Athos Bulcão viveu em Brasília, onde morreu aos 90 anos. O artista nasceu no Rio em 1918, mas foi na capital federal que se consagrou, realçando o concreto das construções da arquitetura modernista. Por isso, Athos é considerado o artista de Brasília. Se você conhece a cidade, provavelmente já cruzou com seus trabalhos, especialmente vistos em painéis repletos de simetria. No Rio, também é possível apreciar suas obras, por exemplo, no painel de azulejos embaixo do arco da Praça da Apoteose, no Sambódromo.
Seus desenhos estão em muitos prédios governamentais no Brasil e no mundo (como um painel de azulejos na Embaixada do Brasil em Buenos Aires). Athos Bulcão trabalhou em várias parcerias com os arquitetos João Filgueiras Lima e Oscar Niemeyer. Aos 21 anos, já havia sido assistente de Candido Portinari ao longo do trabalho no mural da Pampulha, na Igreja de São Francisco de Assis, projetada por Niemeyer.
O artista também trabalhou em algumas fachadas de edifícios residenciais e outros prédios privados. O prédio do então Hotel Méridien em Copacabana, no Rio (atual Hilton Rio de Janeiro Copacabana) recebeu um relevo em mármore de Athos Bulcão na fachada. Já o histórico Brasília Palace Hotel exibe uma pintura mural de 1958 do artista.
A agência online Civitatis tem uma visita guiada por Brasília, feita a pé em 3 horas. O tour panorâmico, também por 3 horas, a R$ 135, é feito em ônibus de teto aberto, passando pelos principais pontos turísticos da capital federal: Catedral, Congresso e Memorial JK. Para quem preferir uma atenção maior, há um passeio privado com guia local, com opções de 4 horas (R$ 600 para até 4 pessoas) ou 8 horas (R$ 800 para a mesma quantidade de visitantes).
Para conhecer mais sobre Athos Bulcão, veja abaixo onde ver a arte e os azulejos de Athos Bulcão em Brasília e no Rio. E, na capital federal, visite a Fundação Athos Bulcão.
A serpente emplumada, deus de antigas civilizações do México, está em diversos sítios arqueológicos, como Quetzalcóatl ou Kukulcán. Astecas, maias e toltecas usaram a figura com penas
ATUALIZADA EM 3 DE JUNHO DE 2018
A serpente está na bandeira do México, bem no centro, no bico de uma águia. A figura de fato é muito importante para a história do país, presente em diferentes antigas civilizações. Muitas vezes como ‘la serpiente emplumada’, a serpente com penas ou serpente-pássaro vista em diversos sítios arqueológicos mexicanos.
Quetzalcóatl para os astecas e os toltecas. Kukulcán para os maias. Assim era chamada a serpente emplumada, um dos deuses das antigas civilizações da Mesoamérica, área que incluiu parte do território atual do México, além de porções da Guatemala, da Costa Rica, da Nicarágua, de Honduras, de El Salvador e de Belize.
Símbolo complexo e amplamente estudado por experts em antropologia, a ‘serpiente emplumada’ foi muito cultuada, de formas diversas, pelos povos da Mesoamérica, em períodos da história pré-hispânica. Os olmecas, que estabeleceram seus primeiros povoados no México 2.000 anos antes da Era Cristã, já representavam serpente (‘cóatl) misturada à ave quetzal. Depois, vieram teotihuacanos, astecas e maias.
Figura simbólica que une céu e terra, a serpente pode ser vista em diferentes sítios arqueológicos do México. Conheça alguns significativos:
Chichén Itzá — em Yucatán, a 115 km de Mérida
Uma serpente desce a escadaria da Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá, durante os equinócios de primavera (20 ou 21 de março) e de outono (21 ou 22 de setembro), num efeito provocado pela luz do sol e a sombra dos degraus do templo. ‘Kukul’ significa sagrado, e ‘can’, serpente. Milhares de visitantes vão à zona arqueológica, no estado de Yucatán, duas vezes ao ano para apreciar a ilusão de ótica que projeta uma serpente, de cerca de 33 metros, na fachada noroeste do templo.
A luz refletida em sete triângulos lembra o corpo de serpente, que tem sua cabeça esculpida na base da pirâmide — como se vê na foto acima deste texto, imagem de divulgação do Visit Mexico, responsável pela promoção turística do país. Resultado da destreza maia, que ergueu a construção, conhecida também pelo nome de El Castillo, alinhada com o sol nessas épocas do ano. O fenômeno de ótica também pode ocorrer à noite, dependendo de condições da lua, e é reproduzido no espetáculo de luz e som realizado no sítio.
Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco e uma das Sete Maravilhas Modernas, Chichén Itzá ocupa uma área de 6,5 km² e se divide em duas zonas. A Pirâmide de Kukulcán, com 24 metros de altura, está no centro do sítio.
Teotihuacán — no estado do México, a 47 km da capital
A gigante cidade da Mesoamérica — chegou a ter uma população de 120 mil habitantes e uma área de 20 km² — recebe muitos visitantes interessados em ver suas construções mais conhecidas, como as Pirâmides do Sol e da Lua.
Mas, junto com elas, o Templo de Quetzalcóatl também levou o sítio a ser declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1987. A construção exibe máscaras da ‘serpiente emplumada’. Foram esculpidas ao lado de Tlaloc, o deus da chuva.
Xochicalco — em Morelos, a 40 km de Cuernavaca
O destaque neste sítio são os baixo-relevos de serpentes com penas no exterior do Templo de La Serpiente Emplumada. Os baixo-relevos demonstram influência tanto teotihuacana como maia.
Assim como Tula (sítio citado abaixo), Xochicalco foi uma das cidades que surgiram no centro do México, no período entre os anos 700 e 900, após o declínio de Teotihuacán e de algumas regiões maias.
Tula — em Hidalgo, a 85 km da Cidade do México
Na parte norte da Pirâmide de Tlahuizcalpantecuhtli, ou Estrela da Manhã, fica o Coatepantli, também chamado de Muro de las Serpientes. Estudos apontaram que teria sido dedicado a Quetzalcóatl, segundo informações do Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah) do México. Entre as 3 fileiras de desenhos, a do meio mostra serpentes devorando homens, numa representação da alma dos guerreiros.
Tula é o mais importante sítio tolteca no México. O Muro de las Serpientes demonstra bem a habilidade desse povo para trabalhar pedras, também vista nos enormes atlantes, esculturas de pedra com 4,6 m de altura, que vigiam a pirâmide.
Sempre que estou no Rio com um pouco mais de tempo, faço um passeio até o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Há 17 anos morando em São Paulo ainda não criei esse hábito com a unidade paulistana — além das duas, existem as do Distrito Federal e de Belo Horizonte. Às excelentes exposições em cartaz (desde que abriu em 1989, o CCBB-RJ é ‘o’ programa cultural na cidade) soma-se o bom pretexto para um passeio pelo Centro, um dos meus programas favoritos no Rio.
Eu tinha 18 anos quando o CCBB-RJ foi inaugurado, e me lembro de ficar maravilhada ao entrar lá pela primeira vez. Pelo prédio em si, deslumbrante — cúpula, lustres e elevadores são um charme — e pelas possibilidades que ele oferecia a quem morava na cidade. Cultura de graça ou a preços reduzidos. Fiz curso de teatro ali, assisti a peças e leituras. Mas eu não poderia imaginar então que o CCBB viraria um marco naquela área do Centro e uma atração não só para os cariocas.
O imponente prédio, com 15.046 m² de área construída, ocupa um quarteirão inteiro na Rua 1º de Março. Seus enormes portões de ferro trabalhado atraem o olhar de quem passa por ali, mesmo sem a pretensão de fazer qualquer programa histórico-cultural. E olha que não faltam ideias naquele trecho, não só na construção do Banco do Brasil. Ao lado, ficam a Casa França-Brasil e o Centro Cultural Correios, ambos com atraente agenda cultural.
O que fazer no CCBB
São 2 salas de cinema e 3 de teatro, biblioteca e 2 mostras permanentes (Galeria de Valores, sobre moedas; e O Banco do Brasil e Sua História, sobre a trajetória da instituição). Existem ainda 14 galerias (10 no 1º andar e 4 no 2º), que recebem algumas das pri ncipais exposições do Rio de Janeiro.
É a instituição cultural mais visitada do Brasil e a 20ª no mundo, de acordo com ranking publicado em abril de 2015 pelo jornal inglês The Art Newspaper, especializado em artes. O balanço de 2012 do Banco do Brasil aponta que o CCBB-RJ teve em torno de 2,2 milhões de visitantes. Em cerca de 25 anos de atuação, as 4 unidades do CCBB receberam juntas aproximadamente 74 milhões de pessoas, segundo informa página do banco.
Para ficar apenas nas exposições mais recentes do CCBB-RJ, vimos Picasso e a Modernidade, Salvador Dalí, Kandinsky: Tudo Começa Num Ponto e Castelo Rá-Tim-Bum: A Exposição. Essa última tínhamos tentado em São Paulo, quando estava no Museu da Imagem e do Som (MIS). Mas a fila era tamanha que desistimos. Resolvi esperar entrar no CCBB-RJ, já que coincidia com a nossa temporada #rio40dias.
Chegamos no horário em que abria e fiquei com a impressão de que a série não tinha tanto apelo no Rio quanto em São Paulo. Afinal, o programa passava na TV Cultura — nos anos 90 não era um canal de carioca. As cordas armadas para filas estavam vazias como aquelas fitas de aeroporto que te obrigam a fazer um zigue-zague mesmo sem movimento algum. Engano meu.
Visitamos Rá-Tim-Bum sem sobressaltos. Na maior tranquilidade, Joaquim conheceu cenários do programa que não viu na TV, mas que conhece por meio das músicas e do filme.
Quando saímos do prédio, a fila não cabia mais naquelas cordas do saguão de entrada. Era interrompida na área da rotunda e prosseguia em frente à Livraria da Travessa. Os funcionários seguiam organizando a espera até o lado de fora, onde uma linha já se formava rente à porta de entrada virada para a Igreja da Candelária.
O mundo e o Brasil em moedas
Antes de deixar o CCBB, checamos se havia outra exposição aberta ao público. A funcionária informou que não, mas que podíamos visitar as mostras permanentes e que, considerando que estávamos com uma criança, Joaquim poderia gostar de ver as moedas.
Ãã, moedas? Depois de tantas vezes em que estive ali, como eu não sabia disso? A Galeria de Valores foi inaugurada em 2008, como parte das comemorações dos 200 anos de fundação do Banco do Brasil, e hoje faz parte do acervo permanente.
É uma das principais coleções numismáticas do país, com 38.000 peças, sendo 2.000 delas expostas à visitação. Pela riqueza e pelo detalhamento que apresentam, muitas delas são obras de arte. Há cédulas raras, como as brasileiras de 200.000 réis e de 500.000 réis, ambas do meio do século 19.
Caminhe sobre um rio de niqueis debaixo do piso e, ainda no chão, leia frases em que dinheiro é o assunto. As vitrines dispõem os exemplares agrupados por temas, que vão da escolha de desenhos para ilustrar as notas (animais, construções, personalidades) a uma parede de cofrinhos de porquinhos e outra com artigos já usados como dinheiro. Na era do PayPal, do cartão de crédito (até o Banco Imobiliário do Quim tem dinheiro de plástico), é legal relembrar que tudo foi moeda nessa vida: sal, marfim, cacau, pau-brasil…
Entre os hábitos que mudaram, mostrados na exposição, também está o de imprimir notas maiores quanto maior for a quantia que a cédula vale. Em tempos inflacionários, não seria muito prático tampouco econômico gastar tanto papel para fazer notas com valores cheios de zeros.
A funcionária tinha razão em dizer que a exposição é interessante para crianças. Acho que as maiores, de 8 ou 10 anos, devem aproveitar melhor. A mostra é bem densa para crianças pequenas. Joaquim ficou cansado e sofreu com o gelo da salas. Estivemos lá durante o alto verão, e o frio era tremendo. Para ver com calma a Galeria de Valores, esta dica é fundamental: vá agasalhado ou leve um casaquinho.
A área que mostra a história do Brasil por meio da moeda é um dos destaques. As peças são exibidas em ordem cronológica e inseridas no contexto, no momento pelo qual passava o país. Dois florins holandeses expostos representam a primeira moeda do Brasil, onde o nome do país aparece gravado.
Como avisa a frase no alto, na entrada da Galeria de Valores, “olhar uma moeda é como folhear um livro de história”. Esse é o propósito ali. O rico acervo (com perdão do trocadilho) permite contar a história da moeda no Brasil e no mundo. E o melhor: você não gasta nem um centavo.
A história do prédio
No mesmo andar, há a exposição permanente O Banco do Brasil e Sua História. Sinceramente achei que pudesse ser uma chatice só. Entrei apenas para verificar o que tinha lá e poder contar a vocês. Gostei das primeiras salas. As últimas mostram a diretoria e a biblioteca. Não me atraíram, passei rapidamente.
As da entrada me fizeram voltar no tempo com móveis e objetos usados nas agências antigamente. A máquina de visar cheques me causou arrepios, trazendo a memória das imensas filas do Banerj que eu enfrentava com minha mãe.
Na reconstrução de um guichê para abrir conta corrente, o livrão para tomar notas ocupa metade da escura mesa de madeira. Atenção para o cinzeiro de pé, instalado ao lado da cadeira do bancário. Algo impensável hoje em dia.
Inicialmente, a construção onde está instalado o CCBB-RJ foi a sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Na área da rotunda, funcionava o pregão da Bolsa de Fundos Públicos. Projeto do arquiteto da Casa Imperial, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, o prédio teve sua pedra fundamental posta em 1880 e foi inaugurado em 1906.
Passou para o Banco do Brasil na década de 1920. Foi sede da instituição até 1960, ano de fundação de Brasília, quando todo o poder federal se transferiu para lá. Depois, virou agência bancária, como se vê numa foto na mostra. Abriu como centro cultural em 12 de outubro de 1989.
A biblioteca e sua área para crianças
Resolvemos checar ainda como é a biblioteca. Pois é ótima. Quando foi criada, em 1931, focava em assuntos técnicos. Atualmente mantém um acervo com cerca de 125 mil exemplares, nos campos da literatura, da filosofia, das ciências sociais e das artes. São 2.200 m², com salão de leitura para até 100 pessoas. Quem quiser consultar o acervo pode dar uma olhada em www.bibliotecasbb.com.br/pesquisa.
Fiquei encantada, especialmente com a área infantil. A parede da entrada simula capas de livros de clássicos para esse público, e a porta giratória imita as páginas. Coisa mais linda ver aquele colorido. O espaço é dividido em 2 ambientes preparados especialmente para crianças e adolescentes. Uma estante separa bem as áreas, e até o mobiliário é adequado a cada faixa etária.
Há em torno de 2.000 títulos, tudo ao alcance das mãos. Joaquim logo pegou um exemplar, sentou-se numa das mesinhas e se aventurou na leitura. Pronto, agora o filhote também é habitué do CCBB do Rio.
VALE SABER Endereço: Rua 1º de Março, 66, Centro
Transporte: O CCBB-RJ é de fácil acesso. Fica bem na esquina com o fim da Avenida Presidente Vargas, diante da Igreja da Candelária. Ônibus que passam na 1º de Março deixam lá perto (salte antes, próximo ao Paço Imperial). O Centro do Rio está todo em obras, e muitas linhas mudaram seus percursos — consulte sites como rioonibus.com (de 4 empresas) ou vadeonibus.com.br (da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).
De metrô se desce mais distante, na estação Uruguaiana. Caminhe pela Avenida Presidente Vargas em direção à Igreja da Candelária, que fica em frente ao CCBB-RJ
Funcionamento: De quarta a segunda, das 9 às 21 horas
Preço: Grátis para exposições e atividades educativas (senhas distribuídas 1 hora antes); R$ 4 para cinema (venda começa 1 hora antes da sessão); R$ 10 para teatro, dança e ópera (venda começa na segunda anterior ao espetáculo). Pagam meia estudantes, idosos com mais de 60 anos, clientes e funcionários do Banco do Brasil e quem tiver cartão pré-pago do Metrô Rio ou do Clube do Assinante do Jornal O Globo
Alimentação: No térreo, funciona um café; no mezzanino, um restaurante, com pratos executivos.
Para quem não quiser ficar restrito às opções dentro do museu, há um polo gastronômico bem atrás do CCBB. Siga pela Rua Visconde de Itaboraí em direção à Rua do Rosário. Nesses dois endereços fica uma série de restaurantes, de comida japonesa à menu mais sofisticadinho, passando por bares de petiscos. Na hora do almoço quase todos oferecem sugestões do dia
Compras: Colada ao restaurante, a Livraria da Travessa mantém uma unidade dentro do CCBB desde 1985, oferecendo livros, CDs, DVDs e outros produtos relacionados aos temas expostos no centro cultural. É uma tentação.
Quando fomos ver Kandinsky, Joaquim ganhou da avó um livreto de adesivos com obras do pintor russo, além de dois livros de arte para crianças
Dicas: Há guarda-volumes no térreo, 1º e 2º andares.
Planeje sua visita ao Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá: ingresso, entrada com o Museu do Amanhã, exposições e restaurante. Ainda: o belo visual do terraço e a história da cidade por meio de expressões artísticas
ATUALIZADO EM 15 DE MAIO DE 2018
Se alguém me perguntar hoje sobre um bom lugar para entender um pouco da história do Rio, respondo que esse lugar é o mar. Calma, a praia — esse sagrado e democrático espaço — segue sendo um boa amostra para se tomar contato com a “cidade maravilha mutante”. Mas eu me refiro a outro MAR, como se abrevia em letras garrafais o Museu de Arte do Rio. Até 10 de março de 2019, por exemplo, está em cartaz a exposição O Rio do Samba: Resistência e Reinvenção, que trata da herança africana ao patrimônio cultural.
O Museu de Arte do Rio está instalado em dois prédios, conectados por uma rampa a partir do 5º andar, onde começa a visita. Sobe-se de elevador e depois vem se descendo pelos andares de exposições. No edifício modernista dos anos 1940, funcionou a antiga rodoviária do Rio de Janeiro. O edifício é coberto por uma estrutura que lembra a ondulação da água.
Vizinho a ele está o palacete D. João VI, de estilo eclético, construído em 1916. No primeiro prédio funciona a Escola do Olhar, projeto que visa levar arte ao alcance de todos por meio da educação. No espaço são dados cursos e palestras para professores. Do terraço, é possível ver a Praça Mauá revitalizada e o novo Museu do Amanhã, ao fundo.
Já o palacete D. João VI abriga as exposições. No MAR não há mostra permanente, mas exposições temporárias, de curta ou longa duração, quase todas com temas ligados ao Rio: seu passado, sua formação, achados e encantos de uma cidade cercada de beleza e contrastes.
Do terraço é possível tirar fotos da Praça Mauá e do Museu do Amanhã — tem-se um panorama geral da área revitalizada, mas o Amanhã fica distante na imagem (quem tem zoom ou lente profissional pode conseguir uma boa foto aproximada).
O que fazer no MAR
Fique atento às exposições programadas ao longo do ano no MAR. Já tivemos a oportunidade de ver Rio Setecentista — Quando o Rio Virou Capital, mostra comemorativa dos 450 anos de fundação da cidade, completados em 2015. A exposição tratava do período de transformações vividas pela então capital do vice-reino. Muitos sinais dessas mudanças, principalmente de ordem estética, ainda podem ser encontrados na atual paisagem carioca. Isso sem falar que a mostra ajudou a entender aspectos da formação social do Rio.
Aproveitamos para visitar o último mês de outras duas exposições de fotografia. A primeira delas com imagens de Evandro Teixeira. Eu conhecia apenas o mito. Nathalia, que começou a carreira no Jornal do Brasil, teve a felicidade de ver de perto o trabalho de Evandro Teixeira, que fotografou para o velho JB por mais de 40 anos. Ela ficou tocada pela possibilidade de se aprofundar na arte e na história desse grande profissional.
Na sala ao lado vimos também os retratos de Kurt Klagsbrunn, austríaco que fugiu da perseguição nazista e chegou ao Brasil em 1939. Suas fotos abrangem 40 anos de história do Rio de Janeiro. Nathalia e eu adoramos a última sala da exposição, que recriava o ambiente de um quarto de revelação. Quem, assim como nós, é jornalista da era antes das câmeras digitais, sabe bem o que é ter de mergulhar um filme em um tanque, aplicar revelador e fixador, ficar de olho no cronômetro e, só então, descobrir se aquela foto que tiramos ficou boa ou não.
Durante a visita ao MAR, nosso filho formou dupla com a avó Sonia e passeou pelas três exposições. Na Rio Setecentista, ele até se sentou no chão para ler a caudalosa explicação afixada na parede da entrada. Joaquim ainda assistiu ao vídeo sobre o Mestre Valentim, escultor e urbanista responsável por muitas obras que marcaram a paisagem do Rio de Janeiro, como o Chafariz das Saracuras e o Passeio Público.
Vista a projeção, Joaquim quis ir embora. Ficamos então para registrar com calma as exposições do 3º andar, enquanto nosso filho desceu com a avó e se juntou a uma atividade infantil que rolava no térreo. No hall de entrada, em meio aos pilotis, Quim participou de uma brincadeira que envolvia a obra Morrinho, símbolo do MAR desde sua inauguração, quando fez parte de uma exposição que tratava de espaço e moradia.
O projeto nasceu no Morro do Pereirão, em Laranjeiras (bairro na zona sul), das mãos de Cirlan de Souza. Em 1998, ele começou a reproduzir a favela em que morava usando material reciclável e muita criatividade. Jovens de outras comunidades entraram na brincadeira e o resultado hoje está exposto no térreo, onde é possível entrar, ver a obra e seguir a vida, sem necessidade de entrar no museu. Vale a pena ver Morrinho com calma e atenção. Cada tijolo, cada frase, seu recado.
Por ocupar a região que é uma espécie de ventre do Rio de Janeiro, a proposta do MAR é dialogar com a população de seu entorno, convidá-la a contar a história da formação da cidade com o auxílio luxuoso da arte.
VALE SABER
Endereço: Praça Mauá, 5, Centro
Transporte: Vale a regra que utilizamos para visitar o Museu do Amanhã: esqueça o carro, vá de transporte coletivo. O VLT do Rio passa na porta do MAR. Pegue a Linha 1 no sentido da rodoviária e desça na Parada dos Museus.
Se for de metrô, desça na estação Uruguaiana — ande na Avenida Presidente Vargas na direção da Candelária e vire à esquerda na Avenida Rio Branco. A Praça Mauá fica no fim da avenida. De trem, desça na Central do Brasil e escolha entre caminhar por 15 minutos ou tomar a linha 225.
Muitas linhas de ônibus passam pelo Centro. O site vadeonibus.com.br, da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), sugere rotas. O bicicletário do MAR possui 54 vagas
Funcionamento: De terça a domingo, das 10 às 17 horas. Chegamos na hora em que abriu. Pegamos o museu vazio para ver tudo com calma
Preço: R$ 20 (aceita dinheiro ou cartão Visa ou Master) — na terça, é grátis. No domingo, o ingresso família, para até 4 pessoas, custa R$ 20. O Bilhete Único dos Museus dá acesso também ao Museu do Amanhã e custa R$ 32.
A entrada é sempre gratuita para: crianças de até 5 anos e idosos acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública, guias de turismo, funcionários de museus e moradores da zona portuária. Pagam meia entrada: pessoas de até 21 anos, alunos da rede privada, portadores de deficiência, funcionários do município do Rio de Janeiro
Alimentação: O Cristóvão Café e Bistrô fica no térreo, no espaço batizado de Pracinha Mauá. Oferece pratos executivos e refeições rápidas. Abre de terça a domingo, das 9h30 às 18 horas.
No 5º andar fica o Restaurante Mauá, com cardápio desenvolvido pelo chef Marcondes de Deus. No cardápio, receitas brasileiras com ingredientes exóticos e deliciosamente instigantes, como picadinho de caju ou camarão em crosta de tapioca. Das mesas externas vê-se a Baía de Guanabara, o Museu do Amanhã e o movimento da praça. O salão interno possui ar condicionado. Funciona de terça a domingo, do meio-dia às 18 horas.
Há bebedouros espalhados pelo MAR: à esquerda da bilheteria e em áreas perto dos banheiros
Compras: Na Pracinha Mauá, a loja Novo Desenho é totalmente dedicada ao design brasileiro, com trabalhos de profissionais consagrados e novos talentos. Abre de terça a sexta, do meio-dia às 18 horas — fecha uma hora mais tarde aos sábados e domingos
Chicago está nos seus planos de viagem? Dá uma olhada nas dicas e nos passeios da leitora Priscila Marie na cidade americana:
“Em Chicago, não é preciso carro. O transporte público é bom, e acabamos fazendo quase tudo a pé. Nós alugamos carro, mas devolvemos antes do tempo. O único dia em que efetivamente usamos o carro foi quando fomos fazer compras no outlet, mas creio que tenha meio de transporte para lá. Estacionamento é caro!!!
Eu andei pela Magnificent Mile. Uma coisa que não fiz e me arrependi foi alugar uma bike e margear o Lago Michigan. Na verdade não fiz porque não deu tempo!
DO ALTO
Outra dica é ir ao John Hancock Center (no Observatory) e ao Sears Tower (no Skydeck do Willis Tower). No segundo prédio, tem uma varanda de vidro no 103º andar. É demais! Sugiro que vá a um à noite e ao outro de dia. Fui ao Hancock à tardinha e esperei anoitecer. E no outro de dia. A vista é maravilhosa, principalmente do Lago Michigan.
Sobre atrações, vale visitar o Museu de História Natural, Ciência e Indústria e o Planetário. O aquário também é muito bacana. Comprei o City Pass, inclui os ingressos dos melhores passeios.
Outros lugares que indico são o Navy Pier, o Buckinghan Foutain e o Millenium Park. Se tiver sorte, há alguns concertos à noite neste parque — leia sobre show grátis no Millenium Park.
DE BARCO
Fizemos três passeios com a Shoreline Sightseeing. A arquitetura de Chicago é maravilhosa!! Fizemos o Skyline Lake Tours para ter uma ideia da cidade vista do Lago Michigan. Os outros dois passeios foram o Architecture Tours (de dia) e o Fireworks Cruises (à noite). Comprei os ingressos todos por aqui. A saída dos passeios é sempre do Navy Pier, onde ficam as bilheterias para trocar os vouchers.”
E você? Tem dicas da sua viagem ou cidade? Nem precisa ser extenso (mas, se for, fica à vontade!). Manda para mim no e-mail comoviaja@gmail.com, que eu publico como Dica de Viajante ou Morador.
O Parque Güell é um dos lugares mais visitados de Barcelona, cidade que tem na genialidade de Antoni Gaudí a expressão máxima da arquitetura modernista. Primeiramente, a obra impressiona pelo uso de materiais de modo excepcional e pela harmonia da construção com a natureza. Fiquei passada (impossível não ficar) com todas as criações de Gaudí em Barcelona, como a Basílica da Sagrada Família e a Casa Batlló, entre outras. Estão entre as grandes atrações turísticas do mundo, caso dos Museus do Vaticano (colados em Roma) e da Estátua da Liberdade (em Nova York).
Mas, entre todas as obras de Gaudí, o Parque Güell foi especial para mim. Imaginar que, na virada do século 19 para o 20, o arquiteto catalão já executava projetos pensando em reaproveitamento de água, como na praça principal do parque. E, principalmente, por causa da beleza dos mosaicos e das linhas das construções, que permanecem bem vivos na minha memória depois tantos anos. Irmã de uma arquiteta, na época eu só pensava como ela iria adorar ver tudo aquilo, sem dúvida.
Para visitar, você pode comprar o ingresso para o Parque Güel com áudio num app que você baixa no celular – disponível em 4 idiomas; não tem português. Outra opção da empresa de atividades Get Your Guide é a visita guiada ao Parque Güell com acesso sem fila. Também parceira do Como Viaja, a Civitatis tem um free tour pelo Parque Güell com 1h30 de duração e guia que fala espanhol. Para isso, você precisa já ter o ingresso comprado (€10). Já a visita guiada da Civitatis inclui o preço da entrada e oferece guia em espanhol e inglês.
Como é o Parque Güell
Com mais de 17 hectares, o Parque Güell em Barcelona começou a ser construído em 1900, na esteira do grande plano de desenvolvimento urbano da cidade. A obra foi um pedido de Eusebi Güell ao arquiteto Antoni Gaudí, a quem o empresário já havia confiado outros projetos. Nasceu como um parque particular antes de virar, em 1926, atração pública e ponto turístico de Barcelona. Desde 1984, ele faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Unesco.
Uma visita completa ao Parque Güel demora até 3 horas. Contudo, esse tempo vai depender do que você pretende ver, já que é fácil gastar uns bons minutos admirando e, claro, fotografando alguns trechos. Portanto, chegue cedo se quiser curtir tudo sem pressa. O parque funciona das 9h30 às 17h30. Mais do que elencar uma a uma as atrações, eu digo o que vale prestar atenção. O modo mais fácil de chegar lá é usando o metrô e descer nas estações Vallcarca ou Lesseps.
O que fazer no projeto de Gaudí
O impacto da visita ao Parque Güell começa logo que você cruza o portão de entrada. A elegância decorativa caracaterística de Gaudí está presente mesmo nas construções de cunho funcional, como a antiga portaria. A partir daí, o que se vê é o uso singular de ferro, pedra, vidro e cerâmica, principalmente. A arquitetura de Gaudí é orgânica porque aproveita as curvas naturais de alguns desses materiais e não cede à rigidez de outros.
Pare para ver a Sala Hipostila, cujas 86 colunas são responsáveis por conduzir a água da chuva captada da praça acima desse espaço. O volume é armazenado em um tanque subterrâneo. Se acaso estiver cheio, ele transborda o excesso pela boca do dragão da escadaria de acesso. É ali também entre os degraus que está a salamandra feita de cacos de cerâmica, um símbolo do parque.
Do mesmo modo, a Praça da Natureza é outra imagem que representa o Parque Güell. Parte dela fica acima da Sala Hipostila, enquanto a outra surgiu a partir da escavação de uma rocha. O extenso banco ondulado que caracteriza a praça é todo revestido de mosaico, aspecto que marca a obra de Gaudí a partir de desenhos e formas.
Além de estar em uma posição central no parque, a praça oferece visão panorâmica de Barcelona. Sente-se por alguns instantes e admire natureza, arquitetura e arte em harmonia.