Munique da realeza: pontos turísticos criados por uma dinastia

História dos Wittelsbach em Munique se mistura a pontos turísticos e festividades, como Marienplatz, Oktoberfest, cervejarias, Englischer Garten e igrejas
Em Munique, pontos turísticos estão relacionados à realeza - Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
Em Munique, pontos turísticos estão relacionados à realeza - Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

É muito fácil gostar de Munique. As tradições alemães, que deram fama ao país pelo mundo, estão todas lá. A cerveja deliciosa e seu jardim para bebê-la (biergarten), os tradicionais biscoitos de gengibre em formato de coração (lebkuchen), as áreas verdes e bem cuidadas (o gigante Englischer Garten), a Marienplatz com o centro histórico preservado (ali também reconstruído com precisão após a guerra), a comida alemã e suas apetitosas salsichas. Munique tem todos os pontos turísticos e atrativos de uma Alemanha típica, mas junta a isso características que a diferenciam do todo.

A concentração de velhas igrejas, as vitrines com trajes bávaros (ainda hoje usados), os prédios antigos de paredes pintadas, as festas seculares, as imponentes construções (de estilos arquitetônicos variados). Embora a cidade seja para brasileiros praticamente sinônimo de intermináveis canecos de cerveja na Oktoberfest Alemanha e do bem sucedido Bayern de Munique, time de futebol local, a reunião de beleza histórica e natural com costumes vivos dá à capital da Baviera um permanente ar de nobreza e tradição.

Ainda que o reino da Baviera tenha se estendido apenas de 1806 a 1918, uma única família dominou a região desde 1180. É a mais longa dinastia germânica a permanecer no poder na história da Alemanha. Como duques, depois na forma de eleitores e, posteriormente, como reis de fato, os Wittelsbach mandaram erguer boa parte do que se vê durante uma viagem à cidade do sul da Alemanha. Tirando a região do Parque Olímpico e o complexo da Allianz Arena (estádio do Bayern), os pontos turísticos de Munique são a própria Munique da realeza.

Brasão dos Wittlesbach, na residência dos reis em Munique – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

É o nome desses governantes da dinastia de Wittelsbach que você ouve falar durante sua visita a Munique. Mas quem é aquela gente toda? Ludwig II, o rei do Schloss Neuschwanstein — castelo da Cinderela na Alemanha, o exemplar legítimo, que teria inspirado Walt Disney a criar o da princesa dos contos de fada — até é fácil de reconhecer. Mas e os outros tantos nomes que aparecem nas visitas a atrações? Tudo fica bem mais palpável e divertido se você conhece esses personagens, cujo último representante foi Ludwig III. Até a saída dele do trono, em 1918, a presença dos Wittelsbach no poder ajudou a construir fisicamente a cidade que você vê hoje.

Até o maior patrimônio imaterial de Munique se deve à nobreza. Integrantes da casa de Wittelsbach foram responsáveis pela existência da Reinheitsgebot (lei da pureza da cerveja alemã, que já passa dos 500 anos de existência), pela fundação da Hofbräuhaus (cervejaria hoje internacionalmente conhecida) e pelo surgimento da Oktoberfest Alemanha (a mais emblemática festa da cidade e até do país). Em todo o território alemão, há em torno de 5.000 cervejas distintas, fabricadas em cerca de 1.300 cervejarias. Quase metade delas está na Baviera.

Cervejaria de Munique: a tradicional HofBräuhaus – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Também é muito interessante ver como Munique pode ser uma cidade moderna — evidente nas linhas arrojadas como as do BMW Museum (museu da luxuosa montadora) e nos vários pontos gratuitos de wifi — sem perder a conexão com suas tradições.

A cada 7 anos, é repetida a Münchner Schäffler-Tänzer, dança surgida após a praga de 1517 — a próxima edição será em 2026. O Fasching, Carnaval de Munique, ainda anima a cidade todo inverno, desde 1839. A festa começa às 11h11 de 11 de novembro (11/11) e segue até a data que coincide com a nossa folia. No encerramento, ocorre a lendária Tanz der Marktfrauen, a dança das mercadoras, realizada no Viktualienmarkt, o secular mercado de produtos alimentícios. O Münicher Christkindlmarkt, mercado de Natal, ilumina a Marienplatz, praça central da cidade, até 24 de dezembro.

Mercado de Natal de Munique – Foto: Joachim Messerschmidt/German National Tourist Board/Divulgação

Traçando uma espécie de linha do tempo pela história de Munique, conhecemos importantes personagens, festas centenárias e atrações turísticas erguidas em sua época. Então, vamos embarcar juntos nessa viagem pelo tempo e pelos principais pontos da capital da Baviera?

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Duque Heinrich der Löwe: fundação de Munique e Marienplatz

A história de Munique começa com a Rota do Sal, caminho que levava a mercadoria da alemã Augsburg até a cidade de Salzburg, na Áustria. Heinrich der Löwe (Henrique, o Leão) disputou o poder com o bispo Otto von Freising, que controlava o pedágio sobre o Isar, rio da Baviera por onde passava o trajeto do comércio de sal. Dessa briga pelo comando nasceu Munique, fundada em 14 de junho de 1158. O documento assinado por Friedrich I (Frederico Barbarossa) — imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que teve de resolver o conflito de família entre seu primo Heinrich e seu tio Otto — se encontra no Bayerisches Hauptstaatsarchiv, o arquivo do estado da Baviera.

A ponte construída por Heinrich der Löwe ficava perto de um área ocupada por monges beneditinos, conhecida como zu den Mönchen — em alemão, algo como lugar dos monges. Assim surgiu o povoado cujo nome acabou se transformando em München, como se chama Munique no idioma nacional.

Marienplatz, principal praça de Munique, vista do alto – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

A Marienplatz, principal praça da cidade, é dessa época, embora ainda não tivesse recebido esse nome. O espaço, praticamente do mesmo tamanho do atual, funcionava como um mercado ao ar livre. A praça só ganhou importância ao longo dos anos e segue como o centro da cidade de fato, por onde passam as principais linhas de transporte e onde começam algumas das mais importantes ruas de Munique, como Kaufingerstrasse, Rindermarkt, Rosenstrasse, Weinstrasse, Tal e Dienerstrasse.

O mercado não funciona mais lá, mas a Marienplatz continua sendo o ponto de encontro para festas populares e comemorações — até os jogadores do Bayern festejam seus campeonatos lá com os torcedores.

Duque Otto I: os Wittelsbach chegam ao poder

Por negar ajuda a Frederico Barbarossa em campanhas de conquista de território na Itália, Heinrich der Löwe foi punido pelo imperador com a perda de seus títulos de nobreza. Barbarossa, então, concedeu ao amigo Otto von Wittelsbach o comando do ducado da Baviera em 1180, com exceção de Munique, que voltou ao controle do bispo de Freising. A cidade só chegou às mãos dos Wittelsbach em 1240, quando a Baviera estava sob as ordens de Otto II.

Cavaleiros no novo prédio da prefeitura – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Duque Ludwig IV: nova muralha e seus portões

Apesar de comandar a Baviera por mais de 7 séculos, os Wittelsbach brigaram entre si pelo poder, razão pela qual a região foi dividida em mais de um ducado algumas vezes. Ludwig IV comandou de 1294 a 1347, com diferentes postos, acumulando de 1328 em diante o título de imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Conhecido como Ludwig der Bayer (Luís, o Bávaro), ele foi o mais famoso morador do antigo edifício-sede da corte, o Alter Hof.

Devido ao crescimento da cidade, Ludwig IV mandou ergueu uma nova muralha para proteger Munique, pois a fortificação medieval já não acomodava mais a expansão urbanística. Dos 4 portões da antiga muralha, 3 estão de pé: Isartor, Karlstor e Sendlinger Tor.

Portão da antiga muralha de Munique: Isartor – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Duque Stephan III: início do Residenz

Uma das maiores atrações turísticas de Munique, o Residenz surge nesse período. Foi Stephan III, que governou a Baviera de 1375 a 1392, quem deu início à construção de uma nova sede para o governo, em 1385. O Neuveste, embrião do que se tornaria atualmente a construção, foi demolido no século 19, numa das muitas ampliações que o tornariam um majestoso palácio.

Duque Sigismund: construção da Frauenkirche

Em 1468, um ano depois de assumir o ducado da Baviera-Munique, Sigismund lançou a pedra fundamental para a construção da Frauenkirche. A Catedral de Nossa Senhora, padroeira de Munique, levou 20 anos para ficar pronta e abriga o túmulo do próprio Sigismund, à frente da Baviera entre 1467 e 1508. Inicialmente erguida em estilo gótico-tardio, sofreu reconstruções e ampliações ao longo da história. O par de torres se tornou um ícone da cidade alemã.

Frauenkirche, igreja de Munique -Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

O duque também ordenou que o Alter Hof passasse por reformulações, inaugurando sua característica pintura em losangos.

Duque Wilhelm IV: transferência da corte para o Residenz

Depois de 265 anos de cisões e junções territoriais, a Baviera uniu-se definitivamente em 1505, sob o ducado de Albrecht IV. Seu filho e sucessor, Wilhelm IV, decidiu transferir a corte do Alter Hof para o Residenz logo que assumiu o comando da Baviera, em 1508. O palácio passou a ser sede oficial do poder e residência dos governantes até 1918, com fim do reinado.

O duque Wilhelm IV também entrou para a história por ter promulgado a Reinheitsgebot, em 23 de abril de 1516. Embora ainda não fosse chamada assim, a lei da pureza da cerveja alemã ficou registrada nessa data.

Duque Albrecht V: o salão mais bonito do Residenz

O salão mais imponente de todo o Residenz foi construído sob o governo de Albrecht V, entre 1568 e 1571, numa primeira expansão do Neuveste. Apreciador de antiguidades, o duque mandou erguer uma grande sala, o Antiquarium, para expor sua coleção de esculturas. Mais tarde, no governo de seu filho Wilhelm V, o hall de 66 metros de comprimento passou a ser usado como salão de baile e de banquetes. É, sem dúvida, o mais impressionante espaço de toda a visita ao antigo palácio.

Residenz, antiga residência dos reis bávaros, e seu Antiquarium – Foto: Nathalia Molina

Também graças a Albrecht V existe uma das partes mais reluzentes do Residenz: o Schatzkammer, setor onde está exposto todo o tesouro da Casa de Wittelsbach. Em testamento, o duque deixou o pedido de que a riqueza acumulada pela família permanecesse com seus descendentes.

Duque Wilhelm V: Hofbräuhaus, a cervejaria de Munique

O duque Wilhelm V apreciava uma boa cerveja e não gostava da que era produzida em Munique. Mandava importar de Einbeck, na Baixa Saxônia. Ele governou a Baviera por 18 anos, de 1579 a 1597. O suficiente para deixar um dos maiores patrimônios da cidade: a cervejaria Hofbräuhaus, que mantém um famoso restaurante no centro antigo. O espaço de fabricação própria nasceu em 27 de setembro de 1589.

A Hofbräu, bebida produzida pela casa (o haus, em alemão, que é incluído depois do nome da marca), demonstra já no rótulo sua vocação real: uma coroa dourada repousa sobre as iniciais HB.

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Eleitor Maximilian I: Hofgarten e estátua da Virgem Maria

Entre 1618 e 1648, a Europa foi sacudida por conflitos entre católicos e protestantes. O duque Maximilian I fez uma promessa para que Munique não fosse invadida durante a Guerra dos Trinta Anos. Em agradecimento ao pedido atendido, mandou erguer a coluna da Virgem Maria na principal praça da cidade. Desde 1638, o monumento é um dos símbolos da Marienplatz (em alemão, Praça de Maria), que foi batizada assim muito tempo depois, já no século 19. Em 1623, a fidelidade à Igreja Católica rendeu a Maximilian I, duque da Baviera desde 1597, a elevação ao posto de eleitor, com direito a voto para escolher o imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Uma versão curiosa da história diz que a proteção durante a guerra se deve na verdade à boa bock produzida em Munique. Segundo texto publicado no site da cervejaria, 362 baldes da bebida fabricada pela Höfbräuhaus teriam sido dados ao exército sueco, que terminou por se render à cerveja da paz.

Hofgarten, um dos jardins de Munique – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Fato mesmo é que, durante o governo de Maximilian I, príncipe-eleitor da Baviera até 1651, Munique viu a mais expressiva expansão do Residenz, com a construção de muitas das alas que dão ao palácio à magnitude atual. Vizinho à construção, também foi criado em 1613 o Hofgarten, belo jardim real de linhas geométricas.

Eleitor Ferdinand Maria: Theatinerkirche e Schloss Nymphenburg

O catolicismo é muito presente na história (e segue ainda na vida) de Munique. Além da coluna da Virgem Maria na Marienplatz, importantes edifícios da cidade foram erguidos por governantes bávaros para demonstrar sua fé.

Coluna da Virgem Maria e torre da igreja Alter Peter – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Agradecidos pelo nascimento do tão esperado filho, após uns 10 anos de casamento, o eleitor Ferdinand Maria e sua mulher, a italiana Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, mandaram erguer, a partir de 1663, um mosteiro e a Theatinerkirche, para a ordem dos Teatinos ou de São Caetano. Nessa igreja amarela da Odeonplatz, praça em frente ao Residenz, estão enterrados muitos dos membros da dinastia Wittelsbach, incluindo o primeiro rei da Baviera, Maximilian Joseph I.

A devoção do casal não parou por aí. Eleitor da Baviera entre 1651 e 1679, Ferdinand Maria ordenou, em 1664, a construção do Schloss Nymphenburg, palácio de verão, também em gratidão pelo filho, Maximilian Emanuel II, nascido 2 anos antes.

Eleitor Maximilian Emanuel II: expansão de Nymphenburg

Como eleitor, no poder da Baviera entre 1679 e 1726, o palácio de verão tomou sua forma grandiosa. Ao edifício central, em 1701, foram adicionados 2 pavilhões simétricos, um de cada lado. A maior expansão do Nymphenburg começou 14 anos depois, com a reconstrução da parte central do palácio, a rica decoração de diversos cômodos e a reformulação da área externa, ampliada até o presente tamanho.

Palácio de Nymphenburg – Foto: Bernd Roemmelt/Turismo da Alemanha/Divulgação

Outro feito de Maximilian Emanuel II foi ter comprado 12 quadros que, mais tarde, vieram a ser as primeiras pinturas da Alte Pinakothek, a antiga pinacoteca da cidade.

Eleitor Karl Albrecht: Ahnengalerie e Amalienburg

Ao visitar o Residenz, não deixe de ver a Ahnengalerie (Galeria Ancestral), sala com pinturas de todos os membros da dinastia Wittelsbach. A execução da obra, que mostra as conexões da família que dominou a Baviera por mais de 7 séculos, foi a primeira medida adotada por Karl Albrecht assim que chegou ao poder, em 1726.

Ahnengalerie, a galeria dos antepassados – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Em continuidade ao legado de seu pai no Nymphenburg, Karl Albrecht ordenou a construção de uma sala de caça anexa ao palácio principal. O projeto levou 4 anos para ser concluído. Ápice do estilo rococó em Munique, o palacete Amalienburg foi um presente dado pelo governante à esposa, Maria Amalia, da Áustria.

Eleitor Maximilian Joseph III: Cuvilliés-Theater e animais do Tierpark

A tradição da ópera italiana já existia na corte bávara desde o eleitor Ferdinand Maria, casado com Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, nascida na Itália. Mas foi Maximiliam Joseph III quem mandou erguer no Residenz um teatro para essa expressão artística, 6 anos após assumir o controle da Baviera, em 1745. No Cuvilliés-Theater, Wolfgang Amadeus Mozart estreou algumas de suas grandes óperas, como La Finta Giardiniera.

Teatro Cuvulliés no Residenz – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Até deixar o posto de eleitor, em 1777, Maximilian III também começou a colecionar animais exóticos no Nymphenburg. Foram eles que deram origem ao conjunto visto no Tierpark Hellabrunn, zoológico de Munique, aberto e assim batizado apenas em 1911.

Zoológico de Munique, o Hellabrun- Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Eleitor Karl Theodor: Englischer Garten, o parque do povo

Originário de uma ramificação dos Wittelsbach, Karl Theodor comandou a Baviera entre 1777 e 1799. Não foi o mais popular dos líderes, mas curiosamente foi quem deixou um dos maiores legados públicos de Munique: o Englischer Garten. O Jardim Inglês ganhou esse nome por não seguir o estilo geometrizado do paisagismo francês, mas por respeitar as formas da natureza. Trata-se de um dos maiores parques urbanos do mundo, a grande área de lazer dos habitantes de Munique desde 1789.

Englischer Garten, com parquinhos para crianças – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

A exemplo de seu antecessor, Maximilian Joseph III, a ópera também estava entre as paixões de Karl Theodor, que encomendou uma a Mozart . Em 1781, o compositor estreou Idomeneo no Cuvilliés.

Rei Maximilian I: Viktualienmarkt e Nationaltheater

A Baviera virou um reino em 1806. Após a aliança formada com Napoleão Bonaparte, que buscava expandir seus domínios sobre a Europa, o eleitor Maximilian Joseph IV trocou de posto e de nome. Passou a se chamar rei Maximilian I, permanecendo no trono até a morte, em 1825.

Ainda como eleitor, ele decretou que o mercado de alimentos se transferisse da Marienplatz para a região onde hoje está o Viktualienmarkt, área de Munique com bancas de produtos frescos e delicioso biergarten.

Viktualienmarkt e suas barracas de comida – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Na condição de rei, Maximilian promoveu modificações no Residenz e no Nymphenburg. A mais significativa delas foi a transformação do estilo barroco francês dos jardins do palácio de verão, incorporando a eles trechos em que prevalecem formas naturais, ao gosto inglês, sem traços geométricos.

Também foi Maximilian I quem mandou erguer primeiramente o Nationaltheater. A edificação pegou fogo e foi reerguida por duas vezes, antes de ser novamente destruída durante os bombardeios da Segunda Guerra. A atual casa da Bayerische Staatsoper (ópera da Baviera), na Max-Joseph-Platz — praça com uma estátua do rei no centro — reconstitui o desenho original em escala superior: com 2.101 assentos, é o maior teatro de ópera da Alemanha.

Maximilian Joseph I, primeiro rei da Baviera – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Rei Ludwig I: Oktoberfest, Pinakothek e Bayerischer Hof

Ludwig I não foi um modelo de rei do qual os bávaros sentissem orgulho, tanto ele que acabou abdicando ao trono, em 1848. Em compensação, o nome dele está associado à origem de uma das festas populares mais famosas do mundo. A inspiração para a atual Oktoberfest Alemanha surgiu da grande festa de casamento do então príncipe Ludwig com Therese de Saxônia-Hildburghausen, em 1810. Um acontecimento que contou com a participação do povo de Munique. Nascia assim a tradição da Oktoberfest, a festa da cerveja que atrai milhões de pessoas anualmente a Munique, e que ganhou versões similares mundo afora.

Oktoberfest Munique, na Alemanha – Foto: A Kupka/Divulgacao

Nos anos de seu reinado, com início em 1825, Ludwig I enfrentou uma revolta popular pelo aumento do preço da cerveja. Logo ele, apreciador da bebida e um dos frequentadores assíduos da cervejaria Hofbräuhaus. As artes também estavam entre as predileções do rei, que ordenou a construção da Alte Pinakothek, em 1836, a fim de compartilhar as obras de seu acervo pessoal com o povo de Munique. Ele também foi responsável pela criação da Neue Pinakothek, museu público dedicado à arte contemporânea, que terminou sendo inaugurado em 1853, no reinado de Maximilian II.

À medida que cidade se desenvolvia, era necessário também ter um hotel de primeira classe capaz de receber visitantes estrangeiros. Um empresário do ramo de locomotivas aceitou a sugestão de Ludwig I e construiu o Bayerischer Hof. Desde que abriu as portas, em 1841, o hotel até hoje hospeda autoridades, artistas e celebridades que passam por Munique.

Hotel de luxo em Munique: Bayerischer Hof – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Ludwig I também é responsável pelo Feldherrnhalle, erguido entre 1841 e 1844 na Odeonplatz. Embora a loggia (construção coberta, aberta na frente e na lateral) tenha sido idealizada para homenagear o exército bávaro e seus generais, ela ficou associada ao episódio conhecido como Putsch de Munique, uma tentativa de golpe frustrada do nazista Adolf Hitler, em 1923.

Feldherrnhalle e a torre da Theatinerkirche – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Rei Maximilian II: Maximilianstrasse e Bayerisches Nationalmuseum

O endereço mais chique de Munique, a Maximilianstrasse, leva o nome do rei que planejou e iniciou a abertura dessa avenida, em 1853, após 5 anos de sua chegada ao trono. Nos dias de hoje, marcas como Gucci, Louis Vuitton, Bulgari e Dior ditam a moda e fazem companhia ao luxuoso hotel Vier Jahreszeiten Kempinski Munich.

Compras de luxo em Munique na Maximiliamstrasse – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

Também foi de Maximilian II, que governou a Baviera até 1864, a ideia de criar o Bayerisches Nationalmuseum, museu que desde 1855 expõe obras da Idade Média, do Renascimento, do Barroco até meados do século 19 e de Art Nouveau. O coração do acervo é composto por peças pertencentes à dinastia Wittelsbach.

Ludwig II: Castelo de Neuschwanstein

Apesar de permanecer no trono de 1864 a 1886, Ludwig II perdeu prestígio logo 2 anos depois de assumir o controle da Baviera, subjugada pela Prússia. Durante os 20 anos restantes, o monarca se dedicou às artes e a obras arquitetônicas grandiosas.

Admirador de Richard Wagner, patrocinou o compositor. Tristão e Isolda estreou em 1865 no Nationaltheater. Excêntrico, Ludwig II levou a Baviera à falência com seus projetos gigantescos, como o Schloss Neuschwanstein, inspiração para o Castelo da Cinderela. Por isso, é conhecido como o rei dos contos de fadas. Curiosamente, o monumento é hoje uma atração internacional, no topo da lista das que mais levam turistas a Munique e à Alemanha.

Mais famoso castelo da Alemanha: Neuschwanstein – Foto: Jim McDonald/ GNTB/Divulgação
Na viagem, tivemos apoio do Turismo de Munique, com hospedagem no Hotel Bayerischer Hof e com bilhetes de transporte público na cidade alemã

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