Autor: Fernando Victorino

  • Englischer Garten, o parque de Munique

    Englischer Garten, o parque de Munique

    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

    É o quintal dos moradores de Munique. E também a praia, a academia, o bar ao ar livre. No Englischer Garten cabe tudo isso. Nathalia e eu conhecemos esse imenso parque urbano durante nossa viagem em família pela Alemanha. Estivemos por lá com nosso filho, Joaquim, no início da primavera, curiosamente a estação do ano em que o Jardim Inglês foi aberto ao público, em 1789.

    Mas se engana quem pensa que o parque atrai moradores e turistas apenas quando Munique começa a ser tomada pelo sol e pelo calor. A geografia e a estrutura do Englischer Garten garantem lazer e diversão em qualquer tipo de clima. Contra ‘fotos’ não há argumentos, e nossas imagens comprovam ser possível passear no parque em dias gelados também (toucas e cachecóis são adereços bem-vindos).

    CACHECOL E TOUCA CONTRA O FRIO
    CACHECOL E TOUCA CONTRA O FRIO

    Como é o maior parque de Munique

    Com 4,17 km² de extensão, o Englischer Garten é um dos maiores parques do mundo, ao lado dos conhecidos Central Park, de Nova York, e Hyde Park, de Londres. Ele está dividido em dois setores: o lado sul (o Jardim Inglês) é um convite ao movimento, às atividades esportivas e de lazer; ao norte (Hirschau), a tranquilidade faz qualquer um esquecer que se está em um parque urbano.

    Diferentemente do aspecto barroco e geometrizado dos jardins franceses, o estilo inglês se caracteriza pela preservação das formas naturais da vegetação, sem obediência à simetria.

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    munique-mapa-do-jardim-ingles-englischer-garten-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaPainéis com o mapa do Englischer Garten são encontrados com relativa facilidade. Mesmo assim, numa bifurcação, ficamos em dúvida sobre qual direção tomar para chegarmos aos pedalinhos do Kleinhesseloher See, maior lago do parque. Pedimos ajuda a um casal que passeava com um bebê. Eles foram super gentis ao explicar que estávamos mais perto do que imaginávamos. Perguntaram de onde éramos, e o alemão contou já ter estado no Rio quando ainda não era casado.

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    KLEINHESSELOHER SEE, O MAIOR LAGO DO PARQUE

    Pela segunda vez naquela viagem encontrávamos com alguém de Munique que conhecia o Brasil. A outra foi numa parada no biergarten do Viktualienmarkt. Aliás, o Englischer Garten oferece nada menos do que 6 biergartens. Desses, o maior jardim de cerveja é o da Torre Chinesa, com capacidade para 7.000 pessoas sentadas. Nós descemos do ônibus justamente na parada da Chinesischer Turm e logo encontramos mesas e canecas bem grandes pela frente. Tínhamos na mochila fruta, biscoitos e suco de maçã — um clássico experimentado a rodo por Joaquim durante nossa temporada germânica. Em frente ao biergarten, um parquinho é ocupado pelas crianças. Nosso menino testou todos os brinquedos disponíveis enquanto Nath e eu nos submetemos ao trabalho árduo de beber uma genuína HB (oh, vida cruel!). Outro biergarten bem conhecido fica às margens do Kleinhesseloher See, aquele lago dos pedalinhos.

     O que fazer no Englischer Garten

    No principal parque de Munique, esportistas experientes ou ocasionais podem pedalar, correr ou andar por seus 78 km de trilhas. Há também caminhos para os que curtem equitação. Praticantes de slackline se apoderam das árvores (e são muitas, viu). E o futebol é jogado em alguns pontos do parque.

    Além de modalidades convencionais, o Englischer Garten é famoso também entre os adeptos do surfe. Ladeado pelo Isar (rio que corta a cidade de Munique), o parque possui 8,5 km de cursos d’água. Num desses canais, chamado de Eisbach, surfistas desafiam a forte correnteza, seja no verão ou debaixo de neve. Até 2010, subir na prancha por ali era proibido. De lá para cá, público e câmeras testemunham performances radicais.

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    PEDALINHOS DO LAGO

    No verão, Munique registra temperaturas que passam da casa dos 30 graus (a média fica perto dos 23). Nessa época os frequentadores se refrescam no Rio Schwabing ou ficam largados no gramado para um banho de sol. Um dos espaços mais concorridos situa-se entre o Monóptero, construção em estilo grego que lembra um coreto, e a Japanisches Teehaus (Casa de Chá Japonesa). Na região conhecida como Schönfeldwiese, o nudismo é liberado.

    Se molhar o corpo ou ficar peladão não for suficiente para aliviar o calor do verão de Munique, beba algo num dos biergartens do parque. Ou experimente o frescor de uma volta de pedalinho no Kleinhesseloher See. Nath gravou nosso passeio, enquanto eu estava no comando da modesta embarcação, morrendo de medo de trombar com os patos que nadam muito perto para aproveitar a corrente d’água formada pelo pedalinho.

    Durante o rigoroso inverno alemão, o lago congela e se transforma em um rinque de patinação. Enquanto isso, na colina onde está o Monóptero, o verde do gramado é coberto por uma grossa camada de neve. Deslizar naquela pista branca a bordo de um trenó é o grande barato — tem gente que escorrega também ao melhor estilo skibunda.

    Seja qual for a estação, certo é que um passeio pelo Englischer Garten é tudo menos uma fria.

    VALE SABER

    transporte-em-munique-metro-como-chegar-ao-englischer-garten-em-munque-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaTransporte: Como tínhamos visitado a Allianz Arena e o Museu do Bayern pela manhã, saímos da região do estádio usando o metrô. Tomamos a linha U6 (Fröttmaning) e descemos 8 estações depois. Giselastrasse é também o nome da parada de ônibus que fica na Martiusstrasse, rua ao lado da saída do metrô. As linhas 54 (Lorettoplatz) ou 154 (Bruno-Walter Ring) cortam as ruas internas do Englischer Garten. Descemos 5 minutos depois, na parada Chinesischer Turm, a Torre Chinesa.

    Anoitecia quando voltamos. Saímos pelo portão próximo ao lago Kleinhesseloher e demos uma baita volta pelo lado de fora do parque até alcançarmos a estação Giselastrasse do metrô, nosso ponto de partida no passeio.

    Funcionamento: O Englischer Garten fica aberto todos os dias

    Preço: Grátis

    parque-em-munique-jardim-ingles-englischer-garten-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaAlimentação: Parque chama piquenique, e o gramado do Englischer Garten é um convite a estender a toalha e espalhar guloseimas. Encontramos quiosques para comprar água e lanches ao longo do parque. Se quiser se acomodar melhor, sente-se à mesa do biergarten da Torre Chinesa, por exemplo, pegue uma cerveja e petisque algo (nós compramos uma porção de fritas). Ah, não esqueça de recolher o lixo. A administração do parque coleta 120 toneladas de resíduos por ano. Então, faça a sua parte!

    Para quem deseja mais conforto, há restaurantes típicos que funcionam dentro do parque. A maioria tem salões confortáveis e amplos, alguns com decoração sofisticada. São as áreas externas desses estabelecimentos que encorpam os jardins de cerveja do parque. Casos do Seehaus, ao lado do lago Kleinhesseloher, do Hirschau — esses dois ficam próximos e possuem parquinho para crianças. Tem ainda o Zum Aumeister e o MilchHäus, que só serve comida e cerveja 100% orgânicos. E uma versão menor da cervejaria Hofbräuhaus também é encontrada por lá.

    Site: englischer-garten-muenchen.info

  • Chinesischer Turm, a Torre Chinesa de Munique

    Chinesischer Turm, a Torre Chinesa de Munique

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    DO PONTO DE ÔNIBUS À TORRE: LEVE CAMINHADA

    De todas as atrações encontradas no Englischer Garten, em Munique, a Chinesischer Turm (Torre Chinesa) é a mais conhecida e icônica. E olha que estamos falando de tudo o que há para se fazer e ver em um dos maiores parques urbanos do mundo!

    Projeto do arquiteto Joseph Frey — inspirado no pagode chinês do Kew Gardens, de Londres — a Torre Chinesa foi erguida em 1790. Uma estrutura toda em madeira, com 5 andares e 25 metros de altura, e que precisou ser reconstruída depois de ser atingida por bombardeios durante a Segunda Guerra.

    Nossa visita ao Jardim Inglês começou justamente por ali. Nathalia, eu e o nosso filho, Joaquim, descemos do ônibus na parada que leva o nome da torre em alemão (Chinesischer Turm). Caminhamos um pouco e logo nos defrontamos com ela e com o não menos impressionante biergarten que se esparrama a seus pés.

     

     

    O que fazer na Torre Chinesa

    Naquela tarde de primavera o movimento era pequeno. Com capacidade para acomodar até 7.000 pessoas sentadas, não tivemos problema para achar um lugar no segundo maior jardim de cerveja de Munique.

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    JOAQUIM SÓ DE OLHO NAS POMMES FRITES

    Você compra o que comer e beber ali mesmo. Há quiosques que vendem cerveja, salsichas e outras comidas típicas. Pedimos uma porção de fritas e dois canecões de HB. Para o Quim, tínhamos levado frutas, biscoitos e suco de maçã.

    Verdade é que nosso menino mal comeu, com exceção da batata que, como de costume, ele atacou. Depois, saiu em direção ao parquinho que fica em frente. Quim se acabou de tanto subir em cordas e de subir e descer no escorregador. Voltou com calça cinza por causa das aterrissagens na areia! Esses brinquedos ficam bem ao lado do lendário carrossel, construído em 1913. Era março e estava fechado. Ele funciona entre abril e outubro, em dias de tempo bom, sempre a partir das 14 horas.

     

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    PARQUINHO EM FRENTE AO BIERGARTEN

    Quando há festas em torno da torre

    TORRE CHINESA
    BIERGARTEN: ATÉ 7.000 PESSOAS SENTADAS

    Nath e eu ficamos sentados conversando, feito dois locais. Não havia só turistas. O parque e, consequentemente, a torre são do povo de Munique o ano inteiro — no verão bomba, como quase todo o Englischer Garten. Em julho, o Kocherball é um evento de dança folclórica que atrai cerca de 20.000 pessoas fantasiadas para a Torre Chinesa.

    A partir da última semana de novembro, o fim do ano na Chinesischer Turm é do mercado de Natal. Nas barracas caprichosamente decoradas e iluminadas, o visitante pode comprar presentes, artesanato e guloseimas, entre elas o glühwein, vinho quente típico dessa época do ano. Para as crianças há desde oficinas para fazer seus próprios enfeites de Natal a brincadeiras e jogos, como o curling (a pista montada no parque tem 18 metros de comprimento).
    Do lado da torre tem também o estande da única empresa autorizada a fazer passeios de carruagem pelo parque e pela área de pedestres de Munique (kutschen-muenchen.de)

    VALE SABER

    Transporte: A partir da Marienplataz, tome o U6 rumo a Fröttmaning, desça na estação Giselastrasse, que também é o nome da parada de ônibus que fica na Martiusstrasse, rua ao lado da saída do metrô. As linhas 54 (Lorettoplatz) ou 154 (Bruno-Walter Ring) cortam as ruas internas do Englischer Garten. Descemos 5 minutos depois, na parada Chinesischer Turm, a Torre Chinesa.

    Funcionamento: A Torre Chinesa fica aberta todos os dias

    Preço: Grátis

    Alimentação: Atrás da torre funciona um restaurante que organiza um banquete de Natal (mediante reserva). No restante do ano, o Chinesischer Turm Restaurant & Biergarten funciona todos os dias, entre 11h30 e 18 horas. Com 4 salões e capacidade para receber até 120 pessoas, serve menu de 2 e 3 pratos na hora do almoço a preço fixo.

    Site: chinesischer-turm.de

  • Biergarten, jardim de cerveja na Alemanha

    Biergarten, jardim de cerveja na Alemanha

    O que fazer em um biergarten de Munique? Beber e conversar nestes jardins de cerveja, que lotam de turistas e habitantes no verão. Conhecemos três deles e explicamos por que é um programa para ser feito até em família.

    A bandeja pesa, mais até do que a mochila nas costas. Os olhos varrem o horizonte. Não há lugares disponíveis. Aparentemente. Mesmo sem ter vocação para garçom, você ousa dar alguns passos, ganha confiança ao ver que os pratos ainda não caíram no chão, mas segue sem encontrar um espaço onde possa apoiar aquilo tudo. De repente, alguém tenta te puxar pelo casaco. Você olha para trás e se depara com bochechas rosadas, sorriso amistoso, palavras num carregado alemão e um gesto que dispensa tradução.

    Pronto. Você acaba de descobrir na prática a primeira regra dos biergartens na Alemanha: a da boa convivência. Dois velhinhos, respeitosamente escoltados por canecões de cerveja, convidavam Nathalia, Joaquim e eu para sentarmos com eles. Nossa estreia num biergarten foi no Viktualienmarket, mercado em Munique.

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    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

    Na capital da Baviera, cerveja é assunto sério. Foi lá que, em 1487, o duque Albert IV instituiu que a toda bebida produzida em Munique só seria considerada pura se levasse apenas três ingredientes em sua fabricação: cevada, lúpulo e água. Um mastro fincado no centro da praça onde estávamos ilustra esse decreto. Posteriormente, com a reunificação da Baviera, foi instituída pelo duque Wilhelm IV, em 1516, a lei da pureza da cerveja alemã para toda a região — que em 2016 completou 500 anos.

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    LEI DA PUREZA: MARCO DA CERVEJA ALEMÃ

     

    O que é um biergarten

    A beleza está na simplicidade. Uma das experiência mais bacanas na Alemanha é se sentar num biergarten. Os jardins de cerveja são áreas de reunião ao ar livre, de comunhão. Um canto para aproveitar o clima quente quando ele finalmente dá as caras naquele pedaço da Europa. Nos restaurantes, se existe uma área com mesas ao ar livre para as pessoas se sentarem e beberem cerveja, o lugar é chamado de biergarten. O espaço pode ser na frente ou no quintal e inclui mesas de madeira com bancos compridos. Por isso, você vai ouvir falar muito de biergarten se estiver viajando pela Alemanha, especialmente da primavera ao verão.

    BIERGARTEN EM PLENO VERÃO – Foto: Tommy Loesch/Divulgação

    Mas nenhuma cidade personifica melhor espírito desses bares ao ar livre do que Munique. Vale até uma licença poética para chamar de biergarten o espaço que fica dentro do estádio do time de futebol local. Enquanto esperávamos para fazer o tour da Allianz Arena e conhecer o Museu do Bayern de Munique, aproveitamos para pedir a dobradinha matadora: cerveja + schnitzel com salada de batata.

    BIERGARTEN DA ALLIANZ ARENA
    ESTÁ SERVIDO?

    Na cidade da Baviera, faz parte da vida se sentar num biergarten, para curtir o bom tempo e confraternizar com amigos ou estranhos. Isso explica o convite dos dois senhores para que sentássemos ao lado deles. Havia espaço suficiente para comer e beber sem que nossa presença inibisse o papo que a dupla estava tendo antes de aparecermos.

    O que também não impediu que nos comunicássemos com eles. O homem que nos chamou para a mesa arranhou os acordes iniciais de Aquarela do Brasil assim que soube de onde éramos. Disse ainda que já tinha estado por aqui. Se encantou com as poucas palavras em alemão que Joaquim se atreveu a falar. Secou uma segunda caneca com o parceiro, despediu-se e foi embora com o amigo.

     

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    Como começou a tradição

    Uma história iniciada por acaso. Entre os bávaros do final do século 19, prevalecia o gosto pela cerveja mais leve, de baixa fermentação, um tipo de bebida mais fácil de ser produzida no inverno. Para não deixarem de beber o precioso líquido amarelo também nos meses mais quentes do ano, a solução encontrada pelos cervejeiros foi abrir buracos profundos longe da cidade, mais próximos à beira de rios — em Munique, o Isar é um exemplo. Nestas adegas eram armazenados grandes barris de cerveja, cobertos pelo gelo que se formava durante o inverno rigoroso.

    A fim de proteger as caves do sol e do calor, os cervejeiros também plantavam castanheiras. Era ali mesmo, debaixo da sombra das árvores, que se consumia cerveja em temperatura fresca quando o verão chegava. Nascia a tradição dos biergartens, que ficaram populares entre os cidadãos, mas descontentou os donos de tabernas de Munique, que perderam clientes para os jardins de cerveja. Para serenar os ânimos, em 1812, o rei Maximilian Joseph I liberou o consumo da bebida nos jardins das cervejarias, mas não permitiu a venda de comida por esses estabelecimentosSegundo o órgão oficial de turismo de Munique, existem 180 jardins de cerveja na cidade, espalhados por praças e parques — tem até no aeroporto! O mais antigo, ligado à cervejaria Augustiner, data de 1812, é também o maior, com capacidade para receber até 8.000 pessoas. Um biergarten pode ter música ao vivo ou não. Ou apenas o som das conversas, ruidosas na direta proporção em que se acumulam canecas vazias sobres as mesas.

    BIERGARTEN DA AUGUSTINER
    AUGUSTINER, O MAIOR E O MAIS ANTIGO BIERGARTEN – Foto: Divulgação

    Nós fomos ao biergarten da Torre Chinesa (Chinesischer Turm), que se localiza dentro do Englischer Garten (Jardim Inglês de Munique). No grande parque urbano de Munique há também um jardim de cerveja às margens do lago Kleinhesseloher e até um pequeno ponto de venda da cervejaria Hofbräuhaus, versão reduzida da conhecida casa no centro de Munique. O biergarten da torre chinesa é o segundo maior da cidade. Conta com 7.000 lugares, aproximadamente. Alguns bancos têm encosto. No canto fica a parte de venda de comida e de cerveja. Nem é preciso abrir a boca para comprar a bebida. Você entra numa fila, bota o dinheiro num pratinho e pega uma das muitas canecas cheias que repousam sobre o balcão. O esquema é igual nos quiosques do Viktualienmarkt. É ou não é o drive-thru dos sonhos de quem ama cerveja?

    Compramos uma porção de batata frita e duas canecas de cerveja, e nos sentamos para fazer um piquenique à tarde. Em frente às mesas, um parquinho com brinquedos de madeira é todo das crianças. Joaquim se aventurou por escorregadores, escaladas e afins enquanto Nath e eu curtimos o fim de tarde. A sensação de estar num biergarten é a de quem participa de uma grande festa ao ar livre, em que se celebra a alegria do bem-viver.

     



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  • Mercado de Munique: o Viktualienmarkt

    Mercado de Munique: o Viktualienmarkt

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    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

    No princípio, era a Marienplatz. Que, quando da fundação de Munique, no século 12, ainda atendia por Schrannenplatz (praça dos grãos), o mercado de produtos agrícolas da cidade. Condição que a região ostentou por mais de 600 anos até ficar pequena para abrigar uma feira já robusta e bem alimentada.

    Por determinação do Rei Max Joseph I, a partir de 1808, o mercado começou a se deslocar para as imediações da Heiliggeistkirche (Igreja do Espírito Santo). A mudança resultou no surgimento do Viktualienmarkt (em latim, victus quer dizer alimento).

    Nós o conhecemos quase sem querer. Primeiro dia de nossa passagem por Munique. Famintos e exaustos, Nath, Joaquim e eu voltávamos a pé da visita ao Deutsches Museum quando avançamos por uma praça com bancas de comida, muita comida à vista. Sim, o mercado municipal estava no nosso roteiro de viagem em família pela Alemanha. Naquele momento só havíamos antecipados a programação.

    Como é o mercado no centro de Munique

    restaurantes-no-viktualienmarkt-mercado-de-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaEspalhados por cerca de 18 mil m², perto de 140 comerciantes vendem frutas, legumes, verduras, carnes, queijos, pães, temperos e tudo o que for capaz de aguçar nossos sentidos. Produtos genuinamente bávaros, alemães e de outros cantos do mundo. Saborosa e bem-vinda diversidade.

    Riqueza que, por pouco, não se transferiu outra vez de lugar. O Viktualienmarkt não ficou a salvo da destruição na Segunda Guerra, mas escapou de ver os escombros do conflito darem espaço a edifícios durante a reconstrução de Munique. A cidade engavetou esse projeto, decidindo por reerguer um dos seus símbolos. O mercado renasceu e cresceu além da vocação popular. Hoje, cores e sabores atraem muitos turistas e cozinheiros (profissionais ou de fim de semana).

     

    barraca-do-viktualienmarkt-mercado-de-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaImagine o quanto salivamos enquanto dávamos um giro de reconhecimento pelo Viktualienmarkt! Nosso olhar se perdeu diante de generosos pedaços de queijo, tachos de azeitonas carnudas, embutidos e defumados.

     

    Onde comer no Viktualienmarkt

    Naquele fim de tarde, com o estômago pra lá de vazio, beliscar não estava em nossos planos. Quim, como de costume, queria a sua sagrada porção de fritas. Só depois descobri que um certo Uwe Luber é dono de uma banca onde é possível encontrar até 40 tipos de batata do mundo todo (a fome era tanta que talvez nosso filho encarasse até batata crua).

    Nathalia e eu queríamos nos sentar e curtir o famoso biergarten que funciona no centro do Viktualienmarkt. Para evitar um pileque só no primeiro canecão de cerveja, entramos no NordSee, cadeia alemã de restaurantes especializada em peixes. Eles vendem de combos de lanches a pratos com filé e 2 acompanhamentos. Atacamos de salmão. O resto é história contada neste post sobre a nossa experiência na cervejaria ao ar livre do mercado.

    Quando da mudança do mercado municipal da Marienplatz para a região do Viktualienmarkt, o corredor formado pelos vendedores de grãos, protegidos debaixo de uma estrutura de ferro e vidro, foi rebatizado como Schrannenhalle. Desde novembro de 2015, a rede italiana de delicatessen Eataly abriu sua primeira filial europeia no local. Totalmente reformado, o edifício possui 16 restaurantes e barracas que vendem cerca de 10 mil produtos, a maioria originários da bota.

    Isso reforça a já estreita ligação entre bávaros e italianos, cujos os territórios, no passado, fizeram parte do Sacro Império Romano-Germânico. Razão pela qual Munique é considerada a cidade mais ao norte da Itália.

  • Marienplatz (Munique): a principal praça da cidade na Alemanha

    Marienplatz (Munique): a principal praça da cidade na Alemanha

    Se você não conhece a Marienplatz ou é porque nunca botou os pés em Munique ou é porque esteve na terceira maior cidade da Alemanha apenas em conexão. É praticamente impossível visitar a capital da Baviera e não passar pela sala de visitas de Munique, assim definida pelo órgão oficial de turismo alemão. Primeiro, porque ela fica no centro da cidade. E, por essa razão, concentra grandes eventos e manifestações, das políticas às esportivas (o elenco do Bayern sempre faz uma escala na sacada da prefeitura de Munique para festejar seus títulos e mostrar a taça a seus torcedores, que praticamente pintam a praça de vermelho com bandeiras e camisas).

    A multidão também lota a Marienplatz no Fasching (Carnaval celebrado desde a Idade Média e que, a exemplo da nossa festa, também precede a Quaresma). Por lá, o esquenta começa sob o frio do outono, mais precisamente às 11h11 de 11 de novembro (11/11). Há desfiles pelas ruas da cidade, animados bailes de salão e até a escolha de um casal real oficial da festa, cuja a data de encerramento coincide com a terça-feira da nossa folia. Nem as baixas temperaturas esvaziam a Marienplatz, onde muitos turistas e moradores curtem as delícias do famoso mercado de Natal durante o período do Advento, a contagem regressiva para o dia 24 de dezembro (o mercado funciona até essa data).

    Como é a principal praça de Munique

    A área ocupada pela Marienplatz existe desde 1158. Lá funcionava o mercado local (Schrannenplatz, algo como praça dos grãos numa tradução livre do alemão). Em 1638, uma estátua erguida em homenagem à Virgem Maria foi inaugurada — promessa cumprida pelo rei Maximilian I, que temia ver a cidade ser invadida e saqueada pelo exército sueco durante a Guerra dos 30 anos, conflito entre católicos e protestantes. A praça só passou a ser chamada pelo nome da padroeira da Baviera tempos depois, mais precisamente em 1854.

    A coluna com a imagem em bronze fica no centro da Marienplatz, em frente ao prédio da Neues Rathaus (Nova Prefeitura). O edifício neogótico que abriga a torre do relógio se estende por grande parte da lateral da praça. A construção fica a 200 metros da Altes Rathaus, antiga sede do poder municipal e outra atração a ser vista.

    Prédios embelezam a principal praça de Munique – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Hospedar-se nos hotéis da região é certeza de cruzar a praça em algum momento da viagem. Utilizar-se do sistema de transporte público também. Pela estação Marienplatz passam trens e metrô rumo a várias partes da cidade, o que a transforma em ponto de encontro de pessoas. Dela também saem ônibus com destino aos principais pontos turísticos. Para comprar passes de transporte e de atrações, há um posto de informação turística debaixo da Neues Rathaus, de frente para a praça.

    O que ver na Marienplatz

    Durante a viagem que fizemos pela Alemanha, Nathalia, Joaquim e eu ficamos hospedados no hotel Bayerischer Hof, a uns 500 metros da Marienplatz. Não é preciso dizer quantas vezes cruzamos a praça, fosse para matar a fome, fazer compras ou usar o transporte público. Acontece que o nosso filho se apaixonou pela dança dos bonecos da torre do relógio (Glockenspiel). Sempre queria ver a apresentação que ocorre ao menos 2 vezes por dia.

    Toda vez que falávamos da programação do dia seguinte pela cidade, Joaquim dava um jeito de participar da conversa e dizer: ‘Já sei, a gente sai do hotel, entra naquela praça (aquela que tem o relógio, sabe?) e vê os bonequinhos, que tal? Boa ideia né, papai e mamãe?’

    Espetáculo dos bonecos na torre do relógio da Neues Rathaus – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    E é realmente bacana. Se encanta adultos, por que não pode fazer a alegria de um menininho, né? O teatro de bonecos lembra uma caixinha de música. Embalada por 43 sinos movidos a energia solar, ela reproduz duas cenas: uma disputa de cavaleiros ocorrida na Marienplatz em 1568, durante o casamento do duque da Baviera Wilhelm V com Renée de Lorraine; e a Schäffler-Tänzer, animada dança que celebra o fim da peste negra na Europa, até hoje realizada a cada 7 anos em Munique (a próxima edição será em 2019). O ritual todo dura uns 10 minutos, tempo em que turistas erguem braços e pescoços na direção da torre para registrar com câmeras e celulares a apresentação.

    Se você não ficar com torcicolo depois de ver a dança dos bonecos, suba à torre da nova prefeitura. Pegue o elevador e complete o trecho final por uma escada. Do alto é possível avistar Munique e perceber como as principais atrações não estão assim tão distantes umas das outras (sou paulistano, vivo numa megalópole onde os pontos turísticos não ficam muito próximos nem quando olhados de luneta!). 

    Para ver a cidade do alto, – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
    Diversão em família na visita à torre da prefeitura – Foto: Fernando Victorino @ComoViaja

    Munique é ainda mais bonita a 85 metros do chão, o que não chega a ser uma altura muito grande, se comparada a de outros observatórios mundo afora. Como as edificações baixas prevalecem, os telhados estão quase todos no mesmo nível, deixando a linha do horizonte praticamente desimpedida.

    Apesar de o dia estar nublado, nós conseguimos enxergar do Englischer Garten ao Residenz, passando por 3 igrejas da cidade: a Fräuenkirche (Catedral de Nossa Senhora) e seu icônico par de torres, a Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos, onde se encontram enterrados os reis da Baviera) e a Alter Peter (Igreja de São Pedro, a mais antiga de Munique). A identificação de todos os pontos foi possível graças à placa de acrílico que fica no pequeno muro ao redor do terraço e que mostra a silhueta dessas construções. Achar a torre de TV do parque olímpico (Olympiazentrum) e a Allianz Arena foi tarefa bem mais amena. Ambas as estruturas são muito peculiares.

    Como se já não bastasse Joaquim ter ficado fascinado com os bonecos da torre, nosso filho ainda vidrou no que viu no Spielzeugmuseum (Museu do Brinquedo), que ocupa 5 andares do Altes Rathaus, sede da antiga prefeitura. Paga-se bem pouquinho para visitar as vitrines cheias de velhos modelos de carrinhos, trens, soldados e bonecas que fizeram a alegria de meninas e meninos alemães.

    Onde comer e fazer compras na praça

    Passados mais de 850 anos de seu surgimento, a Marienplatz não perdeu sua vocação de centro do comércio de Munique. Os carros não circulam na praça desde a sua transformação numa área exclusiva para pedestres, entre os anos 1960 e 1970. O grande calçadão facilita a vida de quem quer dar uma espiadinha nas vitrines das lojas segmentadas.

    Ainda é possível fazer boas compras na própria Marienplatz e nas ruas que desembocam nela, como Kaufingerstrasse, Rindermarkt, Rosenstrasse, Weinstrasse, Tal e Dienerstrasse —  você encontra de desde grandes grifes até lojas de varejo, passando ainda por casas que vendem artigos específicos, como guarda-chuvas e luvas, por exemplo. Meninos e marmanjos que gostam de camisas de time de futebol têm à disposição três grandes lojas de esportes: Sport Scheck, Schuster e Sport Münzinger.

    Galeria Kufhof: loja de departamento alemã

    Presente em toda a Alemanha, a Galeria Kaufhof salva a pele de quem quer comprar comida em seu supermercado, almoçar no restaurante no alto do prédio (provamos e aprovamos a comida) ou encontrar tudo o que uma grande loja de departamentos tem a oferecer. E nós fomos a várias unidades durante nossa viagem em família à Alemanha. Em Munique, vale ver a seção de souvenir. A Kaufhof vende também lembrancinhas do Bayern, além de camisetas do time.

    A propósito, Bayern e Munique 1860 possuem lojas oficiais quase vizinhas, na Orlandostrasse. Só não cometa a imprudência de gritar o nome do time rival quando estiver numa ou noutra. Joaquim não gostou de nada do 1860 e ainda soltou um “Bayeeeerrrrn” enquanto o papai aqui pagava pelos artigos relacionados ao lado azul da cidade. Tudo bem, traquinagem de criança. Mas o vendedor nos olhou com cara não muito amistosa.

    Sorvete para aplacar o calor

    A Marienplatz também atrai visitantes para beber ou comer algo nos cafés e restaurantes. Há os que ficam de frente para a praça e muitos outros nas ruas do entorno, alguns deles com mesas estendidas na calçada. E não estamos falando só de casas que servem especialidades locais. Se deseja radicalizar e encarar um sushi, tem onde comer. Não quer perder tempo e só mandar para dentro uma fatia de pizza? Tem também. Para o Joaquim, uma volta na Marienplatz nunca era completa sem uma paradinha para um sorvete de baunilha na Richart, rede de padarias de Munique.

    Em uma de nossa incursões pelo centro, almoçamos uma típica refeição alemã (com muita carne de porco e batata) no Zum Spöckmeier, na Rosenstrasse. Além dos pratos gostosos e da cerveja boa (a casa fundada em 1450 serve a local Paulaner), o garçom que nos atendeu foi um dos mais divertidos da nossa viagem à Alemanha. Para mim, ele era a cara do técnico Carlo Ancelotti, atual treinador do Bayern. Gentil, ele sempre dava um jeito de fazer graça conosco  com os demais fregueses.

    Restaurante em Munique perto da Marienplatz: Zum Spöckmeier

    Foi um almoço ao ar livre super agradável. Ao nosso lado, o movimento era intenso na rua de pedestres. E não poderia ser diferente. Afinal, ali pertinho, na Marienplatz, é onde tudo acontece em Munique.

  • 3 igrejas de Munique para você ver

    3 igrejas de Munique para você ver

    Enquanto grande parte do território da atual Alemanha encampava as ideias de Martinho Lutero no século 16, a Casa de Wittelsbach resistiu à Reforma Protestante e manteve a Baviera oficialmente um território católico. Ao longo dos séculos, a religião marcou Munique, deixando belas construções pela cidade. Conheça 3 igrejas que você pode botar na lista para ver:

    1 > FRAUENKIRCHE, CATEDRAL E SÍMBOLO DE MUNIQUE

    Fotos: Nathalia Molina/Divulgação
    Fotos: Nathalia Molina/Divulgação

    Com suas paredes de tijolos e um par de torres que se destacam na paisagem da cidade, a Frauenkirche (Catedral de Nossa Senhora) é um dos símbolos da capital da Baviera. Localizada próxima à Marienplatz, foi erguida em incríveis 20 anos (1468 a 1488), se consideradas as possibilidades de construção durante o século 15. De estilo gótico tardio, a obra foi assinada por Jörg von Halsbach, arquiteto responsável também pela construção da Altes Rathaus, a velha prefeitura.

    As torres da catedral têm quase 100 metros de altura e possuem uma cobertura verde que remete ao Domo da Rocha, de Jerusalém. A cobertura só foi colocada 35 anos depois de a igreja ser concluída, devido à falta de dinheiro.

    Em 2004, um referendo instituiu que nenhum edifício pode ser construído no centro velho de Munique acima da altura das torres. A medida beneficiou os visitantes que sobem ao topo da torre sul para admirar a cidade sem que a visão da paisagem seja comprometida — por causa de uma obra, a torre se encontra fechada no momento.

    munique-na-alemanha-entrada-da-frauenkirche-igreja-catedral-foto-nathalia-molina-comoviajafrauenkirche-em-munique-vitrais-da-catedral-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaNo interior da igreja, destacam-se o magnífico órgão principal (tocado aos domingos e em ocasiões especiais), o mausoléu do Rei Ludwig I (situado à direita da entrada, ricamente decorado) e a famosa pegada do diabo, uma única marca de pé no piso da catedral e atribuída ao demônio. Diz a lenda que o diabo teria tentado destruir a igreja depois de fazer uma aposta com o construtor dela. Não conseguiu porque foi atingido por um raio de luz ao tentar dar um segundo passo.

    VALE SABER

    Endereço: Frauenplatz, 1, Munique

    Funcionamento: A igreja pode ser visitada diariamente, das 7h30 às 20 horas — no verão, até 20h30.
    De maio a setembro, há tours guiados às terças, às quintas e aos domingos. No inverno, é feita 1 vez por mês, sempre na quinta — próximas datas previstas: 8 de dezembro, 12 de janeiro, 9 de fevereiro, 2 de março e 6 de abril.

    Preço: A visita guiada custa 6 euros

    Site: muenchner-dom.de

    Foto: Natalia Michalska/Divulgação
    FRAUENKIRCHE – Foto: Natalia Michalska/Turismo da Alemanha/Divulgação


    2 > ALTER PETER (E A TORRE DA IGREJA COM VISTA)

    Foto: Nathalia Molina @ComoViaja
    ALTER PETER VISTA EM VIELA DA CIDADE

    Se você já viu fotos do alto da Neues Rathaus (nova prefeitura) e da Marienplatz (principal praça da cidade), muito provavelmente as imagens foram captadas a partir da Alter Peter Kirche (Igreja de São Pedro). A mais antiga paróquia de Munique está localizada atrás de sua famosa praça e tem uma torre com vista para um dos melhores visuais da capital da Baviera.

    Para subir ao mirante, que fica a 91 metros de altura, é preciso superar em torno de 300 degraus da escada. Esse caminho inclui a passagem pelos 8 sinos, dos quais o menor é também o mais velho. Além dos telhados, vê-se de um ângulo privilegiado as icônicas torres da Frauenkirche e tudo mais o que um dia sem nuvens permitir.

    A Alter Peter remonta ao século 12 e ao longo de mais de 800 anos passou por modificações até atingir sua configuração atual — a última reforma teve início após a destruição provocada pela Segunda Guerra e foi concluída em 2000.

    Se a pegada do diabo presente no piso da Frauenkirche não te impressionar, então dá para ver sem medo o relicário barroco dedicado a São Mundita. Trazido de Roma em 1675, o esqueleto do padroeiro das solteironas é todo ornado com pedras preciosas e fica dentro de uma caixa envidraçada, do lado direito do altar da igreja.

    VALE SABER

    Endereço: Rindermarkt, 1, Munique

    Funcionamento: No verão, de julho a setembro, é possível subir na torre de segunda a sexta, das 9 horas às 19h30 — de março a junho e em outubro, apenas até as 18h30; no inverno, somente até as 17h30.
    Durante o ano inteiro, aos sábados, domingos e feriados, o acesso começa 1 hora mais tarde e termina no horário determinado para a época do ano.

    Preço: A subida à torre sai por 3 euros — entre 6 e 18 anos, 1 euro; até 5 anos, grátis

    Site: alterpeter.de


    3 > THEATINERKIRCHE, A BARROCA COM O TÚMULO DOS REIS

    TORRE DA THEATINERKIRCHE
    TORRE DA THEATINERKIRCHE

    Uma das principais atrações da Odeonplatz, a Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos ou de São Caetano) pode ser vista de longe de vários pontos da Munique por conta de sua inconfundível e reluzente cor amarela. De estilo barroco, a igreja foi erguida a partir 1663 em cumprimento a uma promessa feita pelo duque Ferdinand Maria e sua mulher, a italiana Enrichetta Adelaide Maria di Savoia, após o aguardado nascimento do filho, Maximilian Emanuel, que veio a se tornar eleitor da Baviera.

    Foto: Werner Boehm/Divulgação
    Foto: Werner Boehm/Divulgação

    O arquiteto italiano Agostino Barelli iniciou a construção, sendo sucedido pelo suíço Enrico Zucall, que idealizou as torres laterais. A fachada permaneceu inacabada por cerca de 100 anos até ser concluída por François de Cuvilliés, arquiteto responsável por levar o estilo rococó ao reino dos Wittelsbach, especialmente ao Residenz e ao palácio de Nymphenburg.

    Até 2018, toda a área externa da Igreja de São Caetano passa por reforma. Do lado de dentro, prevalece o branco em sua decoração, com estuques e coluna de elementos coríntios. Na pequena capela fica o túmulo onde foram enterrados 49 membros da dinastia dos Wittelsbach, entre eles, o primeiro rei da Baveira, Maximilian Joseph I.

    VALE SABER

    Endereço: Theatinerstrasse, 22, Munique

    Funcionamento: As visitas ao mausoléu dos Wittelsbach só é permitida entre 1º de maio e 2 de novembro, das 10 horas às 13h30 e das 14 horas às 16h30.

    Preço: Grátis

    Site: theatinerkirche.de

  • Leonard Cohen, em Montreal: roteiro por lugares relacionados ao cantor

    Em Montreal, visite lugares relacionados a Leonard Cohen. Entre atrações, faça um passeio seguindo os passos do artista canadense. Do bairro onde passou a infância ao lugar onde morava

    ATUALIZADO EM 10 DE NOVEMBRO DE 2017

    Quando a notícia da morte de Leonard Cohen se tornou pública, em 10 de novembro de 2016, os primeiros fãs do cantor e escritor se dirigiram para o número 28 da Rue Vallières, no Plateau Mont-Royal, bairro mais pulsante e descolado de Montreal. Aos pés da porta da casa de dois andares, adquirida por Cohen nos anos 1970, os poucos degraus da entrada se converteram num pequeno altar com imagens, flores e fotos, sob a vigília silenciosa de seus admiradores.

    Àquela altura, o cantor de 82 anos — que havia morrido 3 dias antes, em Los Angeles, nos Estados Unidos — já tinha sido enterrado em sua cidade natal, no cemitério judaico Shaar Hashomayim, em cerimônia reservada à família. Se a tentativa de um último adeus ao ídolo foi frustrada para alguns de seus fãs, resta a chance de percorrer a segunda maior cidade do Canadá seguindo os passos de Cohen. Em meio a atrações turísticas da cidade, é possível encontrar vestígios da presença do poeta, do cantor e do cidadão de hábitos simples, para quem Montreal sempre foi um refúgio.

    GRAFITE DE COHEN EM PRÉDIO PRÓXIMO À RUE CRESCENT, REGIÃO DE VIDA NOTURNA EM MONTREAL – Foto Nathalia Molina @ComoViaja

    AVENUE BELMONT

    Leonard Cohen nasceu em 21 de setembro de 1934 e passou a infância na casa de número 599 da avenida Belmont, em Westmount, uma cidade que é praticamente um bairro dentro da parte oeste de Montreal. É neste endereço que vivia também Lawrence Breavman, personagem principal de seu livro O Jogo Favorito (The Favourite Game, 1963).

    A casa fica perto do Murray Hill Park, onde Cohen patinava e esquiava quando criança. No documentário Senhoras e Senhores… Sr. Leonard Cohen (Ladies and Gentlemen… Mr. Leonard Cohen, 1965), o artista caminha por Murray Hill em pleno inverno enquanto lê, em off, trecho do primeiro de seus dois romances. Foi na casa da Avenue Belmont que Cohen se estabeleceu juntamente com Marianne Ihlen, quando voltaram da ilha grega de Hydra, onde se conheceram.

    SHAAR HASHOMAYIM

    Ainda em Westmount, não muito longe da Avenue Belmont, fica a sinagoga frequentada pela família de Leonard Cohen, onde foi realizado seu bar mitzvah. Na canção You Want it Darker, faixa-título do último álbum de Cohen, é o coral da Sinagoga Shaar Hashomayin que se escuta ao fundo cantando ‘hineni, hineni’ (‘aqui estou eu’, em hebraico), seguido pela voz grave e profunda de Cohen clamando ‘I’m ready my Lord’ (‘eu estou pronto, meu Senhor’).

    MCGILL UNIVERSITY

    Fundada no ano de 1821, numa área cedida pelo comerciante de peles James McGill, trata-se da universidade mais antiga do Canadá. Nela, Leonard Cohen graduou-se em Literatura, em 1955. Um ano antes, dois poemas do escritor foram publicados na Forge, revista editada pela própria McGill University. Foi também na universidade que ele formou sua primeira banda, The Buckskin Boys.

    REGIÃO DA MCGILL UNIVERSITY – Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja

    Nathalia recomenda uma caminhada com calma por essa região universitária. Ela fica próxima da Rue Sherbrooke, via com hotéis de luxo, como o Ritz-Carlton, e de importantes museus da cidade, como o McCord e o Musée des Beaux-Arts (Museu de Belas Artes). Vale conferir a programação das duas ótimas instituições.

    MUSÉE DES BEAUX-ARTS
    MUSÉE DES BEAUX-ARTS

    BIRDLAND & MUSÉE MCCORD

    Estima-se que a primeira vez que Leonard Cohen se apresentou em público foi em 1958. Ele teria lido um de seus poemas e cantado no Birdland, pequeno clube de jazz que funcionava em cima de uma das mais tradicionais delicatessens da cidade. Ao fechar as portas em 2006, parte do acervo de lembranças do restaurante (cardápios e fotos de ilustres fregueses como Cohen) foram parar no Musée McCord.

    No antigo refúgio dos notívagos, na esquina da Boulevard de Maisonneuve com Rue Metcalfe, funciona atualmente o luxuoso Le St-Martin Hôtel Particulier.

    MUSÉE MCCORD
    MUSÉE MCCORD

    CHAPELLE NOTRE-DAME-BONSECOURS

    No álbum de estreia, Songs of Leonard Cohen (1967), um dos versos da canção Suzanne (‘E o sol derrama como mel sobre Nossa Senhora do Porto’) é interpretado como uma referência à imagem da Virgem Maria no alto da Chapelle Notre-Dame-de-Bon-Secour, santuário dos marinheiros, localizada na Vieux-Montreal — não confundir com a Basilique Notre-Dame, também localizada na parte antiga da cidade.

    A Notre-Dame-de-Bon-Secour fica ao lado do Marché Bonsecours. Na primeira visita a Montreal, Nathalia esteve com sua mãe, Sonia, no prédio histórico conferindo as boutiques de artesãos e moda feita por gente de Québec. A construção fica numa das pontas do Vieux-Port e sua torre pode ser vista até do outro extremo do velho porto, como Nathalia comprovou da varanda do museu histórico da cidade, o Pointe-à-Callière.

    PARC DU PORTUGAL

    Inaugurada em junho de 2003, a pequena praça celebra a primeira leva de imigrantes portugueses que chegaram ao Canadá. Com bancos para descansar e um coreto no centro, o Parc du Portugal fica em frente ao endereço que Leonard Cohen mantinha em Montreal, na Rue Vallières.

    Nessa rua formada por um pequeno trecho de casas, entre o Boulevard Saint-Laurent e Rue Saint-Dominique, o músico e escritor viveu ao lado de Suzanne Elrod, com quem teve um casal de filhos: Adam e Lorca.

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    PARC DU PORTUGAL

    BAGEL ETC

    De estilo kitsch, o lugar funciona em frente ao Parc du Portugal, a menos de 5 minutos da casa de Cohen, que costumava tomar café da manhã lá. Há fotos dele entre as peças da decoração. Cohen costumava bater papo com os donos e atendia com delicadeza fãs que ficavam impressionados com a presença dele na cafeteria. Como o nome sugere, a especialidade é o bagel, tipo de pão em forma de rosca, muito popular no Canadá e nos Estados Unidos.

    O Plateau Mont-Royal, bairro cheio de bares e restaurantes, também tem outros dois lugares bem conhecidos onde se pode provar o gostoso pãozinho: St-Viateur Bagel e Fairmount Bagel.

    MAIN DELI STEAK HOUSE

    Os sanduíches de carne defumada são famosos em Montreal. Aberto em 1928, o Schwartz’s é uma instituição (Nathalia já provou e aprovou o famoso sanduíche), mas foi seu vizinho de frente, o Main Deli Steak House, que ganhou a preferência de Cohen. Quando não se sentava em suas mesas, o cantor pedia alguém para buscar o carro-chefe da casa: generosas camadas de pastrami com molho de mostarda entre duas fatias de pão de centeio. Nos dias ensolarados, algumas mesas ocupam um trecho do Boulevard Saint-Laurent.

    SANDUÍCHE DE PASTRAMI
    SANDUÍCHE DE PASTRAMI

     

    MUSÉE D’ART CONTEMPORAIN DE MONTRÉAL

    Em cartaz no Museu de Arte Contemporânea de Montreal, desde o último dia 9 de novembro, a exposição Leonard Cohen: une brèche en toute choque / A Crack in Everything não se trata de um mostra oportunista por ocasião do aniversário de um ano da morte do cantor. O evento já fazia parte das comemorações pelos 375 anos de fundação de Montreal e serviria como homenagem ao filho ilustre da cidade. E contou, inclusive, com a aprovação do próprio Leonard Cohen. A exposição reúne trabalhos de artistas do mundo todo, que mergulharam na obra do cantor e poeta, dando interpretações para seus textos e canções. “O que foi especial no trabalho de Leonard Cohen foi sua serenidade inexplicável. O mundo precisa dessa beleza sutil neste momento”, declarou a cantora Julia Holter, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. A cantora assina um dos trabalhos que ficará em exposição até 9 de abril de 2018.

     

  • Oktoberfest Blumenau 2017: data, ingressos e dicas da festa no sul do Brasil

    Oktoberfest Blumenau 2017: data, ingressos e dicas da festa no sul do Brasil

    Dicas, data, preços de ingressos, todas as informações sobre a Oktoberfest Blumenau, tradicional festa da cerveja no sul do Brasil. Evento dura 19 dias, com programação que inclui música e comida típica da Alemanha

    ATUALIZADO EM 15 DE AGOSTO DE 2017

    Dezenove dias de exaltação às raízes alemãs. Inspirada na Oktoberfest Munique, a versão brasileira da festa da cerveja foi realizada pela primeira vez em 1984, em Blumenau. A cidade catarinense prepara a 34ª edição, que deve atrair cerca de 500 mil visitantes ao Parque Vila Germânica, segundo os organizadores. A programação diária inclui shows, desfiles e apresentações folclóricas.

    Fotos: Divulgação
    Fotos: Divulgação

    O chope segue sendo a principal atração. Desde 2014, a Eisenbahn é a marca oficial da Oktoberfest. A cervejaria de Blumenau mantém seu próprio biergarten, que abre pela manhã e tem atrações musicais. É possível ainda experimentar rótulos artesanais em outros pontos da festa. O consumo histórico de cerveja foi registrado em 1990, quando quase 775 mil litros foram bebidos durante todo o evento.

    Turma do funil

    Quem é bom de copo e tem mais de 18 anos pode se inscrever no tradicional concurso nacional de tomadores de chope em metro. Sempre à noite (exceto nas datas de abertura e de encerramento da festa), homens e mulheres encaram o desafio de entornar 1 metro de chope (600 ml) no menor tempo possível.

    Há regras como em toda competição: lá não é permitido babar nem tirar a tulipa da boca. Os três primeiros colocados ganham medalha. Como o chope utilizado é sem álcool (bom para quem dirige), ninguém corre o risco de queimar a largada ficando bêbado rápido demais.

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    Caprichado no visual e no idioma alemão

    Quem visita a Oktoberfest encontra muita gente vestida em trajes típicos alemães. Não se trata de festa à fantasia, não. Visitante vestido a caráter entra de graça ou paga metade do valor de ingresso. Tá na lei, aprovada e sancionada pelo prefeito de Blumenau em 2013. O assunto é levado tão a sério que há uma lista com restrições ao uso de roupas, calçados e acessórios que não tenham a ver com o traje característico dos germânicos.

    Se for a Blumenau e quiser impressionar ou se sentir como um local, aproveite para dar uma espiadinha na página oficial da Oktoberfest. Lá tem uma área com uma seleção de músicas alemãs e um dicionário com palavras e frases curtas no idioma de Goethe (dá até para escutar a pronúncia correta). Ou dá uma olhada no nosso texto sobre alemão para viagem ou no outro com palavras para usar no restaurante.

    VALE SABER

    Quando: Em 2017, de 4 a 22 de outubro

    Horário: A praça de alimentação e o Eisenbahn Biergarten abrem diariamente, às 11 horas. Os setores 1, 2 e 3 da festa também funcionam todos os dias, mas a partir das 18 horas (sábados, domingos e feriado, às 11 horas)

    Preço: Abertura, encerramento e às segundas-feiras, grátis. Domingo, terças (exceto véspera de feriado), quartas (exceto feriado) e quintas, R$ 12. Sextas, véspera de feriado e feriado, R$ 30. Sexta (13/10) e sábados, R$ 40. Jovens menores de 18 anos, pessoas acima de 60 anos, estudantes, portadores de necessidades especiais (e acompanhante) e professores pagam meia-entrada

    Alimentação: Há vários pontos do parque onde são vendidas comidas típicas da Alemanha, como o bratwurst (sanduíche de salsicha), o pato com repolho e purê de batatas, o spätzle e a tradicional apflestrudel (torta de maçã)

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    Compras: Nas lojas localizadas no Parque Vila Germânica o visitante pode comprar de lembranças de Blumenau a artigos da Oktoberfest, incluindo os trajes típicos

    Site: oktoberfestblumenau.com.br


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  • VLT Rio: mapa, linhas, passagem e como andar

    VLT Rio: mapa, linhas, passagem e como andar

    Nathalia e eu experimentamos o VLT Rio em julho de 2016, logo que foi lançado. É um meio de transporte prático para sair de VLT do Santos Dumont, visitar o Museu do Amanhã e fazer a integração com o metrô. Aqui você fica sabendo como andar com esse sistema de transporte no Rio, encontra o mapa com linhas e estações e confere quanto custa a passagem. Se você busca uma acomodação em conta para a sua viagem, dá uma olhada na nossa lista de hotel barato no Rio de Janeiro, só com opções bem avaliadas por viajantes.

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    Para começar, o que significa VLT? É a sigla para Veículo Leve sobre Trilhos, mas pouca gente se liga nisso. O que muitos já conhecem é a facilidade de usar esse meio de transporte. Em dezembro de 2022, o sistema atingiu a marca de 100 milhões de passageiros transportados. Virou atração até mesmo entre os cariocas que tradicionalmente usavam ônibus ou metrô para chegar ao Centro.

    A serviço de cariocas e turistas, ele fez parte do Porto Maravilha, megaprojeto de reurbanização da região da Praça Mauá realizado para os Jogos Olímpicos daquele ano na cidade. Já voltamos outras vezes e sempre usamos esse bonde moderno.

    Na primeira vez em que andamos no VLT Rio, pegamos o metrô na zona sul, descemos na Cinelândia e tomamos a Linha 1 (Azul) para ir de novo ao Museu do Amanhã, na Praça Mauá; já tínhamos visitado na segunda semana de funcionamento, em dezembro de 2015. Voltamos para levar nosso filho, Joaquim, que também conheceu o Museu de Arte do Rio (MAR). Atualmente é possível chegar de VLT Rio ao Aquário do Rio de Janeiro, e à Rodoviária Novo Rio.

    Ao longo das linhas do VLT, atrações, como Museu do Amanhã
    Ao longo das linhas do VLT, atrações, como Museu do Amanhã

    Como o VLT trafega em baixa velocidade, é possível tirar muitas fotos dos edifícios mais antigos, de arquitetura eclética, da Avenida Rio Branco. Há prédios centenários, como o do Theatro Municipal e o do Museu de Belas Artes. Para quem é de fora da cidade, uma volta de VLT é um bom city tour de introdução ao Centro.

    De VLT, normalmente dá para fazer um passeio por 2 séculos de arte no Rio de Janeiro. Você pode combinar a ida ao Museu Nacional de Belas Artes (fechado temporariamente), que guarda o maior e mais relevante acervo de arte brasileira do século 19, com a visita ao Museu de Arte Moderna (MAM), onde estão cerca de 6.500 obras.

    Mapa do VLT Rio, linhas e horário de funcionamento

    Atualmente com 3 linhas em funcionamento, o sistema possui 28 km de trilhos, 29 paradas e capacidade para transportar até 420 passageiros de uma vez só. A Linha 1 (Azul) é o VLT do Santos Dumont e da Rodoviária Novo Rio. A Linha 2 (Verde) conecta a Praça XV – de onde partem as barcas para Niterói – até a região da Central do Brasil (esse trecho inclui o Saara, área de comércio popular do Rio). A Linha 3 (Amarela) está situada entre as duas primeiras, ligando o Aeroporto Santos Dumont com a Central, passando pela histórica região conhecida como a Pequena África.

    Mapa do VLT Rio de Janeiro, com linhas e estações
    Mapa do VLT Rio – Imagem: Reprodução

    Ele garante a moradores e turistas integração com outros meios de transporte do Rio de Janeiro, como os navios de cruzeiro que atracam no porto (Parada dos Navios), avião (Parada Santos Dumont), ônibus (Rodoviária Novo Rio), metrô (estações Cinelândia, Carioca e Central, por exemplo), barcas para Niterói e Paquetá (Praça XV) e teleférico (Central e Providência), além de trens e ônibus metropolitanos (Central).

    O VLT circula diariamente das 6 à meia-noite, nas Linhas 1 (Azul) e 3 (Amarela) inteiras e entre as estações Central e Praça XV da Linha 2 (Verde). Para o pedaço entre a Praia Formosa e a Central na Linha 2, o funcionamento vai somente até as 22 horas.

    Aquário do Rio, numa das paradas no mapa do VLT
    Aquário do Rio, perto de uma parada – Foto Alexandre Macieira/Visit Rio

    O moderno bondinho pode chegar a uma velocidade de 50 km/h, dependendo do trecho. Por exemplo, o trajeto completo na Linha 1, entre o Aeroporto Santos Dumont e a Rodoviária Novo Rio, leva em média meia hora, com o VLT passando a cada 7 minutos.

    Estações, vagões e travessia nos percursos

    Na nossa ida ao Museu do Amanhã, havia lugar de sobra. Mesmo sentado, você fica um pouco espremido. Não é desconfortável, mas, se estiver nos bancos que ficam de frente um para o outro, corre o risco de cutucar o pé do viajante diante de você. Com capacidade para levar até 420 passageiros, cada bonde tem 8 vagões. Painéis luminosos e avisos sonoros em português e inglês informam a próxima parada. No alto das portas, há também um mapa do VLT Rio, com todas as estações.

    Se na ida para a Praça Mauá pudemos escolher onde sentar, na volta, no fim da tarde, tivemos de encarar o aperto típico da hora do rush de uma grande cidade. Na Avenida Rio Branco, fica o centro financeiro do Rio, então dá para imaginar a quantidade de gente que se juntou a nós. Viajamos em pé. Tudo bem, talvez o excesso de movimento fosse culpa da novidade e da gratuidade na época.

    Nas linhas do VLT, bondes com 8 vagões
    Nas linhas do VLT, bondes com 8 vagões

    As estações são bem simples, com uma cobertura (o sol do Rio exige, sem dúvida), rampa de acesso a portadores de necessidades especiais e painel com a sinalização das linhas do VLT. A distância média entre as paradas é de 400 m. Mapas indicam os trajetos dos bondes.

    O espaço da plataforma é estreito. Pedaços quadrados do piso na cor preta e com sulcos, que orientam quem possui limitação visual, servem também de faixa de segurança informal. Os funcionários pedem a todo instante para que os usuários (crianças, principalmente) se posicionem atrás dessa linha escura. Uma fina faixa branca, na beira da plataforma, indica a posição de abertura das portas quando o VLT para. Para entrar ou sair, aperte qualquer um dos botões verdes que ficam em cada uma das oito portas do bonde.

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    Pontos turísticos do Rio, ao longo do mapa do VLT Rio
    Pontos turísticos do Rio, ao longo do mapa do VLT Rio

    Não se pode embarcar com animais (exceto cão-guia), bicicletas e grandes volumes. Tampouco é permitido comer e beber dentro dos trens.

    As áreas de travessia de pedestres ao longo das linhas do VLT têm placas de sinalização. Apesar de circular em baixa velocidade, um sinal sonoro que remete ao som dos bondes antigos avisa da aproximação do bonde. Os trilhos não são eletrificados, então é muito comum ver pedestres e ciclistas cruzarem a linha enquanto o VLT não passa, o que é proibido. No trecho da Rio Branco perto da Avenida Presidente Vargas e da Praça Mauá, o calçadão de pedestres dá lugar a pistas para circulação de ônibus e carros.

    Valor da passagem e validação do RioCard

    A passagem do VLT Rio custa R$ 4,30. Usuários do Bilhete Único Carioca têm direito a fazer integrações dentro do período de até 2 horas e meia, podendo incluir 1 viagem de VLT e 1 de ônibus ou 2 de VLT. O aplicativo RioCard Mais (disponível para Apple e Android) permite fazer recargas online de modo fácil e rápido, além dispensar o uso do cartão tradicional. Você usa o próprio celular para pagar o transporte.

    É possível adquirir o bilhete nas máquinas de autoatendimento que ficam nas estações do VLT. As máquinas aceitam cédulas (não podem estar amassadas nem molhadas), moedas e cartão de débito (o chip tem de estar bom estado, sem plástico ou papel colado ao cartão; não há compra por aproximação). Importante: a máquina não devolve troco. Quer dizer, todo o valor inserido no cartão vale como crédito para viajar não só no VLT Rio como nos outros meios de transporte que fazem integração com o sistema.

    Respondendo a perguntas dos leitores Murilo e Alberto, os casos previstos na legislação têm direito à gratuidade também no VLT Rio, o que inclui menores de 5 anos e maiores de 65 anos. As crianças não precisam de cartão e devem estar acompanhadas de um responsável (esse com cartão validado). Os idosos devem portar o RioCard Sênior e validá-lo dentro do vagão ou apresentar documento de identidade, caso solicitado.

    Estações de metrô, no caminho das linhas do VLT Rio
    Estações de metrô, no caminho das linhas do VLT Rio

    Como não possui cobrador (trocador, como dizem no Rio), o cartão é validado dentro do veículo em leitores instalados próximos às portas. Apenas nas estações do VLT localizadas na Rodoviária, na Central e na Praça XV é preciso validar a passagem no equipamento que fica ao lado da roleta (catraca, para os paulistas). Fiscais têm máquinas individuais para checar se a passagem foi paga. Quem não validar pode ser multado, como ocorre em sistemas de transporte similares de outras partes do mundo (no Rio, o valor da multa é de R$ 170).

    Da última vez que utilizamos o VLT, fomos abordados de forma aleatória pelos fiscais para a conferência dos cartões. Caso o passageiro não tenha validado, o funcionário faz isso na mesma hora, na máquina portátil dele. Se o saldo for insuficiente, por exemplo, o usuário será orientado a desembarcar na estação seguinte. Apenas a Guarda Municipal pode aplicar a multa ao passageiro.

    Depois de encostar o bilhete na máquina, o passageiro pode descer e voltar a embarcar em outro VLT sem pagar novamente a passagem, desde que não mude o sentido da viagem e que esteja dentro do período de 1 hora após a validação do cartão.

    Máquinas nas estações do VLT
    Máquinas nas estações do VLT

    O leitor Helber perguntou nos comentários se poderia seguir até o fim do trajeto da Linha 1 e não descer, para retornar dentro do mesmo bonde no sentido contrário. Nós fizemos isso logo após a inauguração, quando ainda nem era vendido bilhete e o meio de transporte só chegava até a região da Praça Mauá. Ninguém nos mandou descer naquela ocasião, mas imaginávamos que isso não seria mais possível depois que a passagem passou a ser cobrada. A assessoria de imprensa do VLT Carioca confirmou que realmente não é permitido. É preciso descer na última parada e pagar outra passagem para fazer a viagem de volta, na direção oposta da linha.

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  • Hotel em Brotas: onde ficar e curtir a cidade do turismo de aventura

    Hotel em Brotas: onde ficar e curtir a cidade do turismo de aventura

    O grande barato de ir para esta cidade famosa pelo turismo de aventura é curtir os passeios por rios e cachoeiras. E tudo bem se você não for íntimo de boia cross, rafting e outros esportes náuticos. Escolha um hotel em Brotas, em estilo de pousada, fazenda ou resort, e se aventure. As opções de hospedagem costumam ser integradas à natureza, com acomodações confortáveis e boa infraestrutura de lazer para quem viaja em família, entre amigos ou a dois.

    Em algumas destas propriedades, o clima de fazenda, de roça, está presente na alimentação, em fartas refeições preparadas com ingredientes vindos de produtores regionais. Brotas fica a cerca de 245 km de carro a partir de São Paulo e está conectada à capital pela Rodovia dos Bandeirantes. Destino ideal para um fim de semana ou para períodos maiores de descanso.

    Assim como ocorre com as nossas outras sugestões de hospedagem — casos das listas de hotel fazenda no interior de SP e hotel no litoral de SP —, a relação abaixo é frequentemente atualizada e inclui apenas opções com uma boa avaliação de hotel nos sites de reserva.

    Brotas Eco Resort

    Um dos representantes da região especializada em turismo de aventura, o Brotas Eco Resort funciona em regime de pensão completa — há 3 restaurantes cujo forte é a comida de fazenda. Oferece 55 apartamentos, divididos em 5 categorias, todos com ar condicionado. Nos espaços comuns, há estrutura de copa e cozinha para quem vai com bebês e até dog park em área verde e sombreada para quem levar o cãozinho junto. Piscinas (3 delas climatizadas), play, quadra coberta, lago com tirolesa, escalada e mini fazenda estão no cardápio de diversão da criançada, que fica sob supervisão da monitora especializada. Atividades radicais como boia cross e rafting são organizadas por empresas parceiras. Tudo isso a apenas 10 minutos de carro do centro de Brotas, o que facilita as visitas à Casa da Cachaça, ao Parque dos Saltos e às quedas d’água do Rio Jacaré Pepira.

    Aventura no Brotas Eco Resort – Foto: Divulgação

    Hotel Fazenda Areia que Canta

    Tomar banho de rio, moer cana, comer fruta do pé, tirar leite de vaca, participar de brincadeiras antigas. E, sim, praticar esportes e atividades de aventura, afinal o lugar é Brotas (245 km de São Paulo). O Hotel Fazenda Areia Que Canta orgulha-se de dizer que suas acomodações são cerca de 10 m² maiores que a média da hotelaria. Os apartamentos são equipados com cama queen, minibar, TV e ar — algumas unidades incluem varanda (privativa ou com visão panorâmica) ou hidromassagem. A estrutura de lazer inclui 2 piscinas externas e 1 climatizada, sauna a vapor, quadra de tênis, salão de jogos e brinquedoteca. Passeios guiados visitam a nascente cujo fundo é formado por quartzo, mineral que, quando manuseado, produz som que remete ao canto, razão pela qual o hotel fazenda leva este nome.

    Para crianças, areia que canta e cavalos – Foto: Divulgação

    Recanto Alvorada Eco Resort

    No Recanto Alvorada Eco Resort a preocupação com sustentabilidade fica evidente nas atividades de lazer propostas e, especialmente, na cozinha. As refeições servidas no restaurante Século do Café são preparadas com alimentos adquiridos de produtores locais. Apartamentos são recomendados aos casais enquanto os chalés, mais espaçosos, recebem melhor as famílias. Com opção de visão para o lago ou para a fonte, as duas categorias de acomodações praticamente empatam em todos quesitos de estrutura, como varanda, cama box, ar, lareira e tv via satélite — apenas os chalés têm estacionamento privativo. Há 5 piscinas, campo de futebol, fazendinha, lago para passeios de caiaque, barco e SUP e espaço reservado às crianças de até 3 anos, com monitores que propõem jogos e brincadeiras nos finais semana — atenção: eles não ficam sozinhos com os pequenos, é preciso que os pais acompanhem as atividades.

    Piscina em família no Recanto Alvorada Eco Resort – Foto: Divulgação

    Hotel Fazenda Jacaúna

    Famílias encontram a oportunidade de contato com a natureza, com 200.000 m² de área verde e canto dos pássaros, pertinho do centro de Brotas. O clima de roça é sentido especialmente na comida farta feita em fogão a lenha. Em viagens românticas, é possível solicitar decoração especial na suíte e preparar uma programação a dois. Outra opção em Brotas, o Hotel Fazenda Jacaúna conta com acomodações para casais e também para famílias ou amigos (para até 4 pessoas). Grupos maiores podem se hospedar em uma das casas com capacidade de abrigar até 9 hóspedes. A criançada pode curtir o parquinho e os animais da propriedade (alguns soltos pelo jardim), como coelhos e aves. E ainda se divertir nas piscinas climatizadas ou com a pesca recreativa.

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