Foi uma sensação curiosa entrar no Hotel Toriba, em Campos do Jordão, na companhia de Nathalia e Joaquim. Aberto em 1943, esse clássico da hospedagem na cidade da Serra da Mantiqueira, em São Paulo, mantém uma antiga relação com famílias, algumas delas já na quarta geração de frequentadores. No nosso caso, o envolvimento começou há 12 anos, quando o Quim nasceu.
Morávamos a duas quadras da Paulista, uma zona que só vendo. Ou melhor, ouvindo. Para que o recém-nascido não sofresse com tanto barulho da rua, um dos antídotos para abafar sirenes e buzinas de gente apressada estava num CD do chá da tarde do Toriba. Nath havia ganhado um quando ainda era editora do caderno de Turismo do antigo Jornal da Tarde. Como gostamos de música, o presente foi parar na estante de casa, entre Duke Ellington e Elis Regina.
Cabia então a Tchaikovsky a tarefa inicial de zelar pela soneca de Joaquim. As músicas lembravam à Nath sobre as aulas de balé da época de menina. De certa forma, ela e eu também descansávamos naqueles 55 minutos diários, sempre após o almoço.
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Pouco mais de uma década depois, o som que nos recebe na chegada ao Hotel Toriba, em Campos do Jordão, é o do sopro do vento leve por entre as flores da estufa, o local onde nos foi servido o tradicional chá da tarde. Às 5 em ponto o sol iniciou sua despedida enquanto comíamos doces e salgados feitos na padaria do próprio hotel. A ideia de servir essa refeição ali surgiu durante a pandemia. Nestes tempos de ressignificar espaços, a estufa de plantas virou salão de chá privativo, onde até pedidos de casamento já foram feitos, soubemos depois.
Hotel no estado de São Paulo
As nossas listas com sugestões são constantemente atualizadas. Fazemos uma apuração jornalística para chegar a essa curadoria. No caso de hospedagem, incluem apenas opções com boa avaliação de viajantes nos sites de reserva.
Como é o Toriba e sua nova suíte de vidro
A viagem em família a Campos do Jordão foi a nossa primeira saída de casa depois de um ano e meio resguardados por conta da covid-19. A escolha do destino chegou a causar admiração em alguns, mas queríamos mostrar como era possível visitar uma das cidades paulistas mais badaladas traçando um roteiro totalmente na contramão do movimento que a caracteriza. Para começar, o Hotel Toriba fica na região do Alto Lajeado, distante o bastante do Capivari, o bairro onde se concentra a movimentada vida turística do município, a cerca de 175 km de São Paulo.
Como parte desse processo de desconfinamento familiar, a chance de estrear a novíssima suíte Ninho Sábia-Laranjeira veio a calhar. O projeto arquitetônico passa a sensação de o quarto estar suspenso em meio às árvores. Uma das 4 novas acomodações do mesmo estilo previstas na expansão do hotel, ela tem duas paredes de vidro, do chão ao teto, além de um janelão do mesmo tamanho, que se descortina diante da cama de casal. Ao abrir, notei um grosso galho de araucária ao alcance da mão, o que só reforça a ideia de estar vivendo num ninho, a 10 metros do chão.
Joaquim dormiu num espaçoso sofá-cama. Armado desde a nossa chegada, ele não prejudicou em nada a circulação no quarto. Espaçosa, a suíte é equipada com mesa, quatro cadeiras e cozinha americana (microondas, pia e frigobar), o que permite a qualquer hóspede dispensar refeições nos restaurantes do hotel.
Pedido por whatsapp, o café da manhã só pode ser entregue no quarto a partir das 8 – no salão ele começa a ser servido uma hora antes. Um desjejum continental clássico vem diretamente da cozinha. Os ovos mexidos e o omelete que quisemos à parte chegaram menos quentes do que se estivéssemos nos servindo do buffet, mas é o preço a ser pago por manter-nos isolados nessas condições. Pois é, não dá para ganhar todas.
A viagem ao Hotel Toriba, em Campos do Jordão, foi feita em agosto de 2021, mas apesar de estarmos no inverno não pegamos frio intenso. À noite, a temperatura ficava nos 10° C. Ainda assim, não foi necessário acender a lareira do quarto, já que o piso aquecido do banheiro, acredite, emanava calor suficiente para envolver todo espaço, dispensando inclusive ligarmos o outro aquecedor de chão, próximo à cama.
Admito ter sido frustrante deixar o hotel sem conseguir tomar banho de banheira por completo, porque faltava uma peça do motor da hidro. É preciso dividir com vocês também que o chuveiro tem pouca pressão. Como é uma suíte recém-inaugurada, carece de ajustes a meu ver. Por outro lado, os pesados blackouts vedam bem as primeiras luzes da manhã, algo essencial numa suíte com três paredes totalmente envidraçadas.
O Ninho ganha mais um ponto pelo terraço acima da unidade, acessível por uma escada lateral dentro do quarto. Lá em cima, um par de bancos e uma mesa feita com toras de madeira podem ser usados enquanto se admira o entardecer, acompanhado de uma bebida ou não.
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A estrutura é completa, com piscinas adulto e infantil, hidromassagem, saunas seca e úmida, fitness, quadra poliesportiva, parquinho e Spa Toriba by L’Occitane. A gastronomia tem farta variedade, com restaurantes e bares. Nas acomodações, há de quarto no prédio em estilo alpino da sede a diferentes formatos de chalés espalhados pela área verde.
O complexo do Hotel Toriba, em Campos do Jordão, tem cerca de 2 milhões de m² de mata. O grupo ainda é proprietário da Fazendinha, atração indicação para crianças pequenas verem os animais, mas que o Quim acabou gostando de visitar também. Fica pertinho da entrada do hotel.
O que fazer no hotel em Campos do Jordão
Se a ideia é permanecer quietinho no seu quarto, saiba que o wifi funciona bem. Foi o que permitiu ao nosso filho fazer uma prova online enquanto visitávamos o Jardim Amantikir numa das manhãs. Passeios ao ar livre como esse preencheram nossos dias em Campos, como a visita ao Horto e a trilha seguida de piquenique ao pôr do sol do Aventoriba, uma das atividades do cardápio de experiências do hotel localizado na Serra da Mantiqueira.
Já o restaurante Toribinha, localizado logo depois que se passa pela portaria, tem um famoso fondue, que pode ser pedido no quarto também. Embora venha quente, nunca é a mesma coisa do que comer no restaurante.
Entramos e saímos do quarto sem ter de passar pela recepção, como se estivéssemos em uma casa alugada, mas com o bônus de poder pedir algo pra comer ou solicitar algo à concierge, por telefone ou whats. A impressão é de que as suítes ninho (a segunda delas distante cerca de 50 passos, mas também resguardada pela vegetação) nem fazem parte do hotel. É possível passar dias dentro delas sem saber a cor da água da piscina ou apreciar os afrescos de Fulvio Pennacchi nas paredes da sede do Toriba e de seu principal restaurante, batizado com o sobrenome do artista italiano.
Essas pinturas estão entre os orgulhos do Hotel Toriba, um exemplo de hospitalidade clássica, evidente tanto no uniforme dos funcionários quanto na formalidade dispensada com os hóspedes. Muitos deles são netos de frequentadores mais antigos, o que confere a este hotel de luxo um ar de férias em família na serra.
Sem nos ater a todas as opções de lazer, fizemos questão de conhecer também o Sítio Siriúba, localizado do outro lado da Avenida Ernesto Diederichsen, em frente ao portão de entrada do Toriba. Os 18 km de trilhas do lugar e sua ponte pênsil sobre a folhagem podem ser usados por hóspedes ou participantes de passeios do Aventoriba, serviço de atividades na natureza criado pelo hotel em 2018, aberto também a não hóspedes.
Quebramos nossa quarentena particular apenas no último último dia, para tomarmos café da manhã no terraço panorâmico. Pesadas e grandes, as mesas cobertas por ombrelones estavam bem distantes umas das outras, e não havia mais do que três delas ocupadas.
Antes de partir, Nath e eu fizemos vídeos e fotos, como as que ilustram esse post. Na sala da lareira encontramos o piano de cauda usado nas noites musicais do Hotel Toriba, programação mensal com ênfase no canto lírico. Inevitável lembrar que, para nós, toda essa história tenha começado 12 anos antes, embalada pelas composições de Tchaikovsky, justamente num momento em que descobrimos o sentido de família.