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Autor: Fernando Victorino

  • Vila Galé Cumbuco: all inclusive, resort fica perto de Fortaleza

    Vila Galé Cumbuco: all inclusive, resort fica perto de Fortaleza

    Em 2021, quando Nathalia publicou um trechinho de vídeo no Instagram mostrando a varanda de uma suíte do Vila Galé Cumbuco, resort all inclusive perto de Fortaleza (reserve aqui), na hora teve gente querendo saber detalhes da acomodação, o que está incluído na diária, como funciona o hotel no Ceará e até o número do quarto, para poder ter a mesma vista voltada para o mar em caso de reserva no futuro.

    De volta ao resort, quase dois anos mais tarde e sozinho, fiquei hospedado no apartamento família, com duas camas de casal unidas e uma terceira montada ao lado. A configuração do quarto era só um pouco diferente da suíte standard em que Nath e eu dormimos da vez anterior. Naquela época, o Vila Galé Cumbuco havia acabado de inaugurar uma ala nova de apartamentos com vista para a praia.

    Vila Galé Cumbuco
    Suíte familiar pode ter até 2 camas de casal

    O hotel Vila Galé Cumbuco está localizado a 45 km do aeroporto de Fortaleza. A estrada (CE-085) que liga a capital do Ceará ao município de Caucaia é boa, com pista dupla. Já o caminho final (CE-090) apresenta irregularidades no piso. Se for dirigir, como fizemos da primeira vez, tenha cuidado. Alugamos um carro na ocasião. Era a nossa primeira viagem de avião depois de um ano e sete meses quietinhos em casa por conta da pandemia, como contamos no Como Viaja | podcast de viagem.

    vila galé cumbuco
    Suítes da ala nova têm vista para o mar

    Como é o Vila Galé Cumbuco

    O Vila Galé Cumbuco (clique no link para reservar) é uma das duas unidades da rede portuguesa no litoral do Ceará – em 2022, estive no all inclusive Vila Galé Alagoas, aberto pela marca perto de Maceió. O primeiro hotel no Brasil é o Vila Galé Fortaleza, na Praia do Futuro, onde Nath e eu também nos hospedamos durante os dias que passamos na capital do Ceará.

    Em Caucaia, o resort tem 488 apartamentos e 49 chalés, todos com TV, wifi e frigobar. Nas duas oportunidades, a cama se mostrou muito confortável. E o ar refrigerado deu conta de suprimir o calor em ambas as viagens: primeiro, na primavera; agora, no fim do outono. Por isso mesmo, bote roupas leves na mala. Até porque o vento que sopra no Ceará traz mais alívio do que sensação de frio.

    O estado do Nordeste é pródigo nesse fenômeno natural (a alta temporada vai de agosto a novembro). Não raro, a ventania na praia nessa época levanta areia demais, incomodando no contato com a pele.

    Quem melhor aproveita os bons ventos são os praticantes de kitesurf e windsurf, espalhados por quase todo o litoral. Próximo ao hotel Vila Galé Cumbuco, a Lagoa do Cauípe é point desse esporte.

    Vila Galé Cumbuco
    Kites no céu na Lagoa do Cauípe, pertinho do resort

    Em 2021, a gente também topou muito com a turma do kite perto do Zorah Beach Hotel, em Trairi, no Jaguaribe Lodge e no Vila Selvagem, ambos no município de Fortim, e ainda no Café Jeri, na vila ao oeste do Ceará. Se você for para esse último destino, veja também onde ficar em Jericoacoara, o que fazer na vila e região e onde comer por lá.

    O que fazer no resort all inclusive

    No centro do Vila Galé (reserve aqui), a piscina vira o ponto de encontro das atividades promovidas pelo time da recreação. Muita gente passa o dia só ali, à beira d’água, alternando idas ao bar molhado e ao buffet do restaurante próximo (a partir das 11 horas, há opções de churrasco e porções para petiscar até o entardecer).

    Vila Galé Cumbuco
    Piscina e bar molhado: vazios às 7 da manhã, claro

    Quem não tem preguiça de abandonar a piscina costuma dar um pulo no Versátil, onde são servidos café da manhã, almoço e jantar diariamente. Aos sábados, a feijoada traz pertences separados.

    Acima do restaurante principal do resort fica a pizzaria Massa Fina, que faz parte das opções à la carte (conforme o número de diárias, o hóspede tem direito a jantar em um deles). As redondas são boas e não diferem em nada daquelas servidas às vezes no Versátil (achei até melhores durante minha segunda estada no hotel). Do restaurante Inevitável, destaco o sedoso creme de abóbora da entrada.

    Buffet de café da manhã do Versátil na nossa 1ª visita

    Entre as minhas duas passagens, notei menos desperdício no buffet (acho melhor que o macarrão seja feito na hora do que pegá-lo ressecado no rechaud, por isso vale esperar na fila). Percebi também a preocupação frequente com a limpeza das estações de comida e retirada de pratos sobre as mesas.

    O serviço de garçons precisa de ajuste fino na hora de solicitar alguma bebida. Recomendo levantar-se e pegar por conta própria. É um mega problema? Evidentemente que não. O serviço de resort pode não levar tão à risca essa formalidade. Mas fica o registro. O chope Brahma do Versátil é o mais gelado do hotel.

    Lazer inclui campo de futebol de grama (ao fundo)

    Como em todo resort all inclusive não faltam a academia, o clube infantil, campo e quadras. A maior unidade do spa Satsanga fica no hotel Vila Galé Cumbuco (veja mais aqui). Um labirinto de salas de tratamento, saunas seca e a vapor, hidro e piscina coberta. Afastado da praia e da piscina principal, o silêncio prevalece no spa, proporcionando o relaxamento necessário em um ambiente assim.

    Eu passei 3 horas lá dentro. Fiz uma sessão de 60 minutos de massagem relaxante com o azeite de oliva produzido pela própria rede Vila Galé, que também tem as marcas de vinho Santa Vitória e Quinta do Val Moreira, tudo genuinamente português.

    Cumbuco tem o maior spa Satsanga da rede Vila Galé

    Ao azeite foram misturados óleos essenciais (menta, capim-limão e alecrim) e açúcar mascavo (usado na etapa inicial de esfoliação). Do Carmo, há 8 anos no spa, foi muito simpática e competentíssima na execução da massagem. O resultado da minha experiência no Satsanga eu descrevi no Instagram.

    Pé na areia, o Vila Galé mantém espreguiçadeiras na praia. Não há bar de apoio. Fazer uma caminhada seguida de mergulho no mar é recomendável. O hotel no Cumbuco não esconde o orgulho dessa ser a única praia cearense certificada com Bandeira Azul, pela qualidade da água e controle ambiental.

    Desde 2022, os quase 32 km de litoral da região são monitorados pelo Instituto de Meio Ambiente de Caucaia. Autônomo, atua com recursos próprios.

    Caucaia tem a única praia certificada do Ceará

    Licenciado pelo ICMBio, o trabalho dos agentes do IMAC tem incluído a localização e a abertura de ninhos de tartarugas. Bem em frente ao Vila Galé Cumbuco, eu presenciei o nascimento de filhotes da espécie conhecida popularmente como tartaruga-de-pente.

    Outros ninhos estão sinalizados com placas por toda a faixa de areia. A temporada de abertura vai de dezembro a julho. Se viajar com criança, vale ficar atento. Elas se encantam com a fofura dos animais.

    Tartarugas dão os primeiros passos rumo ao mar

    Durante o ano todo, os passeios de buggy são a principal atração de quem está hospedado no Vila Galé Cumbuco. As dunas visitadas estão próximas às lagoas do Banana e de Parnamirim. Em breve, a região vai ganhar uma filial do Alchmyst, clube de praia que está entre as opções de o que fazer em Jericoacoara.

    vila galé cumbuco
    Passeio de buggy: rolezinho clássico no litoral do Ceará

    Depois do jantar, parte dos hóspedes se transfere para a área externa logo após a recepção. Ali rolam apresentações de música ao vivo, com repertório que vai da MPB à sofrência. De quinta a sábado, a boate Blues & Soul abre nos fins de noite. Entre 23h e 3h30, uma estação com lanches rápidos funciona ao lado do bar Fidélio. Última oportunidade de beliscar algo antes de cair na cama e recarregar a pilha para um novo dia.

  • Carnaval em outros países: quais comemoram e como é a folia

    Carnaval em outros países: quais comemoram e como é a folia

    A folia no Brasil ocupa lugar de destaque entre as festas mais tradicionais do país. Tanto que dá até para esquecer que existe Carnaval em outros países. No entanto, a manifestação cultural é encontrada em muitos destinos. Como ocorre por aqui, eles celebram o período anterior à Quaresma (os 40 dias que precedem a Páscoa).

    Mas quais países comemoram e como é a festa? A música, a fantasia e a animação estão presentes no Carnaval nos Estados Unidos, na Itália, em Portugal, na Alemanha, no Uruguai, em Aruba e no Canadá, cada uma ao seu estilo. Na essência, também são festividades de massa, em muitos casos, lembrando a alegria e até a duração da folia brasileira.

    ⁠Carnaval de Venezia⁠ (Itália)

    A tradição começou no século 11, com o povo dançando nas cercanias da Praça São Marcos. O Carnaval de Veneza já foi considerado ilegal, mas virou símbolo da cultura local. As máscaras e os trajes são considerados o traço mais marcante da celebração, que começa duas semanas antes da Quarta-Feira de Cinzas.⁠

    Baile de máscaras, tradição de Veneza – Foto Italia.it

    Fasching de Munique (Alemanha)

    Colônia tem um Carnaval considerado o mais louco da Alemanha, mas é o Fasching que extrapola. Em Munique, as comemorações começam no dia 11/11, pontualmente às 11 horas e 11 minutos – a data funciona como o início da 5ª estação do ano. Esqueça o ziriguidum e o telecoteco. No Fasching, o som vem de bandas e DJ’s. Na Terça-Feira Gorda, a Tanz der Marktfrauen (dança das mulheres do mercado de Munique: o Viktualienmarkt) fecha a festa.⁠ Se decidir encarar a longa festa, veja guia com dicas de Munique: hotéis, passagem, pontos turísticos e mais .

    Carnaval em Munique, o Fasching – Fotos: Turismo de Munique/Divulgação

    Carnaval da Ilha da Madeira (Portugal)

    São mais de 10 dias de festejos, com celebrações de norte a sul na ilha portuguesa. No entanto, a maioria pode ser vivenciada na capital, Funchal. A principal atração é o Cortejo Alegórico, no sábado de Carnaval, quando em torno de 1.500 foliões são esperados para curtir o desfile com carros decorados. Na terça, é a vez do Cortejo Trapalhão, ainda mais descontraído, com a participação de moradores e turistas.

    Mardi Gras (Estados Unidos)

    Em francês, Mardi Gras quer dizer Terça-feira Gorda. Nos Estados Unidos, há Carnaval em três estados. A cidade de New Orleans é sinônimo da festa. Os desfiles passam por locais clássicos, como a Bourbon Street. Colares e adereços são arremessados por quem está nos carros-alegóricos para uma multidão ensandecida e, não raro, bêbada.

    Carnival (Canadá)

    Há o Canadá. E lá tem Québec, que é quase um outro país, de tradições francesas como a celebração de um Carnaval que coincide com a data do Mardi Gras. Tudo começou em 1894 por ideia de empresários e do primeiro-ministro do Québec (viu só como eles são um mundo à parte, com um chefe de governo só deles?). A ideia era dar uma aquecida no inverno rigoroso, mas a coisa só pegou fogo mesmo depois de 1955. A festa tem mascote próprio, o Bonhomme, que ao pé da letra significa bom homem. Ele lembra mais um boneco Michelin de neve.

    Bonhomme, símbolo da folia momesca de Québec – Foto Divulgação

    Por razões óbvias, não é um Carnaval de escassez de vestes, pelo contrário. As temperaturas negativas dessa época do ano em Québec exigem fantasia pesada (gorro, cachecol e luvas etc). Além de um castelo de gelo, as atrações da festa giram em torno de atividades como corrida de trenós, descida de escorregador na neve e corrida de canoas no lago congelado.

    Corrida de canoa no Rio Saint Laurent congelado – Foto: Divulgação

    Desfile de Llamadas (Uruguai)

    Tem rainha, alegoria e batucada. No caso, a força do candombe, ritmo uruguaio. O Carnaval de nossos vizinhos começa no fim de de janeiro e vara março. Cerca de 50 dias de festa que, assim como no Brasil, tem raízes negras.⁠ Na capital uruguaia há inclusive o Museo del Carnaval, um dos pontos turísticos sugeridos nas nossas dicas de Montevidéu.

    Museo del Carnaval, na Ciudad Vieja, em Montevidéu – Foto Divulgação

    Carnaval de Aruba

    O estilo musical é o calypso, originário de Trinidad. A festa surgiu em Aruba como uma mistura de tradições carnavalescas levadas por britânicos nas décadas de 1930 e 1940 com os clubes sociais característicos dos anos 1920. Em 2024, o país comemora 70 anos do seu Carnaval, o maior evento popular da ilha. Há blocos, incluindo infantis, nas cidades de Oranjestad (a capital) e San Nicolas (área com grafites e galerias).⁠

  • Jaguaribe Lodge (Ceará): bangalôs nas dunas e ao sabor do vento

    Jaguaribe Lodge (Ceará): bangalôs nas dunas e ao sabor do vento

    É você olhar umas fotos do Jaguaribe Lodge, no Ceará, para ter vontade de reservar agora este hotel em Fortim, a 130 km de Fortaleza. Com a finalidade de preservar a natureza local, cada bangalô foi erguido todo em madeira sobre as dunas, de forma sustentável.

    Neste trecho do litoral do Nordeste venta muito, de tal forma que o Jaguaribe é point de kitesurfe. Por isso há uma escola da modalidade ao lado do hotel, integrante da associação Roteiros de Charme, da mesma forma que o seu “irmão mais velho”, o Hotel Vila Selvagem, também em Fortim, no lado leste do litoral cearense. Se acaso você também for para Jeri, no lado oeste, confira também onde ficar em Jericoacoara, o que fazer no destino e onde comer por lá.

    Bangalôs de frente para o mar

    Todo mundo tem seu dia de querer mandar tudo às favas (não é bem o lugar para onde eu gostaria de mandar, mas a boa educação manda que eu escreva isso) e de se mudar para a praia, de preferência para um bangalô de frente para o mar, sem nunca mais ter de se preocupar com nada nem ninguém.

    Passarelas ligam os bangalôs sobre as dunas e a vegetação

    Pois deu para viver essa ilusão por uns dias hospedado no Jaguaribe Lodge. O hotel está de frente para a Praia do Canto da Barra, em um trecho do litoral do Ceará que, por enquanto, está livre da massificação encontrada a meia-hora dali, na tradicional Praia de Canoa Quebrada.

    No fim de 2021, o Jaguaríndia Village abriu suas portas na mesma faixa de areia. O novo hotel é voltado ao público de luxo e pertence aos mesmos donos do Jaguaribe. São franceses que começaram a explorar turisticamente a região de Fortim com a construção do Hotel Vila Selvagem, localizado a 15 minutos dos dois primeiros, onde também nos hospedamos.

    Como é o hotel em Fortim

    Em primeiro lugar, o charme do Jaguaribe Lodge está na sua construção. São 23 bangalôs erguidos totalmente em madeira, incluindo janelas, portas e seus travamentos. O projeto privilegia a visão do mar e, primordialmente, os ventos fortes que sopram em todo o Ceará. Recepção, restaurante bem como o spa acompanham o estilo arquitetônico.

    jaguaribe lodge ceará
    Arquitetura das acomodações garante boa circulação de ar

    Os bangalôs têm aberturas que garantem a circulação de ar, suprimindo com facilidade a ausência de ar refrigerado. Há um ventilador de teto sobre a cama, mas o vento que sopra é suficiente para refrescar o quarto. Nath e eu só não dormimos com tudo escancarado porque nossa urbanidade ainda fala mais alto. Nem por isso passamos calor. De madrugada, a força do vento era tamanha que eu até senti o bangalô balançar um pouco, mas faz parte da engenharia, me explicaram.

    Ficamos no Lodge Oceano I, com a praia toda diante dos olhos. Na varanda, além de uma mesinha com duas cadeiras, havia uma rede de solteiro para se largar e admirar a paisagem. Na saída, sugerimos que houvesse a opção de uma rede maior, já que o Jaguaribe Lodge recebe de casais a famílias (eles têm bangalôs com capacidade para 4 adultos e 2 crianças). Se a gente estivesse com o nosso filho, Joaquim, ele poderia dormir em um dos sofás das laterais do nosso quarto.

    Rede na varanda é um convite à preguiça

    Não há televisão nas unidades nem telefone, de modo que toda a comunicação com recepção e room service é feita por WhatsApp. O wifi é ótimo, o que me permitiu editar e botar no ar um episódio do Como Viaja | podcast de viagem enquanto tomava a água de coco de cortesia deixada dentro do frigobar.

    O que fazer no Jaguaribe Lodge

    O hotel atrai muitos praticantes de kitesurf. Eles passam o dia explorando os ventos, que sopram mais forte entre julho e fevereiro. A escola de kite ao lado do Jaguaribe Lodge é para quem já tem alguma noção ou deseja aprender. Segundo o chefe da equipe de instrutores, David Bernard, francês radicado em Fortim por causa do esporte, o mínimo de 6 horas/aula fornece as noções básicas.

    Kite à frente e parque eólico ao fundo: vento sobra no Ceará

    O pedaço da praia em frente ao hotel é bem utilizado pelo povo da pipa voada. Se quiser dar um mergulho sem se preocupar com eles, vá um pouco mais para o lado esquerdo. Se for pra não fazer nada, escolha ficar entre sofás e espreguiçadeiras ou acomodado na varanda do restaurante de praia do hotel.

    Moça pensativa em passeio de barco à beira do mangue

    Se quiser explorar a região, existe a possibilidade de fazer tours de buggy, a cavalo ou quadriciclo. O passeio de barco pelo vizinho Rio Jaguaribe é um clássico da programação local. Nath e eu fizemos esse tour quando ficamos no Vila Selvagem.

    Coquetéis e comidinhas diante do verde mar

    A piscina fica afastada da praia, mas nem por isso deixa de ser interessante. Ao redor dela há três espaços onde se pode fazer as principais refeições. É pedir o que comer e só deixar a água na hora em que o prato chegar.

    Piscina do hotel em Fortim: longe da praia, mas não menos atraente

    Culinária franco-nordestina

    A comida é um caso sério no Jaguaribe Lodge. A gente se hospedou sem levantar informação prévia do lugar. Quando folheamos o cardápio pela primeira vez, chamaram nossa atenção as opções de cortes bovinos. Mas a gente jogou no seguro, pedindo peixe no jantar da chegada (o cenário mudou bastante, mas essa regra de comer pescado quando se está no litoral ainda vale em todo o Brasil).

    Ao procurar por uma sobremesa, meus olhos pararam na tarte tatin by Celian. E então liguei lé com cré, constatando que a cozinha tinha pegada francesa por causa dos proprietários. Gente, eu soltei uns bons palavrões a cada colherada da torta de maçã em camadas, quentinha. Eu já tinha comido tarte tatin anteriormente, mas nunca tão maravilhosa como aquela. Se nada mais te apetecer no cardápio (difícil, tá), coma apenas ela, por favor.

    A pornográfica tarte tatin do Jaguaribe Lodge

    Padaria dentro do hotel

    O café da manhã ampliou esse prazer. Quando a garçonete se aproximou da mesa para nos servir, o cheio de manteiga do croissant chegou primeiro. Ele compunha a cesta de pães absolutamente frescos e quentinhos, todos feitos na padaria que funciona dentro do Jaguaribe Lodge. Mon Dieu c’est parfait! A produção atende ao Lodge, ao Vila Selvagem e ainda está disponível na Zeste Pâtisserie, no centro de Fortim. A gente não deu sorte de pegá-la aberta.

    Panificação francesa à perfeição no café da manhã

    O uso consciente de madeira, a preservação da vegetação e das dunas, o aproveitamento dos ventos como forma de refrigerar as acomodações, tudo isso faz parte de um plano do Jaguaribe Lodge de ser um hotel sustentável. E ele se mostra bem sucedido em sua proposta. Nenhuma dessas práticas diminui a experiência da hospedagem, pelo contrário. É justamente esse charme rústico de hotel na beira da praia – e que não abre mão do serviço nem da boa cozinha – a principal virtude do Jaguaribe Lodge.

  • Hotel Vila Selvagem (Ceará): refúgio a 135 km de Fortaleza

    Hotel Vila Selvagem (Ceará): refúgio a 135 km de Fortaleza

    A praia como quintal, com a areia e o mar a pouquíssimos passos de distância do quarto. Acabo de resumir nossa sensação ao entrar no Hotel Vila Selvagem, no Ceará. É um refúgio a 135 km de Fortaleza, em meio a uma vila de pescadores na cidade de Fortim, antes de Canoa Quebrada. Membro da associação Roteiros de Charme, o hotel é dos mesmos donos do Jaguaribe Lodge e alia charme com boa gastronomia, assinada por chef dono de uma estrela Michelin.  

    Nath e eu nos hospedamos primeiro no Jaguaribe, que fica a 15 minutos do Vila Selvagem. Estávamos com um carro alugado desde a saída da capital, mas há traslados entre o aeroporto e esses dois hotéis de Fortim, que no fim de 2021 ganharam a companhia do Jaguaríndia Village, terceiro empreendimento do grupo. Todos eles estão de frente para o mar, num trecho do litoral livre de aglomeração.

    Mar, areia e jangadas: um Ceará de antigamente em Fortim

    Inaugurado primeiro, o Hotel Vila Selvagem foi erguido na Praia do Pontal do Maceió. A geografia local proporciona experiências muito próprias quando se está nele em relação aos hotéis-irmãos. Em comum aos três, em termos naturais, só mesmo o vento, abundante como em todo o Ceará. Se você também for para a badalada Jeri, no oeste do litoral cearense, confira também onde ficar em Jericoacoara, o que fazer no destino e onde comer por lá.

    Como é o Hotel Vila Selvagem

    Ficamos no Bangalô Royal Oceano. Todas as acomodações têm cama king size, logo o espaço definitivamente não é um problema dentro das acomodações. Elas podem ter vista para o jardim ou para o mar – só não possuem varanda os apartamentos luxo localizados no piso acima do restaurante, mas ainda assim eles estão voltados para a praia.

    Roupa de cama de boa qualidade, amenities L’Occitane en Provence, ar refrigerado, TV e frigobar fazem parte da configuração de todas as unidades.

    Flores do jardim na decoração do quarto

    O Hotel Vila Selvagem consegue passar a sensação de privacidade que casais muitas vezes procuram em hospedagem de charme ao mesmo tempo em que transmite um certo espírito de pousada familiar, em que uma criança pode se divertir sozinha na piscina enquanto seus pais descansam confortavelmente em um dos gazebos ao redor dela. Há uma segunda piscina, reservada e mais próxima ao bar e ao restaurante.

    O menu do restaurante Vila Selvagem teve consultoria do chef Emmanuel Ruz, dono de uma estrela Michelin no currículo. Sua origem francesa se faz presente em receitas combinadas à brasilidade de ingredientes, especialmente os pescados. Escolhido pela Nath, o rigatoni com camarões na cestinha de parmesão fez companhia no jantar ao meu filé de camurim (robalo) e banana, com batatas de guarnição, ambos gratinados. Pela manhã, decidimos trocar o almoço por petiscos, como bolinho de peixe, macaxeira frita e siri.

    Visão e paladar: sentidos estimulados logo pela manhã

    No café da manhã estão presentes os pães de fermentação natural produzidos no Jaguaribe Lodge e também à venda na Zeste, pâtisserie no comércio próximo ao Hotel Vila Selvagem, mas que demos o azar de encontrar fechada nos momentos em que passamos em frente.  

    O fazer no hotel de charme em Fortim

    Faça o delicioso exercício (você nunca imaginou encontrar este vocábulo no Como Viaja, né?) de percorrer a faixa de areia a pé, sem pressa. A gente saiu à direita do hotel e foi encontrando pelo caminho jangadeiros recolhendo suas velas enquanto falavam de mais um dia de saída ao mar; gente local sentada jogando conversa fora e um casal de filhos com os pais curtindo a beira do mar, sendo tocados delicadamente pela espuma final das ondas.

    Cenário encontrado na caminhada pela areia

    Em um cenário poético como esse você pode contratar passeios de buggy ou barco para conhecer melhor a região e testemunhar o pôr do sol, por exemplo. A gente resolveu ver o fim de tarde sentados em espreguiçadeiras na areia, depois de um mergulho. De vez em quando, surgem na água alguns kitesurfistas – bem menos do que diante do Jaguaribe Lodge, habitat natural dessa espécie de esportista. Mas, no geral, a praia do Pontal do Maceió é bem tranquila, um convite ao joie de vivre.

    Pôr do sol na Praia do Pontal do Maceió, no Ceará

    Existe a opção de relaxar com os tratamentos do spa do Hotel Vila Selvagem, que oferece ainda programas completos com duração de uma semana. Se sua ideia de tranquilidade não passa por óleos, cremes nem toques, nossa sugestão é curtir sua varanda de frente para o oceano, sem o celular nas mãos. A gente experimentou um detox digital assim meio sem querer, muito por conta do apagão mundial nas redes sociais, ocorrido em outubro de 2021.

    Sinceramente, pas mal.

  • Botanique Hotel (Campos do Jordão): pós-luxo na serra de SP

    Botanique Hotel (Campos do Jordão): pós-luxo na serra de SP

    Emolduradas por vidro e aço, as montanhas da Mantiqueira me encaram firmemente. Não tomo aquela presença maciça como provocação. Sentado, estou bem acomodado demais para olhar os morros com cara de quem ousasse desafiá-los. O que havia para escalar dessa paisagem Nathalia, Joaquim e eu tínhamos acabado de fazer. Primeiro, por meios próprios, subindo a serra com o nosso carro; depois, na carona do carrinho elétrico do Botanique Hotel, em Campos do Jordão.

    Isso mesmo que você leu, Campos. Admito ter achado por muito tempo que o hotel boutique ficasse na junção dos municípios de São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão. Ele está mesmo é no Bairro dos Mellos, nas franjas da cidade sempre associada à badalação de seu centrinho turístico. Nessa mesma viagem, ficamos no Hotel Toriba, também ótima opção para se hospedar longe do movimento do Capivari.

    Montanhas da Mantiqueira: presença constante em vários pontos do hotel

    Viagem para Campos do Jordão

    As nossas listas com sugestões são constantemente atualizadas. Fazemos uma apuração jornalística para chegar a essa curadoria. No caso de hospedagem, incluem apenas opções com boa avaliação nos sites de reserva.

    O que fazer em Campos do Jordão

    Onde ficar em Campos do Jordão

    Guia gratuito de Campos do Jordão

    A calmaria do hotel, entretanto, em nada lembra a agitação (e afetação) daquela região. Mal havíamos chegado e eu já estava com vontade de morar ali mesmo, no hall de entrada do Botanique. São 13h30 do domingo e o sol da serra arde do lado de fora. Apesar do dia quente, o calor da lareira às minhas costas me traz muito conforto, juntamente com o chá de capim limão e hortelã. Boas-vindas melhor, impossível.

    Como é o hotel em Campos do Jordão

    Tudo passa pelas características do terreno. O projeto arquitetônico privilegiou a visão da Serra da Mantiqueira, então, restaurante, spa e acomodações foram concebidos para valorizar a beleza natural. Além das suítes acima do prédio principal, o Botanique Hotel é composto por vilas espalhadas pela propriedade.

    Suítes do edifício principal do Botanique, em Campos do Jordão

    Estivemos lá logo na nossa primeira viagem após sairmos da quarentena, em 2021, na pandemia. Naquela época, ele havia virado uma unidade da rede Six Senses. O hotel deixou o portfólio da rede no ano passado. Agora, em março de 2023, reabriu após um retrofit, novamente com administração própria.

    Ficamos hospedados na Nodo, uma das vilas mais escondidas e próximas da recepção. Foi como ter sua própria casa de campo. Apesar de o vidro e a madeira estarem presentes na estrutura geral das vilas, a decoração e a configuração delas são diferentes entre si. A nossa tinha uma banheira de imersão dentro do quarto, diante da cama king. 

    | Reserve o Botanique Hotel na Booking |

    Um chuveirão ficava uns degraus abaixo da banheira, cercado por janelas com vista para a mata. Para quem está hospedado a dois, a ideia de contemplar o parceiro(a) com a Mantiqueira ao fundo pode soar sexy. Não há indícios de que alguém te veja do lado de fora, já que lá fica o quintal da vila.

    A suíte Nodo tem banheira diante da cama king; ao fundo, a visão da mata

    Separado por um corredor curto envidraçado, a sala de estar com lareira virou dormitório do Quim. Uma cama foi montada no canto. Diferentemente do nosso quarto, não havia blecaute nem cortina, então a luminosidade preencheu a sala nas primeiras horas da manhã. Por sorte, nosso filho estava tendo aula online, não chegando a ser um problema sair cedo da cama. Exceto pelas baixas temperaturas, típicas em Campos, ainda mais em agosto. 

    Na primeira noite no Botanique Hotel, sentimos um pouco de frio, Joaquim principalmente. Foi pura bobeira nossa mesmo, porque a lareira estava ali, carregada de lenha dentro e fora. E o staff do hotel estava à disposição para ajudar quem tenha dificuldade com o acendimento.

    Café quentinho aos pés da lareira para começar o dia frio na serra paulista

    Aquela ideia de casa de campo é reforçada quando você solicita o café da manhã no quarto, sem ter de tirar o pijama para fazer a primeira refeição do dia. Na noite anterior, deixamos uma lista do lado de fora com os itens que queríamos comer. Tudo era trazido nos carrinhos elétricos, no horário determinado pelo hóspede. Como a manhã estava gelada, trocamos o café na na varanda pela mesinha de centro, sentados nas poltronas, perto do fogo.

    O que fazer no Botanique

    O conceito de experiência está bem traduzido na hospitalidade oferecida pelo Botanique Hotel. Tomamos o café da manhã seguinte na agradável área externa do restaurante Mina, com o cantar dos pássaros da região. No almoço, as mesas próximas aos janelões do salão ampliam essa imersão à natureza, com a visão dos canteiros de onde alguns ingredientes saem diretamente para a cozinha. Ervas e plantas são cultivas em caixas dispostas de acordo com a topografia do terreno, na frente do hotel.

    O spa é um dos destaques do Botanique. Nós três ficamos na parte molhada da área de bem-estar do hotel, que inclui uma piscina isotônica. Com a mesma quantidade de sais minerais do corpo humano, ela proporciona a sensação de flutuar, você simplesmente não afunda. De quebra, admira a Mantiqueira pelo vidro.

    De uso exclusivo dos adultos, a sauna seca do Botanique Hotel também oferece visão das montanhas enquanto à vapor com chuva de floresta tropical faz desabar água do teto de tempos em tempos. Rola até um barulho da tubulação que lembra um trovão prenunciando a tempestade refrescante.

    Piscina isotônica, uma das áreas do spa do hotel na Mantiqueira

    A maior parte dos alimentos consumidos no Botanique vem de pequenos produtores locais, caso da sorveteria Eisland. Vizinha ao hotel, visitá-la é um programa a ser feito quando se está em Campos do Jordão.

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    As nossas listas com sugestões são constantemente atualizadas. Fazemos uma apuração jornalística para chegar a essa curadoria. No caso de hospedagem, incluem apenas opções com boa avaliação de viajantes nos sites de reserva.

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    O próprio Botanique Hotel organiza, com pagamento à parte, tours a fazendas locais, passeios a cavalo e saídas para observar pássaros ou conhecer cervejarias artesanais. Também há mountain bikes à disposição dos hóspedes perto da casa de vidro, na parte baixa do terreno, na chegada ao hotel. É do seu interesse ver um filme na sala de cinema privativa? Acredite, isso também está disponível ali.

    Sombra e espumante fresco durante o piquenique

    E, quando estivemos lá, também fizemos um piquenique sob a sombra de um jatobá mirim, atividade paga separadamente. Foi muito especial. Pouco antes do nosso check out, a gente adorou a ideia de ficar por cerca de três horas saboreando queijos, frios, crepes e pães, encarando as montanhas com a mesma admiração da chegada.  

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  • Pousada do Sandi (Paraty): hotel de charme no centro histórico

    Pousada do Sandi (Paraty): hotel de charme no centro histórico

    Quando criança, eu ouvia falar da Pousada do Sandi, em Paraty, a cada fim de semana, pelo menos. Era botar uma fita alugada de VHS no videocassete e assistir ao comercial que rodava antes de alguns longas começarem. Isso porque Alexandre Adamiu, presidente do Grupo Filmes, teve a ideia de veicular nos filmes distribuídos pela empresa dele anúncios do hotel de charme que deu de presente à mulher, Sandra Foz.

    Trinta anos separam esse meu primeiro contato com o hotel, no centro histórico de Paraty, dos dias em que Nath, Joaquim e eu nos hospedamos lá, debaixo de muita chuva sobre a cidade do litoral sul do Rio de Janeiro. Apesar da localização, são os paulistas que costumam frequentar mais Paraty, que fica praticamente no meio do caminho entre as capitais dos dois estados.

    Vista do quarto de Paraty, cidade entre Rio e São Paulo

    Como eu dirigiria até lá, decidi pegar a Rodovia dos Tamoios e depois tomar a Rio-Santos a partir de Caraguatatuba. A rodovia Oswaldo Cruz e a tradicional estrada Cunha-Paraty são outros caminhos possíveis, mas cheios de curvas fechadas e mais perigosas, menos indicados em dias de chuva.

    Como é a Pousada do Sandi

    Integrante da Associação Roteiros de Charme, a Pousada do Sandi é formada por um conjunto de edifícios restaurados. Você deixa o carro em um estacionamento e segue a pé por cerca de 50 metros até a entrada dela, bem no comecinho do Centro Histórico de Paraty, onde só é permitida a circulação de pedestres.

    Pousada da Roteiros de charme fica num casarão bem conservado

    O casarão do século 18 mescla seus traços coloniais a peças contemporâneas da decoração, com destaque para elementos da fauna e da flora da Mata Atlântica, representados em trabalhos de muitos artesãos locais. Além disso, há memorabílias ligadas ao cinema, como objetos pessoais de Carmen Miranda, um projetor de 35mm e fotos de astros e estrelas. 

    Objetos de cinema estão na decoração da pousada

    Em nosso quarto havia um pôster do filme Gabriela, rodado em Paraty em 1973. A Suíte Sacada tem um balcão que se debruça sobre a rua, o que permite acompanhar o vaivém do povo pelo calçamento de pedra ao estilo pé de moleque. Mas basta fechar as portas anti-ruído para se isolar na tranquilidade da Pousada do Sandi

    Banheiro com amenities Trousseau

    A gente riu muito pelo fato de a cama com dossel ser bem alta, quase obrigando o baixinho aqui a pegar impulso para subir nela. Joaquim dormiu em uma cama de solteiro, junto à parede, que durante o dia tinha almofadas, como num sofá. O tempo ameno por causa da chuva não exigiu que ligássemos o ar-condicionado split. O quarto tinha um excelente banheiro, com amenities Trousseau.

    O que fazer na Pousada do Sandi

    Em dias de tempo ruim como o que a gente pegou, fica difícil curtir um coquetel à beira da piscina ou relaxar na jacuzzi, que até estava protegida por um ombrelone. Com sol e céu azul, estes são dois espaços gostosos para ficar no pátio interno da pousada, cujas instalações incluem spa, academia de ginástica e saunas seca e a vapor.

    Piscina da Pousada do Sandi; do lado, tem uma jacuzzi

    A localização é um trunfo e tanto da Pousada do Sandi. Sair dela e caminhar pelo Centro Histórico é o programa a ser feito, não importa a condição climática – se estiver chovendo, eles emprestam grandes guarda-chuvas.

    Logo na chegada, rodamos as principais ruas e vielas na companhia do Cristiano, guia da Paraty Tours que nos contou histórias da cidade, no passado um importante porto de escoamento de ouro a partir de Minas Gerais e de café paulista, posteriormente. Atualmente, seu nome está mais associado à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e à boa mesa, tendo sido declarada pela Unesco como Cidade Criativa para a Gastronomia. Também fizemos passeios pelo litoral e pela mata com a agência, como a visita à Fazenda Bananal.

    Comprovamos essa fama no café da manhã da Pousada do Sandi, cheio de coisas que amamos comer na primeira refeição do dia. O pão de queijo quentinho merece bis, assim como o bolo de aipim. A garçonete quis saber quantos pedaços mais nós gostaríamos de repetir. “Como a gente vai pegar a estrada para ir embora, não sei, uma meia-dúzia”, disse Nath de forma gaiata. Não demorou e a quantidade veio delicadamente embrulhada. 

    Para quem segue dieta restritiva, há sempre pudim de chia (bom, sem sem gosmento) e bolo sem glúten nem lactose entre os itens do café da manhã.

    Ótimo café da manhã da Pousada do Sandi

    Se você está livre para consumir de tudo, a pousada tem conexão direta com três ambientes propícios aos gulosos: uma loja da Kopenhagen, a Gelateria Miracolo e o Pippo, restaurante com ambiente que remete aos anos 1960, cheio de referências ao cinema italiano da época. 

    Sentados ao lado da foto de Anita Ekberg na cena antológica da Fontana de Trevi em La Dolce Vita, jantamos na última noite. Joaquim, que nunca foi fã de menù per bambini, pediu com responsa o ravioli dello chef, feito com massa preta de tinta de lula e recheado por camarões, vieira e peixe.

    Drinks saborosos (com e sem álcool) no vizinho Apotekhario

    Em breve, os hóspedes da Pousada do Sandi também vão poder acessar facilmente o Apothekario, bar que tem Sandi Adamiu, filho dos fundadores da pousada, como um dos sócios. À base de cumaru, redução de espumante e maracujá, o Passion Tonic é o coquetel queridinho dos frequentadores (incluído este que vos escreve). 

    A simpática bartender Vick Draganov preparou ainda versões sem álcool de drinks para a Nath (vetada pelo departamento médico pelo uso de antibióticos) e para o Joaquim. Ele gostou tanto da brincadeira que até sugeriu tomarmos outros coquetéis na noite seguinte, para espanto e incredulidade de uma senhora que ouviu aquilo, nos encarando com olhar de reprovação. 

  • Mirante do Gavião (Amazônia): hotel de selva, luxo e gastronomia

    Mirante do Gavião (Amazônia): hotel de selva, luxo e gastronomia

    Dia desses, conversando com meu filho, Joaquim, sobre como é o Mirante do Gavião Amazon Lodge, me dei conta de que não havia televisão na suíte onde Nath e eu nos hospedamos durante a viagem pela Amazônia. Não que eu tenha sentido falta de uma, mas é para você entender como é possível viajar e se desconectar do mundo, ainda que parcialmente.

    Isso porque este hotel de selva tem bom wifi nas áreas comuns e nas acomodações, facilidade nem sempre disponível em hospedagens com esse perfil. Detalhe a ser considerado na hora da sua reserva.

    O Mirante do Gavião mescla boa gastronomia e as facilidades e o conforto da moderna hotelaria com elementos de uma viagem de aventura. Ele fica em Novo Airão, município a cerca de 2h30 de carro de Manaus. São duas estradas asfaltadas, a segunda com trechos ruins. O serviço de traslado do hotel garante um motorista experiente para escapar dos buracos.

    Hotel fica diante do Rio Negro, percorrido nos passeios

    O hotel foi construído numa borda da cidade, entre ela e o Rio Negro, o que passa esse ar selvagem para o frequentador. Nath e eu entramos pelos “fundos”, ao desembarcarmos após três noites no barco Belo Shabono, aventura que a gente detalhou na edição 24 do Como Viaja | podcast de viagem.

    Como é o hotel Mirante do Gavião

    O design chama a atenção, com destaque para o restaurante, cuja cobertura remete a uma embarcação de cabeça para baixo. O conceito se estende ao telhado das acomodações. Elas são 12, todas batizadas com nomes de árvores nativas. Ficamos na Piquiá, afastada da recepção e do restaurante. 

    Suíte premium tem varanda e fica em ponto elevado

    Quartos e áreas comuns são conectados por passarelas de madeira, cujo serpenteado deixa a descida em alguns trechos do terreno menos acentuada. O caminho faz você desfilar e admirar suítes especiais como a Castanheira, que lembra uma casa na árvore e tem mirante particular. O uso de madeira prevalece na construção das acomodações. 

    Passarelas conectam as áreas sociais e as acomodações

    Nosso quarto tinha frigobar, mesa de trabalho (alguém pensa nisso aqui?) e amenities Natura. O colchão estava mais afundado no lado esquerdo da cama, lembrando um pouco a curvatura de uma rede; deixamos essa observação na recepção no check-out.

    Como eu disse antes, não havia TV, mas ao abrir as cortinas de duas laterais envidraçadas tínhamos a natureza para admirar. Importante: o ar condicionado é forte para aguentar o calor dos trópicos, algo nem sempre está disponível em hotéis de selva.

    Suíte confortável na selva, com paredes de vidro e cortinas

    Ainda que o banho de rio esteja a poucos passos de distância, a piscina ainda atrai muita gente para ela. Na chegada, enquanto nossa suíte era preparada, Nath e eu sentamos por ali. Liderados pelo pai, uma família um tanto sem noção atirava uma garrafa de água cheia para acertar algo na árvore. Tive a impressão de ouvir de um deles a expressão “colmeia de abelhas”. 

    Registrei com meu celular as tentativas inúteis, inclusive a que fez a garrafa cair no mato e rolar ribanceira abaixo. “Já é a segunda, ontem teve outra”, disse a mãe para o menino, que aparentava ter seus 13 anos. Por sorte, os selvagens estavam de saída do hotel, o que me poupou desgaste maior. 

    O que fazer no lodge na Amazônia

    Arremessar garrafas na natureza, definitivamente, não está nos planos. Até porque a água é um bem escasso, sem falar no descarte incorreto do plástico.

    Os guias do hotel sabem disso, tanto que eles recolhem material encontrado nas paradas de passeios e carregam dentro da embarcação até o destino correto, o lixo. Antenor, nosso condutor durante os dias de hospedagem, fez isso.

    Passeios são feitos de barco a partir do hotel de selva

    O número de diárias no hotel inclui um pacote de atividades. Fizemos trilha interpretativa na mata, visita a uma comunidade ribeirinha e passeio pelas ilhas do Arquipélago de Anavilhanas. Acrescente ainda paradas em dois momentos distintos para banho no Rio Negro, sendo uma delas com botos nas imediações.

    Caminhada com explicação sobre plantas e animais

    Gostaríamos de ter dado uma volta por Novo Airão de bicicleta (magrelas oferecidas pelo hotel), mas não deu tempo. No retorno a Manaus, enfim conseguimos ter ideia de como era a cidade, teria sido legal.

    Diferentemente de outros posts sobre hotéis, hoje o relato da parte gastronômica vem por último porque merece ser degustada pelo leitor com calma.

    Para que os pratos fiquem prontos sem atraso, o hotel sugere aos hóspedes marcarem previamente o horário das refeições e os pedidos. A nossa dica: enquanto a comida não chega, tome um ótimo coquetel da carta elaborada por Alê D’Agostino. O bartender nos persegue desde a viagem a Paraty, quando provamos suas criações no Apothekario, na Pousada do Sandi.

    Drinks e bruschetta de coalho com pesto de jambu

    Assinado pela chef Debora Shornik (Caxiri, em Manaus), o menu do restaurante Camu Camu traz ingredientes amazônicos com preparo e apresentação contemporâneos. A descrição não te diz muita coisa? Se eu contar que repetimos três vezes a bruschetta de queijo com jambu talvez ajude a entender melhor.

    E não é por falta de opção de entrada no cardápio. Foi meio prova dos 9, sabe. “Será que é isso tudo ou a gente deu sorte no almoço?” Garçom traz a entrada no jantar da primeira noite: “Putz, é muito boa mesmo!” Jantar de despedida: “Hoje eu quero só a porção de bruschetta, nem vou comer mais nada, por favor”.

    Mentira, claro. A gente pediu prato principal em todas as refeições. No dia em que fui de arroz de pato, Nath mergulhou no tambaqui em caldo de tucupi… As reticências sugerem que você entenda o resultado dessa aventura ouvindo o episódio 25 do Como Viaja | podcast de viagem, em que ela explica com impressionante riqueza de detalhes.  

    Torta de chocolate com compota de cupuaçu e castanha fresca

    Franguinho grelhado com batata para a senhorita na noite final, costela de porco braseada para o cavalheiro. Da lista de sobremesas, a torta de chocolate com compota de cupuaçu e lascas de castanhas só perdeu na preferência para as entradas.

    Café da manhã excelente do Mirante do Gavião

    Mas a verdade é que o café da manhã, sempre ele, nos fez sorrir como poucas vezes. O mingau de banana verde e tapioca, o pãozinho de batata e o de açaí, os dadinhos de tapioca, o bolo de milho e o de macaxeira, o pé de moleque (mandioca brava com castanha, divina combinação!), os sucos…

    De novo deixo no ar o suspense para sua livre interpretação, dessa vez com um saldo bem positivo em relação à experiência da Nath com o tucupi.

    E aí entra o ponto lá do começo do texto sobre escolher um hotel de selva. O Mirante do Gavião é para quem valoriza comer bem, aprecia design e topa abrir mão só de alguns confortos, como televisão.

  • Tropical Executive: hotel em Manaus, na Praia da Ponta Negra

    Tropical Executive: hotel em Manaus, na Praia da Ponta Negra

    No Brasil dos quase 7.500 km de praias, hospedar-se de frente para um rio pode parecer algo menor, quase sem importância. A visão desimpedida do mar e de suas ondas faz parte da fantasia de quase todo turista, daqui ou de fora. Eu me incluo nesse grupo. Mas admito ter mudado meu conceito quando fiquei no Tropical Executive, hotel em Manaus, diante do Rio Negro.

    Meus olhos ficaram pregados na linha do horizonte. Diferentemente do que (não) se vê no oceano, havia algo possível de se enxergar naquele que é um dos principais afluentes do Rio Amazonas. Apesar de toda aquela imensidão, sua margem oposta estava ali, num perto-longe que me fascinou a partir da piscina de borda infinita. 

    Nathalia e eu havíamos descido com a ideia de abrandar um pouco o calor da capital do Amazonas, mas sequer entramos na água. O pôr do sol nos proporcionou algumas das melhores imagens de toda a viagem, que incluiu um cruzeiro pelo próprio Rio Negro, dias na Amazônia (no Juma Lodge e no hotel Mirante do Gavião), antes de terminarmos a viagem no Juma Ópera, hotel de luxo em Manaus. Pois bem, queridos, eu poderia morar naquele entardecer e nem subir de volta ao quarto.

    Como é o hotel Tropical Executive Manaus

    O Tropical Executive fica na Ponta Negra, bairro de alto padrão de Manaus. A valorização desse pedaço da capital amazonense inclui condomínios residenciais e prédios com vista-rio. É também uma região altamente turística formada pela orla da Praia da Ponta Negra, com bares, quiosques e restaurantes.

    O nome e as salas de convenções não escondem sua vocação de hotel de negócios, mas o Tropical Executive cabe como opção a quem deseja curtir uma praia de rio, mas não terá tempo de experimentar algo assim fora de Manaus. Ainda que a piscina faça forte concorrência nesse caso.

    Todos os apartamentos do Tropical Executive têm ar condicionado (gelaaado), cama queen (ou duas de solteiro espaçosas), banheiro sem firulas, mesa de trabalho, TV e frigobar. As unidades das categorias luxo e tropical possuem varanda. Nas demais, a visão do rio é total ou parcial, caso do superior queen em que dormimos.

    Quarto do Tropical Executive, hotel em Manaus
    Suíte sem firulas no hotel na Ponta Negra, em Manaus

    O que fazer no hotel na Praia da Ponta Negra

    Embora o hotel não ser administre a piscina, seu uso pelos hóspedes é livre mediante a apresentação de uma pulseira, que os funcionários dão no check-in. É possível pedir lanches e petiscos, além de bebida.

    Quando chegamos ao Tropical Executive, faltava ainda 1 hora para o serviço voltar. A gente pediu uma porção de pastéis e refrigerante no quiosque da piscina, que não lança a despesa na conta do hotel. Como eu havia descido sem cartão de crédito ou dinheiro, fiz um Pix.

    Rio Negro, visto do alto do hotel Tropical Executive
    Vista do Rio Negro a partir da suíte do Tropical Executive Manaus

    O hotel não tem academia, mas a proximidade com a orla da Ponte Negra ajuda a quem quer correr ou fazer uma caminhada. Vamos combinar que o visual ao redor é bem melhor do que qualquer esteira em ambiente fechado.

    Em esquema de buffet, o café da manhã é servido no restaurante do hotel, o Maragogi. Apresenta itens básicos como frutas, cereais, pães, bolos, frios, queijos e algumas receitas regionais, caso do x-caboquinho. Sanduíche típico do café da manhã amazonense, ele é a soma de pão francês, queijo coalho, fatias fritas de banana pacovã (da terra) e lascas de tucumã (fruto de uma palmeira da Amazônia). 

     

    Café da manhã do hotel Tropical Executive
    Café da manhã tem especialidades locais, como o x-caboquinho

    O Tropical Executive está localizado a 15 minutos de carro do aeroporto. Com quase o dobro desse tempo se chega ao Centro Histórico, onde está o circuito básico de atrações turísticas, entre elas, o Teatro Amazonas, o Palácio Rio Negro e o Mercado Adolfo Lisboa, todos erguidos durante o apogeu econômico vivido por Manaus com o Ciclo da Borracha, no fim do século 19. Nenhuma obra de engenharia supera o pôr do sol às margens do Rio Negro.

  • Hot Beach Olímpia conta com resort anexo ao parque aquático

    Hot Beach Olímpia conta com resort anexo ao parque aquático

    A última coisa que eu poderia pensar quando estávamos hospedados no Hot Beach Resort, em Olímpia, era “a gente tem mesmo que sair do quarto?”. Ninguém deixa seu apartamento em São Paulo e pega 440 km de estrada para se entocar num hotel no interior paulista. Ainda mais quando se tem aos pés um parque aquático Hot Beach Olímpia com águas termais e atividades de sobra.

    Mas é que eu fiquei positivamente surpreso com a suíte do resort, indicado tanto para quem viaja com filhos de até 12 anos quanto pessoas idosas. Ou seja, é lugar para famílias numerosas, ruidosas, de bem com a vida, que têm na ponta da língua o hit do artista que o Brasil abraça no momento. O Hot Beach Olímpia, parque aquático da cidade no interior paulista, é praticamente o quintal do hotel.

    Existem diversas boas opções de hospedagem. Perto da capital, já estivemos em várias. : o Bourbon Atibaia e o Tauá Atibaia Resort. Excelente para uma escapada, o Mavsa Resort, em Cesário Lange, é único all inclusive de SP.

    Como é o resort Hot Beach, ao lado do parque aquático

    Retomo pelas suítes. Elas são simples, mas confortáveis. Ficamos na Premier Família, com duas camas queen, ar split calibradíssimo para suportar o calor dessa abafada região do estado, ótimo closet, banheiro eficiente e uma varanda maior que a de muito prédio de cidade grande. A nossa unidade tinha vista para o parque aquático do complexo turístico.

    Pia extra e closet no quarto do hotel
    Closet e pia extra, ao lado do banheiro do quarto

    Como na maioria dos resorts, no Hot Beach Resort você ganha pulseiras no check in. A principal delas abre a porta do quarto, dá acesso ao parque e à consumação. Diariamente, você tem direito a gastar até R$ 1.000 em cada pulseira. A emissão de um tíquete ao fim de cada compra ajuda a controlar os gastos – é possível também pedir um extrato na recepção. Joaquim achou ótima a liberdade de poder comprar pipoca, água e sorvete, tudo sozinho.

    Hotel no estado de São Paulo

    As nossas listas com sugestões são constantemente atualizadas. Fazemos uma apuração jornalística para chegar a essa curadoria. No caso de hospedagem, incluem apenas opções com boa avaliação de viajantes nos sites de reserva.

    Hotéis no litoral de SP

    Hotéis no interior de SP

    Resort em São Paulo

    Hotel fazenda no interior de SP

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    A outra pulseira dada na chegada se refere ao pacote contratado: café da manhã, meia-pensão ou pensão completa, sempre com bebidas (alcoólicas ou não) pagas separadamente. A maior parte dos hóspedes fica com a meia pensão, deixando para beliscar nos quiosques e lanchonetes do parque aquático pela manhã. Dessa forma, sobra mais tempo para curtir as piscinas.

    Recepção do Hot Beach Resort
    Átrio do resort Hot Beach, onde fica a recepção

    Todas as refeições do hotel são servidas em sistema de buffet. Para dar vazão ao grande número de hóspedes, há estações espelhadas, ou seja, de um lado e de outro você encontra pratos quentes, saladas, sobremesas. Da grelha saem ao menos dois cortes de carne. Existem sempre duas opções veganas, além de doces sem glúten ou lactose. 

    Sobremesas no Hot Beach Resort, em Olímpia
    Sobremesas nas refeições do hotel

    Há jantares temáticos em alguns dias da semana e caldos toda noite no Hot Beach Resort, em Olímpia. Não falta massa para quem queimou calorias subindo e descendo o toboágua. Nuggets e batatas fritas fazem brilhar os olhos da criançada (e de uns marmanjões também).

    Preparada na hora, a tapioca faz fila no café da manhã. Máquinas automáticas fornecem de espresso a capuccino, mas eu preferi o bom café coado na hora. Pães, bolos, sucos, frios, iogurtes. Para uma operação grande de alimentos e bebidas, impressiona a variedade e a qualidade do que é servido. Para quem acha pouco, há um restaurante de comida japonesa, com pratos à la carte (pagos separadamente).

    Buffet do hotel  do Hot Beach Olímpia
    Buffet de café da manhã bem completo

    Em dezembro de 2021, havia escalonamento dos horários do café e do jantar, a fim de evitar aglomerações. A faixa entre 8 e 9 horas era bem disputada, já que todo mundo queria terminar o café da manhã no horário de abertura do parque – muita gente encara fila antes do funcionamento começar, só para garantir uma cadeira ou espreguiçadeira ao redor da piscina preferida. 

    O que fazer no hotel em Olímpia

    Para se molhar, basta sair do quarto, pegar o elevador, caminhar nem 100 metros e atravessar a catraca de acesso ao parque aquático Hot Beach Olímpia, aberto das 9 às 17 horas (no verão, ele funciona também às segundas-feiras). Com atrações para todas as faixas etárias, de crianças pequenas a idosos, o Hot Beach Olímpia convida a dias de descanso e diversão em família ou entre amigos. Praia com ondas, playgrounds molhados, toboáguas e um gostoso rio para ser percorrido com boias são algumas das atrações.

    Quando o parque fecha no fim de tarde, parte dos frequentadores se transfere para a piscina de águas termais de uso exclusivo dos hóspedes do Hot Beach Resort. Uma equipe de recreação anima o público dentro e fora d’água por cerca de 2 horas.

    Piscina do resort, ao lado do parque aquático
    Piscina exclusiva do hotel, não do parque Hot Beach

    Instalados no 10º andar, a gente ouvia muito pouco o barulho na beira da piscina. As janelas com saídas para o terraço são do tipo antirruído, mas não sei dizer se a coisa funciona com a mesma eficiência nos andares mais baixos. Existe a opção de se hospedar na ala de apartamentos voltada para o estacionamento, mas a vista não é tão charmosa.

    No grande átrio do térreo do Hot Beach Resort, em Olímpia, se concentram os restaurantes, o salão de jogos com dois fliperamas e mesa de pebolim, a pequena academia de ginástica e a brinquedoteca para os bem miúdos. À noite, os bares e as cadeiras ao redor da piscina juntam gente jogando papo fora enquanto outros ainda curtem a água morninha até 22 horas.

    Lojinha do resort em Olímpia
    Lojinha do resort, para souvenir ou comprar algo que esqueceu

    Com roupas, acessórios e lembrancinhas, a lojinha do resort salva a vida de quem esqueceu do absorvente feminino ao protetor solar. Café, refrigerante e água também podem ser comprados ali. O frigobar do quarto fica vazio, então vale a pena levar garrafas de água na viagem e estocá-las. A regra é a mesma para lanchinhos ou biscoitos. Além de ser mais barato, está aí um bom motivo para não sair do quarto quando bater aquela fominha da madrugada.

  • Fasano Boa Vista (SP): hotel de luxo no interior, sem afetação

    Fasano Boa Vista (SP): hotel de luxo no interior, sem afetação

    “O senhor sabe como chegar lá?” A pergunta feita pelo segurança tem o seu porquê. É nossa primeira vez no Fasano Boa Vista, hotel no interior de São Paulo. Estamos em Porto Feliz, a cerca de 1 hora de carro da metrópole. A unidade de campo da tradicional rede hoteleira de raízes italianas fica no km 102,5 da Castelo Branco, sentido capital. Ou você lança esses dados no GPS ou tem de estar atento ao aviso de retorno antes do pedágio que fica neste ponto da rodovia.

    Sem esse aparelho nem sinal de internet (oi, cadê o sinal de celular, operadora?), Nath e eu não podíamos nem apelar para o Waze, como sugeriu o segurança no portão de entrada, onde outros dois agentes zelavam pela proteção da fazenda – algumas famílias quatrocentonas paulistas, outros emergentes e parte do PIB brasileiro se hospedam ou têm casas de fim de semana ali.

    No fim, o condomínio é bem sinalizado, com placas indicando a direção do hotel. Além do mais, a gente é jornalista, bicho fuçador que encontra o que quiser onde estiver. As alamedas têm velocidade controlada, o que ajuda a contemplar a paisagem até chegarmos à recepção do Fasano Boa Vista, 20 minutos depois.

    Veja também outras sugestões de hotéis românticos em SP, hotel fazenda no interior de em SP, resort em São Paulo, hotéis no litoral de SP e hotéis no interior de SP; todos com boa avaliação em sites de reserva.

    Como é o hotel de luxo no interior de SP

    É um hotel Fasano, então espere tratamento de primeira, incluindo serviço de mordomo para desfazer e fazer as malas dos hóspedes. Ainda que tenha um serviço como esse à disposição, os funcionários não te tratam de forma subserviente (acredite, tem hotel no Brasil que ainda vive num pré-1888). 

    Pense no uso de madeira e pedra com elegância, e você entenderá o conceito do arquiteto Isay Weinfeld, autor do projeto do Fasano Boa Vista. Todos os 39 apartamentos (12 deles suítes) estão voltados para o lago artificial, com a visão das montanhas e do pôr do sol. Ficamos no 1º andar, no apartamento deluxe de 60m². As suítes duplex (120m²) e de dois quartos (180m²) têm dois andares e ampla sala de estar.

    Surpresa com balões e fotos ao chegar no quarto

    Na chegada ao quarto tivemos uma agradável surpresa. Balões com fotos instantâneas de momentos de viagem em casal e com nosso filho flutuavam sobre a cama – era nossa primeira viagem a dois na pandemia, após mais de um ano e meio isolados os três em casa. Não é sempre essa mesma ação que ocorre, mas o hotel costuma preparar algo personalizado para cada hóspede. Luxo é isso, senhoras e senhores.

    Todas as acomodações têm cama king size, lençóis de algodão egípcio 300 fios e travesseiros de pluma de ganso. Acrescento à descrição o ótimo blackout da janela, que não deixa os primeiros raios de sol da manhã te acordarem antes da hora. Uma longa bancada em madeira se estende pela parede oposta à cama. Com a pandemia, muita gente fez home office no Fasano Boa Vista, levando a administração a turbinar sua internet. Nath escreveu uma matéria de última hora e fez upload de fotos pesadas sem passar aperto.

    Mesa para trabalho remoto, com boa conexão de internet

    Tudo isso enquanto Frank Sinatra entoava You Brought a New Kind of Love to Me na caixinha bluetooth, parte das facilidades do quarto. Coube a mim a difícil tarefa de selecionar a trilha sonora de dentro da banheira. Não gosta de imersão? A ducha é forte, revigorante. À base de produtos amazônicos, as sustentáveis amenities da Costa Brazil te fazem ter vontade de levar frasquinhos e mais frasquinhos para casa, sem culpa.

    O que fazer no Fasano Boa Vista

    Não andamos a cavalo, não jogamos polo, tênis ou golfe (pena, já que esse é o único hotel no Brasil com dois campos de 18 buracos, um deles assinado pela lenda Arnold Palmer). Então nos restou alimentar o corpo e o espírito. Se você está em um Fasano, é normal criar expectativa pela comida. O menu tem receitas consagradas nos 100 anos de história da marca.

    Atreva-se a sair do convencional e peça o carpaccio Fasano, com tapenade de azeitonas e pinoli. Ele e a ótima burrata caem bem com os drinques elaborados em comemoração aos 10 anos do hotel de campo. O filé mignon ao molho marsala com batatas rústicas é bem generoso na carne, então peça o prato para dividir sem medo de parecer sovina (luxo é não desperdiçar). No máximo, solicite mais batata à parte, se você gosta delas como Nath as ama.

    Saborosa gastronomia no hotel Fasano Boa Vista

    O menu do restaurante do Fasano Boa Vista mescla refinadas receitas de fazenda com clássicos da cucina italiana, como o ravioli de carne com creme padano e o risoto de parma. Outro ponto alto: os pratos não têm invencionices nos nomes. São chamados pelo que realmente são e suas descrições, objetivas : ravioli é ravioli, risoto é risoto (luxo é ser simples, por mais paradoxal que isso seja na sociedade brasileira). Das sobremesas, a massa da cheesecake por si só é deliciosa, tal como gostam os americanos que inventaram essa perdição.

    Buffet de café da manhã no hotel de luxo no interior paulista

    Foram duas noites de hospedagem com direito a café da manhã no salão (buffet) e na varanda do quarto. Nesse caso, solicitamos na véspera ao room service a lista de itens a serem servidos. Eles estranharam não desejarmos iogurtes, frutas (havia uma bandeja no quarto desde o check in). Optamos por manteiga, requeijão, ovos Benedict e a seleção de pães (bem boa, com pão de queijo, croissant, pain au chocolat, pão de mel, francês e um pão de grãos delicioso).

    A gente se arrependeu de ter pedido para montarem a mesa na varanda. Apesar da vista incrível, alguns mosquitinhos (não eram pernilongos) atrapalharam um pouco a experiência. Outros senãos foram o suco de laranja da Nath meio doce demais e o bolo formigueiro seco para o meu paladar. Acontece, são detalhes. Mas o Fasano Boa Vista está na nossa lista de melhores cafés da manhã de hotel certamente.

    Jantar à luz de velas na varanda do Fasano Boa Vista

    Já à noite o jantar romântico na varanda, à luz de velas, foi super gostoso. A escuridão ao redor ampliou a sensação de estarmos só nós dois, num clima intimista. Estando num hotel da marca Fasano, nada mais apropriado do que pedir massas; eu fui com linguiça e a Nath, com camarão.

    Bicicleta estão disponíveis para os hóspedes pedalarem pelo condomínio

    Entre uma refeição e outra, a gente explorou uma fração da imensa propriedade com as bicicletas à disposição dos hóspedes, embora muitos deles optem pelos carrinhos elétricos. Febre local, o uso do veículo exige habilitação e respeitos às regras de trânsito. Blitz educativas e radares de velocidade fazem parte do cotidiano do condomínio, que é quase uma minicidade e tem um pequeno conjunto comercial, com lojas de grife, conveniência e um minimercado.

    Lojinhas na praça ao lado do Fasano Boa Vista

    O shopping a céu aberto fica perto da área da piscina do Fasano Boa Vista. De borda infinita e raia de 25 metros, ela tem uso exclusivo para natação das 9h da manhã ao meio-dia. É uma área gostosa para tomar drinks e ver o pôr do sol.

    Pôr do sol visto da piscina do hotel no interior de São Paulo

    Quem deseja manter a forma ou busca tratamentos estéticos e massagens encontra tudo isso a uma curta caminhada desde a recepção. O Spa Fasano tem academia de ginástica, cardápio com terapias variadas e piscinas.

    Mesmo quem não vai fazer tratamentos pode agendar horário nessa área molhada do spa, incluído no valor da diária. A força da cascata impressiona. Foi o que eu mais gostei porque te passa mesmo uma sensação de estar na natureza e deixa os ombros bem relaxados. No caminho até ela, pedras massageiam os pés. Foi difícil tirar a Nath da jacuzzi com cromoterapia. Nós dois também experimentamos a piscina beeem aquecida.

    Excelente área molhada do Spa Fasano, no interior paulista

    Além disso, Nath e eu desfrutamos do Ritual Bem-Estar, criado para celebrar a década de funcionamento do Fasano Boa Vista. A sessão de 90 minutos começa com escalda-pés de flores e especiarias finalizado com massagem nos ombros. Estreante em spas, eu dormi durante a etapa seguinte: uma terapia corporal relaxante para soltar nódulos de tensão enquanto também ativa a circulação sanguínea. O tratamento original do menu previa ducha escocesa no fim, mas conseguimos trocá-la por mais minutos de massagem.

    Desfrutamos de tudo isso indo no início da semana, momento em que o movimento do hotel estava relativamente tranquilo. Fizemos check out na tarde de quarta-feira, quando teve início na recepção o festival do Dior, fosse no corpo ou nos carrinhos de bagagem. 

    Preciso dizer também que durante as 48 horas que passamos no Fasano Boa Vista não escutamos uma vez sequer o termo diferenciado, esse mantra-muleta empregado na ausência de palavra melhor para definir bom serviço, boa hospitalidade e boa gastronomia.

    Quarto do requintado Fasano Boa Vista

    Atendidos por cerca de 15 funcionários diferentes em dois dias, notamos como cada um deles se mostrou muito bem preparado para responder as mais variadas questões, sem aquele discurso ensaiado que a gente escuta, por exemplo, em alguns hotéis. Chamou nossa atenção a preocupação em antever necessidades do hóspede, até as mais banais. 

    Cito como exemplo a tarde em que eu me peguei admirado com o som alto e estridente de duas aves em uma árvore. Fiquei com a impressão de serem maritacas por causa da plumagem verde. Passando pelo valet, um dos manobristas, que tinha assistido à cena toda a uma distância de uns 150 metros, disse: “são maritacas, senhor”, confirmando meu palpite. Luxo é isso também.