Se você não conhece a Marienplatz ou é porque nunca botou os pés em Munique ou é porque esteve na terceira maior cidade da Alemanha apenas em conexão. É praticamente impossível visitar a capital da Baviera e não passar pela sala de visitas de Munique, assim definida pelo órgão oficial de turismo alemão. Primeiro, porque ela fica no centro da cidade. E, por essa razão, concentra grandes eventos e manifestações, das políticas às esportivas (o elenco do Bayern sempre faz uma escala na sacada da prefeitura de Munique para festejar seus títulos e mostrar a taça a seus torcedores, que praticamente pintam a praça de vermelho com bandeiras e camisas).
A multidão também lota a Marienplatz no Fasching (Carnaval celebrado desde a Idade Média e que, a exemplo da nossa festa, também precede a Quaresma). Por lá, o esquenta começa sob o frio do outono, mais precisamente às 11h11 de 11 de novembro (11/11). Há desfiles pelas ruas da cidade, animados bailes de salão e até a escolha de um casal real oficial da festa, cuja a data de encerramento coincide com a terça-feira da nossa folia. Nem as baixas temperaturas esvaziam a Marienplatz, onde muitos turistas e moradores curtem as delícias do famoso mercado de Natal durante o período do Advento, a contagem regressiva para o dia 24 de dezembro (o mercado funciona até essa data).
Como é a principal praça de Munique
A área ocupada pela Marienplatz existe desde 1158. Lá funcionava o mercado local (Schrannenplatz, algo como praça dos grãos numa tradução livre do alemão). Em 1638, uma estátua erguida em homenagem à Virgem Maria foi inaugurada — promessa cumprida pelo rei Maximilian I, que temia ver a cidade ser invadida e saqueada pelo exército sueco durante a Guerra dos 30 anos, conflito entre católicos e protestantes. A praça só passou a ser chamada pelo nome da padroeira da Baviera tempos depois, mais precisamente em 1854.
A coluna com a imagem em bronze fica no centro da Marienplatz, em frente ao prédio da Neues Rathaus (Nova Prefeitura). O edifício neogótico que abriga a torre do relógio se estende por grande parte da lateral da praça. A construção fica a 200 metros da Altes Rathaus, antiga sede do poder municipal e outra atração a ser vista.
Hospedar-se nos hotéis da região é certeza de cruzar a praça em algum momento da viagem. Utilizar-se do sistema de transporte público também. Pela estação Marienplatz passam trens e metrô rumo a várias partes da cidade, o que a transforma em ponto de encontro de pessoas. Dela também saem ônibus com destino aos principais pontos turísticos. Para comprar passes de transporte e de atrações, há um posto de informação turística debaixo da Neues Rathaus, de frente para a praça.
O que ver na Marienplatz
Durante a viagem que fizemos pela Alemanha, Nathalia, Joaquim e eu ficamos hospedados no hotel Bayerischer Hof, a uns 500 metros da Marienplatz. Não é preciso dizer quantas vezes cruzamos a praça, fosse para matar a fome, fazer compras ou usar o transporte público. Acontece que o nosso filho se apaixonou pela dança dos bonecos da torre do relógio (Glockenspiel). Sempre queria ver a apresentação que ocorre ao menos 2 vezes por dia.
Toda vez que falávamos da programação do dia seguinte pela cidade, Joaquim dava um jeito de participar da conversa e dizer: ‘Já sei, a gente sai do hotel, entra naquela praça (aquela que tem o relógio, sabe?) e vê os bonequinhos, que tal? Boa ideia né, papai e mamãe?’
E é realmente bacana. Se encanta adultos, por que não pode fazer a alegria de um menininho, né? O teatro de bonecos lembra uma caixinha de música. Embalada por 43 sinos movidos a energia solar, ela reproduz duas cenas: uma disputa de cavaleiros ocorrida na Marienplatz em 1568, durante o casamento do duque da Baviera Wilhelm V com Renée de Lorraine; e a Schäffler-Tänzer, animada dança que celebra o fim da peste negra na Europa, até hoje realizada a cada 7 anos em Munique (a próxima edição será em 2019). O ritual todo dura uns 10 minutos, tempo em que turistas erguem braços e pescoços na direção da torre para registrar com câmeras e celulares a apresentação.
Se você não ficar com torcicolo depois de ver a dança dos bonecos, suba à torre da nova prefeitura. Pegue o elevador e complete o trecho final por uma escada. Do alto é possível avistar Munique e perceber como as principais atrações não estão assim tão distantes umas das outras (sou paulistano, vivo numa megalópole onde os pontos turísticos não ficam muito próximos nem quando olhados de luneta!).
Munique é ainda mais bonita a 85 metros do chão, o que não chega a ser uma altura muito grande, se comparada a de outros observatórios mundo afora. Como as edificações baixas prevalecem, os telhados estão quase todos no mesmo nível, deixando a linha do horizonte praticamente desimpedida.
Apesar de o dia estar nublado, nós conseguimos enxergar do Englischer Garten ao Residenz, passando por 3 igrejas da cidade: a Fräuenkirche (Catedral de Nossa Senhora) e seu icônico par de torres, a Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos, onde se encontram enterrados os reis da Baviera) e a Alter Peter (Igreja de São Pedro, a mais antiga de Munique). A identificação de todos os pontos foi possível graças à placa de acrílico que fica no pequeno muro ao redor do terraço e que mostra a silhueta dessas construções. Achar a torre de TV do parque olímpico (Olympiazentrum) e a Allianz Arena foi tarefa bem mais amena. Ambas as estruturas são muito peculiares.
Como se já não bastasse Joaquim ter ficado fascinado com os bonecos da torre, nosso filho ainda vidrou no que viu no Spielzeugmuseum (Museu do Brinquedo), que ocupa 5 andares do Altes Rathaus, sede da antiga prefeitura. Paga-se bem pouquinho para visitar as vitrines cheias de velhos modelos de carrinhos, trens, soldados e bonecas que fizeram a alegria de meninas e meninos alemães.
Onde comer e fazer compras na praça
Passados mais de 850 anos de seu surgimento, a Marienplatz não perdeu sua vocação de centro do comércio de Munique. Os carros não circulam na praça desde a sua transformação numa área exclusiva para pedestres, entre os anos 1960 e 1970. O grande calçadão facilita a vida de quem quer dar uma espiadinha nas vitrines das lojas segmentadas.
Ainda é possível fazer boas compras na própria Marienplatz e nas ruas que desembocam nela, como Kaufingerstrasse, Rindermarkt, Rosenstrasse, Weinstrasse, Tal e Dienerstrasse — você encontra de desde grandes grifes até lojas de varejo, passando ainda por casas que vendem artigos específicos, como guarda-chuvas e luvas, por exemplo. Meninos e marmanjos que gostam de camisas de time de futebol têm à disposição três grandes lojas de esportes: Sport Scheck, Schuster e Sport Münzinger.
Presente em toda a Alemanha, a Galeria Kaufhof salva a pele de quem quer comprar comida em seu supermercado, almoçar no restaurante no alto do prédio (provamos e aprovamos a comida) ou encontrar tudo o que uma grande loja de departamentos tem a oferecer. E nós fomos a várias unidades durante nossa viagem em família à Alemanha. Em Munique, vale ver a seção de souvenir. A Kaufhof vende também lembrancinhas do Bayern, além de camisetas do time.
A propósito, Bayern e Munique 1860 possuem lojas oficiais quase vizinhas, na Orlandostrasse. Só não cometa a imprudência de gritar o nome do time rival quando estiver numa ou noutra. Joaquim não gostou de nada do 1860 e ainda soltou um “Bayeeeerrrrn” enquanto o papai aqui pagava pelos artigos relacionados ao lado azul da cidade. Tudo bem, traquinagem de criança. Mas o vendedor nos olhou com cara não muito amistosa.
A Marienplatz também atrai visitantes para beber ou comer algo nos cafés e restaurantes. Há os que ficam de frente para a praça e muitos outros nas ruas do entorno, alguns deles com mesas estendidas na calçada. E não estamos falando só de casas que servem especialidades locais. Se deseja radicalizar e encarar um sushi, tem onde comer. Não quer perder tempo e só mandar para dentro uma fatia de pizza? Tem também. Para o Joaquim, uma volta na Marienplatz nunca era completa sem uma paradinha para um sorvete de baunilha na Richart, rede de padarias de Munique.
Em uma de nossa incursões pelo centro, almoçamos uma típica refeição alemã (com muita carne de porco e batata) no Zum Spöckmeier, na Rosenstrasse. Além dos pratos gostosos e da cerveja boa (a casa fundada em 1450 serve a local Paulaner), o garçom que nos atendeu foi um dos mais divertidos da nossa viagem à Alemanha. Para mim, ele era a cara do técnico Carlo Ancelotti, atual treinador do Bayern. Gentil, ele sempre dava um jeito de fazer graça conosco com os demais fregueses.
Foi um almoço ao ar livre super agradável. Ao nosso lado, o movimento era intenso na rua de pedestres. E não poderia ser diferente. Afinal, ali pertinho, na Marienplatz, é onde tudo acontece em Munique.
Enquanto grande parte do território da atual Alemanha encampava as ideias de Martinho Lutero no século 16, a Casa de Wittelsbach resistiu à Reforma Protestante e manteve a Baviera oficialmente um território católico. Ao longo dos séculos, a religião marcou Munique, deixando belas construções pela cidade. Conheça 3 igrejas que você pode botar na lista para ver:
1 > FRAUENKIRCHE, CATEDRAL E SÍMBOLO DE MUNIQUE
Com suas paredes de tijolos e um par de torres que se destacam na paisagem da cidade, a Frauenkirche (Catedral de Nossa Senhora) é um dos símbolos da capital da Baviera. Localizada próxima à Marienplatz, foi erguida em incríveis 20 anos (1468 a 1488), se consideradas as possibilidades de construção durante o século 15. De estilo gótico tardio, a obra foi assinada por Jörg von Halsbach, arquiteto responsável também pela construção da Altes Rathaus, a velha prefeitura.
As torres da catedral têm quase 100 metros de altura e possuem uma cobertura verde que remete ao Domo da Rocha, de Jerusalém. A cobertura só foi colocada 35 anos depois de a igreja ser concluída, devido à falta de dinheiro.
Em 2004, um referendo instituiu que nenhum edifício pode ser construído no centro velho de Munique acima da altura das torres. A medida beneficiou os visitantes que sobem ao topo da torre sul para admirar a cidade sem que a visão da paisagem seja comprometida — por causa de uma obra, a torre se encontra fechada no momento.
No interior da igreja, destacam-se o magnífico órgão principal (tocado aos domingos e em ocasiões especiais), o mausoléu do Rei Ludwig I (situado à direita da entrada, ricamente decorado) e a famosa pegada do diabo, uma única marca de pé no piso da catedral e atribuída ao demônio. Diz a lenda que o diabo teria tentado destruir a igreja depois de fazer uma aposta com o construtor dela. Não conseguiu porque foi atingido por um raio de luz ao tentar dar um segundo passo.
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Endereço: Frauenplatz, 1, Munique
Funcionamento: A igreja pode ser visitada diariamente, das 7h30 às 20 horas — no verão, até 20h30.
De maio a setembro, há tours guiados às terças, às quintas e aos domingos. No inverno, é feita 1 vez por mês, sempre na quinta — próximas datas previstas: 8 de dezembro, 12 de janeiro, 9 de fevereiro, 2 de março e 6 de abril.
Se você já viu fotos do alto da Neues Rathaus (nova prefeitura) e da Marienplatz (principal praça da cidade), muito provavelmente as imagens foram captadas a partir da Alter Peter Kirche (Igreja de São Pedro). A mais antiga paróquia de Munique está localizada atrás de sua famosa praça e tem uma torre com vista para um dos melhores visuais da capital da Baviera.
Para subir ao mirante, que fica a 91 metros de altura, é preciso superar em torno de 300 degraus da escada. Esse caminho inclui a passagem pelos 8 sinos, dos quais o menor é também o mais velho. Além dos telhados, vê-se de um ângulo privilegiado as icônicas torres da Frauenkirche e tudo mais o que um dia sem nuvens permitir.
A Alter Peter remonta ao século 12 e ao longo de mais de 800 anos passou por modificações até atingir sua configuração atual — a última reforma teve início após a destruição provocada pela Segunda Guerra e foi concluída em 2000.
Se a pegada do diabo presente no piso da Frauenkirche não te impressionar, então dá para ver sem medo o relicário barroco dedicado a São Mundita. Trazido de Roma em 1675, o esqueleto do padroeiro das solteironas é todo ornado com pedras preciosas e fica dentro de uma caixa envidraçada, do lado direito do altar da igreja.
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Endereço: Rindermarkt, 1, Munique
Funcionamento: No verão, de julho a setembro, é possível subir na torre de segunda a sexta, das 9 horas às 19h30 — de março a junho e em outubro, apenas até as 18h30; no inverno, somente até as 17h30.
Durante o ano inteiro, aos sábados, domingos e feriados, o acesso começa 1 hora mais tarde e termina no horário determinado para a época do ano.
Preço: A subida à torre sai por 3 euros — entre 6 e 18 anos, 1 euro; até 5 anos, grátis
3 > THEATINERKIRCHE, A BARROCA COM O TÚMULO DOS REIS
Uma das principais atrações da Odeonplatz, a Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos ou de São Caetano) pode ser vista de longe de vários pontos da Munique por conta de sua inconfundível e reluzente cor amarela. De estilo barroco, a igreja foi erguida a partir 1663 em cumprimento a uma promessa feita pelo duque Ferdinand Maria e sua mulher, a italiana Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, após o aguardado nascimento do filho, Maximilian Emanuel, que veio a se tornar eleitor da Baviera.
O arquiteto italiano Agostino Barelli iniciou a construção, sendo sucedido pelo suíço Enrico Zucall, que idealizou as torres laterais. A fachada permaneceu inacabada por cerca de 100 anos até ser concluída por François de Cuvilliés, arquiteto responsável por levar o estilo rococó ao reino dos Wittelsbach, especialmente ao Residenz e ao palácio de Nymphenburg.
Até 2018, toda a área externa da Igreja de São Caetano passa por reforma. Do lado de dentro, prevalece o branco em sua decoração, com estuques e coluna de elementos coríntios. Na pequena capela fica o túmulo onde foram enterrados 49 membros da dinastia dos Wittelsbach, entre eles, o primeiro rei da Baveira, Maximilian Joseph I.
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Endereço: Theatinerstrasse, 22, Munique
Funcionamento: As visitas ao mausoléu dos Wittelsbach só é permitida entre 1º de maio e 2 de novembro, das 10 horas às 13h30 e das 14 horas às 16h30.
É muito fácil gostar de Munique. As tradições alemães, que deram fama ao país pelo mundo, estão todas lá. A cerveja deliciosa e seu jardim para bebê-la (biergarten), os tradicionais biscoitos de gengibre em formato de coração (lebkuchen), as áreas verdes e bem cuidadas (o gigante Englischer Garten), a Marienplatz com o centro histórico preservado (ali também reconstruído com precisão após a guerra), a comida alemã e suas apetitosas salsichas. Munique tem todos os pontos turísticos e atrativos de uma Alemanha típica, mas junta a isso características que a diferenciam do todo.
A concentração de velhas igrejas, as vitrines com trajes bávaros (ainda hoje usados), os prédios antigos de paredes pintadas, as festas seculares, as imponentes construções (de estilos arquitetônicos variados). Embora a cidade seja para brasileiros praticamente sinônimo de intermináveis canecos de cerveja na Oktoberfest Alemanha e do bem sucedido Bayern de Munique, time de futebol local, a reunião de beleza histórica e natural com costumes vivos dá à capital da Baviera um permanente ar de nobreza e tradição.
Ainda que o reino da Baviera tenha se estendido apenas de 1806 a 1918, uma única família dominou a região desde 1180. É a mais longa dinastia germânica a permanecer no poder na história da Alemanha. Como duques, depois na forma de eleitores e, posteriormente, como reis de fato, os Wittelsbach mandaram erguer boa parte do que se vê durante uma viagem à cidade do sul da Alemanha. Tirando a região do Parque Olímpico e o complexo da Allianz Arena (estádio do Bayern), os pontos turísticos de Munique são a própria Munique da realeza.
É o nome desses governantes da dinastia de Wittelsbach que você ouve falar durante sua visita a Munique. Mas quem é aquela gente toda? Ludwig II, o rei do Schloss Neuschwanstein — castelo da Cinderela na Alemanha, o exemplar legítimo, que teria inspirado Walt Disney a criar o da princesa dos contos de fada — até é fácil de reconhecer. Mas e os outros tantos nomes que aparecem nas visitas a atrações? Tudo fica bem mais palpável e divertido se você conhece esses personagens, cujo último representante foi Ludwig III. Até a saída dele do trono, em 1918, a presença dos Wittelsbach no poder ajudou a construir fisicamente a cidade que você vê hoje.
Até o maior patrimônio imaterial de Munique se deve à nobreza. Integrantes da casa de Wittelsbach foram responsáveis pela existência da Reinheitsgebot (lei da pureza da cerveja alemã, que já passa dos 500 anos de existência), pela fundação da Hofbräuhaus (cervejaria hoje internacionalmente conhecida) e pelo surgimento da Oktoberfest Alemanha (a mais emblemática festa da cidade e até do país). Em todo o território alemão, há em torno de 5.000 cervejas distintas, fabricadas em cerca de 1.300 cervejarias. Quase metade delas está na Baviera.
Também é muito interessante ver como Munique pode ser uma cidade moderna — evidente nas linhas arrojadas como as do BMW Museum (museu da luxuosa montadora) e nos vários pontos gratuitos de wifi — sem perder a conexão com suas tradições.
A cada 7 anos, é repetida a Münchner Schäffler-Tänzer, dança surgida após a praga de 1517 — a próxima edição será em 2026. O Fasching, Carnaval de Munique, ainda anima a cidade todo inverno, desde 1839. A festa começa às 11h11 de 11 de novembro (11/11) e segue até a data que coincide com a nossa folia. No encerramento, ocorre a lendária Tanz der Marktfrauen, a dança das mercadoras, realizada no Viktualienmarkt, o secular mercado de produtos alimentícios. O Münicher Christkindlmarkt, mercado de Natal, ilumina a Marienplatz, praça central da cidade, até 24 de dezembro.
Traçando uma espécie de linha do tempo pela história de Munique, conhecemos importantes personagens, festas centenárias e atrações turísticas erguidas em sua época. Então, vamos embarcar juntos nessa viagem pelo tempo e pelos principais pontos da capital da Baviera?
Duque Heinrich der Löwe: fundação de Munique e Marienplatz
A história de Munique começa com a Rota do Sal, caminho que levava a mercadoria da alemã Augsburg até a cidade de Salzburg, na Áustria. Heinrich der Löwe (Henrique, o Leão) disputou o poder com o bispo Otto von Freising, que controlava o pedágio sobre o Isar, rio da Baviera por onde passava o trajeto do comércio de sal. Dessa briga pelo comando nasceu Munique, fundada em 14 de junho de 1158. O documento assinado por Friedrich I (Frederico Barbarossa) — imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que teve de resolver o conflito de família entre seu primo Heinrich e seu tio Otto — se encontra no Bayerisches Hauptstaatsarchiv, o arquivo do estado da Baviera.
A ponte construída por Heinrich der Löwe ficava perto de um área ocupada por monges beneditinos, conhecida como zu den Mönchen — em alemão, algo como lugar dos monges. Assim surgiu o povoado cujo nome acabou se transformando em München, como se chama Munique no idioma nacional.
A Marienplatz, principal praça da cidade, é dessa época, embora ainda não tivesse recebido esse nome. O espaço, praticamente do mesmo tamanho do atual, funcionava como um mercado ao ar livre. A praça só ganhou importância ao longo dos anos e segue como o centro da cidade de fato, por onde passam as principais linhas de transporte e onde começam algumas das mais importantes ruas de Munique, como Kaufingerstrasse, Rindermarkt, Rosenstrasse, Weinstrasse, Tal e Dienerstrasse.
O mercado não funciona mais lá, mas a Marienplatz continua sendo o ponto de encontro para festas populares e comemorações — até os jogadores do Bayern festejam seus campeonatos lá com os torcedores.
Duque Otto I: os Wittelsbach chegam ao poder
Por negar ajuda a Frederico Barbarossa em campanhas de conquista de território na Itália, Heinrich der Löwe foi punido pelo imperador com a perda de seus títulos de nobreza. Barbarossa, então, concedeu ao amigo Otto von Wittelsbach o comando do ducado da Baviera em 1180, com exceção de Munique, que voltou ao controle do bispo de Freising. A cidade só chegou às mãos dos Wittelsbach em 1240, quando a Baviera estava sob as ordens de Otto II.
Duque Ludwig IV: nova muralha e seus portões
Apesar de comandar a Baviera por mais de 7 séculos, os Wittelsbach brigaram entre si pelo poder, razão pela qual a região foi dividida em mais de um ducado algumas vezes. Ludwig IV comandou de 1294 a 1347, com diferentes postos, acumulando de 1328 em diante o título de imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Conhecido como Ludwig der Bayer (Luís, o Bávaro), ele foi o mais famoso morador do antigo edifício-sede da corte, o Alter Hof.
Devido ao crescimento da cidade, Ludwig IV mandou ergueu uma nova muralha para proteger Munique, pois a fortificação medieval já não acomodava mais a expansão urbanística. Dos 4 portões da antiga muralha, 3 estão de pé: Isartor, Karlstor e Sendlinger Tor.
Duque Stephan III: início do Residenz
Uma das maiores atrações turísticas de Munique, o Residenz surge nesse período. Foi Stephan III, que governou a Baviera de 1375 a 1392, quem deu início à construção de uma nova sede para o governo, em 1385. O Neuveste, embrião do que se tornaria atualmente a construção, foi demolido no século 19, numa das muitas ampliações que o tornariam um majestoso palácio.
Duque Sigismund: construção da Frauenkirche
Em 1468, um ano depois de assumir o ducado da Baviera-Munique, Sigismund lançou a pedra fundamental para a construção da Frauenkirche. A Catedral de Nossa Senhora, padroeira de Munique, levou 20 anos para ficar pronta e abriga o túmulo do próprio Sigismund, à frente da Baviera entre 1467 e 1508. Inicialmente erguida em estilo gótico-tardio, sofreu reconstruções e ampliações ao longo da história. O par de torres se tornou um ícone da cidade alemã.
O duque também ordenou que o Alter Hof passasse por reformulações, inaugurando sua característica pintura em losangos.
Duque Wilhelm IV: transferência da corte para o Residenz
Depois de 265 anos de cisões e junções territoriais, a Baviera uniu-se definitivamente em 1505, sob o ducado de Albrecht IV. Seu filho e sucessor, Wilhelm IV, decidiu transferir a corte do Alter Hof para o Residenz logo que assumiu o comando da Baviera, em 1508. O palácio passou a ser sede oficial do poder e residência dos governantes até 1918, com fim do reinado.
O duque Wilhelm IV também entrou para a história por ter promulgado a Reinheitsgebot, em 23 de abril de 1516. Embora ainda não fosse chamada assim, a lei da pureza da cerveja alemã ficou registrada nessa data.
Duque Albrecht V: o salão mais bonito do Residenz
O salão mais imponente de todo o Residenz foi construído sob o governo de Albrecht V, entre 1568 e 1571, numa primeira expansão do Neuveste. Apreciador de antiguidades, o duque mandou erguer uma grande sala, o Antiquarium, para expor sua coleção de esculturas. Mais tarde, no governo de seu filho Wilhelm V, o hall de 66 metros de comprimento passou a ser usado como salão de baile e de banquetes. É, sem dúvida, o mais impressionante espaço de toda a visita ao antigo palácio.
Também graças a Albrecht V existe uma das partes mais reluzentes do Residenz: o Schatzkammer, setor onde está exposto todo o tesouro da Casa de Wittelsbach. Em testamento, o duque deixou o pedido de que a riqueza acumulada pela família permanecesse com seus descendentes.
Duque Wilhelm V: Hofbräuhaus, a cervejaria de Munique
O duque Wilhelm V apreciava uma boa cerveja e não gostava da que era produzida em Munique. Mandava importar de Einbeck, na Baixa Saxônia. Ele governou a Baviera por 18 anos, de 1579 a 1597. O suficiente para deixar um dos maiores patrimônios da cidade: a cervejaria Hofbräuhaus, que mantém um famoso restaurante no centro antigo. O espaço de fabricação própria nasceu em 27 de setembro de 1589.
A Hofbräu, bebida produzida pela casa (o haus, em alemão, que é incluído depois do nome da marca), demonstra já no rótulo sua vocação real: uma coroa dourada repousa sobre as iniciais HB.
Eleitor Maximilian I: Hofgarten e estátua da Virgem Maria
Entre 1618 e 1648, a Europa foi sacudida por conflitos entre católicos e protestantes. O duque Maximilian I fez uma promessa para que Munique não fosse invadida durante a Guerra dos Trinta Anos. Em agradecimento ao pedido atendido, mandou erguer a coluna da Virgem Maria na principal praça da cidade. Desde 1638, o monumento é um dos símbolos da Marienplatz (em alemão, Praça de Maria), que foi batizada assim muito tempo depois, já no século 19. Em 1623, a fidelidade à Igreja Católica rendeu a Maximilian I, duque da Baviera desde 1597, a elevação ao posto de eleitor, com direito a voto para escolher o imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
Uma versão curiosa da história diz que a proteção durante a guerra se deve na verdade à boa bock produzida em Munique. Segundo texto publicado no site da cervejaria, 362 baldes da bebida fabricada pela Höfbräuhaus teriam sido dados ao exército sueco, que terminou por se render à cerveja da paz.
Fato mesmo é que, durante o governo de Maximilian I, príncipe-eleitor da Baviera até 1651, Munique viu a mais expressiva expansão do Residenz, com a construção de muitas das alas que dão ao palácio à magnitude atual. Vizinho à construção, também foi criado em 1613 o Hofgarten, belo jardim real de linhas geométricas.
Eleitor Ferdinand Maria: Theatinerkirche e Schloss Nymphenburg
O catolicismo é muito presente na história (e segue ainda na vida) de Munique. Além da coluna da Virgem Maria na Marienplatz, importantes edifícios da cidade foram erguidos por governantes bávaros para demonstrar sua fé.
Agradecidos pelo nascimento do tão esperado filho, após uns 10 anos de casamento, o eleitor Ferdinand Maria e sua mulher, a italiana Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, mandaram erguer, a partir de 1663, um mosteiro e a Theatinerkirche, para a ordem dos Teatinos ou de São Caetano. Nessa igreja amarela da Odeonplatz, praça em frente ao Residenz, estão enterrados muitos dos membros da dinastia Wittelsbach, incluindo o primeiro rei da Baviera, Maximilian Joseph I.
A devoção do casal não parou por aí. Eleitor da Baviera entre 1651 e 1679, Ferdinand Maria ordenou, em 1664, a construção do Schloss Nymphenburg, palácio de verão, também em gratidão pelo filho, Maximilian Emanuel II, nascido 2 anos antes.
Eleitor Maximilian Emanuel II: expansão de Nymphenburg
Como eleitor, no poder da Baviera entre 1679 e 1726, o palácio de verão tomou sua forma grandiosa. Ao edifício central, em 1701, foram adicionados 2 pavilhões simétricos, um de cada lado. A maior expansão do Nymphenburg começou 14 anos depois, com a reconstrução da parte central do palácio, a rica decoração de diversos cômodos e a reformulação da área externa, ampliada até o presente tamanho.
Outro feito de Maximilian Emanuel II foi ter comprado 12 quadros que, mais tarde, vieram a ser as primeiras pinturas da Alte Pinakothek, a antiga pinacoteca da cidade.
Eleitor Karl Albrecht: Ahnengalerie e Amalienburg
Ao visitar o Residenz, não deixe de ver a Ahnengalerie (Galeria Ancestral), sala com pinturas de todos os membros da dinastia Wittelsbach. A execução da obra, que mostra as conexões da família que dominou a Baviera por mais de 7 séculos, foi a primeira medida adotada por Karl Albrecht assim que chegou ao poder, em 1726.
Em continuidade ao legado de seu pai no Nymphenburg, Karl Albrecht ordenou a construção de uma sala de caça anexa ao palácio principal. O projeto levou 4 anos para ser concluído. Ápice do estilo rococó em Munique, o palacete Amalienburg foi um presente dado pelo governante à esposa, Maria Amalia, da Áustria.
Eleitor Maximilian Joseph III: Cuvilliés-Theater e animais do Tierpark
A tradição da ópera italiana já existia na corte bávara desde o eleitor Ferdinand Maria, casado com Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, nascida na Itália. Mas foi Maximiliam Joseph III quem mandou erguer no Residenz um teatro para essa expressão artística, 6 anos após assumir o controle da Baviera, em 1745. No Cuvilliés-Theater, Wolfgang Amadeus Mozart estreou algumas de suas grandes óperas, como La Finta Giardiniera.
Até deixar o posto de eleitor, em 1777, Maximilian III também começou a colecionar animais exóticos no Nymphenburg. Foram eles que deram origem ao conjunto visto no Tierpark Hellabrunn, zoológico de Munique, aberto e assim batizado apenas em 1911.
Eleitor Karl Theodor: Englischer Garten, o parque do povo
Originário de uma ramificação dos Wittelsbach, Karl Theodor comandou a Baviera entre 1777 e 1799. Não foi o mais popular dos líderes, mas curiosamente foi quem deixou um dos maiores legados públicos de Munique: o Englischer Garten. O Jardim Inglês ganhou esse nome por não seguir o estilo geometrizado do paisagismo francês, mas por respeitar as formas da natureza. Trata-se de um dos maiores parques urbanos do mundo, a grande área de lazer dos habitantes de Munique desde 1789.
A exemplo de seu antecessor, Maximilian Joseph III, a ópera também estava entre as paixões de Karl Theodor, que encomendou uma a Mozart . Em 1781, o compositor estreou Idomeneo no Cuvilliés.
Rei Maximilian I: Viktualienmarkt e Nationaltheater
A Baviera virou um reino em 1806. Após a aliança formada com Napoleão Bonaparte, que buscava expandir seus domínios sobre a Europa, o eleitor Maximilian Joseph IV trocou de posto e de nome. Passou a se chamar rei Maximilian I, permanecendo no trono até a morte, em 1825.
Ainda como eleitor, ele decretou que o mercado de alimentos se transferisse da Marienplatz para a região onde hoje está o Viktualienmarkt, área de Munique com bancas de produtos frescos e delicioso biergarten.
Na condição de rei, Maximilian promoveu modificações no Residenz e no Nymphenburg. A mais significativa delas foi a transformação do estilo barroco francês dos jardins do palácio de verão, incorporando a eles trechos em que prevalecem formas naturais, ao gosto inglês, sem traços geométricos.
Também foi Maximilian I quem mandou erguer primeiramente o Nationaltheater. A edificação pegou fogo e foi reerguida por duas vezes, antes de ser novamente destruída durante os bombardeios da Segunda Guerra. A atual casa da Bayerische Staatsoper (ópera da Baviera), na Max-Joseph-Platz — praça com uma estátua do rei no centro — reconstitui o desenho original em escala superior: com 2.101 assentos, é o maior teatro de ópera da Alemanha.
Rei Ludwig I: Oktoberfest, Pinakothek e Bayerischer Hof
Ludwig I não foi um modelo de rei do qual os bávaros sentissem orgulho, tanto ele que acabou abdicando ao trono, em 1848. Em compensação, o nome dele está associado à origem de uma das festas populares mais famosas do mundo. A inspiração para a atual Oktoberfest Alemanha surgiu da grande festa de casamento do então príncipe Ludwig com Therese de Saxônia-Hildburghausen, em 1810. Um acontecimento que contou com a participação do povo de Munique. Nascia assim a tradição da Oktoberfest, a festa da cerveja que atrai milhões de pessoas anualmente a Munique, e que ganhou versões similares mundo afora.
Nos anos de seu reinado, com início em 1825, Ludwig I enfrentou uma revolta popular pelo aumento do preço da cerveja. Logo ele, apreciador da bebida e um dos frequentadores assíduos da cervejaria Hofbräuhaus. As artes também estavam entre as predileções do rei, que ordenou a construção da Alte Pinakothek, em 1836, a fim de compartilhar as obras de seu acervo pessoal com o povo de Munique. Ele também foi responsável pela criação da Neue Pinakothek, museu público dedicado à arte contemporânea, que terminou sendo inaugurado em 1853, no reinado de Maximilian II.
À medida que cidade se desenvolvia, era necessário também ter um hotel de primeira classe capaz de receber visitantes estrangeiros. Um empresário do ramo de locomotivas aceitou a sugestão de Ludwig I e construiu o Bayerischer Hof. Desde que abriu as portas, em 1841, o hotel até hoje hospeda autoridades, artistas e celebridades que passam por Munique.
Ludwig I também é responsável pelo Feldherrnhalle, erguido entre 1841 e 1844 na Odeonplatz. Embora a loggia (construção coberta, aberta na frente e na lateral) tenha sido idealizada para homenagear o exército bávaro e seus generais, ela ficou associada ao episódio conhecido como Putsch de Munique, uma tentativa de golpe frustrada do nazista Adolf Hitler, em 1923.
Rei Maximilian II: Maximilianstrasse e Bayerisches Nationalmuseum
O endereço mais chique de Munique, a Maximilianstrasse, leva o nome do rei que planejou e iniciou a abertura dessa avenida, em 1853, após 5 anos de sua chegada ao trono. Nos dias de hoje, marcas como Gucci, Louis Vuitton, Bulgari e Dior ditam a moda e fazem companhia ao luxuoso hotel Vier Jahreszeiten Kempinski Munich.
Também foi de Maximilian II, que governou a Baviera até 1864, a ideia de criar o Bayerisches Nationalmuseum, museu que desde 1855 expõe obras da Idade Média, do Renascimento, do Barroco até meados do século 19 e de Art Nouveau. O coração do acervo é composto por peças pertencentes à dinastia Wittelsbach.
Ludwig II: Castelo de Neuschwanstein
Apesar de permanecer no trono de 1864 a 1886, Ludwig II perdeu prestígio logo 2 anos depois de assumir o controle da Baviera, subjugada pela Prússia. Durante os 20 anos restantes, o monarca se dedicou às artes e a obras arquitetônicas grandiosas.
Admirador de Richard Wagner, patrocinou o compositor. Tristão e Isolda estreou em 1865 no Nationaltheater. Excêntrico, Ludwig II levou a Baviera à falência com seus projetos gigantescos, como o Schloss Neuschwanstein, inspiração para o Castelo da Cinderela. Por isso, é conhecido como o rei dos contos de fadas. Curiosamente, o monumento é hoje uma atração internacional, no topo da lista das que mais levam turistas a Munique e à Alemanha.
Na viagem, tivemos apoio do Turismo de Munique, com hospedagem no Hotel Bayerischer Hof e com bilhetes de transporte público na cidade alemã
Se a história não tivesse dado liga ainda mais forte à mistura de concreto e aço de sua estrutura, a Ponte dos Espiões seria apenas mais uma em Berlim. A Glienicker Brücke foi mais que uma passagem de veículos e pedestres sobre o Rio Havel, conectando a cidade à vizinha Potsdam, na antiga Alemanha Oriental. Durante a Guerra Fria, americanos e soviéticos ficaram frente a frente sobre ela em 3 oportunidades, sem que isso resultasse necessariamente num confronto. A mais famosa delas inspirou o filme A Ponte dos Espiões, indicado ao Oscar em 2015 em 6 categorias.
A ponte de aço, originalmente aberta em 1907, veio abaixo com os bombardeios da Segunda Guerra. Depois do fim do confronto e da consequente cisão de Berlim, a Glienicker Brücke teve seu controle partilhado entre Estados Unidos e União Soviética. Reconstruída e reaberta em 1949, serviu por pouco tempo para reconectar o fluxo com Potsdam.
Durante a vigência do Muro de Berlim erguido entre as 2 partes da cidade dividida, a passagem pela ponte ficou restrita a missões militares e, mais tarde, diplomáticas. Hoje uma placa no chão, no meio da ponte, lembra que ali um dia se dividiu a Alemanha. Desde 1989, é possível cruzá-la livremente, motorizado ou a pé.
As 3 trocas de espiões sobre a ponte
Durante a Guerra Fria, o 1º e mais notório encontro entre os 2 países oponentes sobre a ponte na Alemanha resultou na troca entre o espião soviético Rudolf Abel, preso nos Estados Unidos, e o piloto americano Gary Powers, capturado após sobrevoar o espaço aéreo adversário. Conduzida habilmente pelo advogado James Donovan, a negociação foi concluída numa noite fria de 10 de fevereiro de 1962, sobre a Glienicker Brücke.
Giles Whittel transformou o episódio no romance Ponte dos Espiões, que virou filme homônimo nas mãos do diretor Steven Spielberg, com Tom Hanks no papel do advogado de seguros escolhido para resolver a questão diplomática. Das 6 indicações ao Oscar em 2015, o longa Bridge of Spies ganhou apenas o prêmio de ator coadjuvante para Mark Rylance, o espião russo da trama.
Outras 2 trocas foram realizadas sobre a mesma Glienicker Brücke. Em 1985, a negociação envolveu 27 agentes, 4 deles de países da Cortina de Ferro. No ano seguinte, sob as lentes da imprensa, 9 pessoas foram trocadas, entre elas o ativista de direitos humanos Anatoly Sharansky, preso na União Soviética acusado de espionagem.
Tão logo a Guerra Fria chegou ao fim, a ponte foi liberada. Desde então, carros e pedestres podem atravessá-la e, se quiserem, dar meia-volta e retornar. Sem sustos.
Quem tem mais de 40 anos certamente ouviu muitas e muitas vezes o noticiário da TV falar sobre a Guerra Fria e o Muro de Berlim. Era permanente o clima de tensão vivido pelo mundo a cada movimento feito por Estados Unidos e pela ex-União Soviética. Construída pelos comunistas a partir de agosto de 1961, a barreira física dividindo a Alemanha tornou palpável a polarização do planeta.
Os principais fatos e as crises que marcaram a política mundial entre 1945 e 1990 estão expostos em BlackBox – Cold War (Zentrum Kalter Krieg). A atração está no Checkpoint Charlie desde 2012, no interior de uma grande caixa preta, como o nome em inglês diz.
Com 16 estações de mídia, 1 curta, documentos e objetos originais, a exposição explica o que foi a Guerra Fria e o que a divisão da Alemanha e de Berlim têm a ver com acontecimentos históricos como a Crise de Cuba e a Guerra da Coreia.
Do lado de fora, 175 painéis com fotografias e informações abordam aspectos relacionados ao Checkpoint Charlie (uma das passagens entre as 2 partes da Berlim dividida). Também tratam dos movimentos sociais que contribuíram para o fim do socialismo, não só na Alemanha como em outras partes do Leste Europeu. As explicações estão em inglês e alemão.
Durante nosso giro por Berlim Oriental, Fernando serviu de audioguia adaptado para o Joaquim, que ficou no colo enquanto percorremos a exposição. O preto e branco das fotos não agradou muito ao nosso menino. Quim gostou foi do mapa da divisão de Berlim em 4 setores, menos pelo aspecto geopolítico (claro), mais pelas bandeirinhas de cada país envolvido no controle da capital alemã depois da 2ª Guerra.
VALE SABER
Endereço: Na esquina da Zimmerstrasse com Friedrichstrasse, 47 – Berlim, Alemanha
Funcionamento: Diariamente, das 10 às 18 horas
Preço: € 5 — menores de 14 anos, grátis. A entrada combinada dá direito ao BlackBox e à exposição Panorama Die Mauer, que fica na calçada oposta da Zimmerstrasse, custa 12,50 euros
Transporte: De metrô, use a linha U6 (desça na Kochstrasse/Checkpoint Charlie). Se utilizar ônibus, tome o M29 (desça na Kochstrasse). De um modo ou de outro, você vai ter de caminhar um pouco (mas é pouco mesmo)
1ª dúvida: Seria adequado para uma criança de 5 anos visitar Die Mauer, exposição no Checkpoint Charlie? 2ª: Com tantas opções de lugares para conhecer mais sobre a construção do Muro de Berlim e a cidade dividida (e sempre insuficiente tempo para todas), valeria ir além dos clássicos?
A curiosidade move jornalistas, e foi ela que nos levou, Fernando e eu, juntamente com nosso filho, Joaquim, até a entrada da caixa cilíndrica de 15 m de altura que abriga o panorama da cidade alemã dividida criada pelo artista Yadegar Asisi. Perguntas feitas na bilheteria, passamos adiante. Die Mauer – Das Asisi Panorama zum Geteilten Berlin (O Muro – Panorama Asisi de Berlim Dividida) começa com uma exibição de fotos e vídeos; garanta seu ingresso.
São cenas da construção do Muro de Berlim, como janelas sendo fechadas com tijolos e pessoas vendo seu horizonte sumir tapado pelo concreto tão de perto. Os vídeos também mostram depoimentos de gente que teve a vida impactada por aquela fronteira forçada. Entre as aproximadamente 100 fotos está essa imagem de Heidemarie Beyer com a família diante do Portão de Brandemburgo fechado.
Placas com escritos e desenhos dos visitantes ilustram as paredes. No centro desse foyer, 2 placas soltas da altura do Muro (3,6 m) lembram as de concreto pintadas vistas por Berlim. Pretendem causar no visitante a sensação de estar ali pequeno e poder expressar isso em formas ou palavras. Ao lado dos painéis, canetas para quem quiser deixar sua mensagem. Joaquim quis logo pegar uma. Como ainda não sabia escrever (tinha acabado de completar 5 anos quando fomos à Alemanha), pediu ao pai para deixar alguma coisa para ele copiar. Ficou satisfeito por participar.
Visão de Berlim Ocidental para Oriental
Atravessamos a porta para ver o panorama que batiza o subtítulo da exposição. Fomos completamente tomados pela ambientação. No escuro, saltam as cores em tons arroxeados da pintura. À música de Eric Babak se misturam efeitos especiais, como sons do cotidiano e falas históricas. A rispidez do alemão deixa o clima ainda mais intenso para quem não entende nada da língua. Entre os áudios está a fala de Walter Ulbricht, presidente do Conselho de Estado da Alemanha Oriental, negando a intenção do regime comunista de construir o Muro de Berlim, numa gravação de 15 de junho de 1961, pouco menos de 2 meses antes de ele ser erguido.
O enorme painel, realizado enfatizando profundidade e forma, apresenta a vida perto da barreira física, num dia qualquer do outono da década de 1980. A visão a partir de Kreuzberg, com Mitte no horizonte, mostra a Torre de TV ao fundo e a Faixa da Morte (temor de quem do lado de lá se arriscava a furar o bloqueio). Do lado de cá, acampamentos e os tipos que habitavam aquela região suburbana no oeste da cidade. Em Kreuzberg, lugar do movimento punk em Berlim Ocidental, Iggy Pop e David Bowie eram vistos nos anos de 1970 na casa noturna que leva o nome do distrito, a SO36.
Do alto da plataforma de 4 m de altura, os visitantes se confundem com as pessoas pintadas diante do Muro de Berlim. Como bem definiu Joaquim, o cenário é muito ‘realista’. Vê se consegue encontrar Fernando e nosso filho na foto abaixo. A imagem aqui foi um pouco clareada para mostrar os desenhos do artista. Lá, com a penumbra e com o clima instaurado, tudo se confunde.
O cilindro de Yadegar Asisi guarda um dos trabalhos mais tocantes que vimos sobre o Muro, pela maneira como retrata a vida nos tempos da cidade partida e proporciona ao visitante uma imersão nela.
Panorama Asisi: cenas em 360°
Natural da Saxônia (região do leste da Alemanha), Asisi vive em Berlim. Desde 2003, o arquiteto e pintor cria panoramas 360°, alguns chegando a medir 32 m de altura e a ter até 110 m de circunferência. O trabalho iniciado numa exposição dentro de um antigo gasômetro de Leipzig se expandiu e hoje se materializa em diversas pinturas panorâmicas expostas em cidades alemãs.
Para nosso filho, a representação deu forma a explicação simplificada que demos a ele quando Joaquim se deparou pela primeira vez com o Muro, num dos nossos passeios por Berlim Oriental. Usamos elementos da nossa realidade para tentar torná-lo algo um pouco mais compreensível para nosso pequeno menino: ‘Seria como se, de uma hora para outra, a gente não pudesse mais visitar seu tio, que mora a poucas ruas de casa. Tudo isso porque os 2 times que mandam, um de cada lado, não gostam um do outro’. Foi o jeito que encontramos, compatível com a simplicidade emocional dele. Parece que ele entendeu porque, 2 anos depois, ainda sabe que Berlim foi dividida por um Muro e que as pessoas não podiam atravessá-lo livremente.
Em outros lugares da capital alemã, é possível chegar perto de restos do monumento histórico, para conhecer como era a vida em Berlim Oriental e para aprender mais sobre a construção da barreira física pela Alemanha Oriental e como se chegou à sua destruição. Mas em nenhum outro dá para experimentar a sensação (ainda que simulada) de estar numa cidade dividida.
Não resta dúvida: uma criança é capaz de entender a história (por mais dura que ela seja) quando contada numa linguagem acessível, e Die Mauer merece entrar na lista de atrações da sua viagem.
VALE SABER
Endereço: Friedrichstrasse 205, Berlim
Transporte: A pé (muito se caminha na capital alemã), de metrô (descer na estação Kochstrasse/Checkpoint Charlie do U-Bahn) e até de ônibus de turismo (as linhas no estilo hop on hop off passam por lá), há várias maneiras de se chegar ao Checkpoint Charlie, lugar onde a exposição está instalada.
Funcionamento: Todo dia, das 10 às 18 horas (última entrada às 17h30)
Preço: € 10 — crianças até 5 anos, grátis; entre 6 e 16 anos, € 4; ticket para pais e filhos (até 2 adultos e 4 crianças entre 6 e 16 anos), € 27. A GetYourGuide, empresa alemã parceira do Como Viaja, vende ingresso para o Panorama Asisi.
Gente andando de um lado para o outro, gente parada no meio da rua, ônibus turístico desembarcando mais gente para andar de um lado para outro e parar no meio da rua, tudo isso entre o vaivém dos carros. Impensável para os padrões alemães. Estamos em Berlim, em um lugar onde, no passado, não convinha ficar andando de bobeira se não fosse para parar, mostrar documentos, seguir em frente ou parar por ali mesmo.
Posto militar que ficava na fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental, o Checkpoint Charlie agora é parada obrigatória por outro motivo: visitar os pontos turísticos da capital da Alemanha relacionados ao antigo Muro de Berlim, que caiu em 1989. Muita gente vai até lá por conta própria, por exemplo, com ônibus hop-on hop-off ou transporte público (o Berlin WelcomeCard dá direito a transporte público nas zonas A e B e tem versões de 48 horas a 6 dia). Outros preferem fazer alguma visita guiada na capital da Alemanha. Há desde tour de bicicleta sobre Muro de Berlim e Guerra Fria à visita guiada a pé sobre Terceiro Reich e Guerra Fria.
Algumas placas coloridas estão expostas em uma das esquinas. Tudo bem que Joaquim, uma criança, e eu, um baixinho, ficamos reduzidos a nada diante da placa de 3 m de altura.
No entroncamento de 2 ruas, num raio de não mais que 100 m, outras 3 atrações ‘dialogam’ com o Checkpoint Charlie. Vizinho à cabine, apenas 1 ano depois de o muro ter sido levantado, surgiu o Museu do Muro de Berlim, o Mauermuseum, iniciativa do ativista Rainer Hildebrandt de mostrar histórias de quem buscou vencer a fronteira pela falta de perspectiva do que não fosse muro.
Visitantes mais empolgados podem dar uma olhada na banca com artigos vintage, como bandeiras da Alemanha Oriental, casacos militares da ex-União Soviética ou gorros cossacos. Fica na calçada da Zimmerstrasse na esquina com a Friedrichstrasse, perto dos blocos do Muro de Berlim.
Já a tentativa de levar uma vida comum às margens do emparedamento é a base de Panorama Die Mauer (garanta sua entrada para a exposição), exposição que ocupa uma grande estrutura metálica cilíndrica na Zimmerstrasse. A poucos passos da obra de Yadegar Asisi, a Guerra Fria é tema de BlackBox. Como numa caixa-preta de avião, a mostra registra ações dos Estados Unidos e da União Soviética entre 1945 e 1990, época em que o mundo vivia se perguntando: quem iria apertar primeiro o botão vermelho?
Aliás, o próprio Checkpoint Charlie foi cenário de um dos vários momentos de tensão durante a polarização política. Em 1961, um incidente diplomático entre norte-americanos e soviéticos levou seus países a enviaram tanques para a região do posto de checagem. Após tensa negociação entre os presidentes John Kennedy e Nikita Krushev, os veículos foram recuados e nenhum tiro foi disparado.
Hoje, as ruas por onde circularam tanques recebem ônibus de turismo, enquanto militares de mentirinha fazem pose de sentinela em fotos com visitantes.
Alexanderplatz, em Berlim, é a principal praça da capital da Alemanha — ou, pelo menos, a mais conhecida delas. Fica no lado leste da cidade, no Mitte, o bairro mais central. Assim batizada por causa da visita do czar da Rússia Alexander I no início do século 19, a praça já foi palco de manifestações de alemães contra o governo da então Alemanha Oriental. Nos dias atuais, ela atrai turistas em visita a atrações como a Torre de TV de Berlim e o relógio com horário mundial, que completou 50 anos em 2019.
Quando garoto, Berlin Alexanderplatz era todo o meu conhecimento sobre a capital da Alemanha. Corriam os primeiros anos da década de 1990 quando a TV Cultura exibiu a série baseada em romance homônimo, escrito por Alfred Döblin em 1929. Com direção de Rainer Fassbinder, a produção narra a história de um homem que deixa a prisão e recomeça sua vida, tendo a praça como centro dos principais acontecimentos da história.
Sem drama, esperei muito tempo para poder botar os pés na Alexanderplatz. Durante nossa viagem em família pela Alemanha, Nathalia, Joaquim e eu passamos muitas vezes pela praça, fosse porque iríamos subir os 365 metros da Torre de TV e encarar a cidade lá do alto ou porque deveríamos subir ou descer de alguma linha de transporte público (a estação de mesmo nome que funciona ali é bem movimentada.
O que ver na região da Alexanderplatz
Símbolo da urbanização moldada à moda socialista, após a queda do Muro de Berlim a Alexanderplatz passou por mutações até chegar à concepção atual, com prédios que espelham passado e presente da capital alemã. Tudo ao redor parece grande e amplo diante das pessoas, que caminham de um lado para o outro. Essa imensidão toda da praça me fez perder um pouco o senso de direção até.
Atrações como a Catedral de Berlim, a Ilha de Museus (com instituições culturais imperdíveis), o SeaLife & AquaDom (aquário de Berlim) e o DDR Museum (museu que mostra como era o cotidiano na antiga Alemanha Oriental) estão a uma curta caminhada da Alexanderplatz, que funciona como referência e imã. De um modo ou de outro, você quase sempre é atraído para lá.
Bem perto dali, a Unter den Linden, principal avenida da cidade na porção oriental, foi renovada e está cheia de novidades. Após 7 anos de restauração, a Staatsoper acaba de ser reinaugurada, com óperas e concertos na programação. O Humboldtforum é outra atração bastante esperada na cidade. Instalado na Schlossplatz, o espaço de experimentação e instalações, ele será reaberto aos poucos a partir de setembro de 2020. A própria construção, um palácio do século 15, será um atrativo.
Seguindo a pé pela Unter den Linden, chega-se ao Portão de Brandemburgo, símbolo da cisão e da reunificação da Alemanha, com a celebração na noite da queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. É atualmente o maior cartão-postal da capital alemã. Tudo isso fica a uma agradável caminhada a partir da Alexanderplatz.
O Novotel Berlin Mitte tem boa relação custo-benefício. Quando ficamos nesse hotel em Berlim no centro da cidade, perto da Alexanderplatz, achamos que, além de bem localizado, ele valeu a pena pelo preço cobrado diante da estrutura oferecida, boa tanto para negócios quanto para viagens de férias. Estávamos em família — nosso filho tinha então 5 anos — e consideramos a hospedagem bem confortável e atraente para crianças.
Numa região abraçada pelo Rio Spree e por um de seus canais, o Novotel Berlin Mitte fica na Fischerinsel (Ilha dos Pescadores, em alemão). Essa faixa de terreno se estende até a Ilha de Museus (Museumsinsel), atração que se alcança com uma caminhada de 15 minutos a partir do hotel. Para atingir outros pontos turísticos da cidade, a opção é a estação Spittelmarkt de metrô (U-Bahn), a 200 m de distância.
Da varanda do quarto, vimos o entardecer em Berlim. Espaçosa, a acomodação tinha cama queen-size, sofá-cama para até 2 pessoas, ar-condicionado, TV a cabo, frigobar e janelas com isolamento acústico. O banheiro era pequeno, mas bem funcional. Oferecia secador de cabelo e itens de banho gratuitos (xampu e sabonete). Como em grande parte dos hotéis na Europa, a ducha ficava dentro da banheira.
O armário compacto na entrada do quarto, incluía prateleiras e uma área para roupas de pendurar. Ao lado dele e diante da cama, ficava uma larga bancada de trabalho, com várias tomadas, para carregar equipamentos fotográficos, celulares e notebooks.
Preço atraente e wifi: hotel de bom custo-benefício
O Novotel Berlin Mitte oferece rede wireless com acesso gratuito. Hoje em dia wifi free é fundamental, especialmente se você usa aplicativos para se comunicar durante a viagem e se publica nas redes sociais. A estrutura inclui ainda espaço para crianças (que ganham um brinquedinho no check-in), academia, sauna e 7 salas de reuniões. Uma piscina até cairia bem depois de tanta caminhada em Berlim (fica a sugestão). O hotel aceita animais de estimação.
Hotel para família em Berlim
Berlim foi a 1ª parada de nossa viagem em família pela Alemanha. Passamos quase 10 noites na capital, sempre hospedados em Mitte. Primeiro ficamos no NH Berlin Mitte, depois rebatizado para chamado de NH Collection Berlin Mitte am Checkpoint Charlie (o hotel fica realmente perto desse hoje ponto turístico de Berlim). Só saímos do hotel por 1 noite porque havia uma convenção da Deutsche Bahn (empresa ferroviária alemã) realizada no próprio hotel — todos os quartos estavam ocupados apenas para aquela diária, daí termos achado que valeria a pena fazer um bate-e-volta.
Ainda no Brasil, Nathalia pesquisou alternativas localizadas no mesmo bairro e encontrou o Novotel, a 2 estações de metrô do NH Berlin Mitte (ou 10 minutos de deslocamento cronometrados). Deixamos as malas no depósito de bagagens do hotel e levamos apenas uma mochila cada um, com o necessário para dormirmos ‘fora de casa’.
Ainda que só por uma noite, ficamos com uma impressão geral bem positiva do Novotel Berlin Mitte. Além da estrutura de quarto descrita no começo do texto, o hotel atende muito bem a quem viaja com criança. No lobby, uma área de lazer foi testada e aprovada por Joaquim. Pequena, mas bem ajeitada, tinha aqueles tapetes emborrachados para forrar o chão, uma estante com bichos de pelúcia e brinquedos, livros infantis, gibis e um console de videogame.
Café da manhã no hotel ou na padaria perto do metrô
Na noite da chegada, lanchamos no bar do Novotel Berlin Mitte (havíamos nos metido em uma jornada meio maluca para assistir a um jogo do campeonato alemão de futebol num bar, o que acabou não dando muito certo). O hotel possui também o restaurante Novo², de comida mediterrânea. Nele é servido o café da manhã, cobrado à parte.
Nós decidimos sair bem cedo e fazer a 1ª refeição do dia a caminho do metrô (U-Bahn). A estação mais próxima é Spittelmarkt, a 200 metros de distância do hotel. Tomamos café da manhã na movimentada padaria e confeitaria Thürmann. Em frente à entrada da estação, é uma alternativa bacana para começar o dia e ficar um pouco mais enturmado com Mitte, o bairro central de Berlim.
A Unter den Linden é um bom ponto de partida de uma visita a Berlim. Mais tradicional avenida da capital da Alemanha, ela rasga cerca de 1,5 km do centro histórico, conectando alguns dos principais cartões postais da cidade, entre eles, a Bebelplatz, a Staastoper (ópera que reabriu suas portas depois de 7 anos de reforma) e a Universidade Humboldt. O Hotel Adlon Kempinski é um 5 estrelas de nota máxima no quesito localização: a 100 metros do Portão de Brandemburgo, onde a avenida tem início.
Aberta a partir de 1573, a Unter den Linden ganhou forma em etapas, transformando-se progressivamente de zona residencial em comercial até tornar-se região turística, especialmente depois da queda do Muro de Berlim, em 1989. É atualmente território de embaixadas, lojas finas, restaurantes e caminho livre para alcançar atrações como a Ilha de Museus e a Catedral de Berlim.
Dá para dizer que é a avenida mais prussiana de Berlim, cheia de estilo e classe. Caminhando pela Unter den Linden, também a principal via do lado leste, o viajante passa pela Staatsoper e pela Schlossplatz, praça onde em breve será inaugurado o Humbodltforum, espaço de experimentação de arte. Seguindo reto pela Karl-Liebknecht-Strasse, chega-se ainda à central Alexanderplatz e à Torre de TV de Berlim.
De acordo com o site do Humboldtforum, sua inauguração está prevista para ocorrer em etapas, a partir de setembro de 2020. Além das exibições permanente e temporárias, o visitante poderá conhecer a história da construção, um palácio do século 15. Quando estivemos em Berlim em 2014, ali funcionava uma estrutura temporária para exposições, chamada de Humboldt-Box.
Ainda na Unter den Linden, o prédio barroco do Palais Populaire abriga agora arte moderna, com manifestações de literatura, música, dança e esporte. Ao lado, a Staatsoper recebe óperas e concertos. No prédio renovado, há visitas guiadas regulares em alemão, mas o tour em inglês pode ser agendado.
Como praticamente toda a cidade, a Unter den Linden não escapou da destruição trazida pela chuva de bombas durante a Segunda Guerra. No centro da avenida, fica um dos maiores trechos onde se encontram as tílias (em alemão, linden), as árvores que dão nome à via e ganham iluminação especial durante o período de Natal.