A cúpula de vidro do palácio-sede do Parlamento Alemão, em Berlim, é um símbolo da nova Alemanha. Pois, com o poder legislativo transferido para lá no início dos anos 1990, a cidade mais conhecida do país voltou a ser também sua capital. Hoje viajantes e moradores se encontram ali. A visita à cúpula do Reichstag é gratuita, mas há tours pelo Reichstag, a sede do Parlamento Alemão, que se aprofundam na área e no edifício.
Cúpula do Parlamento – Foto: Doris Poklekowski/Visit Berlin
Alemanha reunificada – Foto: Wolfgang Scholvien/Visit Berlin
Visita gratuita à cúpula do Reichstag
É possível visitar o Parlamento Alemão de graça. Mas, para isso, é preciso fazer a inscrição online com antecedência. O Reichstag está localizado na região administrativa da capital alemã, próximo ao Portão de Brandemburgo.
Há sempre muito o que fazer na capital da Alemanha. Por isso, dicas de Berlim são sempre bem-vindas para você montar seu roteiro. É uma cidade que pulsa dia e noite graças à mistura de intensa vida cultural, história em estado bruto, comida de primeira e apetite de sobra para ditar novos padrões de comportamento. É um lugar que transforma e se deixa transformar, então desconfie de quem diga que sabe tudo sobre Berlim. Na cidade nada é definitivo, sempre há algo de novo acontecendo.
Berlim foi capital do Reino da Prússia, do Império Alemão, da República de Weimar e do Terceiro Reich antes de ser esquartejada em 4 zonas de ocupação depois da Segunda Guerra Mundial, embora seu território estivesse totalmente localizado na área de domínio da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
O êxodo de alemães, seduzidos pelas vantagens econômicas e sociais oferecidas pelo lado ocidental da cidade, levou o governo a fechar as fronteiras de forma definitiva. Com o apoio de Moscou, o Muro de Berlim foi erguido em 13 de agosto de 1961, separando a capital da futura República Democrática Alemã dos setores americano, britânico e francês, isolados em Berlim Ocidental.
Novembro de 2019 marca os 30 anos da queda do Muro de Berlim. Desde então, a reunificação promoveu mudanças na paisagem e nos costumes, algo como não se registrou em nenhuma outra cidade da Europa. O lado cosmopolita e inovador se acentuou, as conexões com o passado não foram perdidas e as políticas públicas adotadas desde então focaram num futuro sustentável, na esperança de que as dores do crescimento sejam minimizadas.
Por tudo isso, não importa se você planeja um roteiro em Berlim de 3 dias, por exemplo. Seja mais ou menos que isso, saiba que todo tempo sempre será pouco para descobrir a cidade, que estará diferente, maior e mais radiante quando você retornar.
Confira abaixo o que fazer em Berlim, além de hotéis, restaurantes, compras, clima, eventos, transporte e destinos para um roteiro combinado. Nossa série com opções de guia de viagem traz informações grátis e completas para você se planejar bem para conhecer destinos brasileiros e internacionais.
GUIA DE VIAGEM | BERLIM
Catedral de Berlim, perto da Ilha de Museus – Foto: @ComoViaja
pontos turísticos
Não é de hoje que um dos mantras de Berlim é o de cidade com 1.500 eventos diários para aproveitar, numa escala que compreende 24 horas por dia, 365 dias por ano. Por isso, antes de embarcar para a capital da Alemanha, vale checar as opções e garantir ingressos e tours em Berlim — este link é da GetYoutGuide, parceria do Como Viaja que trabalha vendendo serviços turísticos em diferentes cidades pelo mundo; como é uma empresa alemã, estão disponíveis muitas atividades turísticas na Alemanha.
Para admirar sua grandiosidade de cima, suba os 368 metros de altura da Torre de TV de Berlim, cartão-postal do lado leste da cidade, na Alexanderplatz. Essa é uma das icônicas praças berlinenses juntamente com a Potsdamer, perto da qual as crianças podem se divertir brincando na Legoland Berlim. Os pequenos também curtem o Zoológico de Berlim, o mais antigo da Alemanha, as visitas ao AquaDom e ao SeaLife (que têm ingresso combinado com acesso prioritário) e ainda o rico acervo do Museu de Tecnologia (Technikmuseum), famoso pela carcaça de avião suspensa do lado de fora do prédio.
Em matéria de museus, a capital da Alemanha tem uns 200. É possível visitar desde o inusitado museu dedicado à salsicha (currywurst) a programas clássicos, como o Museu de História Natural de Berlim (garante o ingresso com áudio guia). Nas instituições agrupadas às margens do Rio Spree, na chamada Ilha de Museus, se encontram preciosidades. O Portão de Ishtar e o Altar de Pérgamo, por exemplo, fazem parte do magnífico acervo do Pergamonmuseum.
Berlim é uma aula prática sobre Guerra Fria, especialmente para quem cresceu em meio à polarização do mundo entre os blocos capitalista e socialista. Dos trechos do Muro que permanecem de pé, o maior deles (1.316 km) virou nas mãos de artistas locais e estrangeiros uma grande galeria a céu aberto, a East Side Gallery, monumento à liberdade.
O interessante DDR Museum (compre entrada sem fila para o museu) mostra como era o cotidiano da Alemanha Oriental. Para quem gosta de história, o tour a pé sobre o Terceiro Reich e a Guerra Fria inclui paradas no Memorial dos Judeus Mortos e nos lugares onde ficam o bunker de Hitler e instituições como SS e Gestapo. Stasi Museum e Deutsches Spionagemuseum são espaços dedicados às atividades de espionagem e segurança praticadas pelos serviços secretos da Alemanha e do mundo.
Em reconhecimento aos erros do passado nazista, o Memorial aos Judeus Mortos da Europa é um espaço de reflexão e alerta. Um tour pelo bairro judeu de 2,5 horas mostra arquitetura e história da fundação da cidade até a resistência ao nazismo. O pedido para que equívocos assim não se repitam é recorrente em passeios guiados em instituições ou atrações que tenham ligações com o regime de Adolf Hitler. Caso do Estádio Olímpico de Berlim, construído para ser um dos símbolos da propaganda nazista durante os Jogos de 1930.
HOTÉIS
Na hora de decidir onde ficar em Berlim lembre-se que Mitte (meio, em alemão) é a região mais central. Seu perímetro cobre os principais pontos turísticos da capital alemã e por isso reúne as principais opções de hotéis, quase todos localizados próximos a estações de trem ou metrô, aliados importantes nos deslocamentos pela cidade. Durante nossa viagem à Alemanha com criança, nos hospedamos por 5 noites no NH Berlin Collection am Checkpoint Charlie, em frente ao Museu da Comunicação, na Leipziger Strasse. E pernoitamos ainda no Novotel Berlin Mitte, que tem um lounge para crianças, com videogame, brinquedos e livros.
Na efervescência cultural de Kreuzberg, o Mövenpick Hotel Berlin am Potdsdamer Platz é um 4 estrelas que funciona numa antiga unidade restaurada da empresa de eletrônicos Siemens. Fica em frente a um dos bunkers dos tempos do nazismo, hoje um museu com documentação aberta à consulta do público. O Hotel Johann é alternativa para orçamentos enxutos, localizado a 15 minutos dos bares, restaurantes e boutiques da Bergmannstrasse, território frequentado por moradores do bairro.
Eco-friendly, sustentável, com oferta de comida vegetariana e orgânica, o Almodovar Hotel é a cara de Friedrichshain, distrito separado de Kreuzberg por um canal do Spree, mas unido em espírito: o de romper com convenções sociais. Fica próximo ao melhor da vida noturna da região da Simon-Dach-Strasse e a cerca de 20 minutos de metrô da Alexanderplatz.
Em busca de algo que seja a cara de Berlim? Experimente se hospedar no Huttenpalast, onde um velho galpão de fábrica foi preenchido por trailers e cabanas de madeira transformadas em aconchegantes dormitórios. Há também a opção de suítes tradicionais para até 3 pessoas. Tudo isso em Neukölln, velho bairro operário que atualmente atrai jovens alternativos interessados em diversão até a alta madrugada.
O Myer’s Hotel Berlin é o retrato de Prenzlauer-Berg: assim como o bairro, o prédio de estilo neoclássico do século 19 foi repaginado ao sabor da urbanidade local dos dias atuais. Todos os quartos são decorados de forma única. No entorno do hotel boutique estão cafés, ateliês e galerias que conferem ao coração da antiga Berlim Oriental um ar moderno e conectado com as principais tendências da moda e de comportamento. O Hotel Oderberger conservou a piscina que pertencia a uma centenária casa de banho pública em Prenzlauer Berg. Quando não está ocupada por eventos, ela é um dos atrativos desse hotel boutique de 70 quartos.
[booking_product_helper shortname=”mapa berlim”]
RESTAURANTES
Saco vazio não para em pé, já dizia a vovozinha. Então fique sabendo que não faltam lugares onde comer em Berlim. A cidade tem em torno de 9.400 opções para saciar a fome, entre restaurantes, cafés, lanchonetes e food trucks. Tem cozinha asiática, do oriente médio, francesa, italiana, mediterrânea, vegana, vegetariana. Se você se delicia provando comidas nos lugares que visita, existem um tour gastronômico no Mitte e outro pelo bairro de Kreuzberg.
Por ano, berlinenses e turistas devoram em torno de 70 milhões de currywursts, uma das comidas típicas da Alemanha. Aqui, a famosa salsicha da capital é servida com molho de tomate e curry, acompanhada de batata frita (pomme frite). Comida de rua basicona, ela é especialidade do Curry 36, que funciona a pleno vapor no número 36 da Mehringdamm, em Kreutzberg. No mesmo bairro, em um banheiro público restaurado sob a linha do metrô Schlesisches Tor, o Burgermeister serve hambúrgueres com molhos caseiros e fritas até tarde da noite.
Clássicos como joelho de porco ou bulette (almôndegas de carne) com salada de batata e chucrute (sauerkraut) são parte do cardápio da rústica Brauhaus Lemke am Schloss, cervejaria que tem três endereços na cidade, um deles em frente ao Palácio de Charlottenburg, ponto turístico a ser visitado numa dobradinha (por que não?). Esses pratos que são a própria identidade alemã ganharam versões sofisticadas no PeterPaul, localizado no Mitte.
Berlim tem 20 restaurantes que integram a edição mais recente do prestigiado Guia Michelin. De menu asiático, o Tim Raue foi uma das 6 casas a receber duas estrelas da publicação francesa, que no ano passado elegeu Sebastian Frank, do Horváth (2 estrelas desde 2015), o melhor chef da Europa, comprovando a importância da capital alemã no cenário mundial da alta gastronomia.
A cidade também se destaca pela originalidade à mesa. Dono da primeira estrela Michelin em 2019, o Coda é um bar do distrito de Neuköll que só serve sobremesas para acompanhar seus coquetéis. No futurista Data Kitchen os pedidos são feitos num tablet e um e-mail avisa quando os pratos devem ser retirados das caixas individuais que formam uma parede do salão do restaurante, localizado no Mitte. Ainda no quesito peculiaridades, é possível tomar um café da manhã robusto a qualquer hora do dia ou da noite. Primeira filial fora de Israel, o Benedict explora o conceito de brinner (brunch + dinner), com especialidades matinais de várias partes do mundo.
Feita de trigo e fermentada na própria garrafa, a cerveja típica de Berlim (Berliner Weiss) pode ser apreciada num biergarten (de abril a setembro) e em cervejarias clássicas alemãs, como Löwenbräu e Paulaner. Com cerca de 60 produtores locais, a capital também se tornou referência na fabricação de cerveja artesanal, com destaque para Brlo Brwhouse, Berliner Republik e Eschenbräu, pioneira micro cervejaria em funcionamento desde 2001.
compras
Até o mais respeitoso usuário de cartão crédito é seduzido pelo circuitinho básico de compras em Berlim. Centro importante da indústria da moda, a cidade oferece as últimas tendências em lugares como o Bikini Berlim, primeiro shopping center da Alemanha, perto da Igreja Kaiser Wilhelm.
A poucos passos está localizada a Kurfürstendamm — Ku’damm, como a avenida é chamada pelos íntimos e por ortodoxos compradores que não dispensam grifes como Lagerfeld ou Tommy Hilfiger. A gigante loja de departamentos KaDeWe também vende moda internacional e tem um 6º andar que faz a alegria dos foodies que estejam pela Tauentzienstrasse, outra rua comercial bem movimentada.
Na Alexanderplatz, coração da velha Berlim Oriental, a Galeria Kaufhof vende roupas, acessórios, presentes e tem um restaurante que salva a pátria da fome fora de hora. Peças feitas pelos melhores designers da cidade estão à venda na loja Boxoffberlin, na Zimmerstrasse, ao lado do museu dedicado ao Trabi, o carro-simbolo da Alemanha Oriental.
Bonequinhos do farol de Berlim, os Ampelmännchen viraram uma marca bem sucedida de artigos diversos vendidos em unidades próprias, como as da Gendarmermarkt ou da Unter den Linden, a avenida mais importante de Berlim, onde construções famosas — Universidade Humboldt, Museu Histórico Alemão, entre outras — dividem espaço com restaurantes, cafés e lojas.
O estilo multicultural de Prenzlauer-Berg, Kreutzberg e Neuköln se reflete no comércio local, composto por novos talentos do design, criadores de moda alternativa e sustentável, adeptos do estilo urbano e, muita vezes, na contramão da produção em larga escala e impessoal. Möon, Flagshipstore e Blank Etiquette são marcas que traduzem o espírito dos jovens moradores profissionais que adotaram esses bairros da antiga Berlim Oriental.
TRANSPORTE
Berlim tem dois aeroportos conectados por trem com o centro da cidade: para deixar o Schönefeld (18 km), use as linhas S9 e S49 do S-Bahn ou o Airport Express — ambos param na estação central (Hauptbahnhof). Mesmo destino de quem desembarca nos terminais do Tegel (8km), de onde os ônibus 109, 128 e o Jet Express Bus TXL levam 15 minutos para chegar à principal parada de trens da cidade.
Se optar por táxi (a partir de 3,50 euros), procure pelos pontos oficiais do aeroporto. Embarque em veículos que tenham número de matrícula escritos no vidro traseiro. Ou então esqueça o carro, contribua com o meio-ambiente e vá de transporte público. Berlim tem uma complexa rede de trens (S, verde), metrôs (U, azul) e ônibus que conecta a cidade de modo integrado.
Nas estações, os bilhetes são vendidos em máquinas amarelas e vermelhas, de acordo com zonas tarifárias: A (zona central, mais turística), B (centro e aeroporto Tegel) e C (aeroporto Schönefeld e a cidade de Potsdam).
Existem cartões que incluem transporte e dão desconto em atrações na capital alemã. Um deles é o EasyCity Pass, com S-Bahn, metrô, ônibus, bonde e trem regional. Já o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dias. Importante: valide seu tíquete antes de embarcar ou a multa será puxada.
A linha de ônibus TX 100 conecta os lados leste e oeste da cidade e passa por cartões-postais num trajeto de 8 km que dura cerca de meia hora. Embarcar em um ônibus turístico de 2 andares pode ser um programa diferente, ainda mais se você estiver com criança. O ônibus hop on hop offpermite descer nos principais pontos turísticos e depois embarcar no veículo seguinte.
Até 2020, Berlim tem planos para reduzir em cerca de 270 milhões de toneladas os níveis de poluição da cidade. Por isso, os deslocamentos de bicicleta são valorizados. Há estações de aluguel de bike e excursões guiadas de 3 ou 4 horas de bicicleta passando pelos destaques da cidade.
MOEDA
Em Berlim, o euro é bem aceito, obrigado. Cartões de débito e de crédito também são bem-vindos em lojas, restaurantes e hotéis. E carregue com você dinheiro vivo suficiente para as primeiras despesas assim que chegar à cidade.
Se precisar trocar moeda, tem duas casas de câmbio (Wechselstuben) no terminal A do aeroporto Tegel: ReiseBank e Euro-Change — há unidades também nas grandes paradas de trens e metrô. Caixas eletrônicos ATM (Geldautomat) funcionam 24 horas em centros comercias e estações de transporte público.
Cartões das bandeiras Visa e Mastercard são mais bem aceitos que Amex e Diner’s, mas pergunte antes de comprar ou comer, já que há estabelecimentos (especialmente os menores) que só aceitam pagamento em cash.
Gorjetas: nos restaurantes, deixe 10% ou mais do total da conta, dê 1 ou 2 euros por dia ao pessoal que arruma os quartos e a mesma quantia por mala aos carregadores nos hotéis e acrescente entre 10% ao valor arredondado da corrida de táxi.
CLIMA
O clima de Berlim é temperado, com a temperatura oscilando ao longo do ano, criando uma atmosfera única na cidade para cada estação. O verão vai de maio a agosto, com os termômetros passando dos 20°C — com picos de 30°C, que levam turistas e moradores para os bares de praias montados na beira do rio.
As cores do outono ficam mais evidentes na paisagem dos parques públicos, como Volkspark e do Tiergarten. De setembro a dezembro, as temperaturas mínimas ficam abaixo dos 10°C, podendo atingir marcas negativas no último mês do ano.
Berlim enfrenta seu momento de inverno mais rigoroso entre janeiro e fevereiro, quando a neve tinge de branco a capital alemã, o Spree congela e o público se entoca em museus e cafés.
A primavera traz de volta gente às ruas, mas de casaco, touca, luva e cachecol dependendo dos dias. Enfrentamos vento frio e cortante no fim de março, quando os termômetros apontavam 3°C nos fins de tarde e início de manhã.
EVENTOS
Dezembro é tempo do mercado de Natal da Gendarmenmarkt, em Berlim – Foto: Scholvien/Divulgação
No calendário anual da cidade, fevereiro é mês do Festival de Cinema de Berlim, que já conferiu Urso de Ouro para Central do Brasil, em 1998. O verão é tempo de curtir a vida ao ar livre, seja em passeios de barco pelo Rio Spree ou sentado nos bares temporários montados à beira dele. O sol e o calor animam alemães e estrangeiros a se deitar no gramado de parques como o Tiergarten ou em outras tantas áreas verdes que recobrem 30% da cidade.
A estação mais quente do ano reserva ainda um carnaval multicultural em Kreuzberg e concertos de música clássica a céu aberto na Gendarmenmarket. Nessa praça, no inverno, é montado um dos mais bonitos mercados de Natal de Berlim, em meio a maravilhas da arquitetura, como a Sala de Concertos, a Catedral Francesa e a Neue Kirche. A cidade também fica especialmente bonita à noite durante o Festival de Luzes em Berlim, quando rola uma excursão em ecotáxi numa espécie de riquixá, por um período de 1 a 2 horas.
Mas não é preciso haver nenhuma data especial para se celebrar. A vida noturna de Berlim é cultuada como uma das melhores da Europa porque vai de segunda a segunda, com algumas festas se prolongando além dos primeiros raios de sol. Casas como Tresor, Berghain, Felix Club e Watergate são tão conhecidas pela música de qualidade tocadas por seus DJ’s quanto pelas concorridas filas para entrar. E não se aborreça se por acaso você não for aprovado pelo hostess de alguma dessas casas. Não é nada pessoal.
MAIS DESTINOS
Uma viagem a Berlim fica mais completa com uma excursão a Potsdam e seus castelos, a cerca de 40 minutos da capital alemã. Reserve um dia para conhecer as maravilhas arquitetônicas declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Com saída em Berlim, há tours guiados pelo Palácio de Sanssouci, construção em estilo rococó que possui um enorme e geometrizado jardim.
Vale a pena também dar uma passada no centrinho de Potsdam para conhecer o bairro holandês, conjunto de casas de tijolinho construídas no século 18 para colonos holandeses, hoje ocupadas pelo comércio. Na História, a cidade foi palco de um encontro entre países vencedores da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Na Conferência de Potsdam, Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha decidiram o futuro da Alemanha, que havia se rendido.
Em torno de 3 horas de trem separam Berlim de Dresden, uma das 11 principais cidades da Alemanha para turismo, situada no vale do Rio Elba. Segundo destino na Alemanha mais procurado por brasileiros (depois de Berlim), Munique está a 2 horas de voo da capital — leia Guia Munique, com dicas grátis e completas para sua viagem. Se quiser experimentar dirigir nas autobahns alemãs, parta para o aluguel de carro e caia nas ótimas estradas do país.
De avião, Viena fica a pouco mais de uma hora de Berlim. Há 10 anos, a capital da Áustria é eleita a melhor cidade do mundo para se viver, segundo ranking da consultoria Mercer. Leia também o Guia Viena, para se planejar com nossas dicas gratuitas.
A porta de entrada do DDR Museum, museu sobre a Alemanha Oriental em Berlim (garanta o ingresso sem fila), funciona como uma máquina do tempo. A viagem nos conduz direto para os anos 1970. Nascidos nessa década, vivíamos rodeados por objetos semelhantes na infância.
Gravador com toca-fitas, escovas de cabelo e bobs de plástico, televisão com imagens desbotadas, ursinhos daquela pelúcia peluda (nada do macio plush). Nas cores, muito marrom — o máximo da ousadia em decoração era o uso de um certo laranja ou de tons pastéis. Estávamos novamente com 5 anos.
A ideia é justamente promover a imersão do visitante no estilo de vida cotidiano de um cidadão da Alemanha comunista. Um museu elaborado para que os objetos estejam sempre ao alcance das mãos. São portas para abrir, vídeos para ver e até um Trabant, o carro-símbolo da Alemanha Oriental, para dirigir virtualmente pelas ruas de Berlim Oriental.
Como é o DDR Museum
O museu ocupa cerca de 1.000 m² de área e foi elaborado com a ajuda de historiadores. Altamente interativo, contém explicações em alemão e inglês. Desde a entrada, o visitante é convidado a vasculhar o passado, literalmente. Em torno de 250.000 objetos originais da Alemanha Oriental fazem parte do acervo do DDR Museum, para recompor a história do país a partir do cotidiano de seus habitantes.
Nossa viagem ao passado começou assim que nos deparamos com a figura do Ampelmänn, o boneco do semáforo na Alemanha Oriental. São eles quem recebem os 500.000 visitantes ao ano na catraca do museu. Validado o ingresso, sinal verde para iniciar a visita.
O sucesso do DDR Museum está no fato de ser acessível a todas as idades. A dica é explorar cada seção ao máximo, por isso mesmo vamos dar uma destrinchada em alguns setores legais de serem vistos.
Fila de espera do Trabi, para dirigir o carro da Alemanha Oriental
De cara, aconselhamos dar uma chegadinha para o lado direito da entrada, onde fica o passeio virtual a bordo do Trabi, apelido do carrinho que existia na DDR. É melhor ir logo se não tiver fila. Exibidas em um monitor que fica no lugar do para brisa, as instruções para dirigir são tão simples quanto o veículo.
Para quer saber mais da história do carro, dêum pulo no Berlin Trabi Museum (garanta seu ingresso). E se você quiser ir além do rolê virtual, a cidade oferece o tour de Trabi Limousine e o Trabi Safari, passeio de 1h15 em que de fato o viajante dirige o veículo pela capital.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por Viagem e destinos imperdíveis (@comoviaja) em
O que fazer no museu da DDR
Desça um pequeno lance de escada. No piso abaixo do nível da entrada o visitante vê como foi construído o Muro de Berlim, a barreira de 155 km de extensão que tornou Berlim Ocidental uma ilha capitalista dentro da socialista República Democrática da Alemanha — em alemão, Deutsche Demokratische Republik (DDR), daí o nome do museu.
Grande parte do acervo permanente está exposto em um mobiliário inspirado nos blocos do Wohnungsbauserie 70 (WBS 70), o conjunto habitacional típico da República Democrática da Alemanha. Portas e janelas deste imenso arquivo revelam usos e costumes do país. Joaquim curtiu ver os brinquedinhos de época.
Criança sendo criança: vendo os brinquedos da antiga Alemanha
Uma outra seção mostra as profissões mais ‘populares’ da Alemanha comunista, quase todas ligadas ao setores industrial, da construção civil e de serviços. Os mais jovens tinham seu destino profissional definido mais pela necessidade econômica do país do que por desejo próprio. No fim do anos 1970, ser vendedora em uma loja de departamentos era a atividade número um recomendada para moças, enquanto que receber noções de mecânica era garantia de emprego para os rapazes.
Principais profissões na Alemanha Oriental
O que fazer no museu da Alemanha Oriental
Para nós, um dos pontos altos da visita foi ver como era por dentro um legítimo apartamento da Alemanha Oriental. Foi como se estivéssemos no set de Adeus, Lênin (no filme de Wolfgang Becker, um filho recria uma RDA que deixou de existir durante os 8 meses em que a mãe, socialista convicta, esteve em coma).
Ver trechos de um antigo programa de televisão (com sua estética engessada, um pouco como o dia a dia daquele período), dedilhar uma antológica máquina de escrever Erika (artigo vintage nos mercados virtuais dos dias de hoje), tudo estava ao alcance nesta área do DDR Museum.
Joaquim até arriscou um alô num antiquado telefone de disco, enquanto Nathalia se divertiu ao ver objetos de decoração que lembravam muito a estética dos anos 1970, década em que nascemos.
A diferença é que muitos daqueles utensílios fizeram parte da vida dos alemães orientais por mais tempo do que eles poderiam imaginar. Apesar de ser a economia mais forte dentre os países debaixo do guarda-chuva soviético, a Alemanha Oriental nem sempre conseguiu suprir todos os cidadãos com bens materiais, menos por ideologia e mais por limites à capacidade de produção.
Diário da escassez na Alemanha Oriental
Sem um Plano Marshall, ajuda econômica que despejou bilhões de dólares sobre a parte ocidental da Alemanha, a fim de ajudá-la em sua reconstrução no pós-Guerra, restou ao lado leste alemão alinhar-se às regras ditadas por Moscou. A planificação econômica permitiu à Alemanha Oriental dar boas condições de vida a seus cidadãos até início do anos 1970.
Depois desse período, até havia produtos para o consumo, mas eles não chegavam a todos necessariamente. O museu conta que havia listas de espera para apartamentos, armários e automóveis — ter um Trabi exigia de alguns compradores até 10 anos de espera!
Até 10 anos à espera de um Trabi
No acervo do DDR Museum há um documento chamado de ‘diário da escassez’. A dona de casa Ingeborg Lüdicke anotou em um caderno absolutamente tudo o que estava em falta na pequena Wörlitz, cidade onde morava. Em meados dos anos 1980, não havia de alguns gêneros alimentícios a materiais específicos para que um dentista implantasse uma coroa na boca de um cidadão.
Sonhos de consumo na Alemanha Oriental
Cortina de Ferro e a redenção no esporte
Sistema social que procurou se afirmar como alternativa ao capital e ao consumo, o socialismo não restringiu sua luta ao plano das ideias. O esporte foi um campo oportuno para demonstrações de poder e superioridade das nações integrantes da chamada Cortina de Ferro.
Como forma de propagandear o sucesso do regime, o investimento estatal feito na preparação de atletas rendeu à Alemanha Oriental inúmeras medalhas e recordes que perduram até hoje, ainda que muitos desses feitos tenham ficado sempre à sombra das suspeitas de doping, o que nunca ficou totalmente comprovado.
A despeito disso, o museu exibe medalhas e a biografia de heróis que colocaram o país entre os primeiros colocados em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos: 1972 (3º), 1976 e 1980 (em ambas, terminou atrás da União Soviética).
No DDR Museum, uma vitrine guarda também um dos momentos mais gloriosos do futebol da Alemanha Oriental, que participou de apenas uma Copa do Mundo: em 1974, justamente na Alemanha Ocidental. O sorteio colocou os dois países na mesma chave do torneio, com o confronto entre eles programado para a última rodada da fase de grupos.
Relíquias da Copa de 1974: a bola e a flâmula do encontro entre Alemanhas
Em 22 de junho, na cidade de Hamburgo, o meio-campista Sparwasser marcou o único gol do jogo, aos 32 minutos do 2º tempo. A vitória por 1 a 0 deu o primeiro lugar da chave aos alemães orientais, com os anfitriões terminando a fase classificatória logo atrás. Ambos passaram às quartas de final. A Alemanha Ocidental terminou campeã da Copa que organizou. Ganhou o campeonato, mas não o clássico.
Símbolos do grande feito futebolístico da Alemanha Oriental, a camisa de Sparwasser, a bola utilizada no jogo e uma flâmula estão lá expostos no DDR Museum. Fernando e Joaquim se aventuraram a reviver aquele jogo na pequenina mesa de pebolim que tem no museu.
Cortina de fumaça para a transição
Quando deixamos a parte do museu que trata do cotidiano da Alemanha Oriental, ficamos frente a frente com uma espécie de cortina de vapor, onde a imagem dos típicos conjuntos habitacionais de Berlim Oriental é projetada. Atravessamos aquela fronteira ilusória e caímos nas entranhas do poder.
O peso dos móveis equivale à presença que o Estado tinha no cotidiano do país. Nas paredes, cores e símbolos que acompanhavam a falta de pluralidade do sistema político vigente. Sobre mesas interativas, explicações de como funcionava a estrutura de poder da Alemanha Oriental.
Ideais socialistas e a presença do Estado na Alemanha Oriental
A rotina na República Democrática da Alemanha não incluía apenas comer pepinos Spreewald ou circular de Trabi. O permanente estado de vigilância fazia parte do dia a dia de seus cidadãos. A movimentação de pessoas era monitorada pela Stasi, o serviço de segurança e inteligência que operava com ampla rede de agentes e colaboradores (estima-se que até 170.000 pessoas trabalharam para o órgão de controle mantido pelo Estado).
Ser apanhado pela Stasi representava ter de passar por horas de interrogatório e, não raro, ficar preso. No DDR Museum, Fernando passou pela experiência de entrar numa cela como a que muitos “inimigos” do regime foram colocados.
Ele achou bem desagradável, assim como foi igualmente desconfortável quando entrou na sala de interrogatório, cuja experiência consiste em apoiar os cotovelos sobre a mesa e levar as mãos aos ouvidos para escutar perguntas gravadas. Não é preciso entender o se diz para sacar que o clima era pesado.
Apesar disso, nem toda a repressão foi suficiente para calar os movimentos sociais que, com o respaldo da Igreja Protestante, acolheram os ideais de mudança política. Por detrás do grande armário adesivado pelo retrato de Mikhail Gorbatchev, os últimos objetos e documentos do DDR Museum estão ali para explicar como as mudanças políticas e econômicas implantadas pelo líder da União Soviética não poderiam ser ignoradas pela Alemanha Oriental. A pressão popular colocou o governo do então presidente Erich Honecker contra o Muro.
Gorbatchev e Honecker, camaradas
É nesse ponto de transição, quando as duas Alemanhas estão prestes a voltar a ser uma única nação que a visita chega ao fim. Deixamos o museu por um buraco aberto num pedaço recriado do Muro de Berlim, como tantos alemães fizeram na noite fria de 9 de novembro de 1989.
VALE SABER
Endereço: Karl-Liebknechtstrasse, 1, Berlim, Alemanha. O museu fica às margens do Rio Spree, bem atrás da Catedral de Berlim (Berliner Dom)
Transporte: De trem (S-Bahn), use as linhas S3, S5, S7, S75 (desça na estação Hackescher Markt e pegue a saída para a Spandauerstrasse; de metrô (U-Bahn), use a linha 5 Museumsinsel, Rothes Rathaus; de bonde (tram), use as linhas M4, M5 ou M6, que também param na Spandauerstrasse; de ônibus, utilize as linhas 100, 200, 300 (parada Lustgarten). Nesses casos, você caminha um pouquinho, mas há placas do DDR Museum indicando o caminho. Um lance de escadas leva você à entrada do museu. Na porta do museu, há ainda a estação DomAquarée, parada dos passeios de barco pelo Rio Spree
Funcionamento: Diariamente, das 9 às 21 horas
Preço: € 13,50; crianças, € 8 — até 5 anos, grátis. Parceira do Como Viaja, a empresa de passeios alemã Get Your Guide vende ingressos pelo mesmo preço do museu (compre aqui)
Compras: A lojinha do DDR Museum é uma perdição. Livros sobre aspectos políticos da Alemanha Oriental, vários exemplares que discorrem a respeito do Muro de Berlim e até publicações com receitas típicas da cozinha do leste estão à venda (naturalmente, todos em alemão ou inglês). Há também jogos de perguntas e respostas sobre a DDR, brinquedos vintage como um simpático patinho de pelúcia e a famosa trinca de suvenires: chaveiro, caneca e imã. Nós garantimos alguns magnéticos e uma miniatura de Trabi verde, que está na nossa sala de casa ainda hoje
Quem visita a Europa em dezembro se depara com uma grande quantidade de mercados, especialmente nas cidades da Natal na Alemanha. Para os cristãos, a data que celebra o nascimento de Jesus Cristo é a mais importante do calendário anual, e o período do Advento marca a contagem regressiva para essa comemoração.
Nathalia esteve pela primeira vez em um desses mercados europeus em 2012. Além de ver as barracas nas praças de Viena e Budapeste, Nathalia visitou vários mercados nas principais cidades da Alemanha para turismo, onde cerca de 150 feiras são montadas em pontos históricos de norte a sul no país.
O encantamento provocado por essas feiras ao ar livre fez com que ela se lembrasse muito do nosso filho, Joaquim, então com 3 anos. Foi para ele que a mamãe escreveu a série especial Natal na Europa: uma viagem encantada. Relato sensível e doce da magia natalina no que ela chamou de Terra de Reis e Rainhas.
De Frankfurt, o mais lindo, segundo ela, Nath trouxe para o Joaquim um calendário do Advento — 24 janelinhas para serem abertas dia a dia até a chegada do Natal — dentro de cada uma havia um chocolatinho. Uma menininha em cima de um trenó foi trazida de uma banca de enfeites de Nuremberg. Em Regensburg, Nath encontrou um divertido mercado, com brincadeiras que levavam a criançada ao delírio. Da igualmente pequena Rüdesheim, veio uma delicada caixinha de música em forma de carrossel, que até hoje roda ao som de Noite Feliz.
Essas lembrancinhas e essa magia estão presentes em todas as feiras de fim de ano, praticamente. Semelhanças que não invalidam uma visita para conhecer as particularidades de cada região do país. Abaixo, uma lista de mercados que atraem milhões de pessoas todos os anos para desfrutarem das cores, sabores e aromas do Natal na Alemanha.
1 | Natal em Berlim
No Natal na Alemanha, a capital abriga cerca de 50 mercados, dos mais tradicionais àqueles alinhados com a política de sustentabilidade, bandeira de Berlim. Um dos mais conhecidos é organizado diante da Igreja Memorial Kaiser Wilhelm, onde houve um atentado em 19 de dezembro de 2016. A promessa é sempre de um ambiente acolhedor, tomado pelo cheiro de amêndoas assadas e dos pães de gengibre.
Em Berlim, há feiras no Jardim Botânico, na Prefeitura e até na estação de metrô Friedrichstrasse, onde pode ter pista de curling. Na Potsdamer Platz, as atrações são um tobogã e um rinque de patinação. Uma pista de gelo também funciona aos pés da Torre de TV de Berlim, na Alexanderplatz.
Dezembro é tempo do mercado de Natal da Gendarmenmarkt, em Berlim – Foto: Scholvien/Divulgação
O mercado que se forma na Gendarmenmarkt está entre os mais populares, com destaque para as luzes que deixam a Konzerthaus (Sala de Concertos) e a Dom Französischer (Catedral Francesa) ainda mais imponentes. Em todos os lugares não faltam bebidas quentes e comidas boas — há barracas que funcionam como restaurantes, com boa estrutura para se sentar e provar de comida berlinense e pratos da Baviera a receitas italianas e pescados frescos. Na feira da Gendarmenmarkt a entrada custa 1 euro, valor revertido para caridade e para pagamento dos artistas que se apresentam no palco montado em frente à Konzerthaus.
Artesanato típico e produtos originais são oferecidos nas bancas de praticamente todas as feiras de Natal na Alemanha. Quem visita os mercados de bairros como o badalado Mitte ou do alternativo Prenzlauer Berg encontra boa oferta de artigos ecologicamente corretos.
2 | Natal em Munique
Quem chega de avião à capital da Baviera encontra o clima natalino já no aeroporto, onde a feira de fim de ano costuma começar 1 semana antes do resto da cidade. Em meio a 450 pinheiros e uma árvore de 15 metros de altura há tudo o que um bom mercado de Natal deve ter: delícias da culinária que marca essa época do ano, shows diários e artigos para presente — tem até pista de patinação no gelo!
Por ser a principal praça de Munique, a Marienplatz concentra o mais antigo mercado de Natal da cidade. São cerca de 160 bancas com produtos típicos, como bolas de vidro pintadas à mão. Montada em frente à sede da nova prefeitura (Neues Rathaus), a tradicional árvore de Natal é iluminada por cerca de 2.500 lâmpadas. Quem quiser adivinhar o tamanho do pinheiro natural participa de um sorteio que dá direito a prêmios.
Marienplatz com mercado de Natal em Munique – Foto: Joachim Messerschmidt/German National Tourist Board/Divulgação
Outros 40 mercados celebram o Advento em Munique. A pequena feira perto do Sendlinger Tor, um dos portões medievais da cidade, é cheia de produtos vindos de países como Peru, Letônia e Rússia. Chance de ouro para quem deixa para fazer compras na última hora. A uma curta caminhada desse mercado, já no bairro de Glockenbachviertel, fica o natal mais cor-de-rosa da cidade, onde gays e lésbicas são super bem-vindos, bem como todos os que prezam pela igualdade.
No Englischer Garten, o parque de Munique, a concentração é debaixo da Torre Chinesa (Chinesischer Turm), onde guloseimas não faltam tampouco artesanato. Crianças brincam no histórico carrossel próximo ao biergarten enquanto adultos aceitam o desafio de um jogo de curling. Um passeio de carruagem para admirar as luzes de Natal do parque também é uma boa pedida. No boêmio Schwabing, destaque para o Kunstzelte, trilha decorada por esculturas natalinas feitas pelos artesãos do bairro.
Reviver o espírito do Natal na Alemanha como se estivesse no século 13 é a proposta do Mittelaltermarkt. Quem visita o antigo mercado medieval pode se fartar de pratos parrudos como o leitão no espeto ou entornar uma das especialidades locais, o Feuerzangenbowle: açúcar flambado em rum e misturado com vinho tinto, laranja, canela, limão e cravo. Um verdadeiro soco de fogo, numa tradução livre para o apelido dessa bebida. Cavaleiros, malabaristas e contadores de história ajudam a compor todo esse cenário na praça que leva o nome da dinastia que comandou a Baviera por mais de 7 séculos, a dos Wittelsbach. Na Residência (Residenz), uma vila de Natal é montada no pátio do antigo palácio dos nobres bávaros.
3 | Natal em Frankfurt
O mercado de Frankfurt é o mais antigo do Natal na Alemanha, data de 1393. Hoje em dia, são cerca de 200 barracas espalhadas pelo centro antigo da cidade, em praças históricas como a Paulsplatz ou pelo Mainkai, região às margens do rio Meno.
Na praça Römerberg, o conjunto de construções erguido entre os séculos 15 ao 17 fica lindamente iluminado. O gigantesco pinheiro instalado e iluminado no centro da praça forma um belo contraste com os edifícios envidraçados, que representam o centro financeiro da Alemanha. É em torno da grande árvore que estão bancas onde é possível comprar produtos que são a cara do Natal de Frankfurt, como geleia e mostarda feitos à base do tradicional vinho de maçã — que também serve de matéria-prima na fabricação de sabonete, à venda nas barracas.
Barraca da batata: delicinha
Os visitantes ainda podem provar delicinhas como o bolinho de massa de batata com molho de maçã ou tomar uma generosa caneca de vinho quente. Durante sua passagem por lá, Nathalia se esbaldou na barraca que vendia batata frita. Ela considera o mercado de Frankfurt como o mais bonito que ela visitou até hoje. Nath trouxe de lá uma caixinha de música e o típico biscoito de canela em forma de coração com o nome do nosso filho, Joaquim.
4 | Natal em Colônia
Tendo a simbólica Catedral de Colônia como cenário, o principal mercado do Centro reúne cores, aromas e sons que celebram o Advento. Em torno de 160 tendas se esparramam em torno da grande árvore montada especialmente para o período do Natal na Alemanha.
Famílias e crianças são atraídas para o Expresso de Natal, o trenzinho que percorre outros mercados, como o que é montado na região do porto e próximo ao Museu do Chocolate, duas das paradas obrigatórias do passeio. O Natal de Colônia também celebra a diversidade nas imediações da Rudolfplatz, uma das regiões da cena gay e lésbica da cidade.
5 | Natal em Dresden
Tradição que se repete há 583 anos no Natal na Alemanha. Dresden se orgulha de ter 11 mercados com perfis completamente diferentes, espalhados pela cidade. Mas todos são sinônimo de uma iguaria típica da capital da Saxônia: Stollen, bolo de Natal de Dresden. Para se ter ideia dessa simbologia, são produzidas cerca de 3 milhões de unidades de Stollen só nesta época do ano. Uma versão gigante do bolo recheado de passas e polvilhado de açúcar é preparada no início de dezembro e repartida entre o público na Altermarkt, no centro da cidade.
Igreja de Dresden e mercado embaixo – Foto: Christoph Muench/Divulgação
Como nem só de pão vive o homem, o Dresden Striezelmarkt reserva boas compras, especialmente de enfeites e de bonecos de madeira fabricados à mão. Todos os anos, uma pirâmide de madeira é montada na Neumarkt, a praça central da cidade. A torre tem cerca de 8 andares, cada um deles decorado com figuras natalinas. A estrutura toda gira graças ao calor gerado por velas acesas na base.
6 | Natal em Nuremberg
O Mercado do Menino Jesus (Christkindlesmarkt) transforma Nuremberg até a antevéspera de Natal. Logo na 1ª sexta do Advento, a figura de Jesus menino surge na fachada da Frauenkirche e faz um convite para que todos desfrutem de mais um mercado de Natal — esse ritual existe há mais de meio século, sempre envolvendo a escolha de meninas entre 16 e 19 anos para o papel do Cristo jovem.
As estreitas ruas do centro velho de Nuremberg ficam apinhadas de gente. Em meio ao formigueiro humano, quem busca enfeites tão bonitos quanto os que decoram a cidade encontra uma grande variedade de artigos natalinos feitos a mão. Nathalia ficou impressionada com a quantidade de luzes que chegam a cobrir fachadas inteiras dos prédios históricos. Não é por acaso que este é o único mercado de Natal mencionado entre as top 100 atrações da Alemanha, segundo votação online feita com viajantes de 40 países.
Enfeites de árvore de Natal – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Mas uma visita ao mercado não se dá por completa sem que se experimente um genuíno sanduíche de Nuremberg drei im weggla, que leva 3 unidades de bratwurst, a salsicha de Nuremberg, dentro de um pão que tem o valor de um guardanapo. Ou então cravar os dentes no lebkuchen, pão de mel que há 600 anos faz a fama da cidade.
7 | Natal em Hamburgo
Em Hamburgo não faltam o artesanato e as deliciosas castanhas torradas. Grandes ou pequenas, as feirinhas de Natal se espalham pelo centro da cidade portuária. Uma das mais belas fica em frente ao prédio da Câmara Municipal (Rathaus) — composta por 80 expositores, tem uma rua toda dedicada à venda de brinquedos. No Winter Pride, único mercado de Natal em Hamburgo voltado ao público GLS, quem não curtiu algum presente que ganhou tem a chance de participar de uma feira de troca, com parte da renda revertida à comunidade quer.
No Centro, em torno de 150 bancas são erguidas ao longo e no entorno da Mönckebergstrasse, a principal rua de comércio da segunda maior cidade da Alemanha — bonecos e carrosséis em madeira são os destaques entre os trabalhos dos artesãos locais. O moderno distrito de HafenCity mantém um rinque de patinação e uma padaria que assa bolos e pães natalinos. Até o boêmio bairro de St. Pauli se entrega ao clima de Natal, com apresentações de música ao vivo e boas doses de vinho quente para espantar o frio do fim de ano.
8 | Natal em Stuttgart
Todos os anos, Stuttgart brilha com a proximidade do Natal. Com 25 metros de altura, o pinheiro da Schlossplatz ostenta dezenas de milhares de lâmpadas de LED e uma estrela de 2 metros e meio na ponta. Os mercados da cidade estão presentes na Schillerplatz e nas calçadas do Königsbau e da Igreja Colegiada (Stiftskirche). Diariamente, há concerto de música nos arredores do velho palácio (Altes Schloss).
Um mercado de antiguidades movimenta a Karlsplatz enquanto a fachada da câmara municipal é transformada em um grande calendário do Advento, com a abertura de uma janela por vez durante 23 dias. Não faltam guloseimas, de amêndoas cobertas de açúcar ao pão de frutas típico da suábia, região sudoeste da Alemanha.
Barracas nas ruas de Stuttgart – Foto: Niedermueller/Divulgação
9 | Natal em Leipzig
Em Leipzig, o mercado existe desde meados do século 15 e, atualmente, reúne em torno de 250 barracas. Na Praça do Mercado (Marktplatz) fica a feira principal, local em que uma árvore de 20 metros de altura é ricamente iluminada. O salmão defumado e o vinho quente à moda finlandesa (glögi) são dois clássicos das bancas que funcionam na Augustusplatz .
Na mesma praça, uma roda gigante oferece esplêndida visão das luzes de Natal a 38 metros de altura. Diariamente, trombonistas se apresentam na sacada da prefeitura. A música também dá tom nos corais de meninos da Thomaskirche, a igreja de São Thomas. No palco montado no centro do mercado, a criançada pode bater papo com Papai Noel e até fazer um pedido de última hora para o bom velhinho.
10 | Natal em Hannover
Quem visita Hannover no Natal encontra um permanente clima festivo. Na praça Holzmarkt, na centro histórico, 50 árvores iluminadas se esparramam ao redor da fonte Oskar. Por ali, crianças se dividem entre brincar de confeiteiro e se encantar com o teatro de fantoches. Os flammlachs, filés de salmão lentamente defumados, representam o melhor da tradição finlandesa na feira montada na Ballhofplatz. Ao redor da estação central e na área de pedestres de Lister Meile encontram-se produtos feitos a mão e delícias carregadas de cheiro e sabor.
11 | Natal em Düsseldorf
Düsseldorf, capital alemã da moda, tem mercados ao redor da Königsallee, a avenida das lojas luxuosas e caras. Pela primeira vez, a feira terá seu funcionamento estendido (23 de novembro a 30 de dezembro). Este ano, um mercado de contos de fadas foi armado na Schadowplatz, onde o tradicional carrossel deve rivalizar no quesito diversão para as crianças.
Praça em frente à prefeitura de Düsseldorf no clima natalino – Foto: Düsseldorf Marketing/Tourismus GmbH/Divulgação.
Não muito longe dali, uma pista de patinação de 1.700 m² também é imã de público. Enfeites de madeira e de vidro estão entre os produtos vendidos nas banquinhas em frente ao prédio da prefeitura. E as guloseimas, claro, não faltam.
12 | Natal em Heidelberg
O centro histórico de Heidelberg concentra a maior parte dos mercados, em locais como Bismarckplatz, Universitätsplatz, Marktplatz e Kornmarkt. Na praça Karslpaltz funciona aquela que é considerada a pista de gelo mais bonita da Alemanha. Velas, bonecos de madeira e enfeites produzidos artesanalmente fisgam os interessados em compras. Com canecas em punho, os visitantes se aquecem sorvendo doses do famoso glühwein. Saiba mais, acesse a programação de Natal de Heidelberg.
Se a história não tivesse dado liga ainda mais forte à mistura de concreto e aço de sua estrutura, a Ponte dos Espiões seria apenas mais uma em Berlim. A Glienicker Brücke foi mais que uma passagem de veículos e pedestres sobre o Rio Havel, conectando a cidade à vizinha Potsdam, na antiga Alemanha Oriental. Durante a Guerra Fria, americanos e soviéticos ficaram frente a frente sobre ela em 3 oportunidades, sem que isso resultasse necessariamente num confronto. A mais famosa delas inspirou o filme A Ponte dos Espiões, indicado ao Oscar em 2015 em 6 categorias.
A ponte de aço, originalmente aberta em 1907, veio abaixo com os bombardeios da Segunda Guerra. Depois do fim do confronto e da consequente cisão de Berlim, a Glienicker Brücke teve seu controle partilhado entre Estados Unidos e União Soviética. Reconstruída e reaberta em 1949, serviu por pouco tempo para reconectar o fluxo com Potsdam.
Durante a vigência do Muro de Berlim erguido entre as 2 partes da cidade dividida, a passagem pela ponte ficou restrita a missões militares e, mais tarde, diplomáticas. Hoje uma placa no chão, no meio da ponte, lembra que ali um dia se dividiu a Alemanha. Desde 1989, é possível cruzá-la livremente, motorizado ou a pé.
As 3 trocas de espiões sobre a ponte
Durante a Guerra Fria, o 1º e mais notório encontro entre os 2 países oponentes sobre a ponte na Alemanha resultou na troca entre o espião soviético Rudolf Abel, preso nos Estados Unidos, e o piloto americano Gary Powers, capturado após sobrevoar o espaço aéreo adversário. Conduzida habilmente pelo advogado James Donovan, a negociação foi concluída numa noite fria de 10 de fevereiro de 1962, sobre a Glienicker Brücke.
Giles Whittel transformou o episódio no romance Ponte dos Espiões, que virou filme homônimo nas mãos do diretor Steven Spielberg, com Tom Hanks no papel do advogado de seguros escolhido para resolver a questão diplomática. Das 6 indicações ao Oscar em 2015, o longa Bridge of Spies ganhou apenas o prêmio de ator coadjuvante para Mark Rylance, o espião russo da trama.
Outras 2 trocas foram realizadas sobre a mesma Glienicker Brücke. Em 1985, a negociação envolveu 27 agentes, 4 deles de países da Cortina de Ferro. No ano seguinte, sob as lentes da imprensa, 9 pessoas foram trocadas, entre elas o ativista de direitos humanos Anatoly Sharansky, preso na União Soviética acusado de espionagem.
Tão logo a Guerra Fria chegou ao fim, a ponte foi liberada. Desde então, carros e pedestres podem atravessá-la e, se quiserem, dar meia-volta e retornar. Sem sustos.
Quem tem mais de 40 anos certamente ouviu muitas e muitas vezes o noticiário da TV falar sobre a Guerra Fria e o Muro de Berlim. Era permanente o clima de tensão vivido pelo mundo a cada movimento feito por Estados Unidos e pela ex-União Soviética. Construída pelos comunistas a partir de agosto de 1961, a barreira física dividindo a Alemanha tornou palpável a polarização do planeta.
Os principais fatos e as crises que marcaram a política mundial entre 1945 e 1990 estão expostos em BlackBox – Cold War (Zentrum Kalter Krieg). A atração está no Checkpoint Charlie desde 2012, no interior de uma grande caixa preta, como o nome em inglês diz.
Com 16 estações de mídia, 1 curta, documentos e objetos originais, a exposição explica o que foi a Guerra Fria e o que a divisão da Alemanha e de Berlim têm a ver com acontecimentos históricos como a Crise de Cuba e a Guerra da Coreia.
Do lado de fora, 175 painéis com fotografias e informações abordam aspectos relacionados ao Checkpoint Charlie (uma das passagens entre as 2 partes da Berlim dividida). Também tratam dos movimentos sociais que contribuíram para o fim do socialismo, não só na Alemanha como em outras partes do Leste Europeu. As explicações estão em inglês e alemão.
Fotos e vídeos mostram acontecimentos dentro da caixa preta
Durante nosso giro por Berlim Oriental, Fernando serviu de audioguia adaptado para o Joaquim, que ficou no colo enquanto percorremos a exposição. O preto e branco das fotos não agradou muito ao nosso menino. Quim gostou foi do mapa da divisão de Berlim em 4 setores, menos pelo aspecto geopolítico (claro), mais pelas bandeirinhas de cada país envolvido no controle da capital alemã depois da 2ª Guerra.
VALE SABER
Endereço: Na esquina da Zimmerstrasse com Friedrichstrasse, 47 – Berlim, Alemanha
Funcionamento: Diariamente, das 10 às 18 horas
Preço: € 5 — menores de 14 anos, grátis. A entrada combinada dá direito ao BlackBox e à exposição Panorama Die Mauer, que fica na calçada oposta da Zimmerstrasse, custa 12,50 euros
Transporte: De metrô, use a linha U6 (desça na Kochstrasse/Checkpoint Charlie). Se utilizar ônibus, tome o M29 (desça na Kochstrasse). De um modo ou de outro, você vai ter de caminhar um pouco (mas é pouco mesmo)
1ª dúvida: Seria adequado para uma criança de 5 anos visitar Die Mauer, exposição no Checkpoint Charlie? 2ª: Com tantas opções de lugares para conhecer mais sobre a construção do Muro de Berlim e a cidade dividida (e sempre insuficiente tempo para todas), valeria ir além dos clássicos?
A curiosidade move jornalistas, e foi ela que nos levou, Fernando e eu, juntamente com nosso filho, Joaquim, até a entrada da caixa cilíndrica de 15 m de altura que abriga o panorama da cidade alemã dividida criada pelo artista Yadegar Asisi. Perguntas feitas na bilheteria, passamos adiante. Die Mauer – Das Asisi Panorama zum Geteilten Berlin (O Muro – Panorama Asisi de Berlim Dividida) começa com uma exibição de fotos e vídeos; garanta seu ingresso.
São cenas da construção do Muro de Berlim, como janelas sendo fechadas com tijolos e pessoas vendo seu horizonte sumir tapado pelo concreto tão de perto. Os vídeos também mostram depoimentos de gente que teve a vida impactada por aquela fronteira forçada. Entre as aproximadamente 100 fotos está essa imagem de Heidemarie Beyer com a família diante do Portão de Brandemburgo fechado.
Placas com escritos e desenhos dos visitantes ilustram as paredes. No centro desse foyer, 2 placas soltas da altura do Muro (3,6 m) lembram as de concreto pintadas vistas por Berlim. Pretendem causar no visitante a sensação de estar ali pequeno e poder expressar isso em formas ou palavras. Ao lado dos painéis, canetas para quem quiser deixar sua mensagem. Joaquim quis logo pegar uma. Como ainda não sabia escrever (tinha acabado de completar 5 anos quando fomos à Alemanha), pediu ao pai para deixar alguma coisa para ele copiar. Ficou satisfeito por participar.
Nossa participação
Visão de Berlim Ocidental para Oriental
Atravessamos a porta para ver o panorama que batiza o subtítulo da exposição. Fomos completamente tomados pela ambientação. No escuro, saltam as cores em tons arroxeados da pintura. À música de Eric Babak se misturam efeitos especiais, como sons do cotidiano e falas históricas. A rispidez do alemão deixa o clima ainda mais intenso para quem não entende nada da língua. Entre os áudios está a fala de Walter Ulbricht, presidente do Conselho de Estado da Alemanha Oriental, negando a intenção do regime comunista de construir o Muro de Berlim, numa gravação de 15 de junho de 1961, pouco menos de 2 meses antes de ele ser erguido.
O enorme painel, realizado enfatizando profundidade e forma, apresenta a vida perto da barreira física, num dia qualquer do outono da década de 1980. A visão a partir de Kreuzberg, com Mitte no horizonte, mostra a Torre de TV ao fundo e a Faixa da Morte (temor de quem do lado de lá se arriscava a furar o bloqueio). Do lado de cá, acampamentos e os tipos que habitavam aquela região suburbana no oeste da cidade. Em Kreuzberg, lugar do movimento punk em Berlim Ocidental, Iggy Pop e David Bowie eram vistos nos anos de 1970 na casa noturna que leva o nome do distrito, a SO36.
Do alto da plataforma de 4 m de altura, os visitantes se confundem com as pessoas pintadas diante do Muro de Berlim. Como bem definiu Joaquim, o cenário é muito ‘realista’. Vê se consegue encontrar Fernando e nosso filho na foto abaixo. A imagem aqui foi um pouco clareada para mostrar os desenhos do artista. Lá, com a penumbra e com o clima instaurado, tudo se confunde.
Onde está Wally?
O cilindro de Yadegar Asisi guarda um dos trabalhos mais tocantes que vimos sobre o Muro, pela maneira como retrata a vida nos tempos da cidade partida e proporciona ao visitante uma imersão nela.
Artigos vintage e cilindro da exposição
Panorama Asisi: cenas em 360°
Natural da Saxônia (região do leste da Alemanha), Asisi vive em Berlim. Desde 2003, o arquiteto e pintor cria panoramas 360°, alguns chegando a medir 32 m de altura e a ter até 110 m de circunferência. O trabalho iniciado numa exposição dentro de um antigo gasômetro de Leipzig se expandiu e hoje se materializa em diversas pinturas panorâmicas expostas em cidades alemãs.
Para nosso filho, a representação deu forma a explicação simplificada que demos a ele quando Joaquim se deparou pela primeira vez com o Muro, num dos nossos passeios por Berlim Oriental. Usamos elementos da nossa realidade para tentar torná-lo algo um pouco mais compreensível para nosso pequeno menino: ‘Seria como se, de uma hora para outra, a gente não pudesse mais visitar seu tio, que mora a poucas ruas de casa. Tudo isso porque os 2 times que mandam, um de cada lado, não gostam um do outro’. Foi o jeito que encontramos, compatível com a simplicidade emocional dele. Parece que ele entendeu porque, 2 anos depois, ainda sabe que Berlim foi dividida por um Muro e que as pessoas não podiam atravessá-lo livremente.
Quim, Fê & Die Mauer
Em outros lugares da capital alemã, é possível chegar perto de restos do monumento histórico, para conhecer como era a vida em Berlim Oriental e para aprender mais sobre a construção da barreira física pela Alemanha Oriental e como se chegou à sua destruição. Mas em nenhum outro dá para experimentar a sensação (ainda que simulada) de estar numa cidade dividida.
Não resta dúvida: uma criança é capaz de entender a história (por mais dura que ela seja) quando contada numa linguagem acessível, e Die Mauer merece entrar na lista de atrações da sua viagem.
VALE SABER
Endereço: Friedrichstrasse 205, Berlim
Transporte: A pé (muito se caminha na capital alemã), de metrô (descer na estação Kochstrasse/Checkpoint Charlie do U-Bahn) e até de ônibus de turismo (as linhas no estilo hop on hop off passam por lá), há várias maneiras de se chegar ao Checkpoint Charlie, lugar onde a exposição está instalada.
Funcionamento: Todo dia, das 10 às 18 horas (última entrada às 17h30)
Preço: € 10 — crianças até 5 anos, grátis; entre 6 e 16 anos, € 4; ticket para pais e filhos (até 2 adultos e 4 crianças entre 6 e 16 anos), € 27. A GetYourGuide, empresa alemã parceira do Como Viaja, vende ingresso para o Panorama Asisi.
Gente andando de um lado para o outro, gente parada no meio da rua, ônibus turístico desembarcando mais gente para andar de um lado para outro e parar no meio da rua, tudo isso entre o vaivém dos carros. Impensável para os padrões alemães. Estamos em Berlim, em um lugar onde, no passado, não convinha ficar andando de bobeira se não fosse para parar, mostrar documentos, seguir em frente ou parar por ali mesmo.
Posto militar que ficava na fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental, o Checkpoint Charlie agora é parada obrigatória por outro motivo: visitar os pontos turísticos da capital da Alemanha relacionados ao antigo Muro de Berlim, que caiu em 1989. Muita gente vai até lá por conta própria, por exemplo, com ônibus hop-on hop-off ou transporte público (o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dia). Outros preferem fazer alguma visita guiada na capital da Alemanha. Há desde tour de bicicleta sobre Muro de Berlim e Guerra Fria à visita guiada a pé sobre Terceiro Reich e Guerra Fria.
Algumas placas coloridas estão expostas em uma das esquinas. Tudo bem que Joaquim, uma criança, e eu, um baixinho, ficamos reduzidos a nada diante da placa de 3 m de altura.
Quim, Fê & Die Mauer
No entroncamento de 2 ruas, num raio de não mais que 100 m, outras 3 atrações ‘dialogam’ com o Checkpoint Charlie. Vizinho à cabine, apenas 1 ano depois de o muro ter sido levantado, surgiu o Museu do Muro de Berlim, o Mauermuseum, iniciativa do ativista Rainer Hildebrandt de mostrar histórias de quem buscou vencer a fronteira pela falta de perspectiva do que não fosse muro.
Visitantes mais empolgados podem dar uma olhada na banca com artigos vintage, como bandeiras da Alemanha Oriental, casacos militares da ex-União Soviética ou gorros cossacos. Fica na calçada da Zimmerstrasse na esquina com a Friedrichstrasse, perto dos blocos do Muro de Berlim.
Já a tentativa de levar uma vida comum às margens do emparedamento é a base de Panorama Die Mauer (garanta sua entrada para a exposição), exposição que ocupa uma grande estrutura metálica cilíndrica na Zimmerstrasse. A poucos passos da obra de Yadegar Asisi, a Guerra Fria é tema de BlackBox. Como numa caixa-preta de avião, a mostra registra ações dos Estados Unidos e da União Soviética entre 1945 e 1990, época em que o mundo vivia se perguntando: quem iria apertar primeiro o botão vermelho?
Farda e chapéu russo
Aliás, o próprio Checkpoint Charlie foi cenário de um dos vários momentos de tensão durante a polarização política. Em 1961, um incidente diplomático entre norte-americanos e soviéticos levou seus países a enviaram tanques para a região do posto de checagem. Após tensa negociação entre os presidentes John Kennedy e Nikita Krushev, os veículos foram recuados e nenhum tiro foi disparado.
Hoje, as ruas por onde circularam tanques recebem ônibus de turismo, enquanto militares de mentirinha fazem pose de sentinela em fotos com visitantes.
Alexanderplatz, em Berlim, é a principal praça da capital da Alemanha — ou, pelo menos, a mais conhecida delas. Fica no lado leste da cidade, no Mitte, o bairro mais central. Assim batizada por causa da visita do czar da Rússia Alexander I no início do século 19, a praça já foi palco de manifestações de alemães contra o governo da então Alemanha Oriental. Nos dias atuais, ela atrai turistas em visita a atrações como a Torre de TV de Berlim e o relógio com horário mundial, que completou 50 anos em 2019.
Quando garoto, Berlin Alexanderplatz era todo o meu conhecimento sobre a capital da Alemanha. Corriam os primeiros anos da década de 1990 quando a TV Cultura exibiu a série baseada em romance homônimo, escrito por Alfred Döblin em 1929. Com direção de Rainer Fassbinder, a produção narra a história de um homem que deixa a prisão e recomeça sua vida, tendo a praça como centro dos principais acontecimentos da história.
Sem drama, esperei muito tempo para poder botar os pés na Alexanderplatz. Durante nossa viagem em família pela Alemanha, Nathalia, Joaquim e eu passamos muitas vezes pela praça, fosse porque iríamos subir os 365 metros da Torre de TV e encarar a cidade lá do alto ou porque deveríamos subir ou descer de alguma linha de transporte público (a estação de mesmo nome que funciona ali é bem movimentada.
Na Alexanderplatz, temos todo o tempo do mundo
O que ver na região da Alexanderplatz
Símbolo da urbanização moldada à moda socialista, após a queda do Muro de Berlim a Alexanderplatz passou por mutações até chegar à concepção atual, com prédios que espelham passado e presente da capital alemã. Tudo ao redor parece grande e amplo diante das pessoas, que caminham de um lado para o outro. Essa imensidão toda da praça me fez perder um pouco o senso de direção até.
Atrações como a Catedral de Berlim, a Ilha de Museus (com instituições culturais imperdíveis), o SeaLife & AquaDom (aquário de Berlim) e o DDR Museum (museu que mostra como era o cotidiano na antiga Alemanha Oriental) estão a uma curta caminhada da Alexanderplatz, que funciona como referência e imã. De um modo ou de outro, você quase sempre é atraído para lá.
Bem perto dali, a Unter den Linden, principal avenida da cidade na porção oriental, foi renovada e está cheia de novidades. Após 7 anos de restauração, a Staatsoper acaba de ser reinaugurada, com óperas e concertos na programação. O Humboldtforum é outra atração bastante esperada na cidade. Instalado na Schlossplatz, o espaço de experimentação e instalações, ele será reaberto aos poucos a partir de setembro de 2020. A própria construção, um palácio do século 15, será um atrativo.
Seguindo a pé pela Unter den Linden, chega-se ao Portão de Brandemburgo, símbolo da cisão e da reunificação da Alemanha, com a celebração na noite da queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. É atualmente o maior cartão-postal da capital alemã. Tudo isso fica a uma agradável caminhada a partir da Alexanderplatz.
O Novotel Berlin Mitte tem boa relação custo-benefício. Quando ficamos nesse hotel em Berlim no centro da cidade, perto da Alexanderplatz, achamos que, além de bem localizado, ele valeu a pena pelo preço cobrado diante da estrutura oferecida, boa tanto para negócios quanto para viagens de férias. Estávamos em família — nosso filho tinha então 5 anos — e consideramos a hospedagem bem confortável e atraente para crianças.
Numa região abraçada pelo Rio Spree e por um de seus canais, o Novotel Berlin Mitte fica na Fischerinsel (Ilha dos Pescadores, em alemão). Essa faixa de terreno se estende até a Ilha de Museus (Museumsinsel), atração que se alcança com uma caminhada de 15 minutos a partir do hotel. Para atingir outros pontos turísticos da cidade, a opção é a estação Spittelmarkt de metrô (U-Bahn), a 200 m de distância.
Da varanda do quarto, vimos o entardecer em Berlim. Espaçosa, a acomodação tinha cama queen-size, sofá-cama para até 2 pessoas, ar-condicionado, TV a cabo, frigobar e janelas com isolamento acústico. O banheiro era pequeno, mas bem funcional. Oferecia secador de cabelo e itens de banho gratuitos (xampu e sabonete). Como em grande parte dos hotéis na Europa, a ducha ficava dentro da banheira.
Pequeno, mas funcional e com banheira
O armário compacto na entrada do quarto, incluía prateleiras e uma área para roupas de pendurar. Ao lado dele e diante da cama, ficava uma larga bancada de trabalho, com várias tomadas, para carregar equipamentos fotográficos, celulares e notebooks.
No quarto, armário na entrada, bancada e wifi
Preço atraente e wifi: hotel de bom custo-benefício
O Novotel Berlin Mitte oferece rede wireless com acesso gratuito. Hoje em dia wifi free é fundamental, especialmente se você usa aplicativos para se comunicar durante a viagem e se publica nas redes sociais. A estrutura inclui ainda espaço para crianças (que ganham um brinquedinho no check-in), academia, sauna e 7 salas de reuniões. Uma piscina até cairia bem depois de tanta caminhada em Berlim (fica a sugestão). O hotel aceita animais de estimação.
Brinde para a garotada na chegada
Hotel para família em Berlim
Berlim foi a 1ª parada de nossa viagem em família pela Alemanha. Passamos quase 10 noites na capital, sempre hospedados em Mitte. Primeiro ficamos no NH Berlin Mitte, depois rebatizado para chamado de NH Collection Berlin Mitte am Checkpoint Charlie (o hotel fica realmente perto desse hoje ponto turístico de Berlim). Só saímos do hotel por 1 noite porque havia uma convenção da Deutsche Bahn (empresa ferroviária alemã) realizada no próprio hotel — todos os quartos estavam ocupados apenas para aquela diária, daí termos achado que valeria a pena fazer um bate-e-volta.
Ainda no Brasil, Nathalia pesquisou alternativas localizadas no mesmo bairro e encontrou o Novotel, a 2 estações de metrô do NH Berlin Mitte (ou 10 minutos de deslocamento cronometrados). Deixamos as malas no depósito de bagagens do hotel e levamos apenas uma mochila cada um, com o necessário para dormirmos ‘fora de casa’.
Frigobar no quarto e bar ao lado da recepção
Ainda que só por uma noite, ficamos com uma impressão geral bem positiva do Novotel Berlin Mitte. Além da estrutura de quarto descrita no começo do texto, o hotel atende muito bem a quem viaja com criança. No lobby, uma área de lazer foi testada e aprovada por Joaquim. Pequena, mas bem ajeitada, tinha aqueles tapetes emborrachados para forrar o chão, uma estante com bichos de pelúcia e brinquedos, livros infantis, gibis e um console de videogame.
Cantinho para crianças no hotel em Berlim
Café da manhã no hotel ou na padaria perto do metrô
Na noite da chegada, lanchamos no bar do Novotel Berlin Mitte (havíamos nos metido em uma jornada meio maluca para assistir a um jogo do campeonato alemão de futebol num bar, o que acabou não dando muito certo). O hotel possui também o restaurante Novo², de comida mediterrânea. Nele é servido o café da manhã, cobrado à parte.
Café da manhã na padaria em Berlim
Nós decidimos sair bem cedo e fazer a 1ª refeição do dia a caminho do metrô (U-Bahn). A estação mais próxima é Spittelmarkt, a 200 metros de distância do hotel. Tomamos café da manhã na movimentada padaria e confeitaria Thürmann. Em frente à entrada da estação, é uma alternativa bacana para começar o dia e ficar um pouco mais enturmado com Mitte, o bairro central de Berlim.