O chinelo azul em tamanho avantajado na entrada do Margaritaville Cap Cana, resort all inclusive em Cap Cana, na República Dominicana, serve de salvo-conduto e convite. A partir dali ninguém mais vai exigir rigor nas suas vestes. A ordem é relaxar. Seus problemas ficaram para trás.
Com um pouco mais de atenção, o hóspede que chega ao resort, aberto em outubro de 2021 no Caribe, lê na lateral da marquise dele o clássico ditado “minha casa é sua casa”, escrito em espanhol. Tão logo a primeira margarita frozen seja estendida na sua direção como sinal de boas-vindas, acredite, você definitivamente poderá se sentir de férias diante do mar turquesa de catálogo de viagens.
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Punta Cana é o principal destino turístico da República Dominicana. E Cap Cana é o crème de la crème ao sul da região há 20 anos. Um condomínio de acesso restrito, com praia exuberante, campos de golfe de excelência, marina com barcos que custam todos os órgãos de seu corpo e vocação para o descanso em alto nível na Praia Juanillo, faixa de areia fina e clara. Tudo isso a cerca de 15 minutos de distância do movimentado aeroporto internacional de Punta Cana.
Não que eu estivesse com pressa de chegar ao Margaritaville Cap Cana. Mas, se pudesse, retardaria até o último momento o meu check-out. Integrante do grupo Karisma Hotels & Resorts, esse all inclusive vai na contramão do que vivi nos dias de hospedagem no Hotel da Nickelodeon em Punta Cana, membro do mesmo portfólio de resorts e hotéis de luxo. De modo direto e reto, foi como ter deixado o berçário para a vida adulta, sem escalas.
Como é o Margaritaville em Cap Cana
O Margaritaville Cap Cana compreende 40 vilas de luxo com piscina privativa e hospedagem destinada a adultos. Some-se a essas exclusivas ilhas de conforto 228 suítes, algumas das quais também com acesso direto a piscina particular. Nos dois casos não há vista para o mar, algo possível em acomodações como a Luxury Junior Suite, como a que eu fiquei por duas noites. Instalado no quinto andar do bloco de apartamentos mais próximo da praia, tive o privilégio de ver o sol nascer sem sequer sair da cama king. Sorry people.
Essa suíte de 58m² tem um bom closet à esquerda da porta de entrada, ideal para concentrar a mala e as roupas da viagem, sem bagunçar o quarto todo com fragmentos de bagagem pelos cantos (tenho mania, algum problema?).
O banheiro busca recriar um clima de spa no quarto. Para mim, o chuveirinho do box serviu melhor do que a ducha. Eu só ajustei a regulagem de modo que ele ficasse em uma altura capaz de molhar o corpo todo. E o principal: com pressão d’água suficiente para relaxar as costas.
Menção à parte a respeito da banheira de imersão. Ela ocupa uma posição estratégica, com boa visão para a smart TV, que é tão grande quanto aqueles monitores onde o pessoal apresenta a previsão do tempo nos telejornais. A divisória de madeira ao lado da banheira pode ser puxada, deixando a visão da tela desimpedida Além de sais de banho, há amenities para fazer esfoliação corporal durante o banho.
As opções são tantas que fica até difícil escolher onde se instalar para melhor curtir a suíte. Não fosse pelo calor, eu teria ficado mais tempo na varanda, que tem vista para o mar e para as piscinas do Margaritaville Cap Cana.
De novo, a mesma situação encontrada no Nick Resort. O frigobar fica encastelado por um móvel, fazendo com que o motor produza tanto calor que não dá conta de gelar as bebidas. Por outro lado, a política do Margaritaville Cap Cana é a de que você abastece o seu frigobar com o que quiser.
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Para isso há o Joe Merchant’s, cafeteria e conveniência onde você compra comidas e bebidas do seu gosto e leva para o quarto. Há ainda duas máquinas, ingredientes e a receita passo a passo para você produzir sua própria margarita.
Mais do que abrir a porta da sua acomodação, a pulseira entregue no check-in é carregada com crédito em pontos a serem gastos no mercadinho. Lógico que não é para fazer a despesa do mês, mas pelo menos você compra só o que realmente consome. Se você ultrapassar o crédito de pontos, o valor é acrescentado na sua conta no hotel.
O que fazer no hotel em Cap Cana
A história do Margaritaville Cap Cana passa pela música homônima do cantor e compositor americano Jimmy Buffett. Sucesso de 1977, a canção mudou a vida do músico, que ramificou sua atuação como empresário para o campo da hospitalidade. Mais do que um negócio, Margaritaville espelha um estado de espírito descontraído e casual. O chinelão na porta de entrada e trechos da canção de Buffett espalhados pelo hotel em Cap Cana dão a dimensão disso.
A rigor, há uma piscina principal em toda a área comum. Mas de tão recortada e sinuosa parece até se multiplicar ao olhar mais desatento. Ela abraça o principal ponto de encontro do resort durante o dia: o bar 5 O’Clock Somewhere, onde o barman fará o possível para que seu copo não fique vazio.
Tanto no 5 O’Clock quanto no Punch Bar & Lounge os coquetéis são relativamente suaves na dosagem alcóolica. A piña colada desce como água. Já o meu mojitômetro não registrou algo memorável entre cinco tentativas (a margem de erro da pesquisa é de dois coquetéis, para mais ou para menos). As margaritas estão por toda a parte, até mesmo no café da manhã do restaurante Boathouse.
O Aperol Spritz é a minha sugestão para depois de um jantar italiano no Frank & Lola’s. Desejei o ossobuco alla milanese, cozido por 8 horas e servido com risoto de açafrão, molho de vinho Barolo e batatas ao alecrim. Agora imagine a frustração de salivar depois de ler toda essa definição no cardápio e descobrir que infelizmente não havia o prato naquela noite.
O saltimbocca alla romana substituiu com galhardia um jantar aberto com carpaccio (molho um pouco puxado no limão, até larguei meu mojito da vez para não criar uma overdose cítrica) e encerrado com cannoli de baunilha e de chocolate – gente do bairro paulistano da Mooca lamberia os beiços com a caprichosa versão do Margaritavile Cap Cana.
Com seus cortes preparados em parrilla à lenha, o menu do JWB Steakhouse faz frente aos pratos sicilianos do Frank & Lolas’. A começar pela tábua de pão de cebola com molho chimichurri. Se eu não tivesse pedido carne como prato principal (ótimo, por sinal), certamente repetiria o saboroso par de empanadas. Se houvesse para a viagem…
O segundo jantar selou um dia de dieta à base de muita proteína, iniciado no Rum Runners. Nesse restaurante de comida caribenha, há pratos no cardápio com o selo de instagramável. Meu pedido não tinha nada de fotogênico, mas certamente despertaria piadinhas de taolkeys no Twitter: provei a picalonga, comida típica da República Dominicana.
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Com exceção do Table 10 (menu degustação), todos os restaurantes do Margaritaville Cap Cana são super casuais em relação ao uso de bermudas e chinelos. Por isso mesmo faça uma mala com roupas leves e, no máximo, um calçado fechado, que provavelmente será utilizado apenas nos voos.
O clima é de relaxamento e descontração, seja nos shows ao vivo no lounge do Punch Bar ou no after hour que rola na Landshark, a cervejaria artesanal que funciona dentro do resort. É possível conhecer a unidade de produção instalada logo atrás do balcão. A stout fabricada por eles é tostadaça, mas sem deixar aquele amargor de herança na boca. De 15 de setembro a 27 de outubro, a Landshark promove a primeira edição da sua Oktoberfest, a festa da cerveja inspirada no tradicional evento de Munique, na Alemanha.
Bar que encerra a noite no resort em Cap Cana, a Landshark promove uma pitoresca balada silenciosa. Munidos de fones de ouvido, cada hóspede escuta a seleção comandada pelo DJ. Todo mundo na mesma vibe, dançando por entre as mesas do restaurante. Eu nunca havia experimentado isso com estranhos. Porque em casa eu só cozinho, lavo louça e faço faxina de fone na orelha. Senti falta da minha playlist com Doobie Brothers, Stones e Mutantes.
Se você chegou até o fim desse texto perguntando quando diabos eu vou falar da praia, meus parabéns! Duplamente. Por sua persistência e inteligência em notar que guardei o melhor para o fim. Relaxe e curta os próximos parágrafos.
Praia Juanillo é linda. Sofre com sargaço e o próprio canal interno de TV do Margaritaville Cap Cana não esconde se tratar de um problema relacionado às mudanças climáticas em todo o mundo, com consequências danosas para a natureza local, a razão do êxito como destino turístico.
Esse tipo de alga, que serve de alimento para tartarugas marinhas, peixes e aves, se acumula sobremaneira na praia, motivo pelo qual vê-se um trator todos os dias recolhendo punhados delas para posterior descarte adequado.
Eu e outros hóspedes fomos aconselhados a caminhar cerca de três minutos para a esquerda em relação ao mar. É nítida a diferença. Poucos passos e o típico azul caribenho surge vívido. Eu fui ao píer próximo, de onde tirei fotos sobre a água. Estava sozinho, fiz um montinho com minhas coisas e, claro, me larguei no mar morninho e claro.
Sensação melhor do que essa só mesmo a do amanhecer em Juanillo, com um desfile de todos os tons possíveis produzidos pelo sol no horizonte.