De todas as transformações pelas quais o Rio de Janeiro passou para receber os Jogos Olímpicos, a revitalização da Praça Mauá é a que mais impressiona. No grande largo localizado na zona portuária da cidade estão o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, acessados mais facilmente depois que o VLT entrou em funcionamento — nós experimentamos e contamos como é neste texto, que tem também informações gerais para você tirar suas dúvidas e usar o novo meio de transporte do Rio.
Já adotada como cenário para fotos e selfies de turistas e cariocas, a Praça Mauá tem tudo para se igualar ao Cristo e ao Pão de Açúcar como mais novo cartão-postal do Rio.
Quer saber o que você vai encontrar por lá? Aperte o PLAY na setinha vermelha abaixo e fique ligado nos podcasts doComo Viaja.
Nathalia e eu experimentamos o VLT Rio em julho de 2016, logo que foi lançado. É um meio de transporte prático para sair de VLT do Santos Dumont, visitar o Museu do Amanhã e fazer a integração com o metrô. Aqui você fica sabendo como andar com esse sistema de transporte no Rio, encontra o mapa com linhas e estações e confere quanto custa a passagem. Se você busca uma acomodação em conta para a sua viagem, dá uma olhada na nossa lista de hotel barato no Rio de Janeiro, só com opções bem avaliadas por viajantes.
Para começar, o que significa VLT? É a sigla para Veículo Leve sobre Trilhos, mas pouca gente se liga nisso. O que muitos já conhecem é a facilidade de usar esse meio de transporte. Em dezembro de 2022, o sistema atingiu a marca de 100 milhões de passageiros transportados. Virou atração até mesmo entre os cariocas que tradicionalmente usavam ônibus ou metrô para chegar ao Centro.
A serviço de cariocas e turistas, ele fez parte do Porto Maravilha, megaprojeto de reurbanização da região da Praça Mauá realizado para os Jogos Olímpicos daquele ano na cidade. Já voltamos outras vezes e sempre usamos esse bonde moderno.
Na primeira vez em que andamos no VLT Rio, pegamos o metrô na zona sul, descemos na Cinelândia e tomamos a Linha 1 (Azul) para ir de novo ao Museu do Amanhã, na Praça Mauá; já tínhamos visitado na segunda semana de funcionamento, em dezembro de 2015. Voltamos para levar nosso filho, Joaquim, que também conheceu o Museu de Arte do Rio (MAR). Atualmente é possível chegar de VLT Rio ao Aquário do Rio de Janeiro, e à Rodoviária Novo Rio.
Ao longo das linhas do VLT, atrações, como Museu do Amanhã
Como o VLT trafega em baixa velocidade, é possível tirar muitas fotos dos edifícios mais antigos, de arquitetura eclética, da Avenida Rio Branco. Há prédios centenários, como o do Theatro Municipal e o do Museu de Belas Artes. Para quem é de fora da cidade, uma volta de VLT é um bom city tour de introdução ao Centro.
De VLT, normalmente dá para fazer um passeio por 2 séculos de arte no Rio de Janeiro. Você pode combinar a ida ao Museu Nacional de Belas Artes (fechado temporariamente), que guarda o maior e mais relevante acervo de arte brasileira do século 19, com a visita ao Museu de Arte Moderna (MAM), onde estão cerca de 6.500 obras.
Mapa do VLT Rio, linhas e horário de funcionamento
Atualmente com 3 linhas em funcionamento, o sistema possui 28 km de trilhos, 29 paradas e capacidade para transportar até 420 passageiros de uma vez só. A Linha 1 (Azul) é o VLT do Santos Dumont e da Rodoviária Novo Rio. A Linha 2 (Verde) conecta a Praça XV – de onde partem as barcas para Niterói – até a região da Central do Brasil (esse trecho inclui o Saara, área de comércio popular do Rio). A Linha 3 (Amarela) está situada entre as duas primeiras, ligando o Aeroporto Santos Dumont com a Central, passando pela histórica região conhecida como a Pequena África.
Mapa do VLT Rio – Imagem: Reprodução
Ele garante a moradores e turistas integração com outros meios de transporte do Rio de Janeiro, como os navios de cruzeiro que atracam no porto (Parada dos Navios), avião (Parada Santos Dumont), ônibus (Rodoviária Novo Rio), metrô (estações Cinelândia, Carioca e Central, por exemplo), barcas para Niterói e Paquetá (Praça XV) e teleférico (Central e Providência), além de trens e ônibus metropolitanos (Central).
O VLT circula diariamente das 6 à meia-noite, nas Linhas 1 (Azul) e 3 (Amarela) inteiras e entre as estações Central e Praça XV da Linha 2 (Verde). Para o pedaço entre a Praia Formosa e a Central na Linha 2, o funcionamento vai somente até as 22 horas.
Aquário do Rio, perto de uma parada – Foto Alexandre Macieira/Visit Rio
O moderno bondinho pode chegar a uma velocidade de 50 km/h, dependendo do trecho. Por exemplo, o trajeto completo na Linha 1, entre o Aeroporto Santos Dumont e a Rodoviária Novo Rio, leva em média meia hora, com o VLT passando a cada 7 minutos.
Estações, vagões e travessia nos percursos
Na nossa ida ao Museu do Amanhã, havia lugar de sobra. Mesmo sentado, você fica um pouco espremido. Não é desconfortável, mas, se estiver nos bancos que ficam de frente um para o outro, corre o risco de cutucar o pé do viajante diante de você. Com capacidade para levar até 420 passageiros, cada bonde tem 8 vagões. Painéis luminosos e avisos sonoros em português e inglês informam a próxima parada. No alto das portas, há também um mapa do VLT Rio, com todas as estações.
Se na ida para a Praça Mauá pudemos escolher onde sentar, na volta, no fim da tarde, tivemos de encarar o aperto típico da hora do rush de uma grande cidade. Na Avenida Rio Branco, fica o centro financeiro do Rio, então dá para imaginar a quantidade de gente que se juntou a nós. Viajamos em pé. Tudo bem, talvez o excesso de movimento fosse culpa da novidade e da gratuidade na época.
Nas linhas do VLT, bondes com 8 vagões
As estações são bem simples, com uma cobertura (o sol do Rio exige, sem dúvida), rampa de acesso a portadores de necessidades especiais e painel com a sinalização das linhas do VLT. A distância média entre as paradas é de 400 m. Mapas indicam os trajetos dos bondes.
O espaço da plataforma é estreito. Pedaços quadrados do piso na cor preta e com sulcos, que orientam quem possui limitação visual, servem também de faixa de segurança informal. Os funcionários pedem a todo instante para que os usuários (crianças, principalmente) se posicionem atrás dessa linha escura. Uma fina faixa branca, na beira da plataforma, indica a posição de abertura das portas quando o VLT para. Para entrar ou sair, aperte qualquer um dos botões verdes que ficam em cada uma das oito portas do bonde.
Pontos turísticos do Rio, ao longo do mapa do VLT Rio
Não se pode embarcar com animais (exceto cão-guia), bicicletas e grandes volumes. Tampouco é permitido comer e beber dentro dos trens.
As áreas de travessia de pedestres ao longo das linhas do VLT têm placas de sinalização. Apesar de circular em baixa velocidade, um sinal sonoro que remete ao som dos bondes antigos avisa da aproximação do bonde. Os trilhos não são eletrificados, então é muito comum ver pedestres e ciclistas cruzarem a linha enquanto o VLT não passa, o que é proibido. No trecho da Rio Branco perto da Avenida Presidente Vargas e da Praça Mauá, o calçadão de pedestres dá lugar a pistas para circulação de ônibus e carros.
Valor da passagem e validação do RioCard
A passagem do VLT Rio custa R$ 4,30. Usuários do Bilhete Único Carioca têm direito a fazer integrações dentro do período de até 2 horas e meia, podendo incluir 1 viagem de VLT e 1 de ônibus ou 2 de VLT. O aplicativo RioCard Mais (disponível para Apple e Android) permite fazer recargas online de modo fácil e rápido, além dispensar o uso do cartão tradicional. Você usa o próprio celular para pagar o transporte.
É possível adquirir o bilhete nas máquinas de autoatendimento que ficam nas estações do VLT. As máquinas aceitam cédulas (não podem estar amassadas nem molhadas), moedas e cartão de débito (o chip tem de estar bom estado, sem plástico ou papel colado ao cartão; não há compra por aproximação). Importante: a máquina não devolve troco. Quer dizer, todo o valor inserido no cartão vale como crédito para viajar não só no VLT Rio como nos outros meios de transporte que fazem integração com o sistema.
Respondendo a perguntas dos leitores Murilo e Alberto, os casos previstos na legislação têm direito à gratuidade também no VLT Rio, o que inclui menores de 5 anos e maiores de 65 anos. As crianças não precisam de cartão e devem estar acompanhadas de um responsável (esse com cartão validado). Os idosos devem portar o RioCard Sênior e validá-lo dentro do vagão ou apresentar documento de identidade, caso solicitado.
Estações de metrô, no caminho das linhas do VLT Rio
Como não possui cobrador (trocador, como dizem no Rio), o cartão é validado dentro do veículo em leitores instalados próximos às portas. Apenas nas estações do VLT localizadas na Rodoviária, na Central e na Praça XV é preciso validar a passagem no equipamento que fica ao lado da roleta (catraca, para os paulistas). Fiscais têm máquinas individuais para checar se a passagem foi paga. Quem não validar pode ser multado, como ocorre em sistemas de transporte similares de outras partes do mundo (no Rio, o valor da multa é de R$ 170).
Da última vez que utilizamos o VLT, fomos abordados de forma aleatória pelos fiscais para a conferência dos cartões. Caso o passageiro não tenha validado, o funcionário faz isso na mesma hora, na máquina portátil dele. Se o saldo for insuficiente, por exemplo, o usuário será orientado a desembarcar na estação seguinte. Apenas a Guarda Municipal pode aplicar a multa ao passageiro.
Depois de encostar o bilhete na máquina, o passageiro pode descer e voltar a embarcar em outro VLT sem pagar novamente a passagem, desde que não mude o sentido da viagem e que esteja dentro do período de 1 hora após a validação do cartão.
Máquinas nas estações do VLT
O leitor Helber perguntou nos comentários se poderia seguir até o fim do trajeto da Linha 1 e não descer, para retornar dentro do mesmo bonde no sentido contrário. Nós fizemos isso logo após a inauguração, quando ainda nem era vendido bilhete e o meio de transporte só chegava até a região da Praça Mauá. Ninguém nos mandou descer naquela ocasião, mas imaginávamos que isso não seria mais possível depois que a passagem passou a ser cobrada. A assessoria de imprensa do VLT Carioca confirmou que realmente não é permitido. É preciso descer na última parada e pagar outra passagem para fazer a viagem de volta, na direção oposta da linha.
Para quem viaja com pouca bagagem, o VLT entre o Santos Dumont ou a Rodoviária Novo Rio é uma uma alternativa mais prática do que o ônibus e mais barata do que táxi e Uber. Conheça aqui todas as estações do trajeto, que tem o tempo médio de 30 minutos, segundo a administradora VLT Carioca.
No Santos Dumont, a plataforma do VLT fica a 150 metros da entrada do aeroporto, próxima à área de embarque, em frente ao acesso para o estacionamento. Esse meio de transporte também é indicado para se deslocar até a estação de metrô mais próxima (Cinelândia e Carioca ficam no trajeto).
Se estiver com uma mala pequena dá tranquilamente para carregá-la no interior do moderno bonde. Porém, embarcar nele com grandes volumes não é permitido, como já explicava o folheto distribuído no sistema de transporte quando experimentamos o VLT Rio pela primeira vez, em julho de 2016, logo que foi inaugurado.
O VLT tem 3 linhas em operação. A Linha 1 (Azul) se estende entre o Aeroporto Santos Dumont e a estação Praia Formosa, com a Rodoviária Novo Rio sendo a penúltima parada. Esse percurso passa pela Praça Mauá, onde ficam o Museu do Amanhã, a roda-gigante RioStar, o Museu de Arte do Rio (MAR) e leva também ao Aquário do Rio de Janeiro.
Se precisar ir de VLT do Santos Dumont à Rodoviária Novo Rio, o trajeto inteiro leva em torno de 30 minutos. No sentido contrário, o percurso dura 3 minutos a mais porque o caminho é um pouco diferente (o trilho do bonde passa por trás do bairro da Gamboa).
Estações do trajeto do VLT até a Rodoviária Novo Rio
A Linha 2 (Verde) liga a Praça XV (estação das barcas) à Central, passando ainda pela Saara, região de comércio popular no Centro do Rio. Já a Linha 3 (Amarela) conecta o Aeroporto Santos Dumont à Central, cortando trecho da chamada Pequena África, de ligação histórica com o povo negro escravizado e trazido para o Brasil. O meio de transporte funciona diariamente, das 6 horas à meia-noite, e custa R$ 4,30 o bilhete. É fácil comprar a passagem do VLT Rio nas máquinas de atendimento encontradas nas estações.
Estreamos um novo formato no Como Viaja: o podcast Vale Saber. Com esse nome, Nathalia batizou há tempos, ainda antes da renovação do visual, o serviço que aparece no fim dos textos do Como Viaja. E ele traduz bem o espírito das nossas (agora faladas) dicas e experiências de viagem.
Para lançar nossa comunicação em áudio, escolhemos falar sobre o Rio de Janeiro. Não apenas porque aqui será realizada a Olimpíada 2016 (estamos escrevendo do Rio), mas por termos vindo à cidade 2 vezes no verão passado. Numa delas, passamos uma temporada de 40 dias, para revisitar lugares conhecidos e para levantar o que havia de novo.
Desde que embarcou para São Paulo para fazer o curso de trainee da Folha, no fim de 1998, Nathalia não tinha tido a oportunidade de passar um período tão longo de volta em sua cidade. Mesmo depois que pediu demissão do Estadão para virar freelancer, veio ao Rio, mas nunca por tanto tempo. Fernando ainda seguia na chefia de um programa na ESPN Brasil. Até que em 2015 nossa vida mudou completamente e passamos a trabalhar juntos. Chegava, então, a chance de ficar mais no Rio. O resultado dessa empreitada você confere nas nossas publicações no Como Viaja sobre o Rio.
Programação do Boulevard Olímpico e das Casas de Países
Para entrar no clima e saber o que fazer no Rio durante a Olimpíada 2016, escute abaixo nosso podcast.
Se você está no Rio no período, confira o Boulevard Olímpico, que se estende por cerca de 3 km, da Praça XV até a Gamboa, passando pela Praça Mauá — já falamos sobre esse novo cartão-postal do Rio. Ao longo desse corredor, o público encontra 3 palcos, com shows gratuitos, das 9 horas à meia-noite. O principal deles é o Encontros, na Praça Mauá, onde ocorrem 2 apresentações por dia, de gente como Elba Ramalho com Davi e Moraes Moreira e Paralamas do Sucesso com Nação Zumbi. Telões mostram as competições, e diariamente há queima de fogos, às 22 horas, na área do Museu do Amanhã. A Pira, pela primeira vez fora de um estádio, está em frente à Igreja da Candelária. Veja a programação completa no site do Boulevard Olímpico.
Diversos países montaram casas no Rio para mostrar suas culturas e atrações. Fique por dentro do que rola nesses espaços na página do Visit Rio sobre as Casas dos Países.
O grande barato de ir para esta cidade famosa pelo turismo de aventura é curtir os passeios por rios e cachoeiras. E tudo bem se você não for íntimo de boia cross, rafting e outros esportes náuticos. Escolha um hotel em Brotas, em estilo de pousada, fazenda ou resort, e se aventure. As opções de hospedagem costumam ser integradas à natureza, com acomodações confortáveis e boa infraestrutura de lazer para quem viaja em família, entre amigos ou a dois.
Em algumas destas propriedades, o clima de fazenda, de roça, está presente na alimentação, em fartas refeições preparadas com ingredientes vindos de produtores regionais. Brotas fica a cerca de 245 km de carro a partir de São Paulo e está conectada à capital pela Rodovia dos Bandeirantes. Destino ideal para um fim de semana ou para períodos maiores de descanso.
Assim como ocorre com as nossas outras sugestões de hospedagem — casos das listas de hotel fazenda no interior de SP e hotel no litoral de SP —, a relação abaixo é frequentemente atualizada e inclui apenas opções com uma boa avaliação de hotel nos sites de reserva.
Brotas Eco Resort
Um dos representantes da região especializada em turismo de aventura, o Brotas Eco Resort funciona em regime de pensão completa — há 3 restaurantes cujo forte é a comida de fazenda. Oferece 55 apartamentos, divididos em 5 categorias, todos com ar condicionado. Nos espaços comuns, há estrutura de copa e cozinha para quem vai com bebês e até dog park em área verde e sombreada para quem levar o cãozinho junto. Piscinas (3 delas climatizadas), play, quadra coberta, lago com tirolesa, escalada e mini fazenda estão no cardápio de diversão da criançada, que fica sob supervisão da monitora especializada. Atividades radicais como boia cross e rafting são organizadas por empresas parceiras. Tudo isso a apenas 10 minutos de carro do centro de Brotas, o que facilita as visitas à Casa da Cachaça, ao Parque dos Saltos e às quedas d’água do Rio Jacaré Pepira.
Aventura no Brotas Eco Resort – Foto: Divulgação
Hotel Fazenda Areia que Canta
Tomar banho de rio, moer cana, comer fruta do pé, tirar leite de vaca, participar de brincadeiras antigas. E, sim, praticar esportes e atividades de aventura, afinal o lugar é Brotas (245 km de São Paulo). O Hotel Fazenda Areia Que Canta orgulha-se de dizer que suas acomodações são cerca de 10 m² maiores que a média da hotelaria. Os apartamentos são equipados com cama queen, minibar, TV e ar — algumas unidades incluem varanda (privativa ou com visão panorâmica) ou hidromassagem. A estrutura de lazer inclui 2 piscinas externas e 1 climatizada, sauna a vapor, quadra de tênis, salão de jogos e brinquedoteca. Passeios guiados visitam a nascente cujo fundo é formado por quartzo, mineral que, quando manuseado, produz som que remete ao canto, razão pela qual o hotel fazenda leva este nome.
Para crianças, areia que canta e cavalos – Foto: Divulgação
Recanto Alvorada Eco Resort
No Recanto Alvorada Eco Resort a preocupação com sustentabilidade fica evidente nas atividades de lazer propostas e, especialmente, na cozinha. As refeições servidas no restaurante Século do Café são preparadas com alimentos adquiridos de produtores locais. Apartamentos são recomendados aos casais enquanto os chalés, mais espaçosos, recebem melhor as famílias. Com opção de visão para o lago ou para a fonte, as duas categorias de acomodações praticamente empatam em todos quesitos de estrutura, como varanda, cama box, ar, lareira e tv via satélite — apenas os chalés têm estacionamento privativo. Há 5 piscinas, campo de futebol, fazendinha, lago para passeios de caiaque, barco e SUP e espaço reservado às crianças de até 3 anos, com monitores que propõem jogos e brincadeiras nos finais semana — atenção: eles não ficam sozinhos com os pequenos, é preciso que os pais acompanhem as atividades.
Piscina em família no Recanto Alvorada Eco Resort – Foto: Divulgação
Hotel Fazenda Jacaúna
Famílias encontram a oportunidade de contato com a natureza, com 200.000 m² de área verde e canto dos pássaros, pertinho do centro de Brotas. O clima de roça é sentido especialmente na comida farta feita em fogão a lenha. Em viagens românticas, é possível solicitar decoração especial na suíte e preparar uma programação a dois. Outra opção em Brotas, o Hotel Fazenda Jacaúna conta com acomodações para casais e também para famílias ou amigos (para até 4 pessoas). Grupos maiores podem se hospedar em uma das casas com capacidade de abrigar até 9 hóspedes. A criançada pode curtir o parquinho e os animais da propriedade (alguns soltos pelo jardim), como coelhos e aves. E ainda se divertir nas piscinas climatizadas ou com a pesca recreativa.
A capital paulista tem tão bons centros culturais quanto restaurantes. Já que não dá para comer de graça, pelo menos alimentar a alma de arte sem pagar nada é possível. Quem deseja ir a um museu gratuito em SP tem várias opções ao longo da semana.
Algumas, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), têm dia certo para o ingresso livre. As instituições administradas pelo governo do estado de São Paulo — entre elas, o Museu Catavento (de ciências), a Pinacoteca do Estado e o Museu da Imigração de São Paulo — costumam ser gratuitas aos sábados.
Também existem várias que oferecem entrada franca sempre, caso do Museu de Arte Contemporânea (MAC). Lugares como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-SP) e o Centro Cultural São Paulo (CCSP) são espaços que mesclam atividades grátis com uma programação paga.
Seja uma vez por semana ou durante todos os dias de funcionamento, esses espaços reúnem exposições, permanentes ou não, com temas que vão da diversidade sexual ao futebol, passando pela arte sacra, moderna e contemporânea, até chegar aos museus que explicam a formação dessa cidade rica, intensa e multicultural.
Museu do Futebol em São Paulo, embaixo do Estádio do Pacaembu
Veja abaixo em que dia museus e casas de culturas são gratuitos em SP:
A necessidade é mãe de todas as invenções. Com o pão de queijo não foi lá muito diferente. Ninguém sabe precisar quando ele surgiu, mas todo mundo que se debruçou sobre o tema afirma que a origem do quitute está ligada ao Ciclo do Ouro no Brasil, entre os séculos 18 e 19.
A descoberta de jazidas em Minas Gerais levou inúmeros portugueses para lá, fez explodir ainda mais o comércio de escravos e aumentou absurdamente a população brasileira, de aproximadamente 300 mil habitantes para incríveis 3 milhões de pessoas no curto espaço de 100 anos. Por causa do ouro, os cuidados com a terra foram deixados de lado.
Para alimentar tantas bocas era preciso trazer alimentos de outras partes do país ou cultivar produtos que não exigissem tantos cuidados. Nesse cenário de pouca variedade de gêneros alimentícios, surgiu uma culinária caseira, baseada na agricultura de subsistência e no máximo aproveitamento dos ingredientes disponíveis.
Abundante desde os tempos em que Cabral e sua esquadra deram com os burros nestas terras, a mandioca também salvou a pátria no Ciclo do Ouro — a raiz já tinha seduzido os lusos, que aprenderam com os índios a consumi-la sob a forma de tapioca, por exemplo. Nas Gerais, o polvilho azedo, derivado da mandioca, foi misturado a outros ingredientes, assado em forno a lenha e resultou no quitute que é sinônimo de Minas.
Pão de queijo quentinho, huummm – Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
Onde comer em Belo Horizonte, caseiro ou gourmet
Não ter detalhado acima os ingredientes foi proposital. É que cada pessoa (seja em Minas ou em outro lugar do Brasil) tem sua receita, seu segredo de família na hora de preparar pão de queijo — há os que usam leite ou água, outros que botam óleo ou banha na massa. Queijo? É consenso: quanto mais duro, curado, melhor. O da Serra da Canastra é o mais citado pelos puristas. Os abertos a experimentações relatam até o uso de gruyère.
Na capital mineira — veja hotéis em Belo Horizonte no mapa abaixo —, cada venda, café ou lanchonete faz de um ingrediente seu diferencial no preparo do quitute. O Dona Diva, que fica no Mercado Central, se orgulha de utilizar o legítimo Serra da Canastra na fabricação de seu pães de queijos, que não ficam armazenados em estufas para melhor conservar seu sabor e sua textura.
No bairro de Santa Tereza, o Bitaca da Leste, minúsculo empório e restaurante que ostenta cardápio enxuto e bem mineiro, tem pão de queijo de cor acentuada pelo acréscimo de manteiga de garrafa na receita. Ideia do chef Luiz Paulo Mairink, que recheia a iguaria com carne de lata e geleia de limão capeta.
Pois é, fazer sanduíche usando o pão de queijo como base não é raridade em BH. A Pão de Queijaria, na Savassi, vende versão que tem como enchimento pernil envolto por uma generosa tira de bacon. Tem ainda uma opção para a sobremesa, com um naco de queijo coberto com doce de leite. Os pães são de fabricação própria e utilizam de queijo Serra do Salitre a Parmesão de Alagoa. Ah, o cafezinho servido por lá é escoltado por petit four de… pão de queijo!
Bonecos do artesanato de Tiradentes escoltam pão de queijo aqui em casa
Barato, sem glúten e até com receita de liquidificador
Em Tiradentes, Nathalia e eu sentimos a delícia que é começar o dia com uma cesta de pães de queijos quentinhos. E, sim, eles tinham qualquer coisa de diferente de tudo o que a gente já havíamos experimentado: eles eram leves, macios, revelando aquele sabor típico de um queijo de Minas meia-cura, com sal nem de mais nem de menos, na medida.
Quando estamos em um aeroporto — à espera da saída do vôo ou de uma conexão — nosso lanchinho sempre passa por um pão de queijo. É relativamente barato, seguro (o risco de passarmos mal é baixo) e, até quando o quitute é ruim, ainda assim tem grande chance de ser melhor do que qualquer outra coisa que comermos. Ah, e em geral não contêm glúten (já encontramos alguns de marcas conhecidas têm).
Bom, se você ficou salivando com esse texto, faça como eu: termine a leitura e bote um pacote de pão queijo para assar. Aqui em casa usamos muito uma prática receita de pão de queijo de liquidificador: agiliza o preparo e garante o lanchinho da tarde ou do Joaquim na escola. E deixam todo mundo um pouquinho mais próximo do sabor das Gerais.
Prefere acarajé ‘quente’ ou ‘frio’? Leia sobre origem da receita e onde comer o quitute baiano em Salvador, no Rio e em São Paulo. Bola de fogo no idioma iorubá, o bolinho de raiz africana leva feijão fradinho e camarão
ATUALIZADO EM 20 DE MARÇO DE 2017
Aos 6 anos, Joaquim ainda não experimentou azeite de dendê, mas já sabe que o tempero da Bahia é forte. ‘Essa comida dos baianos é fogo!’, exclama nosso filho com voz caricata, lembrando da frase do personagem Stress, que passeia pelo país com o amigo Relax, na história do livro Brasil Animado, de Mariana Caltabiano. A receita típica, de origem africana, ganhou o Brasil e pode ser provada em cidades como Rio e São Paulo, além, é claro, de Salvador.
É bom lembrar daquela história clássica de ‘quente’ e ‘frio’ quando a baiana perguntar como você deseja seu acarajé. É ‘quente’, na pimenta. Ou ‘frio’, se não gostar de tanta picância ou o corpo não aguentar.
Foto: Rita Barreto/Setur Bahia/Divulgação
Origem do acarajé e receita
O quitute tem um nome bem adequado. De acordo com a Fundação Joaquim Nabuco, a palavra tem origem no idioma africano iorubá. Vem da junção de ‘akará’ (‘bola de fogo’) com ‘jé’ (que significa ‘comer’). O bolinho de feijão fradinho é praticamente um ícone da gastronomia e da cultura da Bahia, mas se espalhou pelo país.
Principal item do tabuleiro da baiana, o acarajé vem recheado com camarão seco, caruru (com quiabo cozido em pedacinhos) e vatapá (massa cremosa que leva fubá, amendoim e leite de coco, entre outros ingredientes). Se acrescenta ainda vinagrete ou molho a campanha. Todos os ingredientes vistos na foto acima deste texto, imagem de divulgação da Secretaria de Turismo da Bahia clicada por Solange Rossini.
Foto: Solange Rossini/Setur Bahia/Divulgação
Onde comer acarajé
Quando estiver em Salvador, rume para o Rio Vermelho, onde fica o mais famoso trio de baianas da cidade. No Largo da Mariquita, o acarajé da Cira (ou dE Cira, como dizem os locais) forma filas enormes. Ou experimente o bolinho no Largo de Santana, na barraca da Dinha ou na da Regina (o melhor, no gosto de Tereza Leal, minha amiga moradora do Rio Vermelho). Decida qual é o seu preferido, se conseguir.
No Rio de Janeiro, a Barraca da Verinha tem fila na Feira Hippie de Ipanema, realizada aos domingos na Praça General Osório. Ao estilo Silvio Santos, eu não provei, mas minha mãe aprova. Ela costuma pedir com as amigas a iguaria, que vem no pratinho para quem conseguir lugar nas mesinhas se deliciar ali.
ACARAJÉ NA FEIRA HIPPIE DE IPANEMA, NO RIO – Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
Cidade onde cabe o Brasil e o mundo, São Paulo também tem um lugar especial onde o acarajé é a grande estrela do cardápio. O Rota do Acarajé nasceu como um delivery do quitute baiano no bairro de Santa Cecília, região central da cidade. Fez fama, o que exigiu a abertura de um salão, e hoje serve porções regadas a cerveja gelada.
Vistas em Salvador há pelo menos meio século, as baianas do acarajé são descendentes de escravos da cidade, de acordo com a Fundação Joaquim Nabuco. Eda Romio conta no livro 500 Anos de Sabor que, já no século 19, era comum ver negras alforriadas vendendo alimentos pelas ruas da capital baiana. Desde 2005, a profissão foi declarada patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O tabuleiro das baianas de Salvador têm ainda as deliciosas cocadas, o abará (receita de massa de feijão fradinho cozida na folha de bananeira) e o bolinho de estudante. Uma curiosidade: feito com tapioca, o bolinho também é conhecido pelo nome sacana de ‘punhetinha’. Ah, essa Bahia é fogo…
Pronto, de posse da informação de que bolo de rolo não é rocambole você já pode ir a Pernambuco e não cometer a imprudência de comparar o bolo-símbolo, patrimônio imaterial do estado, com qualquer outra massa de bolo ordinariamente enrolada. Você pode achar exagero, coisa de quem está fazendo doce. E é. O orgulho do pernambucano com a sua iguaria é grande e vem de longe, desde o tempo em que a receita teve origem, época em que a região era a maior produtora de açúcar em todo o mundo, entre os séculos 16 e 17.
A origem do bolo de rolo
O açúcar moldou o paladar nordestino naquele período, atravessou gerações em receitas guardadas como um segredo. Caso do bolo de rolo, variação para o colchão de noiva, um dos doces portugueses típicos, cujo recheio leva creme de amêndoas. Por aqui, a ausência do fruto seco forçou as senhoras de engenho a trocá-lo pela mistura de água, açúcar e goiaba, fruta que dava aos borbotões – sim, eram as próprias sinhás que preparavam o bolo, maneira encontrada por elas para resguardar a receita, que passava de mãe para filha.
Por trás da aparente simplicidade sugerida pelos ingredientes, o bolo de rolo exige cuidado especial no preparo. O segredo está na junção das finas camadas de massa e de goiabada antes de ganhar uma generosa cobertura de açúcar e ser enrolado. É isso que faz ele ter aquele inconfundível desenho em espiral a cada fatia cortada. O bolo é lindo! Dá pena de comer. Mentira, tá!
Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco desde 2008, o bolo de rolo é facilmente encontrado no café de manhã de quase todo hotel ou pousada do estado. Se estiver no Recife, passe na Casa dos Frios, misto de delicatessen, padaria e empório que tem no bolo de rolo seu carro-chefe.
Bolo de Rolo da Casa dos Frios – Foto: Reprodução
Novos tempos, novos sabores
Se um autêntico bolo de rolo deve levar em conta o preparo à moda pernambucana, seu sabor sofreu uma certa licença poética. Chocolate e doce de leite já atendem a paladares menos ortodoxos. Mas a goiabada segue sendo campeã de venda.
Dentro das variações sobre o mesmo tema, a Casa dos Frios prepara sobremesas que usam a iguaria como base. Torta de bolo de rolo com cream cheese e goiabada e naked cake são dois bons exemplos. Isso sem falar nas versões torrada, bem-casado e sorvete.
Tapioca ‘is the new bread’. É uma das comidas típicas do Nordeste, mas ganhou o país inteiro. Conheça sua origem, curiosidades e saiba onde comer essa delícia em diferentes cidades do Brasil. Ou se divirta com a leitura enquanto degusta uma na sua casa, como fazemos aqui na nossa.
Comida típica do Nordeste, a tapioca já pode ser comida em um brunch de São Paulo ou de outra cidade do sul do país. Aqui em casa era a Nath quem preparava o quitute, mas ela já passou o bastão para mim uns anos atrás. Há massa de tapioca em quase todo supermercado, só que quase nenhuma goma lembra a que se come nas cidades norderstinas.
A origem da tapioca
Ela é um patrimônio do Brasil. Nos primeiros anos após o descobrimento, a escassez de farinha de trigo despertou nos portugueses instalados em Pernambuco o interesse pelo produto que os índios extraíam de uma raiz abundante no Brasil da época. Embora as primeiras mudas de trigo tenham sido cultivadas na capitania de São Vicente desde 1556, o pão como conhecemos hoje só incorporado ao dia a dia do país após a vinda da família Real, ocorrida no século 17, como explica Eda Romio no livro 500 Anos de Sabor.
Portanto, muito antes da geração fitness incluir a tapioca à dieta emagrecedora, os portugueses – menos por escolha, mais por necessidade – já tinham percebido as vantagens de se trocar o bom e velho pão feito com trigo por essa iguaria tipicamente brasileira.
Tapioca no Nordeste – Foto: Porto de Galinhas CVB
A tapioca atravessou Pernambuco, se espalhou pelos estados nordestinos vizinhos e para a região Norte, e virou patrimônio histórico e imaterial. Até 30 anos atrás, Nathalia conta que uma das razões que tornava especial qualquer viagem que ela fizesse para o Nordeste era a possibilidade de provar aquela massa fininha e crocante servida no café da manhã de quase todo hotel ou pousada.
Patrimônio de norte a sul
Na pernambucana Olinda é tradição provar o quitute recheado de coco fresco ralado e queijo coalho nas barracas do Alto da Sé. Se estiver na cidade no fim de junho, você tem a chance de experimentar a versão gigante e coletiva da iguaria (mede 1 metro), preparada sempre em 28 de junho, véspera do dia de São Pedro, pela associação das tapioqueiras de Olinda.
Tapioca deu origem a profissão. E virou até substantivo. As tapioqueiras são famosas na orla nordestina e estão em barracas nas Praias de Jatiúca e Ponta Verde, em Maceió. O quiosque Maria Bonita prepara um quitute parrudo que serve duas pessoas.
No Ceará, o Centro das Tapioqueiras reúne 25 boxes que oferecem de recheios regionais como carne de sol com queijo coalho a bombas calóricas à base de amendoim com Nutella. Fica fora de Fortaleza, em Messejana, na estrada que vai para Aquiraz, município onde está localizado o parque aquático Beach Park.
Origem da tapioca na era colonial – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Da extração ao preparo, tapioca sempre foi sinônimo de simplicidade. Não escapou do alcance do raio gourmetizador e ganhou versões afrescalhadas — o presunto deu lugar ao salmão defumado, enquanto o leite condensado perdeu terreno para o crème brûllée. Invencionices à parte, tapioca (quando bem preparada) vai bem com tudo, a qualquer hora do dia. Aqui em casa a gente promove uma reunião entre comidas típicas do Brasil e do nosso país vizinho, fazendo tapioca e recheando com o legítimo doce de leite da Argentina.
A presença da tapioca no Rio virou até música, de Chico Buarque, chamada Carioca. Esse texto seria publicado de qualquer maneira neste 1° de março, dia em que o Rio de Janeiro completa 451 anos — feliz coincidência, portanto. Entre cenas, costumes e personagens descritos nos versos de Chico, a tapioca está presente logo na abertura da canção, ‘gostosa, quentinha’. De fato não é difícil você esbarrar com uma carrocinha vendendo o quitute na orla, no Centro, na cidade inteira. E, como quase toda comida de rua, é boa demais!