Bom para crianças em São Paulo, o Catavento é um museu de ciência a preço baixo. Veja dicas para a visita, com endereço e imagens. O espaço oferece ainda atividades extras com agendamento por senha
Museus interativos tem vários. E tem o Catavento Cultural, para mim o que explora ao máximo esse conceito baseado na troca de informações com o visitante. Dedicado às ciências, é um passeio ideal de se fazer com criança em São Paulo. Mérito de sua concepção, que não vira chata porque consegue transformar boa parte das teorias em brincadeiras.
Nathalia e eu levamos nosso filho ao museu várias vezes, entrou para a lista de programas favoritos do pequeno Joaquim. Como algumas atividades são realizadas mediante distribuição de senha (prepare-se, elas são bem disputadas), tem sempre uma brincadeira que fica para a próxima. Para se ter ideia, a mais nova atração do Catavento é o projeto Dinos do Brasil. O tour virtual leva os visitantes à pré-história brasileira para conhecer os dinossauros que viveram em nosso território. É mais uma atividade que exige senha e, portanto, deve ser bastante disputada. A boa notícia é que se trata de um projeto permanente do museu, com isso não será necessário correr para garantir um lugar.
Em nossa visita mais recente, Joaquim conseguiu vaga no laboratório de Nanoaventura e no Estúdio de TV. Perto da bilheteria, um painel eletrônico informa horários e número de vagas disponíveis por sessão. Nosso filho queria experimentar o Monte dos Sábios, parede de escalada onde você topa com gente como Gandhi e Einstein. É preciso ter altura mínima de 1,30 cm para subir os 7 metros da atração. Joaquim ficou no quase na régua que indica se a criançada pode ou não participar. Daqui a pouco eu dou mais detalhes sobre as atividades especiais.
Como é o Catavento Cultural
Inaugurado em 2009, o Catavento funciona no Palácio das Indústrias, edifício construído entre 1911 e 1924 e que leva a assinatura de Ramos de Azevedo, responsável também pelo traçado do Theatro Municipal de São Paulo. O prédio com estrutura de ferro e tijolinho é charmoso. No passado foi sede dos negócios relacionados à produção industrial, bem como da agricultura e da pesca. Foi também delegacia de polícia no meu tempo de menino, quando eu escutava no rádio o repórter Zaqueu Sofia, da Jovem Pan, atualizar o noticiário de crimes “diretamente da sala da polícia, no Palácio das Indústrias, às margens do Tamanduateí, no Parque Dom Pedro II”.
Nathalia também já deu seus plantões por lá, como repórter de geral do Jornal da Tarde. E sua primeira entrevista em São Paulo foi ali também: durante o trainee da Folha, sua turma fez uma coletiva com Celso Pitta, na época em que o gabinete do prefeito ficava no prédio do Palácio das Indústrias.
O que fazer no Catavento
Nem polícia nem política. Hoje em dia, a ordem é aprender ciência de modo atraente. Vivemos experiência semelhante quando visitamos o Kinderreich, ala das crianças dentro do Deutsches Museum, em Munique — uma das etapas da viagem que fizemos em família pela Alemanha.
No Catavento há monitoria treinada para auxiliar os mais novos e os mais velhos nas atividades, divididas em 4 seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade. A seguir, um resumo das áreas e nossa experiência nelas.
UNIVERSO
De onde viemos? Neste espaço descobre-se a origem de tudo, o surgimento da Terra e o que mais a cerca. Toque em um meteorito de verdade, encontrado na Argentina em 1576. A gente fez o que estava escrito em um aviso e nos surpreendemos com o cheiro de ferro que ficou nas mãos depois de entrarmos em contato por pouco tempo com superfície daquele fragmento de meteoro.
Foi Nathalia quem passou o entusiasmo com as coisas do espaço para o Quim. Juntos, eles descobriram quais estados brasileiros estão representados por estrelas na bandeira brasileira. Já com o auxílio de uma carta celeste é possível admirar as constelações de uma noite estrelada — pausa breve: se você também gosta do assunto, leia o post de nossa visita ao Planetário do Ibirapuera, em São Paulo.
É possível ainda saber o que existe no interior do planeta Terra, aprender um pouco como são formadas suas paisagens e seus relevos — uma caixa de areia permitiu ao Quim mexer no ‘solo’ com uma colher e, sem que ele se desse conta, transformar o terreno de modo semelhante ao que ocorre na natureza.
No momento, as seções Astronomia e Terra estão fechadas para reforma, como informa o site do Catavento.
VIDA
De onde viemos? O milagre da vida, o corpo humano em detalhes, seus sistemas e funcionamento. Recomendado para estudantes fazerem revisão antes daquela prova cascuda sobre anatomia e também para quem tem curiosidade a respeito do tema. Em condições normais de temperatura e pressão, não sei se eu entraria para conhecer o intestino grosso por dentro. Acontece que o Quim sacou que a estrutura comprida lembrava a que vimos na Cidade das Abelhas, onde o visitante também é convidado a conhecer as entranhas do inseto. Ah, ele riu à beça quando se deu conta de éramos dois cocôs perambulando aquele lugar.
Quim também ficou atento às classificações do Reino Animal e um pouco ressabiado ao se deparar com uma réplica em tamanho natural de um tigre-dente-de-sabre. Com 6 anos na primeira visita, natural que ele sentisse medo, como também ficou impressionado na exposição Do Macaco ao Homem, uma das atividades extras que exige senha. Essa visita é feita nas arcadas subterrâneas do Catavento. No tempo em que serviu à polícia, os porões do prédio abrigavam as celas dos presos. Não preciso dizer que é bem melhor ver uma criança correr em liberdade pelos corredores, decorados com detalhes coloridos que afastam um pouco a lembrança do que, um dia, já foi um cárcere.
Durante o tour guiado à exposição Do Macaco ao Homem, havia um grupo de estudantes ruidosos, mas ainda assim deu para ouvir as principais explicações da guia. Joaquim arregalou os olhos quando viu os crânios dos nossos ancestrais expostos. Por outro lado, ele começou a entender mais claramente a relação dos seres humanos com os macacos. Os painéis mostrando semelhanças entre as espécies facilitaram esse entendimento.
Ainda na parte das arcadas, no subterrâneo do Catavento, Joaquim foi seduzido pela maquete do prédio feita de Lego. Construída com 34.795 pecinhas, ela mede 55 vezes menos que o edifício original. Quim, como sempre, parou para admirá-la (tá, eu também era assim quando criança, tempo em que não havia Lego para construir algo parecido). Bem perto da maquete fica o Se Liga no Lego, atividade extra que sempre tem lotação esgotada quando visitamos.
Quim ficou só espiando a brincadeira de longe, doido para participar. Criadas na Dinamarca, as pecinhas coloridas levam nosso menino à loucura. Não é à toa que visitamos as unidades alemãs da Legoland Berlim e da Legoland Alemanha, em Guinzburg, onde dormimos no Hotel na Legoland, em forma de castelo medieval.
ENGENHO
Por que as coisas são como são? A mais interativa das seções explora os diferentes ramos da Física. Hora de aprender os movimentos que fazem parte do nosso cotidiano em atividades que envolvem Mecânica, como levantar sacos bem pesados com o auxílio de polias e roldanas. Ou entender o princípio da centrifugação, função tão corriqueira no dia a dia de quem utilizar uma máquina de lavar roupa.
Ainda no estudo prático sobre fenômenos físicos, destaque para a experiência com eletromagnetismo — Joaquim pirou ao ficar com os cabelos em pé!
Nós também ficamos boquiabertos quando testamos entrar em uma bolha de sabão gigante. Nessa área a criançada tem à disposição tanques com água e sabão e apetrechos para produzir bolhas em diferentes formatos.
Dica: mexa em tudo à vontade!
SOCIEDADE
Para onde vamos? Os caminhos que levaram a humanidade a se lançar em novas descobertas, sua relação com o meio-ambiente e alguns episódios que marcaram a História. É aqui que fica o Monte dos Sábios, parede de 7 metros de altura onde os escaladores se encontram com personalidades como o físico Albert Einstein, o líder Mahatma Gandhi e o pai da aviação, Santos Dumont, por exemplo.
É na seção Sociedade que fica o Estúdio de TV. Havia senha disponível para essa atividade durante a nossa última visita. Joaquim pode, então, aprender sobre o uso de chroma key (efeito visual em fundo verde sobre o qual se aplica uma imagem sobre outra). Todas as crianças presentes à sessão foram convidadas a participar da experiência: teve gente que voou em um tapete mágico, outros que bancaram o Super-Homem enquanto que o Quim e mais duas crianças tiveram suas cabeças cortadas no efeito e aplicadas em uma cena de um outro filme. As gravações foram exibidas aos participantes no fim da sessão e ficam disponíveis no site do Catavento (acesso mediante senha fornecida antes de a atividade encerrar).
No corredor ao lado do Monte dos Sábios está a sala de Nanoaventura. Nathalia, Joaquim e eu participamos de uma sessão de 30 minutos. Na primeira parte são explicados os conceitos de Nanotecnologia e Nanociência, ramo que mexe com elementos e substâncias em escala microscópica. Depois da teoria, os visitantes são divididos em equipes e se alternam em 4 jogos interativos. Quem tem destreza com joystick de videogame se sai bem nas atividades, mas a pontuação é o que menos importa. O que vale é a diversão.
Não é permitido filmar nem fotografar a sessão, apenas mostrar a sala na hora de ir embora. A saída é feita por uma porta lateral que nos leva a um terraço, de onde se vê o borboletário, uma das mais novas atrações do Catavento. Sob uma estrutura metálica foi criada um ecossistema em condições de receber diferentes espécies de borboletas, como a olho de coruja e a júlia. A visita é monitorada e ocorre a cada 30 minutos, com capacidade máxima de 20 pessoas por sessão — ela não ocorre às segundas e às sextas nem em dias frios ou com chuva.
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VALE SABER
Endereço: Avenida Mercúrio, s/n – Parque D.Pedro II, Brás
Transporte: A estação Pedro II do metrô fica menos de 1km. Tem gente que vai a pé, mas nós nunca tentamos. Sempre achamos mais seguro ir de carro, já que o movimento de veículos é maior do que de pedestres naquela região
Funcionamento: De terça a domingos, das 9 às 17 horas
Preço: R$ 6 — crianças de 4 a 12 anos, pessoas acima de 60 anos, portadores de necessidades especiais ou estudantes com carteirinha, R$ 3; aos sábados, grátis
Alimentação: Dentro do museu há o Café com Lua. Bem simples, fica em uma das varandas envidraçadas que dão para o borboletário (foto 3680). Aprende-se até na hora do lanche. Um painel explica por que existem crateras na superfície da Lua e de sua importância como escudo da Terra (foto 3693). Se quiser fazer uma dobradinha, o Mercado Municipal fica em frente ao Catavento, do outro lado da avenida. Lá é possível traçar os famosos pastéis de bacalhau e o robusto sanduíche de mortadela. Para ir ao Mercadão, vale a regra utilizada no transporte. É possível ir a pé, sem dúvida. Mas nós fomos desaconselhados pelos próprios funcionários do estacionamento do Catavento, que alegaram ser um pouco inseguro fazer o trajeto, especialmente na travessia do farol. Então, vá de carro, tem estacionamento com zona azul dentro do Mercadão
Loja: A pequena loja fica perto da seção Engenho. Tem camisetas, canecas e lembrança relacionadas ao universo da ciência
Site: cataventocultural.org.br