metros de altura.
Sobre trilhos: refúgio dos bem pequenos
Aquela recusa momentânea do Joaquim nos levou a conhecer atrações como o Safari Tour, jipinho que atravessa uma savana de mentirinha, com gorilas, elefantes e girafas, em um total de 90 animais selvagens construídos com pecinhas de Lego, em tamanho real.
Também sobre trilhos, o Legoland Express contorna todas as áreas do parque (o trem anda bem devagarinho, dá para tirar fotos e filmar sem se descuidar dos pequenos). Na linha dos brinquedos light, o Ritterturnier permite à criançada montar a cavalo e se divertir ‘enfrentando’ adversários feitos de Lego em um torneio de justa, combate típico do período medieval.
Cavaleiro Joaquim se divertindo na Alemanha
Na área Imagination sobram brincadeiras para os miúdos. Tem jogo da memória, o Duplo Express (trenzinho que remete à linha de produtos voltados para crianças de até 3 anos) e o Power Tower, uma torre com cadeiras que sobem com auxílio de uma corda que os adultos puxam.
É nessa mesma área que fica a Galerie der Fussballstars, com bustos de alguns dos mais famosos craques do futebol mundial feitos de Lego — Beckenbaeur, Maradona e Ronaldinho Gaúcho estão entre os homenageados.
Craques do futebol em pecinhas, para deleite também dos adultos
De pernas para o ar, entre Star Wars e Ninjago
Bichos, cavaleiros e personalidades reproduzidas com peças de brinquedo impressionam pelo tamanho e pela riqueza de detalhes. Quando o assunto é uma nave espacial, o impacto causado é maior. Na área onde fica o Lego Bionicle Power Builder, a atração na época de nossa visita era a X-Wing, veículo de combate das forças do bem de Guerra nas Estrelas. Construída nas medidas da usada no filme, a nave consumiu 5 milhões de blocos coloridos!
Naquele tempo Joaquim ainda não havia assistido a nenhum episódio de Star Wars. Por causa da pouca idade e por ainda não ter essa referência filmográfica, foi compreensível o medo que ele sentiu dos soldados de Darth Vader. Com armas em punho, os Stormtroopers circulavam pelo local e tiravam fotos com os visitantes. Havia também estátuas de Lego de todos os personagens da saga criada por George Lucas.
A trilha sonora do filme se misturava com o barulho do Lego Bionicle Power Builder, 6 braços mecânicos com 2 assentos na ponta. Nele os ocupantes eram girados para todos os lados.
Na parte externa, no espaço vizinho, o Flying Ninjago tem o mesmo conceito: botar as pessoas de pernas para o ar. A 22 metros do chão, é você quem escolhe só voar em círculos ou também rodopiar com o auxílio de asas móveis. Recomenda-se encarar esses brinquedos antes de qualquer refeição.
Ensopadinhos no almoço
Nós tínhamos saído muito cedo de Munique com destino a Günzburg. A fome era grande e, por isso, almoçamos pouco depois de entrarmos no parque. Comemos no City Markthalle (entre os pratos que pedimos, experimentamos a sugestão de menu infantil com rodelas de batata prensada e molho de maçã).
Comida alemã para crianças pequenas
No 2º dia, fomos ao Dino Grill. Enquanto esperávamos pela comida, Joaquim foi se molhar um pouco mais no Wasser-Spiele, fonte musical que esguichava água toda vez em que a criançada pisava no chão.
Música e jatos de água em instrumentos feitos de Lego
Escolhemos esse restaurante com mesas ao ar livre para nos secarmos ao sol. Estávamos ensopados porque Joaquim havia superado o trauma de descida em queda livre, revelado no dia anterior, e topado encarar o Dschungle X-pedition — e também porque o papai aqui resolveu defender a honra da família no Käpt’n Nicks Piratenschlach (explico mais adiante).
Particularmente, o Dschungle me pareceu até um pouco sem graça à primeira vista. Usei a mesma estratégia da montanha russa, me aboletando no assento no fim da canoa, na esperança de sair menos molhado do que o povo à minha frente.
Só que o inventor do brinquedo deve ter se inspirado no ditado popular que diz que os últimos serão os primeiros. Depois de subir ao topo da estrutura em forma de vulcão, a canoa girou 90 graus à esquerda e parou. Havia uma abertura bem atrás de mim. E eu não tinha percebido.
A primeira queda, que não dava para ser vista do lado de fora da atração, era de costas! Adivinhe então quem levou o primeiro banho do passeio? Passado o susto da primeira queda, contornamos um caminho de 2 ou 3 curvas antes de subirmos novamente e partirmos para a descida final, com aquela espirrada de água para todos os lado (dentro da canoa, inclusive).
Régua de altura exigida nos brinquedos
Joaquim adorou a brincadeira, queria ir novamente. Estávamos parcialmente molhados. Explicamos a ele que, se brincássemos outra vez, nossa viagem de trem no fim do dia não seria nada confortável.
Caminhamos um pouco e vimos o Käpt’n Nicks Piratenschlach, cuja sonoridade do nome em alemão sugere algo bem molhado. A atração estava praticamente vazia e resolvemos subir no navio pirata para dar uma volta. Nele há canhões de água para serem usados em batalhas contra as demais embarcações. A primeira volta foi tranquila, com o Joaquim espirrando água no nada, sem ataques contra os barcos próximos. Havia pouca gente, então a monitora nos concedeu mais uma voltinha.
Pirataria em brinquedo da Legoland Alemanha
Tudo ia muito bem até um garotinho surgir do lado de fora, em um lugar mais alto onde também havia canhões de água. Não é que o moleque encasquetou de nos molhar? Nathalia e Quim não tiveram força suficiente para revidar aos ataques do menino. Assumi o canhão e girei a manivela que lançava água o mais rápido possível.
Confesso, dei um banho no fedelho com minha artilharia pesada. Acontece que ele ganhou a companhia do pai que, assim como eu, decidiu defender sua cria (atire o primeiro jato quem não faria o mesmo). No 2 contra 1 ficou complicado. Fosse na vida real e iríamos a pique. Terminamos a brincadeira gotejando.
Banho de água e alegria no parque de diversões
Na saída do brinquedo havia uma providencial máquina de secar. Custava € 1 e só funcionava a base de moeda. Infelizmente, estávamos sem trocados, e a solução foi nos secarmos ao sol, na área externa do Dino Grill.
O calor não era de rachar, a umidade nos acompanhou por um bom tempo. Parecíamos roupas recém tiradas de uma máquina de lavar que passariam por outros dois ciclos antes de ficar enxutas.
Acionamos a função ‘secagem’ no Lego Studios, onde assistimos a um curta de animação em 4D, com direito a sensação de calor na sala de projeção a cada explosão enfrentada pelo herói Clutch Powers, filme com Emmet e sua turma.
Da sessão de cinema, partimos para o Techno Schleuder, a boa e velha xícara maluca. Rodamos no sentido anti horário e em torno do próprio eixo, num movimento em forma de número 8! Resumindo: modo de centrifugação completo! Estávamos sequinhos novamente.
Terra de gigantes
Para quem ama Lego, a Miniland é, sem dúvida, a atração que merece muita atenção. Não é à toa que ela ocupa a área central do parque. Prédios famosos da Alemanha e de outras cidades europeias foram construídos em escala 1:20. Olhar as pessoas em volta daquelas esculturas me lembrava um pouco o clip Love is Strong, dos Rolling Stones, em que os músicos da banda, atores e modelos circulam pelas ruas de Nova York como gigantes.
Na Miniland, Berlim está lá com o Reichstag (parlamento alemão) e o Portão de Brandemburgo. Frankfurt é representada pela Römerberg e pelos modernos prédios que se destacam na paisagem do centro financeiro do país. Maior edifício feito com Lego no mundo, a Allianz Arena pesa 1 tonelada e meia! A estação de trem da suíça Lucerna e os tradicionais moinhos de vento da Holanda também estão reproduzidos. Na Veneza em miniatura, o gondoleiro cantarola enquanto percorre os famosos canais da cidade italiana.
Acessíveis às crianças, botões e alavancas movimentam partes dos cenários e de alguns personagens. Reserve um bom tempo se quiser admirar a impressionante riqueza de detalhes. Para os fãs de Star Wars é também a oportunidade de rever 7 cenas da série, recriadas com a ajuda de 1 milhão e meio de tijolinhos coloridos.
E a mania de grandeza dessa gente não para. Novidade da temporada 2016, o High Five é um projeto que recria 5 dos maiores arranha céus do mundo: Ping An Finance Center e Shangai Tower (ambos da China), Makkah Royal Clock Tower Hotel (Arábia Saudita), One World Trade Center (Estados Unidos) e Burj Khalifa (Dubai), o mais alto deles — o original tem 828 m de altura e o da Miniland é igualmente gigante, construído com mais de 5 m. Reproduzir todos esses edifícios consumiu 400.000 peças de Lego e 6 meses de trabalho de 13 designers.
Atrações cobertas
Com boa parte das 90 atrações a céu aberto, chega a ser estranho entrar em uma fila para desfrutar de um espaço fechado. Àquela altura da nossa viagem pela Alemanha já tínhamos visitado aquários da rede mundial SeaLife nas cidades de Berlim e Munique. Ainda assim topamos entrar em Atlantis para ver como 2.000 peixes vivem em meio a objetos e personagens construídos com 1 milhão de peças de Lego.
Nossa última escala foi no disputado Tempel X-pedition. Mais uma vez sobre trilhos, cruzamos a escuridão do templo do faraó em uma caça ao tesouro interativa, munidos de uma pistola de luz para acertarmos alvos que surgiam pelo caminho. O conceito de caçada se repete no City Polizeistation. Na atração inaugurada em 2015, exclusiva dentre os 6 parques da franquia em todo o mundo, pais e filhos perseguem ladrões por um labirinto de espelhos e barreiras de laser.
Essas duas últimas atrações fazem parte das sugestões do site do parque para os dias de mau tempo. Quando estivemos por lá, naquele início da primavera europeia, o sol surgiu entre nuvens, desaparecendo justamente na nossa partida.
Voltamos de táxi para a estação e pegamos o trem para Stuttgart — acredite, ele atrasou, coisa rara na Alemanha! Dos 6 trechos que percorremos durante toda a viagem pelo país, esse trem local foi o único que não chegou no horário. Se soubéssemos que isso iria acontecer, talvez tivéssemos dado uma esticadinha no parque. Fosse para experimentar uma atração que ficamos sem conhecer ou ir em um mesmo brinquedo mais uma vez. Desde que não fosse o dragãozinho, claro.
VALE SABER
Endereço: Legoland Allee, 89.312, Günzburg.
Transporte: A Legoland fica entre Munique e Stuttgart, no sul da Alemanha. De carro, pegue a estrada A8 e utilize a saída para a cidade de Günzburg. Há placas que indicam o caminho para o parque. O estacionamento custa € 6 por dia.
Nós fomos de trem, de Munique a Günzburg. Na mesma calçada da estação há um ônibus que deixa os visitantes na porta do parque — o traslado é grátis para quem apresentar o tíquete do trem, informa o site oficial do parque. Na alta temporada, os ônibus saem a cada 15 minutos. Na baixa, a cada 30.
Como estávamos carregados com malas, optamos por um táxi do ponto em frente à estação. Pagamos cerca de € 8 e foi bem mais confortável. Ficamos hospedados dentro da Legoland, então acessamos o parque por uma entrada exclusiva. Fica no fim de uma trilha cheia de árvores, muito legal.
Funcionamento: Em 2016, até 6 de novembro, abrindo sempre às 10 horas da manhã e fechando entre 18 e 21 horas, conforme o período do ano. As atrações (exceto o Miniland) são encerradas 1 hora antes do fechamento do parque. Restaurantes e lojas podem fechar um pouco antes conforme o movimento
Preço: O ingresso no site custa € 41,50 a partir de 3 anos — crianças de até 2 anos, grátis. Com antecedência de 7 dias na compra online, a entrada sai por € 37,50. A Legoland tem 2 possibilidades de family ticket: € 156 para até 4 pessoas; € 190 para até 5 pessoas — em compras 1 semana antes, os bilhetes para família custam € 140 e € 168,75, respectivamente.
Alimentação: De pizza a waffle, passando por massas e grelhados, sem se esquecer do infalível schnitzel com batata frita, a Legoland possui 13 espaços para comer e beber. Quem quer aproveitar mais as atrações ganha tempo apelando para os cafés, que têm lanches e crepes no cardápio. Uma tabela em inglês no site mostra o menu dos restaurantes e os ingredientes que podem causar problemas a quem sofre de alguma alergia ou intolerância alimentar.
Lojas: Não há melhor lugar na Alemanha para comprar Lego. O parque possui 12 opções de lojas, entre moda infantil e adolescente, um mini mercado, uma tenda exclusiva para meninas e ambientes temáticos (o ponto que vende produtos Star Wars atrai muitos adultos).
É possível comprar pecinhas por peso, diretamente da fábrica (limite de 100 gramas por pessoa por dia), ou então garimpar bons brinquedos no saldão que funciona durante toda a temporada. Como não queríamos carregar muito peso pelas 3 cidades que ainda iríamos visitar, optamos por comprar Lego em Frankfurt, nossa última parada. Lá adquirimos sets e ainda alguns bonecos avulsos que Joaquim montou na hora, combinando diferentes peças.
“Mamãe, mamãe, pergunta se é montanha russa!” Aflito, Joaquim puxava meu braço sentado ao meu lado no carrinho do brinquedo da Legoland, parque de diversão que estava no nosso roteiro de viagem à Alemanha com crianças. Ele insistia, eu tinha de descobrir como seria o passeio por vir. Estávamos prestes a partir quando tentei rapidamente confirmar: “Tem looping?” “Não, não tem looping. É tranquilo”, respondeu o funcionário. Na verdade, me deu branco. Eu queria perguntar se era ‘roller coaster’, montanha russa em inglês. Mas, na pressa e na pressão, acabei trocando as voltas. O funcionário respondeu o que perguntei e me informou que o brinquedo não incluía ficar de cabeça para baixo.
“Viu, não é montanha russa. Só deve ter aquele dragão no fim, só um sustinho, mas a gente já conhece”, expliquei ao meu filho, lembrando a atração da Legoland que fica dentro do Sony Center, em Berlim, cidade por onde havíamos começado nossa viagem em família pela Alemanha. Um mês pelo país juntos, Fernando e eu, com nosso filhote, então com 5 anos.
Na Legoland Alemanha, castelinho abriga entrada da montanha-russaBrinquedo na Legoland em Berlim: um passeio pelo escuro
Não muito convencido, Joaquim permaneceu sentado no carrinho. O percurso inicial era bobinho. Quim relaxou um pouco quando percebeu que os personagens eram parecidos com os da Legoland indoor que funciona na capital alemã — nós também. Tudo ia bem até surgir aquela bendita luz no fim do túnel. O carrinho avançou alguns metros e começou a subir os trilhos. Os três perceberam que estávamos prestes a descer em alta velocidade.
“Mamãe, eu falei!!! É a montanha-russa do dragãozinhoooo!! E agora?!”
Assim que saímos do brinquedo, Joaquim caiu numa crise de choro devido ao susto (e ao medo) por que passamos todos. Não, a montanha-russa não era nenhum exemplar ultrarradical, daqueles que leva ao delírio os adeptos na americana Flórida. Mas a família aqui é mais chegada à fantasia e à imaginação do que à adrenalina. Hoje Joaquim ri da história. Sempre com o adendo de que nunca mais quer ir à montanha-russa, igualmente seguido por outro: ‘Vamos voltar à Legoland?’
Essa é apenas uma das muitas passagens da viagem que permanece viva para ele, e para nós também.
A farra que fizemos quando nos molhamos na guerra de água no navio pirata, também na Legoland.
A euforia de descobrir cada detalhe do recém-inaugurado Königsburg, hotel em forma de castelo de brinquedo, onde dormimos dentro do complexo do parque das pecinhas. O ritual de ver a encenação dos bonecos da Torre da Prefeitura de Munique, na Marienplatz, praça central da cidade, acompanhado de um sorvete de baunilha (ainda o sabor preferido dele). O entardecer ao ar livre no alto do Hotel Bayerischer Hof, diante da linda vista da capital bávara.
A bagunça dos macaquinhos do Wilhelma, o zoológico de Stuttgart. A fofura dos pinguins narigudos e dos filhotinhos de urso polar gêmeos, no zoo de Munique. A brincadeira com os ursos-símbolo de Berlim.
A diversão de caçar carimbos nas salas do SeaLife, aquário com unidades nessas duas últimas cidades.
A descoberta na prática da utilidade de mapas e de roupas de frio (e a dificuldade do nosso menino para aprender a vestir os dedinhos das luvas).
A experimentação, a sensação de poder tocar o museu, que Joaquim viveu no Kinderreich — cantinho da meninada no gigante Deutsches Museum, em Munique — e no Kibala, o universo ferroviário em versão mirim dentro do DB Museum, museu da ferrovia em Nuremberg.
A felicidade de encontrar a Sally no Museu Porsche, de Stuttgart.
As viagens de trem (e sua empolgação de estreante), com a Alemanha passando pela janela.
A descoberta de Dürer (pintor-símbolo de Nuremberg) e sua representação em forma de boneco Playmobil. O vento a levantar os cabelos nas muitas escorregadas no castelo medieval no divertido parque dos bonecos cabeçudos, pertinho de Nuremberg.
A alegria de ver sua mensagem enviada numa cápsula e de conseguir escrever o nome do Como Viaja na atividade voltada para crianças do Museum für Kommunikation, o museu da comunicação de Frankfurt.
A invenção do sr. Pomme Frite, apelido que Joaquim ganhou por ter sido essa a primeira expressão em alemão que aprendeu, para garantir a batata frita de cada dia.
As muitas risadas pelas nossas brincadeiras com a língua, adaptações aportuguesadas que fazíamos com o alemão incompreensível para nós. A primeira viagem internacional do nosso menino.
Viajar para a Alemanha com uma criança de 5 anos, que não lia em português tampouco falava inglês: foi o que decidimos fazer. Loucura? Para alguns, sim. Por tudo isso acima e por muitas outras lembranças que vamos contar aqui, eu digo que não — por motivos pessoais, não conseguimos publicar antes essa série sobre a viagem pela Alemanha com criança, mas agora vai! Nesta e na próxima semana, você acompanha textos sobre o que vivemos em família por Berlim, Munique, Günzburg, Stuttgart, Nuremberg e Frankfurt, nos deslocando sempre de trem entre os destinos.
Como é a Alemanha para criança?
A Alemanha tem a imagem de ser sisuda, um lugar de adulto por fim. Quando se pensa no país europeu, pipocam referências que passam longe do universo infantil. Cerveja: para adulto. Segunda Guerra, nazismo e Muro de Berlim: assunto de adulto. Música eletrônica: ambiente de adulto. Sim, mas os alemães não nascem com 20 anos.
Com 8,2 nascimentos para cada mil habitantes, o país tem a mais baixa taxa de natalidade do mundo — fica atrás até o Japão, de acordo com o estudo do Instituto de Economia Internacional de Hamburgo e da consultoria BDO divulgado em maio de 2015 — e as mulheres tem entre 1 e 2 filhos — a taxa de fecundidade, segundo o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha, foi de 1,42 em 2013. Mas existem crianças. Quando se passa um mês por lá, como passamos, se vê a garotada. Não apenas ao ar livre, brincando em parquinhos ou sendo puxadas em carrinhos por professoras, mas também em museus. Durante nossa visita à Staatsgalerie, de Stuttgart, uma turminha de escola, com idades de 4 ou 5 anos, desenhava sentada diante de esculturas do gênio espanhol Pablo Picasso.
Há diversos programas convidativos para se fazer em família na Alemanha. São parques de diversão temáticos, museus de brinquedos, passeios de pedalinho, áreas interativas para crianças em grandes museus e instituições dedicadas especialmente a elas, aquários e zoológicos muito bem estruturados.
Os 4 zoológicos da Alemanha que visitamos são bem mais do que uma reunião de bichos à mostra. São programas completos para se passar um dia em família. O de Nuremberg fica numa área de bosque, com subidas e descidas para se ver os setores com animais. Tem até show de golfinhos. Já o de Munique é todo plano, excelente para caminhadas, com boa sinalização e um parquinho tentador — é capaz de você precisar lembrar seu filho de que há um monte de bichos à volta para ver. Em Berlim, colado à movimentada Kurfürstendamm, principal avenida da capital, somos transportados para a tranquilidade de um parque. E que lindeza é o Wilhelma, zoológico com jardim botânico de Stuttgart.
As principais cidades turísticas alemãs mantêm incentivos para a viagem em família, por meio de pacotes ou passes de desconto em atrações. Os destinos ganham um apelo a mais nas datas festivas do ano, Natal e Páscoa: os mercados montados nas praças. A criançada se diverte em carrosséis. Inesquecível a emoção que provocou em mim a mistura de sentidos quando conheci em 2011 a Römerberg, praça medieval de Frankfurt. As luzes de Natal diante daquelas casinhas que parecem de boneca, o olfato impregnado pela canela dos enormes biscoitos de coração, o doce som do coral infantil.
Eu estava sozinha nessa viagem, mas um desejo de ver meu marido e meu filho comigo ali despontou. Fernando tinha o sonho antigo de conhecer a Alemanha — a curiosidade pelo país, despertada na adolescência pelos vizinhos de família alemã, só aumentou na Copa de 2006, quando ele cobria esportes pelo canal ESPN. Mas, na hora de planejar as férias, tivemos dúvida se seria legal para Joaquim visitar um país com tanto conteúdo histórico. Não me refiro a lugares que retratam as atrocidades cometidas pelos nazistas. Se adultos, ficamos chocados com o teor, que dirá uma criança de 5 anos. Nos revezamos para visitar espaços como o Dokumentationszentrum Reichsparteitagsgelände, impressionante centro de documentação em Nuremberg sobre o nazismo.
Me refiro a pontos remanescentes de uma história bem mais remota, entre eles, os palácios de Charlottenburg (Berlim) e Residenz (Munique). De fato, Joaquim foi bem até certo ponto. Depois, apesar dos enredos malucos que contávamos para ele se sentir inserido, se cansava.
Como se cansou ao visitar o Museu Imperial, em Petrópolis, na serra fluminense, ou a seção sobre numismática, no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro (CCBB-RJ). Todos com explicações mais do que completas, extensas para uma criança tão pequena. No entanto, foi capaz de absorver e até de participar em atrações com recursos audiovisuais e interatividade (coisas dessas geração conectada desde cedo), mesmo onde o assunto não era nada leve, caso da exposição Die Mauer, panorama de Berlim dividida apresentado por artista Yadegar Asisi, no Checkpoint Charlie.
O que fazer em família no país?
Fascinante para adultos, a capital alemã pode não ter muito jeito de criança à primeira vista, mas, como sempre, surpreende. Como comprovam o Legoland Discovery Center, parque temático indoor dos bonecos amarelos, e o AquaDom & SeaLife, aquário com um elevador anexo que sobe entre peixes. No ‘ranking joaquino’ alemão, Berlim está bem cotada, com sua Torre de TV e seus famosos Ampelmännchen, bonequinhos verde e vermelho do sinal de trânsito da antiga Alemanha Oriental.
Combinar Berlim com Munique dá uma mistura interessante de estilos e programas. Na capital da Baviera, em qualquer direção que se tome há programas para a meninada: do Kinderreich, reino da garotada no Deustches Museum, ao território do Bayern, com o museu e a Allianz Arena, onde passamos um dia muito divertido — e contamos aqui. No Englischer Garten, extenso parque de Munique, Joaquim correu, pulou e escalou os brinquedos de madeira, bem ao lado do Biergarten da Chinesischer Turm (Torre Chinesa). Enquanto os pais se lambuzam com salsichas e a renomada cerveja da Baviera, a criançada se suja na areia.
O sul da Alemanha tem mesmo muitas possibilidades de roteiro para quem viaja com criança. Por exemplo, juntar Munique e Stuttgart e visitar os museus de automóveis BMW, na primeira, e Museu Mercedes e Museu Porsche, na outra.
Quem vai a Munique ou a Stuttgart pode ainda dar um pulo à Legoland, parque temático em Günzburg, cidade no meio do caminho, a cerca de uma hora de trem das duas outras. Dá para fazer bate-volta, mas nós não recomendamos. O ideal é dormir por lá e, assim, evitar correria com os filhos e ainda aproveitar pelo menos um dia inteirinho nos brinquedos.
Para conhecer o Playmobil FunPark, parque de diversão dos simpáticos bonecos, localizado em Zirndorf, cidadezinha onde foram inventados, dá para se hospedar na vizinha Nuremberg tranquilamente. Com o Playmobil FunPark e a Kibala (setor infantil do DB Museum, que leva o nome da empresa de trens do país, a Deutsche Bahn), a cidade da Baviera combina bem com Munique como uma outra opção de roteiro de viagem com criança.
Parque Legoland Alemanha, para crianças de 2 a 12 anos – Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
E a língua dificulta?
Ninguém em casa fala alemão. A gente se comunicava em inglês, algo muito usual nas cidades turísticas da Alemanha. Nos parques de diversão, situados em municípios menores da Baviera, o idioma nacional prevalece na maior parte do tempo. Aconteceram situações em que a gente teve de apelar para o jogo de mímica, como no jantar no restaurante dentro do complexo da Legoland, em que garçons tiveram dificuldade para tirar dúvidas em inglês. Mas, de um modo geral, os funcionários da recepção e de brinquedos do parque conversavam na língua inglesa.
O idioma, para nós, não foi um problema. Pelo contrário, num mundo tão globalizado, foi especial experimentar férias legitimamente alemãs, se misturar a famílias do país e ver o modo como os locais se divertem com seus filhos durante a folga de verão. Até para viver mais essa sensação, não ficamos preocupados em ter o controle de tudo durante a viagem. Talvez isso explique por que fomos parar na tal montanha russa do início do texto. Durante um mês na Alemanha com nosso menino, nos jogamos naquele mundo novo que se revelava dia a dia.
Joaquim voltou da viagem com mais vontade de aprender. Tudo. Sempre foi um garoto curioso, e isso ajudou muito na hora de ouvir explicações sobre pontos turísticos, reis e afins de uma terra distante da sua realidade. Resultado de um mês ausente na escola para conhecer a Alemanha? Ele terminou o ano sabendo ler e escrever em português e interessado pelo inglês, língua até então desimportante para ele.
Ah, e ainda ganhou a Copa do Mundo! Consequência da nossa visita ao Museu do Bayern e à Allianz Arena, em Munique, nosso menino, que nem é louco por futebol, torceu pela Alemanha no Mundial do Brasil. Antes do fatídico 7 x 1 que levamos dos germânicos, Quim prenunciou: ‘A Alemanha vai ganhar, eu vou torcer para ela.’ Antes nós tivéssemos escutado…
Escolhemos viajar para a Alemanha e montamos o roteiro com base nas cidades e nas atrações que desejávamos visitar para escrever sobre elas no Como Viaja. A viagem teve apoio do Turismo da Alemanha no Brasil e dos representantes de Berlim, Munique, Stuttgart, Nuremberg e Frankfurt, aos quais agradecemos pelo suporte oferecido de diferentes maneiras em cada destino.
As passagens aéreas e várias despesas dessa viagem de 1 mês pela Alemanha (entre elas, alimentação, transporte, atrações e diárias em alguns hotéis) foram pagas por nós
A pequena Bournemouth, a 170 quilômetros de Londres, guarda um doce de lugar. The Chocolate Boutique Hotel dispensa tradução. Seus 15 quartos levam nomes das várias denominações de chocolate, e a decoração é toda em tons de caramelo, creme e, claro, chocolate.
Quem se hospeda por lá ganha dose diárias de trufas nas suítes e prova deliciosas panquecas recheadas (você sabe com o quê) no café da manhã. Se a viagem for a dois, há um pacote romântico que inclui fonte de chocolate para mergulhar carnudos morangos, um par de “chocktails” (trocadilho mais que apropriado para coquetéis) e uma garrafa de espumante espanhol.
Quem quiser botar a mão na massa e aprender a fazer trufas decoradas pode se inscrever nos vários workshops oferecidos pelo hotel e cobrados à parte.
Na cidade de chocolate
Já The Hershey Hotel leva o nome da família fundadora da empresa de chocolate criada no estado americano da Pensilvânia. De inspiração mediterrânea, a construção com 276 quartos fica no topo de uma montanha, com vista para a fábrica da marca, que hoje também dá nome à cidade, distante 2 horas de Washington e 3 de Nova York.
O spa que funciona no hotel oferece diversos tratamentos, entre ele o que privilegia o produto que fez a fama da família Hershey. Banhos e massagens à base de cacau e chocolate estão disponíveis no espaço, que não aceita menores de 18 anos.
O hotel faz parte da Hershey Entertainment & Resorts, proprietária também de um parque temático, de um museu da marca de chocolate e de vários outros meios de hospedagem.
Muitos hotéis da cidade americana de Hershey fazem referência ao tema chocolate em seu nome, casos do Cocoa Motel e do Cocoa Country Inn Hershey At the Park.