Pastel de Belém, legítimo, só existe um. Fica lá ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, na Pastéis de Belém, em Lisboa. O resto… o resto é pastel de nata. Falando assim parece até que não são dignos de serem apreciados. Pelo contrário, há boas pastelarias em Lisboa que rivalizam em fama e fila com o que é feito no Belém há quase 200 e virou um dos doces portugueses típicos.
A origem do pastel de Belém
O mistério é a alma do negócio. Do surgimento dos famosos pastéis ao modo como são preparados, tudo é cercado de sombras. Certo mesmo é que a pastelaria mantém suas portas abertas desde 1837 no mesmíssimo endereço: Rua Belém, números 84 a 92, vizinha ao Mosteiro dos Jerônimos.
Como ocorreu com quase toda a doçaria portuguesa, os pastéis surgiram do aproveitamento das gemas de ovos, uma vez que as claras eram utilizadas na época para engomar as roupas de freiras e padres. Da mistura das gemas com leite e açúcar (pouco, esse é um segredo) surgiu uma iguaria que desafiou a gula dos religiosos. Mais do que nunca, o que se fazia nos claustros morria nos claustros, já que a maioria das receitas conventuais se popularizou anos depois.
Segundo a pastelaria do Belém, o doce surgiu no início do século 19, quando Portugal era sacudido pela Revolução Liberal, movimento político que, entre outras mudanças, forçou o retorno da Família Real, que vivia no Brasil desde 1808.
A revolução promoveu também a extinção das ordens religiosas em todo o país. Durante a expulsão dos clérigos, conta o site, alguém ligado ao Mosteiro dos Jerônimos resolveu botar à venda os doces na loja ao lado de uma refinação de cana de açúcar. À medida que caíram no gosto popular, passaram a ser chamados de pastéis de Belém.

Onde comer o legítimo pastel de Belém
Comer pastéis de Belém é parte do roteiro pelo bairro onde estão ainda o Mosteiro dos Jerônimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Na frente da pastelaria fica um disputado balcão. Há mesas em salões de paredes são revestidas de azulejos. Nath e eu estivemos juntos lá em 2007. Pedimos dois salgados, mas somos incapazes de lembrar seus sabores. Estávamos ali por uma doce razão.
Como recebi boa educação, não escreverei aqui um palavrão. Mas você certamente vai soltar algum (e vai ser um daqueles de se dizer de boca cheia, com perdão do trocadilho) no dia em que cravar seus dentes naquela massa folheada com recheio cremoso. Manda a tradição polvilhar canela no doce ainda quentinho, o que intensifica o aroma e o sabor dos ingredientes.

Aproveite a visita e veja a cozinha envidraçada onde são preparados os doces. O espaço da Pastéis de Belém é conhecido como Oficina do Segredo. Nada mais português de tão ao pé da letra para designar os mistérios que envolvem a produção dos genuínos pastéis, que saem aos montes todos os dias.
Onde comer pastéis de nata em Lisboa
Como expliquei no começo, pastel de nata é como pode ser chamado tudo aquilo que não sai do endereço no Belém. Ainda que algumas pastelarias de sucesso na capital de Portugal tenham a ousadia de vender seus produtos no bairro que deu nome e tradição a esta iguaria. Para acompanhar, a sugestão pode ser um café expresso, um galão (café com espuma de leite) ou uma tacinha de Vinho do Porto.
Manteigaria
Não importa se para começar o dia ou encerar a noite, os pastéis da Manteigaria estão à venda das 8 à meia-noite. A principal loja é a da Rua do Loreto, no Chiado. E ainda há unidades na Rua Augusta, no bairro do Alvalade, no Time Out Market e praticamente nas fuças da pioneira do Belém.
Pastelaria Aloma
O pastel de nata seduz o visitante desde a chegada ao aeroporto de Lisboa, onde fica uma de suas lojas. Há unidades em outros pontos da capital portuguesa, como em Campo de Ourique e na Rua do Loreto, no Chiado, separada por apenas 120 metros da concorrente Manteigaria.
Bairro Alto Hotel
A pastelaria que funciona no térreo do hotel no Bairro Alto aposta em segredinhos na confecção de seus pastéis de nata, como só rechear a massa depois de cozida e acrescentar notas cítricas e baunilha ao creme à base de ovos e açúcar. Funciona diariamente, entre 10 da manhã e 6 da tarde. Unidade a 1,50 euro (caixa com 6 pastéis, 9 euros)
Fábrica da Nata
Serve café da manhã, almoço e lanche, mas quem atravessa a porta de entrada sabe bem o quer. Os pastéis de nata da Fábrica de Nata são preparados diante dos olhos dos fregueses. As lojas da Praça dos Restauradores e a da Rua Augusta estão separadas por 500 metros de distância, no coração da Baixa.
Confeitaria Nacional
Inaugurada em 1829, a Confeitaria Nacional mantém-se solene e elegante. Garante ter um pastel de nata de massa “estaladiça” e recheio cremoso. Ocupa uma esquina na Praça da Figueira, e serve também pratos do dia de segunda a sexta e ainda brunch aos sábados e domingos (mediante reserva).
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