No princípio, era a Marienplatz. Que, quando da fundação de Munique, no século 12, ainda atendia por Schrannenplatz (praça dos grãos), o mercado de produtos agrícolas da cidade. Condição que a região ostentou por mais de 600 anos até ficar pequena para abrigar uma feira já robusta e bem alimentada.
Por determinação do Rei Max Joseph I, a partir de 1808, o mercado começou a se deslocar para as imediações da Heiliggeistkirche (Igreja do Espírito Santo). A mudança resultou no surgimento do Viktualienmarkt (em latim, victus quer dizer alimento).
Nós o conhecemos quase sem querer. Primeiro dia de nossa passagem por Munique. Famintos e exaustos, Nath, Joaquim e eu voltávamos a pé da visita ao Deutsches Museum quando avançamos por uma praça com bancas de comida, muita comida à vista. Sim, o mercado municipal estava no nosso roteiro de viagem em família pela Alemanha. Naquele momento só havíamos antecipados a programação.
Como é o mercado no centro de Munique
Espalhados por cerca de 18 mil m², perto de 140 comerciantes vendem frutas, legumes, verduras, carnes, queijos, pães, temperos e tudo o que for capaz de aguçar nossos sentidos. Produtos genuinamente bávaros, alemães e de outros cantos do mundo. Saborosa e bem-vinda diversidade.
Riqueza que, por pouco, não se transferiu outra vez de lugar. O Viktualienmarkt não ficou a salvo da destruição na Segunda Guerra, mas escapou de ver os escombros do conflito darem espaço a edifícios durante a reconstrução de Munique. A cidade engavetou esse projeto, decidindo por reerguer um dos seus símbolos. O mercado renasceu e cresceu além da vocação popular. Hoje, cores e sabores atraem muitos turistas e cozinheiros (profissionais ou de fim de semana).
Imagine o quanto salivamos enquanto dávamos um giro de reconhecimento pelo Viktualienmarkt! Nosso olhar se perdeu diante de generosos pedaços de queijo, tachos de azeitonas carnudas, embutidos e defumados.
Onde comer no Viktualienmarkt
Naquele fim de tarde, com o estômago pra lá de vazio, beliscar não estava em nossos planos. Quim, como de costume, queria a sua sagrada porção de fritas. Só depois descobri que um certo Uwe Luber é dono de uma banca onde é possível encontrar até 40 tipos de batata do mundo todo (a fome era tanta que talvez nosso filho encarasse até batata crua).
Nathalia e eu queríamos nos sentar e curtir o famoso biergarten que funciona no centro do Viktualienmarkt. Para evitar um pileque só no primeiro canecão de cerveja, entramos no NordSee, cadeia alemã de restaurantes especializada em peixes. Eles vendem de combos de lanches a pratos com filé e 2 acompanhamentos. Atacamos de salmão. O resto é história contada neste post sobre a nossa experiência na cervejaria ao ar livre do mercado.
Quando da mudança do mercado municipal da Marienplatz para a região do Viktualienmarkt, o corredor formado pelos vendedores de grãos, protegidos debaixo de uma estrutura de ferro e vidro, foi rebatizado como Schrannenhalle. Desde novembro de 2015, a rede italiana de delicatessen Eataly abriu sua primeira filial europeia no local. Totalmente reformado, o edifício possui 16 restaurantes e barracas que vendem cerca de 10 mil produtos, a maioria originários da bota.
Isso reforça a já estreita ligação entre bávaros e italianos, cujos os territórios, no passado, fizeram parte do Sacro Império Romano-Germânico. Razão pela qual Munique é considerada a cidade mais ao norte da Itália.