Autor: Fernando Victorino

  • Museu do Futebol (SP): o que tem, horário, preço e estacionamento

    Museu do Futebol (SP): o que tem, horário, preço e estacionamento

    ATUALIZADO EM 1º DE MARÇO DE 2019

    “Joca, que time é aquele do lado do Palmeiras”, perguntou para meu filho o amigo dele, Lucas, fanático por futebol. Joaquim ficou pensativo. Na direção para onde o colega apontava havia fotos, flâmulas, pratos e escudos de clubes, como o Coritiba sobre o qual Lucas perguntava. Estávamos Nathalia, as duas crianças e eu na entrada do Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Indicamos esse passeio até para quem não é louco pelo esporte. Para ver com calma o que tem no museu, sugiro reservar umas 2 horas de visita. Se estiver com criança, esse tempo deve aumentar.

    Como é o Museu do Futebol

    Espalhado por três andares, esse museu de São Paulo possui 16 salas. Desde a sua inauguração, a exposição permanente é super bem montada, com espaços que cativam porque são didáticos, vão além do jogo, do campo e bola, como se diz. Portanto, não espere por um museu de taças ou antiguidades raras. É um aula de história, que mostra como o jogo de bola moldou a identidade do povo brasileiro.

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    O que fazer no museu no Estádio do Pacaembu

    É para ver, ouvir e sentir o futebol. E se deixar levar pelas experiências propostas por esse que é um dos mais interessantes museus de São Paulo. A seguir, um resumo de cada espaço, com um relato pessoal de nossas diversas visitas em anos diferentes ao museu no Estádio do Pacaembu.

    Grande área

    No térreo, o hall de entrada tem paredes forradas de peças que materializam a estreita ligação que o Brasil mantém com o futebol. O olhar fica meio perdido em meio a reproduções de tantas faixas, distintivos, jornais e fotografias. Os já iniciados no assunto arriscam dizer quem são os personagens e quais times estão ali representados naquele espaço de pé direito muito alto (saiba que estamos debaixo das arquibancadas do Pacaembu). Foi nesse espaço que o Lucas quis saber do Joaquim se ele identificava o distintivo do Coritiba, por exemplo.

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    Entrada do museu tem as paredes forradas com a paixão nacional

    Eu já estive nessa sala ao lado do meu amigo Paulo Vinícius Coelho, jornalista esportivo. A sensação foi a mesma de quando a gente assiste à transmissão do Oscar com os comentários do Rubens Ewald Filho, principalmente quando aparece aquela sucessão de imagens de filmes antigos e o Rubens metralha o telespectador com o nome do ator/atriz e ainda o título do filme. No caso, PVC desandou a detalhar cada objeto exposto, com impressionante riqueza de detalhes.

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    Crianças adoram o Museu do Futebol

    Saudação do Pelé

    A escada rolante que dá acesso às demais salas deixa os visitantes cara a cara com o Rei do Futebol. Foi minha vez de perguntar a Joaquim quem era aquele sujeito que nos dava boas-vindas. “Esse eu sei. Pelé!, cravou meu filho, com a mesma certeza de tantas outras pessoas que, assim como ele, conhece o gênio do futebol cuja carreira terminou em 1977, mas que até hoje é reconhecido e idolatrado por onde é visto.

    Pé na bola

    Com cinco telas divididas, essa é uma sala de iniciação. Vê-se os pés de uma criança conduzindo uma bola. Um convite à exposição que está começando. Sejamos livres e soltos como o jogo do menino.


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    Anjos Barrocos

    Rivellino, Romário, Zico e outros craques do futebol brasileiro fazem companhia a Pelé na sala dos Anjos Barrocos. Telas suspensas refletem projeções de instantes de inspiração e talento: uma finta, um chute, uma comemoração. O tom azulado empresta solenidade e devoção ao ambiente. Marta — eleita por 6 vezes a melhor jogadora do mundo — e Formiga representam o melhor do nosso futebol feminino.

    Eu tentei explicar para os dois meninos que me acompanhavam quem eram aqueles jogadores que pairavam no ar, num exercício descritivo comparável àquele que narradores de rádio tem até hoje na hora de contar a história de um jogo. Futebol também é imaginação.

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    Diante de craques do futebol

    Sala das rádios

    Oportunidade para o visitante escutar gols históricos na voz de grandes locutores esportivos do Brasil. Sobre um painel que imita o dial do rádio, você posiciona o seletor entre os anos de 1934 e 2006 para ouvir a narração. É uma sala para quem, assim como eu, curte o veículo que primeiro transmitiu aos brasileiros a paixão pelo futebol. Toda vez em que visito o museu no Pacaembu, gosto de dar uma paradinha em uma das nove cabines. A tela mostra expressões utilizadas pelos locutores de cada narração. Um festival de criatividade para descrever o momento mais mágico de um jogo de futebol. Joaquim curtiu a frase ‘pimba na gorduchinha’, do mestre Osmar Santos.

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    Narrações na memória

    Gols históricos

    Sala que fecha o primeiro pavimento da exposição. Um time de jornalistas relembra gols e jogadas históricas que marcaram a vida deles. Depoimentos especialmente gravados pelo Museu do Futebol com uma velha-guarda de respeito da crônica esportiva, gente que ‘vem de longe’, como José Trajano, Juca Kfouri e Armando Nogueira (acha pouco ou quer mais?). Galvão Bueno conta como surgiu o famoso grito de ‘É tetra, é tetra’.

    Exaltação da torcida

    É na aspereza da arquibancada, ou melhor, debaixo das suas estruturas de sustentação que o passeio pelo segundo pavimento do Museu do Futebol no Pacaembu tem início. A Sala Exaltação apresenta gritos e cânticos de cerca de 30 torcidas de clubes brasileiros. É ensurdecedor. Primitivo e belo. Quim e Lucas ficaram estáticos. Tentaram entender o que era dito ao mesmo tempo em que quiseram adivinhar de quais clubes eram aquelas torcidas (por 10 ou 12 vezes arriscaram dizer São Paulo, por motivações claras). A instalação transformou-se na preferida de Nathalia ao lado da Sala das Origens.

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    Gritos da arquibancada

    Origem do futebol

    Retratos em branco e preto mostram os primórdios do nosso futebol. Onde e quando tudo começou. De Charles Miller que trouxe as primeiras bolas para cá, passando pelo surgimento do primeiro craque do futebol brasileiro, Arthur Friedenreich, pela criação dos clubes até a tardia aceitação de atletas negros nas equipes, gesto fundamental para a construção de um estilo de jogo brasileiro.

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    Fotos de época

    Ao todo, são 430 imagens de ‘um Brasil de soneto, do Brasil do fraque e do espartilho’, como escreveu Nelson Rodrigues, craque das crônicas de futebol. Curioso foi ver a reação dos meninos ao descobrirem que os jogadores dos anos 1920 usavam uniformes nada convencionais, que incluíam grossas camisas de mangas compridas, calções até a altura da canela e… cinto! Às mulheres, as primeiras que se arriscaram nesse campo desde sempre dominado pelos homens, o fardamento era igualmente pesado.

    Às vezes carrego comigo a grande encadernação que contém as legendas das fotos e encontra-se disponível na entrada da sala. Fico admirado quando reconheço um local do Rio de Janeiro dos anos 30 ou 40, por exemplo — considero um bom exercício para notarmos a transformação da paisagem urbana e dos costumes brasileiros. Já o Lucas e o Joaquim fingiam usar o caderno como um mapa do tesouro, vendo o número no guia e buscando a foto correspondente nas paredes.

    Heróis do Brasil

    As salas que se seguem preparam o visitante-torcedor para os nossos melhores momentos. O espaço intitulado Heróis trata do Brasil que se orgulha da criatividade resultante de sua mestiçagem. Brasil de Drummond, de Ary Barroso, de Heitor Villa-Lobos, de Domingos da Guia e de Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta. E não é que os meninos reconheceram Portinari e Tarsila, bem familiar para eles porque foram apresentados aos principais nomes da pintura brasileira graças à professora de artes da escola?

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    Momento para aprender e refletir

    Rito de passagem

    A mescla de tons e ideias contribuiu também para a evolução do nosso futebol. Assim como as derrotas. Rito de Passagem nos coloca diante do que já foi o maior trauma do torcedor brasileiro: a perda da Copa para o Uruguai, em 1950. Na voz do cantor e compositor Arnaldo Antunes, a descrição daquele 13 de julho, tarde em que som do silêncio pairou sobre um país inteiro, prepara o visitante para o que ele verá a seguir: as vitórias que chutariam pra longe o complexo de vira-latas do brasileiro.

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    A Copa perdida para o Uruguai

    Copas do Mundo

    Em totens ornados com pequenos monitores, cada edição de Copa do Mundo está relacionada a fatos históricos e ao contexto em que o respectivo Mundial foi disputado: como estava o cenário sócio-econômico aqui e lá fora, qual a mais nova descoberta da ciência, quem ditava a moda ou estourava nas paradas de sucesso.

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    Sala sobre Mundiais

    Se eu pudesse escolher uma música para tocar nessa sala, deixaria rolar em looping o Frevo do Bi, de Silvério Pessoa. De preferência com Tom Zé ao violão e cantando: ‘Você vai ver como é Didi, Garrincha e Pelé dando seu baile de bola \ Quando eles pegam no couro \ Nosso escrete de ouro \ Mostra como é nossa escola…’

    No campo musical, prefiro ‘a ode-frevística’ aos campeões do mundo de 1958 e 1962 do que o ufanismo de Miguel Gustavo e seu Pra Frente Brasil, de 1970, canção que embalou a campanha do tricampeonato, para alegria geral da nação e, principalmente, dos militares. Futebol e política andam de braços tão dados quanto a seleção brasileira de 1994, campeã nos Estados Unidos fazendo da corrente humana na entrada ao gramado, um dos símbolos da conquista do tetra.

    A Sala das Copas é a minha preferida. Quase sempre nos separamos nesse espaço. Nathalia, igualmente ávida e curiosa por História, se delicia ao redor das colunas formadas por monitores. Na tarde em que estávamos acompanhados do Quim e do amigo, ainda não havia o totem representando a Copa de 2014. Em janeiro de 2017, nossa passagem mais recente por lá, já era o Mundial que mais concentrava visitantes. Impressionante ver como muita gente se postava diante da tela que exibe a fatídica goleada de 7 a 1 que a Alemanha impôs ao Brasil. Espero que seja menos por masoquismo e mais pelo fato de ser uma das novidades do museu.

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    Destaques de todas as Copas

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    O vexame do 7 x 1 na Copa do Brasil

    Pelé e Garrincha

    Duas estruturas circulares apresentam o melhor de Pelé e Garrincha. Juntos, eles nunca perderam um jogo com a camisa da seleção brasileira. Andar ao redor das imagens, olhar fixamente para os dribles e gols deixa qualquer um tonto, como costumavam ficar os zagueiros que tentaram parar essa dupla genial.

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    Lances memoráveis do esporte


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    Números e curiosidades

    Depois de atravessar a passarela, chegamos à sala mais alegórica e colorida de todo o Museu do Futebol de São Paulo. Primeiro, grandes placas fornecem o chamado conhecimento de almanaque: o jogo com maior número de expulsões, a maior goleada, o maior público pagante em um estádio brasileiro e por aí vai. Na sequência, painéis explicam regras, mostram fundamentos como o chute e brindam os visitantes com frases antológicas produzidas pelo mundo do futebol. Quase no fim da sala, há mesas de pebolim (totó em outras regiões do país) para adultos e crianças jogarem.

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    Fatos curiosos

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    Um clássico: ‘treino é treino, jogo é jogo’

    Visita à arquibancada

    Oportunidade para tirar selfies tendo ao fundo o lendário Estádio do Pacaembu. As fotos em dias de céu azul são imbatíveis porque o estádio foi erguido em um vale, de modo que as arquibancadas são emolduradas pelos prédios da região.

    Dica: depois de ver o que tem no Museu do Futebol, tire mais fotos dentro do estádio. A pista ao redor do gramado é aberta para sócios do complexo de esportes que funciona no Pacaembu. Já os visitantes do museu podem entrar no setor mais perto do campo. O acesso é pela lateral do portão principal, de frente para a Praça Charles Miller.

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    Ótimo passeio em família

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    Conhecendo o Pacaembu

    Dança do futebol

    Em estruturas metálicas que lembram uma bola de futebol estilizada, são exibidas três crônicas: Dribles, Defesas e Gols; Canal 100 — o famoso cinejornal exibido antes dos longas-metragens e que imortalizou grandes momentos do futebol brasileiro — e Futebol Feminino, que trata das pioneiras do esporte que consagrou Marta como a melhor jogadora do mundo por cinco vezes.

    Na nossa visita de 2015, o Museu do Futebol mantinha a exposição temporária chamada Visibilidade para o Futebol Feminino. Fotos e fatos relacionados à presença das mulheres no futebol eram identificados com uma medalha. Na época, as estruturas da sala Dança do Futebol só mostravam lances de nossas meninas em ação. Lembro-me que quase ninguém parava para assistir. No início de 2017, flagrei apenas uma garotinha, quase que por descuido, circulando por ali.

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    Futebol feminino no Brasil

    Jogo de corpo

    O playground dos pequenos e dos grandes. Há painéis com a ficha completa de alguns clubes brasileiros, além de dois campos de futebol virtual — Joaquim acha super maneiro e sempre escala alguém para ser parceiro dele na peleja: sobrou até para a avó numa das visitas.

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    Bate-bola virtual com a avó

    E tem ainda o Chute a Gol, desafio que avalia a velocidade do seu chute. Entre na fila e capriche na pontaria. Uma câmera registra o lance e a imagem pode ser visualizada no site do Museu do Futebol. Guarde seu ingresso para poder acessar a foto.

    Dica: se quiser testar a potência de seu chute, encha o pé; se estiver mais a fim de fazer o gol, siga a máxima dos grande craques: ‘não é força, é jeito’. Meu recorde mais recente foi uma pancada a 99 quilômetros por hora, de canhota, inapelável para o goleiro.

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    É goool, gol do Joaquim!

    Homenagem ao Pacaembu

    A visita termina com imagens da construção do estádio, as plantas do projeto original e fotos em preto e branco tiradas por mestres como Jean Manzon e Thomas Farkas. Eu adoro assistir ao cinejornal da época, que conta sobre o andamento das obras do estádio. Acho divertido ouvir o locutor falar com aqueles ‘erres’ e ‘eles’ pronunciados com vigor impressionante.

    VALE SABER

    Endereço: Praça Charles Miller, s/n, Pacaembu, São Paulo

    Estacionamento: Se for de carro, há vagas de Zona Azul por toda a praça. Desde o fim de 2016, não há mais a venda de cartão de papel. Ou você baixa o aplicativo disponível tanto para Android quanto iOS ou pare na banca da entrada da praça, que é revendedor oficial. Como se trata de uma Zona Azul especial, é possível estacionar o carro por um período de 3 horas pagando o mesmo preço das vagas em áreas convencionais da cidade, R$ 5. Flanelinhas vão te abordar na entrada da praça oferecendo uma vaga por valores indecorosos. Agradeça, siga em frente e pare você mesmo onde quiser.

    Transporte: A estação de metrô mais próxima é a Clínicas (linha verde). O site do Museu do Futebol indica os passos para chegar de transporte público. Ande até a parada Avenida Doutor Arnaldo, 500, e tome uma das opções de ônibus: 177C-10 (Jardim Brasil), 917M-10 (Morro Grande) ou 6232-10 (Metrô Barra Funda). Desça na Avenida Pacaembu, 1721. Na volta, ande até o ponto que fica na Avenida Pacaembu, 22. Tome as linhas 177C-10 (Vila Madalena), 917M (Ana Rosa) ou 6232-10 (Vila Ida)

    Quem vem pela linha vermelha deve descer na estação Palmeiras/Barra Funda. De lá, caminhe até a parada de ônibus que fica dentro da própria estação. Tome a linha 6232-10 (Vila Ida). Desça na Avenida Pacaembu, 1721. Na volta, caminhe até a Avenida Pacaembu, 22, e utilize a linha 6232-10 (Barra Funda).

    Horário: De terça a domingo, das 9 às 17 horas (a visitação vai até 18 horas). Em dias de jogos no Estádio do Pacaembu, o Museu do Futebol tem horário de funcionamento especial (consulte no site da instituição). O museu fecha em 1º de janeiro, Quarta-Feira de Cinzas e 24, 25 e 31 de dezembro

    Ingresso: O ingresso custa R$ 15 — estudantes com carteirinha, pessoas acima de 60 anos, R$ 7,50; crianças até 6 anos, portadores de necessidades especiais com 1 acompanhante e professores da rede pública de ensino, grátis. Às terças, a entrada é grátis para todos os visitantes

    Alimentação: O Flor Café é uma opção para refeições e lanches. Terças, das 10 às 22h30 (futebol de botão a partir das 19 horas); de quarta a sexta, das 10 às 19 horas (fecha 1 hora mais cedo aos sábados, domingos e feriados). Se a intenção for só enganar o estômago com alguma coisinha, dá para comer um pastel na feira livre que funciona na entrada da Praça Charles Miller —às terças, quintas, sextas e aos sábados. Nathalia já escreveu a respeito desse programa tipicamente paulistano

    Compras: A loja que fica na saída do museu vende camisas dos principais clubes brasileiros e do mundo, além de bolas e equipamentos esportivos. Abre de terça a domingo, das 9 às 18 horas

    Dicas: Há visitas mediadas ao museu (combinadas ou não com um tour pelo estádio). Grupos de até 40 pessoas são guiados por educadores, que falam da importância do futebol como patrimônio cultural. Existem também atividades voltadas exclusivamente para crianças, como o espaço Dente de Leite e o programa Férias no Museu, com oficinas, brincadeiras e passatempos sob a supervisão de monitores. Da última vez, Joaquim desafiou a mãe a atravessar uma cama de gato e ainda tirou foto com Mônica e Cebolinha — a Turma da Mônica era a temática da vez. Não deixe de ver também exposições temporárias. Elas são sempre uma boa desculpa para retornar ao Museu do Futebol

    Site: museudofutebol.org.br

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  • Museu da Imigração de São Paulo: ingresso, dicas e maria-fumaça

    Museu da Imigração de São Paulo: ingresso, dicas e maria-fumaça

    ATUALIZADO EM 19 DE MARÇO DE 2019

    Um museu que explica São Paulo, sua gente e sua gênese. E que também revela traços da formação do Brasil miscigenado do qual descendemos e fazemos parte. Na divisa entre os tradicionais bairros do Brás e da Mooca, o Museu da Imigração, antes conhecido como Memorial do Imigrante, carrega um pouco da origem de cada um de nós, na forma de fotografias, objetos e histórias, em um rico acervo digital.

    Além do mergulho na história, o visitante pode fazer um passeio a bordo da maria-fumaça, que parte da plataforma ao lado do Museu da Imigração — detalhes no fim deste texto.

    https://www.instagram.com/p/BEjw_8KzNUn/

    Dentro do museu, o conteúdo escrito nos painéis e nos folders está disponível em três idiomas (português, inglês e espanhol), fato raro em se tratando de instituições culturais brasileiras. E não estamos falando de informações triviais, mas de grandes explicações mesmo — só vimos algo parecido em nossa visita ao moderno Museu do Amanhã, no Rio.

    Funciona no antigo prédio da Hospedaria de Imigrantes, primeira parada dos 2,5 milhões de estrangeiros e de outros brasileiros que chegaram a São Paulo entre 1887 e 1978. Foi onde muitos imigrantes italianos, portugueses e japoneses, entre outros, receberam sua certidão de desembarque no país. O museu do Estado de São Paulo mostra um vasto registro da imigração no Brasil.

    Fotos: Nathalia Molina @ComoViaja
    Gavetas com cartas escritas por imigrantes à família

    De ascendência ibérica, Nathalia Molina conheceu o lugar em 1999, no tempo em que ele era chamado de Memorial do Imigrante. Da primeira visita, a carioca que tinha migrado para São Paulo um ano antes lembra que a exposição era bem simples, quase um daqueles trabalhos que os estudantes fazem para a escola. Mesmo assim ela gostou da visita porque se interessa por imigração no Brasil e no mundo de um modo geral. Na ocasião, ela também aproveitou para pesquisar no arquivo local (que ainda não era um acervo digital) a lista de imigrantes portugueses ou espanhóis que fossem parentes seus, vindos no início do século 20.

    Nathalia ficou impressionada quando esteve lá pela segunda vez, já como Museu da Imigração. Havia três terminais de consulta para buscar o registro de imigrantes no Brasil. Os computadores ficam numa das salas laterais do prédio do museu. Dá para visitar na saída, assim como a plataforma da estação onde os viajantes desembarcavam na chegada à hospedaria.

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    Terminal de consulta de imigrantes

    Como é o Museu da Imigração de São Paulo

    A estrutura atual em nada lembra o que Nathalia havia conhecido cerca de 20 anos antes. O espaço foi todo reformulado, o que o deixou como um dos melhores museus de São Paulo. O prédio e o jardim da entrada estão conservados, mas a principal transformação ocorreu lá dentro. A exposição está super bem montada, tanto pela disposição e pela explicação em cada área quanto pela interatividade, com bons recursos audiovisuais.

    Desde 2011, o Museu da Imigração tem sua gestão sob a responsabilidade do Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração (Inci), que venceu a chamada pública organizada pela Secretaria de Estado da Cultura.

    Bem, voltemos à visita.

    Ao passar da bilheteria, você sai à esquerda em um grande jardim. A propósito, guarde um tempo para se sentar em um dos bancos e ficar só de bobeira olhando para o pátio da entrada, que possui 2 figueiras com mais de 50 anos. Visitamos o museu em um sábado de sol. Além de ter sido gostoso descansar debaixo da sombra das árvores, fizemos lindas fotos do prédio em contraste com o céu azul.

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    A velha figueira resiste ao tempo
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    Fachada da velha hospedaria, hoje museu

    Se você for em época da anual Festa do Imigrante, tem a chance de conhecer tradições e comidas típicas de várias culturas que formaram São Paulo. Caso vá no restante do ano, a visita não é tão festiva, mas é recheada de história. Siga em direção ao edifício principal e suba às rampas que contornam o chafariz. A acesso fica no corredor central, à esquerda. A exposição ocupa o segundo andar.

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    Explicações em 3 idiomas, raridade em museus brasileiros

    O que ver no prédio do antigo Memorial do Imigrante

    De cara, nos deparamos com uma caçamba de caminhão tombada com cerca de 20 mil tijolos, obra do artista plástico Nuno Ramos. Intitulada É Isto um Homem, é inspirada em livro homônimo e fala do processo de imigração a partir da ótica do trabalho e da diferença de línguas — cada tijolo carrega palavras em inglês, francês, tcheco, alemão, húngaro e iídiche, todas utilizadas em um trecho do livro.

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    Arte contemporânea no Museu da Imigração
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    Painéis guiam o visitante por todas as salas

    À esquerda da escada tem início a exposição permanente. No total, o Museu da Imigração tem oito módulos numerados, indicados para serem vistos na ordem proposta. Eles abordam do movimento migratório no mundo desde os primórdios até chegar, efetivamente, à formação da cidade de São Paulo.

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    Embarque nesta viagem histórica


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    DIÁSPORAS

    A primeira sala fala do homem como ser migratório por natureza, a partir de sua origem na África, a consequente expansão para a Europa e, daí, para outros cantos do planeta. Uma projeção e um painel luminoso mostravam como se deu esse processo que se confunde com a própria história da humanidade. Inicialmente, o equipamento estava com problema e a projeção travava. Procurei por um monitor do museu para falar a respeito. Super atencioso, ele pediu desculpa e disse que teria de reiniciar o programa, solicitando para que voltássemos dentro de alguns minutos. Seguimos o pedido dele e retornamos para ver o vídeo mais tarde. Na sala escura, o grande painel iluminado mostrando a movimentação do homem primitivo pelos continentes instigou o Joaquim.

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    IMIGRAÇÃO NO BRASIL

    Sala com monitores de vídeo e fones de ouvido para acompanhar uma breve aula sobre os ciclos de imigração para o Brasil. Aqui fala-se das contribuições (expressões da língua, usos e costumes) dadas por povos que desembarcaram em nosso país desde a chegada dos portugueses, os primeiros imigrantes.

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    Quando criança, eu gostava desse tipo de apresentação, até hoje acho que se assimila mais e melhor datas e nomes dessa forma do que quando se lê linhas e mais linhas (e olha que eu adoro ler). Joaquim se sentou e ouviu atentamente as explicações. Parece que ele também gosta de teleaula, porque já havia parado para ver algo semelhante durante nossa visita ao Museu da República, no Rio, no Palácio do Catete.

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    AS HOSPEDARIAS E O CONTEXTO DAS MIGRAÇÕES

    Antes de tomar um navio em busca de uma vida nova, era preciso se deslocar por terra até um porto, numa jornada tão ou mais complicada quanto a própria travessia. Nesse processo havia também hospedarias que abrigavam os que estavam de saída. Esse espaço do museu espaço fala de cinco locais de chegada e de partida de imigrantes pelo mundo: Ellis Island (EUA), Bremen (Alemanha), Gênova (Itália), Buenos Aires (Argentina) e Kobe (Japão). Um painel mostra que, de 1820 a 1914, cerca de 50 milhões de pessoas migraram para o continente americano, para países como EUA, Canadá, Argentina e Brasil.

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    Nos impressionou ver as fotos de crianças e de mulheres à espera de um navio que os levasse para longe de cidades devastadas pela guerra. Não há como ver cenas como essas e não lembrar das imagens dos milhões de refugiados que buscaram alcançar a Europa há alguns anos.

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    A instalação As Viagens reproduz o convés de um navio, igual ao de tantos que por aqui aportaram. Vemos a vida de imigrantes japoneses, italianos e libaneses passar em fotos de época. Nas paredes de madeira, inscrições em italiano como as que continham os documentos e as passagens de muitos imigrantes. Uma delas informa: 3ª classe, categoria inferior onde a maioria deles viajava.

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    HOSPEDARIA DO BRÁS

    Assim que um navio chegava ao porto de Santos, boa parte dos imigrantes era levada de trem diretamente para a hospedaria que funciona no Brás, já que São Paulo possuía uma malha ferroviária rumo às cidades do interior, destino final de muitos estrangeiros.

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    Essa é uma das salas mais legais, porque contém inúmeros objetos de época utilizados nas hospedarias ou que pertenciam aos próprios imigrantes. Joaquim ficou assustado com o tamanho das ampolas e das agulhas de injeção com que eram dadas vacinas nos viajantes.

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    Nathalia mostrou para o nosso filho o ferramental e a cadeira de dentista iguaizinhos aos que o avó dela, o velho Molinão, mantinha em seu consultório. Nessa mesma parte do museu havia uma cômoda cheia de gavetinhas que também fez a Nath se lembrar da infância —que diabos o avô dela guardava em espaços tão minúsculos como aqueles?

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    Mais adiante, encontramos uma parede formada por gavetas. Dentro delas havia cartas trocadas entre imigrantes e parentes que ficaram em seus países de origem. Eram conhecidas como Cartas de Chamadas, documentos que facilitavam a entrada de novos imigrantes, cujos os familiares já haviam se estabelecido por aqui. Experimente abrir uma gaveta para ler. É tocante.

    Eu tenho uma dessas que pertencia ao meu avô, António Victorino. Foi redigida em nome da irmã, Mariana, que assim como ele não sabia escrever. A carta falava em dificuldades financeiras e pedia autorização para que ela pudesse entrar no Brasil. Mariana foi atendida, e viveu até a morte em São Vicente, no litoral paulista.

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    Pelo Brás não passaram apenas viajantes estrangeiros. A hospedaria teve papel importante no processo de migração interna, ocorrido no Brasil em função de ciclos econômicos — a instituição paulistana abrigou muitos trabalhadores fugindo da seca no sertão nordestino, por exemplo. Além de documentos históricos, mesas que simbolizam o refeitório da hospedaria são compostas por telas onde são projetadas imagens que alimentam nosso imaginário a partir do cotidiano destes migrantes.

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    A maior sala de toda a exposição tem ainda uma reprodução dos dormitórios, com beliches posicionados lado a lado e nichos onde são exibidos depoimentos de imigrantes que narram o processo de passagem pela hospedaria, misto de acolhimento e de incerteza.

    Ao redor, estantes guardam objetos preciosos, como canecas de metal trazidas de um navio holandês bem como um acordeão de origem italiana — o museu destaca a música como importante instrumento de conexão entre os imigrantes com seus países de origem, além da descontração promovida por ela dentro da hospedaria.

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    CAMPO E CIDADE

    Filme de sete minutos que narra como se deu a formação de São Paulo pelo trabalho, responsável por atrair mão de obra para as lavouras de café, especialmente depois do fim da escravidão (do lado de fora há, inclusive, uma velha máquina de moer grãos).

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    Já no teto desta sala há uma Carta de Chamada. Um imigrante escreveu ao irmão detalhando cuidados a serem tomados na travessia de Portugal para o Brasil. Lê-se num dos trechos: “Vinde prevenidos com limões e açúcar para poderem beber melhor a água.”

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    SÃO PAULO COSMOPOLITA

    Uma sala grandiosa como a metrópole. Duas paredes exibem imagens com ícones da maior cidade do Brasil, enquanto informações com números superlativos correm acima delas. Tudo ao mesmo tempo, bem ao ritmo de São Paulo. A cidade com não mais do que 24 mil habitantes até 1870 hoje guarda o mundo. A expansão econômica trouxe o crescimento desordenado que sabemos. Mas trouxe também profundas influências de seus novos moradores. É um falar, um comer, um rezar, cada qual a seu modo. Todos compartilhando e vivendo diferentes possibilidades em uma só cidade.

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    Joaquim ficou de olho nas fotos da São Paulo de antigamente, a cidade que abraçou os bisavós ítalo-lusitanos e a mãe, nascida no Rio. Quem gosta de ver imagens em preto e branco do tempo da garoa, saiba que essa aqui é a sala.

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    BOM RETIRO, MOOCA, SANTO AMARO E BRÁS

    Em uma de suas últimas salas, o Museu da Imigração registra traços marcantes de quatro bairros de São Paulo. Nascido na Mooca, muito do que está exposto me soa sempre familiar: a paróquia de São Rafael, onde meus pais se casaram e fui batizado, a tradicional Festa de San Gennaro e o estádio da Rua Javari, do hoje cult Juventus, clube de futebol fundado na mesma data em que eu nasci, um 20 de abril, e que teve meu avó como um dos primeiros sócios e jogadores de basquete (bola ao cesto, como ele gostava de dizer). Foi mais ou menos dessa maneira que expliquei o valor afetivo dessa sala para o meu filho, ao som de Samba do Arnesto, clássico do samba paulista cantado em um dialeto consagrado por Adoniran Barbosa.

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    Mas a Mooca não foi só formada pelos italianos, que também dividiram território com os judeus do Bom Retiro, onde hoje os coreanos também figuram aos montes bem como lá pelos lados do Brás, morada de tantos bolivianos e haitianos. E o que dizer de Santo Amaro, quase uma cidade dentro da própria cidade, de ligações estreitas com a cultura alemã, celebrada em eventos como a Brooklin Fest?

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    IMIGRAÇÃO HOJE

    Quem são os novos imigrantes? De onde chegam? Por que escolheram São Paulo? As respostas estão em depoimentos gravados por gente que vem da América Latina, da África e do extremo Oriente. Para assistir, é preciso deslizar os rostos fragmentados até juntar as partes correspondentes e o vídeo começar — adivinhe se o Joaquim, o rei do touch, não curtiu ver depoimentos e mais depoimentos?

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    A qualquer momento da exposição, percorra o corredor formado por uma parede toda composta por sobrenomes de imigrantes italianos, portugueses e de outras nacionalidades, entalhados em madeira. É uma busca meio insana, a vista embaralha, achamos a família daquele amigo, do vizinho, da menina da 4ª série que sentava ao nosso lado. Nathalia, Joaquim e eu gastamos um bom tempo em busca dos Molina e dos Victorino. É preciso dizer que não achamos.

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    Da última vez que fomos ao museu, em novembro de 2018, Joaquim e a avó, Sonia, toparam fazer o passeio de maria-fumaça. Eles embarcaram na plataforma da estação que fica no Museu da Imigração. A experiência durou 25 minutos (R$ 25), tempo em que a composição de 1928 percorreu as estações Mooca e Brás — há passeios que são realizados em outro vagão, de 1950 (R$ 20).

    Passeio de maria-fumaça dura 25 minutos

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    VALE SABER

    Endereço: Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, São Paulo

    Transporte: A estação Bresser-Mooca do metrô (linha vermelha) fica a 1.500 metros de distância. Infelizmente, não aconselhamos andar pela Rua Visconde de Parnaíba, que margeia toda a linha do trem, mesmo durante a semana quando há mais movimento na rua. Pegue um táxi na porta da estação, mais barato e seguro. Se for de carro como nós, estacione em frente ao museu, que fica no trecho sem saída da rua

    Funcionamento: De terça a sábado, das 9 às 17 horas (domingo abre 1 hora mais tarde)

    Preço: R$ 10 — estudantes e idosos acima de 60 anos, R$ 5. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos. Crianças até 5 anos, professores da rede pública, taxistas, servidores estaduais, portadores de necessidades especiais não pagam ingresso

    Alimentação: A cafeteria Cantina é uma graça, com cardápio enxuto e focado nas variações da bebida (ristreto, macchiato, latte…) e acompanhamento como bolos, cookies, sanduíches e tortas do dia — servem brunch aos sábados e domingos. Possui uma área com quatro mesas e uma varanda de frente para o jardim.

    Compras: A lojinha que funciona no térreo vende kits infantis com quebra-cabeça, ioiô e livro. Há ainda malas vintage, guarda-chuva e as tradicionais camisetas e canecas com o logotipo do museu

    Site: museudaimigracao.org.br

  • O que fazer em São Paulo com crianças: passeios na capital

    O que fazer em São Paulo com crianças: passeios na capital

    Nas férias ou nos fins de semana, não importa. Uma dúvida assola a cabecinha de pais preocupados com o divertimento de seus filhos: o que fazer em São Paulo com crianças? Quem nunca? Nathalia e eu vivemos essa questão desde 2009, quando nosso filho, Joaquim, nasceu. E dá-lhe de trocar informações com os amigos sobre a boa da semana, a novidade da temporada, aquele passeio de onde postaram uma foto em que o pequeno parecia estar se divertindo muito. Tudo para aproveitar a capital em família. Se você vem de outras cidades, confira nossa seleção de hotéis na Avenida Paulista, bem avaliados por viajantes.

    Como a capital paulista é uma cidade em constante mutação, tem sempre um passeio diferente pintando. Ou clássicos que podem ser (re)visitados, como Parque da Mônica, Kidzania (com reabertura estimada para o primeiro semestre de 2023) Aquário de São Paulo e Catavento Cultural. Museu do Futebol é quase sempre uma bola dentro.

    Outras instituições com enfoques artísticos — Museu de Arte de São Paulo (Masp) e Museu de Arte Moderna (MAM-SP) — ou históricos (Museu da Imigração e o reinaugurado Museu do Ipiranga) também podem ser programas deliciosos em família (por que não?). E tem sempre a excelente programação infantil do Sesc-SP com unidades por toda a capital.

    Pensando nisso, elaboramos uma lista com 12 passeios para fazer com crianças em São Paulo em qualquer época do ano.

    1 | Museu Catavento

    Quando criança, este era um dos passeios preferidos de nosso filho, Joaquim, que pedia para repetir sempre que possível. Apresentar o mundo maravilhoso da Ciência para as crianças nem sempre é tarefa fácil. No Museu Catavento, elas aprendem de forma interativa e divertida a partir de experiências montadas em quatro seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade. É um museu que não fica devendo nada a atrações internacionais.

    Nos fins de semana, é preciso retirar senha online (gratuitas) para participar de atividades extras, como o Monte dos Sábios (parede de escalada), Viagem ao Fundo do Mar (simulação de um passeio de submarino) ou Estúdio de TV (gravação ao vivo de um programa). Ainda em 2023, o Catavento Museu de Ciências passa a ter área para criação de desenhos no ambiente metaverso.

    Desde que abriu suas portas, em 2009, o museu recebeu cerca de 6 milhões de pessoas, tornando-se o museu mais visitado do estado de São Paulo.

    2 | Parque da Mônica

    Roda Gigante da Turma, Ce-bolinhas, Trombada do Louco, Montanha-Russa do Astronauta e Missão: Fundo do Mar, atração interativa que simula uma imersão no oceano. E isso é só o começo. No Parque da Mônica, todas as brincadeiras e atividades envolvem a turminha criada por Mauricio de Sousa. Há encontros com os personagens para fotos e apresentações musicais em horários marcados. Coberto, o parque é pensado para pais e filhos brincarem juntos o dia inteiro. A infraestrutura inclui loja temática, praça de alimentação (opções de comida e bebida pagas à parte) e espaço família, com área para amamentação, troca de fraldas e empréstimo de carrinhos de bebê, tudo para dar mais conforto à visita. Fica dentro do Shopping SP Market, na zona sul de São Paulo.

    3 | Kidzania São Paulo

    Sob nova direção, a Kidzania São Paulo está prestes a reabrir totalmente remodelada. A expectativa é de que a reinauguração ocorra ainda no primeiro semestre de 2023. Mas a essência vai permanecer a mesma. Afinal, quase toda criança gosta de imitar os pais em suas profissões. Neste retorno, a promessa é de que um novo mundo trabalho também esteja representado.

    Quando desembarcou no Brasil, a atração trazia entre as brincadeiras viver da rotina de um hospital ou de um corpo de bombeiros até o dia a dia de uma agência de publicidade — nosso filho, Joaquim, experimentou sete profissões. Com o objetivo de misturar mistura de entretenimento com educação, as atividades eram realizadas de acordo com a faixa etária da criança e realizadas em ambientes patrocinados por empresas parceiras do parque.

    Entrada da antiga da Kidzania, no Shopping Eldorado

    4 | Aquário de São Paulo

    Apesar do nome, o Aquário de São Paulo, no Ipiranga (zona sul), já não se resume só a espécies que vivem nos mares e nos rios. O tanque dos tubarões e das raias, o peixe-palhaço e o tang azul (Nemo e Dory, como as crianças costumam chamar aos berros quando os encontram) são os preferidos do público, dividindo a atenção com os bugios e os tamanduás.

    Levamos nosso menino a primeira vez quando ele era bem miudinho, mas ele voltou depois com a escola. Por isso, Joaquim traz mais detalhes: “Os jacarés ficam junto com as tartarugas num lago rasinho. As crianças podem se divertir vendo os bichos na área do aeroporto, onde cada sala representa uma região do mundo com animais desse lugar. Na África tem o lêmure e na Austrália tem os cangurus e os coalas.” Modo fofo ativado.

    5 | Museu do Futebol

    Ideal para mostrar às crianças que o futebol surgiu muito antes do videogame. No Museu do Futebol, a paixão por esse esporte está materializada na forma de camisas, fotos, objetos, filmes e narrações que contam um pouco da origem e das glórias do esporte número 1 do Brasil. Há muitas salas interativas, como a do Chute a Gol, em que adultos e crianças podem testar a pontaria com auxílio da tecnologia. Essa chegou a ser uma das áreas preferidas do Joaquim, que também gostava do Jogo de Corpo, um campo de futebol virtual.

    Profissionalmente e pessoalmente, visitei o museu diversas vezes e acho a Sala das Copas um dos espaços mais legais porque relaciona fatos históricos da humanidade com o período dos mundiais. Do lado de fora, o museu costuma manter uma programação de férias especial para a meninada, com atividades, entre elas, brincadeiras tradicionais, contação de histórias e oficinas. E o melhor: o museu fica no Estádio do Pacaembu, na zona oeste, um ícone da cidade de São Paulo.

    Para aprender sobre as Copas do Mundo

    6 | Masp, MAM, MAC e Museu da Imigração

    Lugar de criança também é no museu. Assim pensamos nós, incentivadores da ideia. Porque tem muita energia e capacidade nos pequenos, suficientes para gastar com atividades físicas e intelectuais. Criança aprende naturalmente. E ver pinturas e esculturas apura o senso estético e a sensibilidade, características mais do que necessárias para um mundo melhor.

    Dois dos principais museus de São Paulo ficam em lugares turísticos, por onde você passa quando visita a capital: a Avenida Paulista (que tem como um de seus símbolos o ótimo Museu de Arte de São Paulo – Masp) e o Parque Ibirapuera (onde estão atrações como o Museu de Arte Moderna – MAM-SP).

    Na visita, pergunte sempre se tem atividade no espaço dedicado a crianças — Joaquim já fez oficina de pintura no Masp e desenhou no blocão no cavalete do MAM-SP. Em frente ao parque fica o Museu de Arte Contemporânea (MAC), com exposições interessantes e o lindo terraço do restaurante Vista.

    Já o Museu da Imigração é muito indicado para quem tem filhos em idade escolar na etapa em que aprendem do descobrimento à industrialização no Brasil. Também é a chance de entender melhor a cidade de São Paulo e como ela chegou ao que é hoje. É um dos nossos museus brasileiros preferidos.

    Reaberto depois de 9 anos de reformas, o Museu do Ipiranga vale a pena por estar no centro de um dos capítulo mais conhecidos da nossa história, a Independência do Brasil. Além disso, o imenso jardim à frente do edifício é um convite a qualquer brincadeira.

    7 | Planetário do Ibirapuera

    Inaugurado em janeiro de 1957, o Planetário do Ibirapuera, em São Paulo, foi o primeiro do gênero no Brasil. Ele é uma das atrações do Parque Ibirapuera, na zona sul da capital, e é facilmente notado por causa do formato de sua construção, que lembra um pouco um disco voador. Como tantas outras crianças, Joaquim de vez em quando andava com a cabeça no mundo da lua, o que talvez explicasse a curiosidade dele sobre astros e estrelas. As projeções são acompanhadas de uma explicação previamente gravada.

    8 | Parques Ibirapuera e Villa-Lobos

    São Paulo é nacionalmente vista como uma selva de prédios. Sem dúvida, tem muita construção e poluição na capital paulista, infelizmente. Mas um lado sensacional daqui são os parques naturais.

    O maior e mais conhecido deles é o Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Concedido à iniciativa privada por 35 anos, o parque passou por melhorias de infraestrutura que cobram um preço por isso. O estacionamento ficou mais caro, assim como o aluguel de bicicletas. A área de alimentação e novos banheiros se somam às atrações que fizeram o Ibirapuera o parque dos paulistanos.

    Além do planetário e do Museu de Arte Moderna já mencionados, lá estão ainda a Bienal e a Oca, onde são realizadas feiras e exibições E mais: o Museu Afro Brasil, o Auditório Ibirapuera e atrações sazonais, como a principal árvore do Natal em São Paulo.

    A bicicleta no Parque Villa-Lobos sempre teve vez. Há espaço bem delimitado para andar de bike, patinete e patins. O parque também está nas mãos de uma empresa concessionária. Brinquedos infantis, aluguel de bicicletas, food truck, quadras, campos e mesas para piquenique.

    Tem tudo isso e ainda uma espetacular biblioteca na divisa com o parque vizinho, o Cândido Portinari. Ambos meio que compartilham suas áreas com atrações sazonais, do Cirque de Soleil à exposição Monet à Beira D’Água. Desde 2022, uma roda-gigante tornou-se o mais novo imã de turistas e paulistanos.

    9 | Zoológico de São Paulo

    O leão Django, as onças-pardas Pacha e Kay e a serpente Tim são habitantes do Zoológico de São Paulo. Eles representam parte de outros 3.200 animais. Espécies em extinção como o Gavial da Malásia, réptil que lembra um pouco o crocodilo, e micos-leões são algumas das atrações. Passeio de fôlego, especialmente com crianças pequenas. Mas elas adoram.

    Visitamos o zoo pela primeira vez quando o Joaquim tinha menos de 2 anos. E ter levado o carrinho foi fundamental. Seria legal se houvesse por aqui o mesmo hábito da Alemanha, onde os pais carregam os filhos em carrinhos de madeira para várias crianças — vimos isso nas visitas que fizemos aos zoológicos de Berlim, Munique, Stuttgart e Nuremberg.

    Vizinho ao zoológico, no bairro da Saúde (zona sul), o Zoo Safari permite ao visitante chegar bem próximo de macacos, tigres, leões entre outros animais silvestres. Esse passeio pode ser feito em carro próprio ou nas vans do parque.

    10 | Sesc São Paulo

    É o chamado programa BBB: bom, bacana e barato (muitas vezes até de graça). Cada uma das 19 unidades do Sesc São Paulo na cidade (41 em todo o Estado) mantém uma programação diversificada, com muita arte, cultura, esporte e entretenimento. Mas nem é preciso ter em mente qual peça, show ou atividade ver. Basta se dirigir a uma unidade para logo perceber que tem alguma coisa legal rolando — no mínimo, sempre há espaço para as crianças correrem e se divertirem.

    Há unidades na Avenida Paulista, no Centro (Sesc 24 de Maio, pertinho do Theatro Municipal), na Pompeia e em Pinheiros (ambas na zona oeste). A agenda de férias de verão é agitada, cheia de eventos esportivos principalmente. E ainda: os restaurantes e lanchonetes têm comida boa e preço super, super acessível. Bom, somos suspeitos quando o assunto é Sesc, tanto é que Nathalia já havia escrito sobre essa opção de cultura e diversão a bom preço em São Paulo.

    No Sesc Pompeia, exposição sobre brinquedos

    11 | Parques de trampolim

    Se a ideia é fazer com que as crianças gastem energia, parques de trampolim são uma boa pedida. Nós levamos o Joaquim ao Urban Motion, quando ainda funciona em Santo Amaro (bairro da zona sul). Noss menino adorou sassaricar entre os cerca de 40 trampolins (a quantidade diminuiu bem desde que a unidade se instalou no Morumbi Town Shopping. Mas meninos e meninas ainda se arriscam nos desafios cercados por muita espuma. Além do Urban Motion, São Paulo tem o Impulso Park, na Barra Funda (zona oeste), e o Gravidade Park, no Ipiranga (zona sul). Vale dar um pulo para conferir.

    12 | Museu da Imaginação

    Mais do que movimentar braços e pernas, no Museu da Imaginação, na Lapa de Baixo (zona oeste), as crianças são convidadas a exercitar o livre pensamento a partir de obras de arte e de instalações, como a escultura cinética com 20 bolas que sobem e descem no hall de entrada ou as releituras de Picasso feitas por quatro artistas brasileiros. O importante aqui não é só contemplar. Sentir é parte da experiência e do aprendizado. E a função dos monitores do museu é facilitar essa descoberta, sem interferência no processo de percepção e interação com o ambiente. O museu possui fraldário, espaço para amamentação, lanchonete e wifi.

  • Pastel de Belém (Lisboa): onde comer o melhor de Portugal

    Pastel de Belém (Lisboa): onde comer o melhor de Portugal

    Pastel de Belém, legítimo, só existe um. Fica lá ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, na Pastéis de Belém, em Lisboa. O resto… o resto é pastel de nata. Falando assim parece até que não são dignos de serem apreciados. Pelo contrário, há boas pastelarias em Lisboa que rivalizam em fama e fila com o que é feito no Belém há quase 200 e virou um dos doces portugueses típicos.

    A origem do pastel de Belém

    O mistério é a alma do negócio. Do surgimento dos famosos pastéis ao modo como são preparados, tudo é cercado de sombras. Certo mesmo é que a pastelaria mantém suas portas abertas desde 1837 no mesmíssimo endereço: Rua Belém, números 84 a 92, vizinha ao Mosteiro dos Jerônimos.

    Como ocorreu com quase toda a doçaria portuguesa, os pastéis surgiram do aproveitamento das gemas de ovos, uma vez que as claras eram utilizadas na época para engomar as roupas de freiras e padres. Da mistura das gemas com leite e açúcar (pouco, esse é um segredo) surgiu uma iguaria que desafiou a gula dos religiosos. Mais do que nunca, o que se fazia nos claustros morria nos claustros, já que a maioria das receitas conventuais se popularizou anos depois.

    Segundo a pastelaria do Belém, o doce surgiu no início do século 19, quando Portugal era sacudido pela Revolução Liberal, movimento político que, entre outras mudanças, forçou o retorno da Família Real, que vivia no Brasil desde 1808.

    A revolução promoveu também a extinção das ordens religiosas em todo o país. Durante a expulsão dos clérigos, conta o site, alguém ligado ao Mosteiro dos Jerônimos resolveu botar à venda os doces na loja ao lado de uma refinação de cana de açúcar. À medida que caíram no gosto popular, passaram a ser chamados de pastéis de Belém.

    Pastelaria em Lisboa – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Onde comer o legítimo pastel de Belém

    Comer pastéis de Belém é parte do roteiro pelo bairro onde estão ainda o Mosteiro dos Jerônimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Na frente da pastelaria fica um disputado balcão. Há mesas em salões de paredes são revestidas de azulejos. Nath e eu estivemos juntos lá em 2007. Pedimos dois salgados, mas somos incapazes de lembrar seus sabores. Estávamos ali por uma doce razão.

    Como recebi boa educação, não escreverei aqui um palavrão. Mas você certamente vai soltar algum (e vai ser um daqueles de se dizer de boca cheia, com perdão do trocadilho) no dia em que cravar seus dentes naquela massa folheada com recheio cremoso. Manda a tradição polvilhar canela no doce ainda quentinho, o que intensifica o aroma e o sabor dos ingredientes.

    Oficina do Segredo em Portugal – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Aproveite a visita e veja a cozinha envidraçada onde são preparados os doces. O espaço da Pastéis de Belém é conhecido como Oficina do Segredo. Nada mais português de tão ao pé da letra para designar os mistérios que envolvem a produção dos genuínos pastéis, que saem aos montes todos os dias.

    Onde comer pastéis de nata em Lisboa

    Como expliquei no começo, pastel de nata é como pode ser chamado tudo aquilo que não sai do endereço no Belém. Ainda que algumas pastelarias de sucesso na capital de Portugal tenham a ousadia de vender seus produtos no bairro que deu nome e tradição a esta iguaria. Para acompanhar, a sugestão pode ser um café expresso, um galão (café com espuma de leite) ou uma tacinha de Vinho do Porto.

    Manteigaria

    Não importa se para começar o dia ou encerar a noite, os pastéis da Manteigaria estão à venda das 8 à meia-noite. A principal loja é a da Rua do Loreto, no Chiado. E ainda há unidades na Rua Augusta, no bairro do Alvalade, no Time Out Market e praticamente nas fuças da pioneira do Belém.

    Pastelaria Aloma

    O pastel de nata seduz o visitante desde a chegada ao aeroporto de Lisboa, onde fica uma de suas lojas. Há unidades em outros pontos da capital portuguesa, como em Campo de Ourique e na Rua do Loreto, no Chiado, separada por apenas 120 metros da concorrente Manteigaria.

    Bairro Alto Hotel

    A pastelaria que funciona no térreo do hotel no Bairro Alto aposta em segredinhos na confecção de seus pastéis de nata, como só rechear a massa depois de cozida e acrescentar notas cítricas e baunilha ao creme à base de ovos e açúcar. Funciona diariamente, entre 10 da manhã e 6 da tarde. Unidade a 1,50 euro (caixa com 6 pastéis, 9 euros)

    Fábrica da Nata

    Serve café da manhã, almoço e lanche, mas quem atravessa a porta de entrada sabe bem o quer. Os pastéis de nata da Fábrica de Nata são preparados diante dos olhos dos fregueses. As lojas da Praça dos Restauradores e a da Rua Augusta estão separadas por 500 metros de distância, no coração da Baixa.

    Confeitaria Nacional

    Inaugurada em 1829, a Confeitaria Nacional mantém-se solene e elegante. Garante ter um pastel de nata de massa “estaladiça” e recheio cremoso. Ocupa uma esquina na Praça da Figueira, e serve também pratos do dia de segunda a sexta e ainda brunch aos sábados e domingos (mediante reserva).

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  • Urban Motion (SP): parque de trampolins para ir com a criançada

    Urban Motion (SP): parque de trampolins para ir com a criançada

    Consultamos a previsão do tempo e deu lá: tempestades previstas para a semana toda em São Paulo. Nath e eu nos entreolhamos e lembramos de outros janeiros chuvosos na capital, quando fazer atividades ao ar livre com criança se torna uma tarefa inviável. Por essa razão fomos parar no Urban Motion, parque de trampolins que na época funcionava em Santo Amaro e agora está no 1º piso do Morumbi Town Shopping. A atração é uma das nossas dicas na lista de passeio com criança em São Paulo.

    Então com quase 8 anos, nosso filho era dessas crianças que virava ‘sócia’ da cama-elástica nas festas de aniversários, e um programa assim o faria se sentir no paraíso. Quando estivemos no Urban Motion, a maior parte da meninada tinha mais ou menos a idade do Joaquim.

    Como é o parque de trampolins

    Na época, achamos mesmo que a atração era indicada para a faixa etária entre os 5 e 12 anos, quando o agito não para e a vergonha de pular (e se esborrachar) não paralisa. Mas o parque de trampolins aceita pequenos de 3 e 4 anos (acompanhadas pelo responsável). Acima disso já podem pular sozinhos – ah, adultos também são aceitos na atração, embora o espaço no Morumbi Town Shopping seja bem menor do que era no galpão em Santo Amaro.

    Joaquim correndo no galpão de trampolins do Urban Motion
    Agilidade de criança

    A empresa não trabalha com reserva. No site, é possível acompanhar o tempo da fila de espera para evitar os períodos mais cheios. Para pular, o parque de trampolins exige o uso de meias antiderrapantes. Quem já tem pode levar a sua. Caso contrário, o Urban Motion vende por R$ 24 o par.

    O que fazer no Urban Motion

    O espaço nesta unidade no Morumbi Town Shopping é dividida nas seguintes áreas: trampolins, parede de escalada, percurso ninja, piscina de espumas e obstáculos de parkour. Eles também organizam eventos e festas de aniversário.

    Piscina de espumas do Urbano Motion
    Equilíbrio no slackline sobre espumas

    Uma placa na entrada da área com as brincadeiras informa as regras: comidas e bebidas são proibidos ali, celulares são pela própria conta e risco dos usuários. Um aviso que costumava estar na Urban Motion de Santo Amaro era expresso: pule. Joaquim seguiu a indicação, e aproveitou os trampolins e a piscina de blocos de espuma. Durante 1 hora, nosso filho fez várias pausas para beber água (de coco e mineral) e se recompor do cansaço. Confesso que Nath e eu nunca o vimos tão esgotado depois de pular direto.

    VALE SABER

    Endereço: Morumbi Town Shopping: Av. Giovanni Gronchi, 5.930, Vila Andrade.

    Funcionamento: De segunda a sábado e nos feriados, abre das 10h às 22h. No domingo, funciona só até as 20h.

    Preço: A brincadeira é mais em conta de segunda a sexta, quando até meia hora de pulos custa R$ 44 e por um período de 31 a 60 minutos sai a R$ 64. No sábado e no domingo, os preços sobem para R$ 49 r R$ 69, respectivamente. Se for comprar meias antiderrapantes lá, o valor é o mesmo em qualquer dia: R$ 24.

    Site: urbanmotion.com.br

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    As nossas listas com sugestões são constantemente atualizadas. Fazemos uma apuração jornalística para chegar a essa curadoria. No caso de hospedagem, incluem apenas opções com boa avaliação de viajantes nos sites de reserva.

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  • Stollen, o bolo de Dresden no Natal

    Stollen, o bolo de Dresden no Natal

    O famoso bolo de Natal alemão foi criado no século 15, em Dresden. Conheça a origem, os ingredientes e curiosidades dessa iguaria. Versão gigante do Stollen é servida todos os anos na capital da Saxônia

    ATUALIZADO EM 23 DE NOVEMBRO DE 2017

    Eu era muito jovem quando vi meu tio Osmar entrar em casa com uma caixa retangular debaixo do braço. Dentro dela havia uma ‘estólen’, como ele mesmo dizia, caprichando no som do ‘o’ bem aberto. Àquela altura eu desconfiava que fosse algo de comer, só não sabia se era doce ou salgado. A embalagem era de um verde típico das coisas que remetem a gente ao Natal.

    Eu não estava errado. Meu tio disse então que a tal ‘estólen’ (e como ele saboreava acentuar aquela letra ‘o’) era um doce tipicamente alemão, vendido apenas no Natal pela confeitaria que ficava em frente ao trabalho dele, no bairro do Socorro, zona sul de São Paulo.

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    STOLLEN: LEGÍTIMO OU NÃO, UMA DELÍCIA – FOTOS NATHALIA MOLINA @COMOVIAJA

    Naquele dia, no fim do almoço — que na minha família sempre foi sacramentado com um café (bem forte, de preferência) — tivemos a revelação. Não era nem appflestrudel nem panetone, duas delícias que eu adoro, por sinal. O Stollen (e ali eu já havia descoberto sua grafia exata na caixa) era um bolo de massa macia, com frutas cristalizadas e amêndoas, coberto por uma fina camada de açúcar de confeiteiro e um pouco de canela. Legítimo ou não, não tínhamos como contestar a receita. Comi. Comemos. Nos fartamos daquela novidade naquele ano. E nos seguintes, sempre no Natal.

    Como surgiu o Stollen

    O Stollen é uma invenção alemã, mais precisamente da cidade de Dresden. Seu nome original, Striezel, batiza até hoje o mercado de Natal local, o Striezelmarket. A receita surgiu por volta do século 15 e, claro, sofreu alterações significativas até ser composta pelos ingredientes atuais: farinha, fermento, leite, manteiga (na Idade Média, a Igreja Católica vetava seu uso), passas e, às vezes, nozes ou amêndoas.

    Em média, 3 milhões de unidades de Stollen são produzidas no período do Natal na capital da Saxônia. Uma versão gigante é preparada todos os anos em comemoração ao dia de São Nicolau, em 6 de dezembro. Esse Stollen avantajado é carregado em triunfo até a praça Altemarkt. Lá é fatiado e vendido, sendo que o dinheiro arrecadado é revertido para a própria cidade.

    Atualmente, cerca de 130 confeitarias de Dresden e arredores fabricam o Stollen certificado pela associação que garante do uso correto dos ingredientes ao processo de fabricação, sempre à mão, como ocorre desde a Idade Média.

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    Receita diferente, o mesmo prazer

    Há uns 3 anos, Nathalia foi a um evento organizado pelo turismo da Alemanha. Na volta, ela entrou no carro com um pacote nas mãos. Minha a atenção ao trânsito foi para o beleléu quando ela pronunciou uma frase mágica: “Ganhei um Stollen, mas ele tombou e deu uma melecada no embrulho. Parece delicioso mesmo assim, vamos provar?”

    Enquanto voltávamos para casa, eu contei para Nath a história com que iniciei esse texto. Entre uma frase e outra, eu mastigava cada pedaço que minha mulher me dava na boca. Havia sensíveis alterações nos ingredientes, como a canela incorporada ao recheio e não polvilhada como na versão que experimentei pela primeira vez. O fato é que, para mim, saborear aquela guloseima não se tratava somente de um reencontro com o passado. Mas de um profundo desejo de tomar o primeiro avião e seguir para Dresden, procurar uma confeitaria e ter certeza de que algo tão bom pode ser ainda mais delicioso.

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  • Natal na Alemanha: mercados e tradições em todas as cidades

    Natal na Alemanha: mercados e tradições em todas as cidades

    Quem visita a Europa em dezembro se depara com uma grande quantidade de mercados, especialmente nas cidades da Natal na Alemanha. Para os cristãos, a data que celebra o nascimento de Jesus Cristo é a mais importante do calendário anual, e o período do Advento marca a contagem regressiva para essa comemoração.

    Nathalia esteve pela primeira vez em um desses mercados europeus em 2012. Além de ver as barracas nas praças de Viena e Budapeste, Nathalia visitou vários mercados nas principais cidades da Alemanha para turismo, onde cerca de 150 feiras são montadas em pontos históricos de norte a sul no país. 

    O encantamento provocado por essas feiras ao ar livre fez com que ela se lembrasse muito do nosso filho, Joaquim, então com 3 anos. Foi para ele que a mamãe escreveu a série especial Natal na Europa: uma viagem encantada. Relato sensível e doce da magia natalina no que ela chamou de Terra de Reis e Rainhas.

    De Frankfurt, o mais lindo, segundo ela, Nath trouxe para o Joaquim um calendário do Advento — 24 janelinhas para serem abertas dia a dia até a chegada do Natal — dentro de cada uma havia um chocolatinho. Uma menininha em cima de um trenó foi trazida de uma banca de enfeites de Nuremberg. Em Regensburg, Nath encontrou um divertido mercado, com brincadeiras que levavam a criançada ao delírio. Da igualmente pequena Rüdesheim, veio uma delicada caixinha de música em forma de carrossel, que até hoje roda ao som de Noite Feliz.

    Essas lembrancinhas e essa magia estão presentes em todas as feiras de fim de ano, praticamente. Semelhanças que não invalidam uma visita para conhecer as particularidades de cada região do país. Abaixo, uma lista de mercados que atraem milhões de pessoas todos os anos para desfrutarem das cores, sabores e aromas do Natal na Alemanha.

    1 | Natal em Berlim

    No Natal na Alemanha, a capital abriga cerca de 50 mercados, dos mais tradicionais àqueles alinhados com a política de sustentabilidade, bandeira de Berlim. Um dos mais conhecidos é organizado diante da Igreja Memorial Kaiser Wilhelm, onde houve um atentado em 19 de dezembro de 2016. A promessa é sempre de um ambiente acolhedor, tomado pelo cheiro de amêndoas assadas e dos pães de gengibre.

    Em Berlim, há feiras no Jardim Botânico, na Prefeitura e até na estação de metrô Friedrichstrasse, onde pode ter pista de curling. Na Potsdamer Platz, as atrações são um tobogã e um rinque de patinação. Uma pista de gelo também funciona aos pés da Torre de TV de Berlim, na Alexanderplatz.

    Dezembro é tempo do mercado de Natal da Gendarmenmarkt, em Berlim – Foto: Scholvien/Divulgação

    O mercado que se forma na Gendarmenmarkt está entre os mais populares, com destaque para as luzes que deixam a Konzerthaus (Sala de Concertos) e a Dom Französischer (Catedral Francesa) ainda mais imponentes. Em todos os lugares não faltam bebidas quentes e comidas boas — há barracas que funcionam como restaurantes, com boa estrutura para se sentar e provar de comida berlinense e pratos da Baviera a receitas italianas e pescados frescos. Na feira da Gendarmenmarkt a entrada custa 1 euro, valor revertido para caridade e para pagamento dos artistas que se apresentam no palco montado em frente à Konzerthaus.

    Artesanato típico e produtos originais são oferecidos nas bancas de praticamente todas as feiras de Natal na Alemanha. Quem visita os mercados de bairros como o badalado Mitte ou do alternativo Prenzlauer Berg encontra boa oferta de artigos ecologicamente corretos. 

    2 | Natal em Munique

    Quem chega de avião à capital da Baviera encontra o clima natalino já no aeroporto, onde a feira de fim de ano costuma começar 1 semana antes do resto da cidade. Em meio a 450 pinheiros e uma árvore de 15 metros de altura há tudo o que um bom mercado de Natal deve ter: delícias da culinária que marca essa época do ano, shows diários e artigos para presente — tem até pista de patinação no gelo!

    Por ser a principal praça de Munique, a Marienplatz concentra o mais antigo mercado de Natal da cidade. São cerca de 160 bancas com produtos típicos, como bolas de vidro pintadas à mão. Montada em frente à sede da nova prefeitura (Neues Rathaus), a tradicional árvore de Natal é iluminada por cerca de 2.500 lâmpadas. Quem quiser adivinhar o tamanho do pinheiro natural participa de um sorteio que dá direito a prêmios.

    Marienplatz com mercado de Natal em Munique – Foto: Joachim Messerschmidt/German National Tourist Board/Divulgação

    Outros 40 mercados celebram o Advento em Munique. A pequena feira perto do Sendlinger Tor, um dos portões medievais da cidade, é cheia de produtos vindos de países como Peru, Letônia e Rússia. Chance de ouro para quem deixa para fazer compras na última hora. A uma curta caminhada desse mercado, já no bairro de Glockenbachviertel, fica o natal mais cor-de-rosa da cidade, onde gays e lésbicas são super bem-vindos, bem como todos os que prezam pela igualdade. 

    No Englischer Garten, o parque de Munique, a concentração é debaixo da Torre Chinesa (Chinesischer Turm), onde guloseimas não faltam tampouco artesanato. Crianças brincam no histórico carrossel próximo ao biergarten enquanto adultos aceitam o desafio de um jogo de curling. Um passeio de carruagem para admirar as luzes de Natal do parque também é uma boa pedida. No boêmio Schwabing, destaque para o Kunstzelte, trilha decorada por esculturas natalinas feitas pelos artesãos do bairro.

    Reviver o espírito do Natal na Alemanha como se estivesse no século 13 é a proposta do Mittelaltermarkt. Quem visita o antigo mercado medieval pode se fartar de pratos parrudos como o leitão no espeto ou entornar uma das especialidades locais, o Feuerzangenbowle: açúcar flambado em rum e misturado com vinho tinto, laranja, canela, limão e cravo. Um verdadeiro soco de fogo, numa tradução livre para o apelido dessa bebida. Cavaleiros, malabaristas e contadores de história ajudam a compor todo esse cenário na praça que leva o nome da dinastia que comandou a Baviera por mais de 7 séculos, a dos Wittelsbach. Na Residência (Residenz), uma vila de Natal é montada no pátio do antigo palácio dos nobres bávaros.

    3 | Natal em Frankfurt

    O mercado de Frankfurt é o mais antigo do Natal na Alemanha, data de 1393. Hoje em dia, são cerca de 200 barracas espalhadas pelo centro antigo da cidade, em praças históricas como a Paulsplatz ou pelo Mainkai, região às margens do rio Meno.

    Na praça Römerberg, o conjunto de construções erguido entre os séculos 15 ao 17 fica lindamente iluminado. O gigantesco pinheiro instalado e iluminado no centro da praça forma um belo contraste com os edifícios envidraçados, que representam o centro financeiro da Alemanha. É em torno da grande árvore que estão bancas onde é possível comprar produtos que são a cara do Natal de Frankfurt, como geleia e mostarda feitos à base do tradicional vinho de maçã — que também serve de matéria-prima na fabricação de sabonete, à venda nas barracas. 

    Barraca da batata: delicinha

    Os visitantes ainda podem provar delicinhas como o bolinho de massa de batata com molho de maçã ou tomar uma generosa caneca de vinho quente. Durante sua passagem por lá, Nathalia se esbaldou na barraca que vendia batata frita. Ela considera o mercado de Frankfurt como o mais bonito que ela visitou até hoje. Nath trouxe de lá uma caixinha de música e o típico biscoito de canela em forma de coração com o nome do nosso filho, Joaquim. 

    4 | Natal em Colônia

    Tendo a simbólica Catedral de Colônia como cenário, o principal mercado do Centro reúne cores, aromas e sons que celebram o Advento. Em torno de 160 tendas se esparramam em torno da grande árvore montada especialmente para o período do Natal na Alemanha.

    Famílias e crianças são atraídas para o Expresso de Natal, o trenzinho que percorre outros mercados, como o que é montado na região do porto e próximo ao Museu do Chocolate, duas das paradas obrigatórias do passeio. O Natal de Colônia também celebra a diversidade nas imediações da Rudolfplatz, uma das regiões da cena gay e lésbica da cidade.

    5 | Natal em Dresden

    Tradição que se repete há 583 anos no Natal na Alemanha. Dresden se orgulha de ter 11 mercados com perfis completamente diferentes, espalhados pela cidade. Mas todos são sinônimo de uma iguaria típica da capital da Saxônia: Stollen, bolo de Natal de Dresden. Para se ter ideia dessa simbologia, são produzidas cerca de 3 milhões de unidades de Stollen só nesta época do ano. Uma versão gigante do bolo recheado de passas e polvilhado de açúcar é preparada no início de dezembro e repartida entre o público na Altermarkt, no centro da cidade.

    Igreja de Dresden e mercado embaixo – Foto: Christoph Muench/Divulgação

    Como nem só de pão vive o homem, o Dresden Striezelmarkt reserva boas compras, especialmente de enfeites e de bonecos de madeira fabricados à mão. Todos os anos, uma pirâmide de madeira é montada na Neumarkt, a praça central da cidade. A torre tem cerca de 8 andares, cada um deles decorado com figuras natalinas. A estrutura toda gira graças ao calor gerado por velas acesas na base. 

    6 | Natal em Nuremberg

    O Mercado do Menino Jesus (Christkindlesmarkt) transforma Nuremberg até a antevéspera de Natal. Logo na 1ª sexta do Advento, a figura de Jesus menino surge na fachada da Frauenkirche e faz um convite para que todos desfrutem de mais um mercado de Natal — esse ritual existe há mais de meio século, sempre envolvendo a escolha de meninas entre 16 e 19 anos para o papel do Cristo jovem.

    As estreitas ruas do centro velho de Nuremberg ficam apinhadas de gente. Em meio ao formigueiro humano, quem busca enfeites tão bonitos quanto os que decoram a cidade encontra uma grande variedade de artigos natalinos feitos a mão. Nathalia ficou impressionada com a quantidade de luzes que chegam a cobrir fachadas inteiras dos prédios históricos. Não é por acaso que este é o único mercado de Natal mencionado entre as top 100 atrações da Alemanha, segundo votação online feita com viajantes de 40 países.

    Enfeites de árvore de Natal – Foto: Nathalia Molina @ComoViaja

    Mas uma visita ao mercado não se dá por completa sem que se experimente um genuíno sanduíche de Nuremberg drei im weggla, que leva 3 unidades de bratwurst, a salsicha de Nuremberg, dentro de um pão que tem o valor de um guardanapo. Ou então cravar os dentes no lebkuchen, pão de mel que há 600 anos faz a fama da cidade.

    7 | Natal em Hamburgo

    Em Hamburgo não faltam o artesanato e as deliciosas castanhas torradas. Grandes ou pequenas, as feirinhas de Natal se espalham pelo centro da cidade portuária. Uma das mais belas fica em frente ao prédio da Câmara Municipal (Rathaus) — composta por 80 expositores, tem uma rua toda dedicada à venda de brinquedos. No Winter Pride, único mercado de Natal em Hamburgo voltado ao público GLS, quem não curtiu algum presente que ganhou tem a chance de participar de uma feira de troca, com parte da renda revertida à comunidade quer.

    No Centro, em torno de 150 bancas são erguidas ao longo e no entorno da Mönckebergstrasse, a principal rua de comércio da segunda maior cidade da Alemanha — bonecos e carrosséis em madeira são os destaques entre os trabalhos dos artesãos locais. O moderno distrito de HafenCity mantém um rinque de patinação e uma padaria que assa bolos e pães natalinos. Até o boêmio bairro de St. Pauli se entrega ao clima de Natal, com apresentações de música ao vivo e boas doses de vinho quente para espantar o frio do fim de ano.

    8 | Natal em Stuttgart

    Todos os anos, Stuttgart brilha com a proximidade do Natal. Com 25 metros de altura, o pinheiro da Schlossplatz ostenta dezenas de milhares de lâmpadas de LED e uma estrela de 2 metros e meio na ponta. Os mercados da cidade estão presentes na Schillerplatz e nas calçadas do Königsbau e da Igreja Colegiada (Stiftskirche). Diariamente, há concerto de música nos arredores do velho palácio (Altes Schloss).

    Um mercado de antiguidades movimenta a Karlsplatz enquanto a fachada da câmara municipal é transformada em um grande calendário do Advento, com a abertura de uma janela por vez durante 23 dias. Não faltam guloseimas, de amêndoas cobertas de açúcar ao pão de frutas típico da suábia, região sudoeste da Alemanha.

    Barracas nas ruas de Stuttgart – Foto: Niedermueller/Divulgação

    9 | Natal em Leipzig

    Em Leipzig, o mercado existe desde meados do século 15 e, atualmente, reúne em torno de 250 barracas. Na Praça do Mercado (Marktplatz) fica a feira principal, local em que uma árvore de 20 metros de altura é ricamente iluminada. O salmão defumado e o vinho quente à moda finlandesa (glögi) são dois clássicos das bancas que funcionam na Augustusplatz .

    Na mesma praça, uma roda gigante oferece esplêndida visão das luzes de Natal a 38 metros de altura. Diariamente, trombonistas se apresentam na sacada da prefeitura. A música também dá tom nos corais de meninos da Thomaskirche, a igreja de São Thomas. No palco montado no centro do mercado, a criançada pode bater papo com Papai Noel e até fazer um pedido de última hora para o bom velhinho. 

    10 | Natal em Hannover

    Quem visita Hannover no Natal encontra um permanente clima festivo. Na praça Holzmarkt, na centro histórico, 50 árvores iluminadas se esparramam ao redor da fonte Oskar. Por ali, crianças se dividem entre brincar de confeiteiro e se encantar com o teatro de fantoches. Os flammlachs, filés de salmão lentamente defumados, representam o melhor da tradição finlandesa na feira montada na Ballhofplatz. Ao redor da estação central e na área de pedestres de Lister Meile encontram-se produtos feitos a mão e delícias carregadas de cheiro e sabor.

    11 | Natal em Düsseldorf

    Düsseldorf, capital alemã da moda, tem mercados ao redor da Königsallee, a avenida das lojas luxuosas e caras. Pela primeira vez, a feira terá seu funcionamento estendido (23 de novembro a 30 de dezembro). Este ano, um mercado de contos de fadas foi armado na Schadowplatz, onde o tradicional carrossel deve rivalizar no quesito diversão para as crianças.

    Praça em frente à prefeitura de Düsseldorf no clima natalino – Foto: Düsseldorf Marketing/Tourismus GmbH/Divulgação.

    Não muito longe dali, uma pista de patinação de 1.700 m² também é imã de público. Enfeites de madeira e de vidro estão entre os produtos vendidos nas banquinhas em frente ao prédio da prefeitura. E as guloseimas, claro, não faltam.

    12 | Natal em Heidelberg

    O centro histórico de Heidelberg concentra a maior parte dos mercados, em locais como Bismarckplatz, Universitätsplatz, Marktplatz e Kornmarkt. Na praça Karslpaltz funciona aquela que é considerada a pista de gelo mais bonita da Alemanha. Velas, bonecos de madeira e enfeites produzidos artesanalmente fisgam os interessados em compras. Com canecas em punho, os visitantes se aquecem sorvendo doses do famoso glühwein. Saiba mais, acesse a programação de Natal de Heidelberg.

  • Residenz (Munique): na residência real, 10 ambientes imperdíveis

    Residenz (Munique): na residência real, 10 ambientes imperdíveis

    Casa de uma das dinastias mais duradouras de toda a Europa, a dos Wittelsbach (1180 a 1918), o Residenz a construção é uma das principais atrações de Munique, na Alemanha. De todos os lugares que visitamos na nossa viagem à Alemanha com criança, o maior palácio urbano do país foi para mim e para Nathalia um dos mais marcantes, seja por sua imponência ou pela riqueza de sua decoração. E porque, acima de tudo, amamos história.

    A Baviera ainda não era um reino quando a corte se transferiu do Alter Hof para o Neuveste, palácio de estilo gótico erguido a partir de 1385. Com a permanência dos Wittelsbach no centro do poder – primeiramente como duques, depois na figura de eleitores e, por fim, como reis – 6 séculos foram mais do que suficientes para que cada governante ampliasse o Residenz, imprimindo à construção nada menos do que 4 estilos diferentes em sua arquitetura e decoração: Renascentista, Barroco, Rococó e Neoclássico.

    Formado por 10 pátios e 130 salas, o Residenz fica a menos de 500 m da Marienplatz, a principal praça de Munique. A construção foi atingida por pesados bombardeios, o que exigiu sua reconstrução a partir do final da Segunda Guerra, em 1945. Duas décadas antes já funcionava como museu. A valiosa diversidade de seu acervo fica evidente em cada aposento, com seus móveis, tapeçarias, quadros, esculturas e peças religiosas.

    O visitante que chega para conhecer o Residenz pode ficar um pouco perdido, sem entender o que ver, no que reparar diante de tanta oferta. Pensando nisso, elaboramos a seguir um pequeno roteiro detalhando ambientes de relevância histórica, artística e, claro, que nos impressionaram.

    Veja 10 ambientes imperdíveis do palácio para você conhecer em sua visita:

    1 | Hofgarten, o jardim da corte

    Essa foi a primeira parte do palácio que vimos. Como sua entrada é livre, estivemos lá dias antes de entrar no Residenz. Durante uma caminhada pela Odeonplatz, praça em frente ao Hofgarten, resolvemos entrar para passear pelo jardim da corte. Era perto do meio-dia e havia muita gente sentada nos bancos. Muitos com livros nas mãos, embalados pela sinfonia das fontes.

    Passeio pelo jardim da residência da realeza
    Passeio pelo jardim da residência da realeza

    A inspiração renascentista está presente nessa área extensa do Residenz. O trabalho de construção teve início no ducado de Maximiliano I, mas o jardim foi redesenhado diversas vezes desde 1613. Destaca-se no Hofgarten o pavilhão de 8 arcos com uma estátua de bronze no alto. Lá estão simbolizados os tesouros da Baviera: o sal, a água e os grãos. Depois de ter de conter sua energia típica de criança, soltamos Joaquim para correr pelos caminhos de cascalhos. Os canteiros não estavam altos, então a gente não perdia ele de vista.

    2 | Schatzkammer, a área do tesouro

    No dia em que voltamos para ver o Residenz, começamos a visita por aqui. A entrada fica ao lado do guarda-volumes e acabamos naturalmente nos encaminhando para ali. Mas também pode ser bom terminar a visitar pela área do tesouro, se a ideia for ir embora com imagens impressionantes de muito ouro e opulência.

    Colecionador de arte, Albrecht V também era apaixonado por joias e trabalhos com pedras preciosas. Em seu testamento, o duque ordenou que todo tesouro pertencente à dinastia Wittelsbach deveria ser guardado, não poderia ser vendido. O desejo foi seguido por seus sucessores, e hoje é possível ver em torno de 1.250 peças na ala do tesouro do Residenz. Ao longo de 10 salas estão expostos trabalhos em ouro, cristal, safira, diamantes, marfim, sob a forma de insígnias, jogos de copos, medalhas.

    A coroa dos reis da Baviera que repousa sobre uma almofada especial é um item de grande destaque. Produzida em Paris, a peça leva ouro, prata, diamantes, rubis e esmeraldas, mas não chegou a ser utilizada por Maximilian Joseph I, proclamado 1º rei da Baviera por Napoleão Bonaparte em 1º de janeiro de 1806.

    Tesouro dos reis na Residência, em Munique
    Tesouro dos reis na Residência, em Munique

    A estátua de São Jorge apresenta rosto semelhante ao do duque Wilhelm, a quem a peça foi dada em 1586. O conjunto chama a atenção pela quantidade de pedras utilizadas na composição. Feita de ouro, leva diamante, esmeraldas, rubis, opalas, ágata, cristal de rocha entre outras pedras preciosas.

    Nathalia ficou apaixonada pelo conjunto formado por coroa, colar, pulseira e brincos de Therese de Saxônia-Hildburghausen, aquela que se casou com o príncipe Ludwig (mais tarde, rei Ludwig I) e que a celebração dessa união deu origem à Oktoberfest, a mais popular festa da cerveja na Alemanha.

    Já Joaquim aproveitou para dar um tapa no visual diante do magnífico conjunto de viagem que pertenceu a Marie Louise da Áustria, segunda mulher de Napoleão Bonaparte. É uma grande caixa com 120 itens guardados em pequenos compartimentos, quase ocultos quando se encontram fechados (possui de serviço de jantar para duas pessoas a material de costura e até instrumentos de dentista) . Ao abrir a tampa da caixa surge o espelho que nosso filho usou para ajeitar seu cabelo. O trabalho de ourivesaria é de 1812 e foi feito com materiais como madrepérola, marfim, concha de tartaruga e ébano.

    3 | Antiquarium, o espaço mais deslumbrante

    Como fã desse salão, recomendo uma visita atenta às peças, aos detalhes. Apaixonado por arte, o duque Albrecht V ordenou a construção desse luxuoso espaço para abrigar sua extensa coleção de esculturas antigas. Entre 1568 e 1571, o Antiquarium foi erguido em uma área já fora do Neuveste, que havia ficado pequeno demais para o desejo de expansão do líder máximo dos Wittelsbach. Seus sucessores, o duque Wilhelm V e Maximilian I, transformaram o hall de 66 m de comprimento em um salão paras bailes e festas.

    Salão mais bonito da Residência, em Munique
    Antiquarium, o mais belo e conhecido dos ambientes da Residenz

    Como qualquer criança faria, Joaquim se divertiu percorrendo sozinho aquela imensidão de lugar, ora olhando para o teto onde estão 16 pinturas de Peter Candid, ora mirando com curiosidade os bustos da coleção.

    4 | Grottenhof, o pátio da gruta

    Um dos 10 pátios do Residenz, o Grottenhof leva esse nome por ficar colado à gruta próxima ao Antiquarium. Encomendada pelo Duque Wilheml V em 1583, ela é cravejada por conchas e cristais coloridos. Vale uma passada para ver os deuses do Olimpo retratados nas paredes, assim como passagens da obra Metamorfose, do poeta romano Ovídio.

    5 | Ahnengalerie, com quadros dos governantes da Baviera

    Uma das primeiras salas da visita ao palácio ajuda a entender quem era quem na família Wittelsbach – dinastia responsável por erguer as principais atrações históricas da realeza de Munique. Em 1726, quando se tornou eleitor – título que lhe dava direito de escolher o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, do qual a Baviera fazia parte –, Karl Albrecht encomendou a criação de uma sala onde até hoje repousam nas paredes cerca de 100 quadros com retratos dos membros da dinastia bávara e suas ramificações. A área se chama Ahnengalerie (numa tradução do alemão, galeria dos ancestrais). A sala anexa (Porzellankabinet) guarda peças em porcelana.

    6 | Porzellankabinet, a sala das porcelanas

    Nos anos em que esteve no poder (1579 a 1598), o duque Wilhelm V foi quem começou a coleção de peças em porcelana vindas do Japão e da China, nações que detinham a técnica para manusear esse tipo de material — na Europa, a porcelana só passou a ser fabricada apenas no século 17. As peças da coleção não eram levadas à mesa durante as refeições. Tinham apenas função decorativa durante as solenidades realizadas no Residenz.

    O começo: peças vindas do Oriente
    No palácio em Munique, sala das porcelanas
    Sala das porcelanas em Munique

    7 | Allerheiligen-Hofkirche, de igreja a sala de concerto

    Trata-se da primeira capela construída na Baviera depois de 1803, quando a Igreja deixou de exercer sua influência política no território alemão. Embora não faça parte do museu, é possível visitar sua galeria e admirar do alto esta obra inspirada na Capela Palatina, de Palermo, no sul da Itália. Encomendada pelo rei Ludwig I, a Igreja de Todos os Santos levou 9 anos para ficar pronta (de 1826 a 1837), sob a supervisão de Leo von Klenze, arquiteto preferido da corte bávara.

    Sala de concerto em antiga igreja
    Sala de concerto em antiga igreja

    A edificação apresentava paredes em gesso e mármore, com pinturas em ouro coloridas e piso de mármore de vários tons. Transformada em ruínas pelas bombas durante a Segunda Guerra, ficou esquecida durante muitos anos até ter partes originais restauradas e combinadas com elementos arquitetônicos mais modernos. Desde 2003 funciona como sala de concertos; reserve um concerto na Residenz de Munique.

    8 | Grüne Galerie, com seus grandes espelhos

    Do conjunto de salas suntuosas que compõem o segundo andar do Residenz, destaca-se a Grüne Galerie (em português, Galeria Verde). Espaço de festa originalmente concebido por François Cuvilliés a pedido do duque Karl Albrecht, possui grandes espelhos que se alternam na parede com quadros do acervo dos Wittelsbach — parte deles foi posteriormente transferida para espaços como a Alte Pinakothek. Como mais um dos ambientes destruídos por causa da Segunda Guerra, a Galeria Verde passou por um meticuloso trabalho de reconstrução baseado em pinturas de época.

    No palácio de Munique, a galeria dos espelhos
    Brincando de realeza na galeria dos espelhos

    9 | Königsbau, onde fica o trono

    A visita ao Residenz é extensa, mas vale ir ao setor dos apartamentos do rei e da rainha, nem que seja para ver a sala do trono. Ele é o único móvel no espaço, ricamente decorado, em branco e dourado. Königsbau faz parte da expansão do palácio ordenada por Ludwig I quando ele assumiu o reino da Baviera, em 1825.

    10 | Cuvilliés-Theater, o teatro dourado

    O teatro que hoje carrega o nome do arquiteto que o projetou, François Cuvilliés, foi construído entre 1751 e 1755 para ser a casa de ópera do príncipe eleitor Maximilian Joseph III. Em seu palco foram encenadas obras como La Finta Giardiniera, escrita por Mozart a pedido de Max Joseph, e Idomeneo, encomendada em 1780 pelo eleitor Karl Theodor ao compositor austríaco, cuja a estreia no palco do velho teatro do Residenz se deu no verão do ano seguinte. Hoje é possível ir a um show de gala no Teatro Cuvilliés.

    Teatro Cuvilliés, na Residenz
    Rococó em ouro no teatro Cuvilliés

    Principal representante do estilo rococó alemão, o espaço que se visita no Residenz parece bordado a ouro. Ainda que não seja o teatro original (ele foi destruído por bombardeios da Segunda Guerra, em 1944, e um novo foi construído em seu lugar um ano depois), o Cuvilliés mantém o entalhamento dourado e a ornamentação floral originais, salvos em 1943. Hoje, o Teatro Cuvilliés abre suas portas para eventos, cerimônias, apresentações de balé e, claro, óperas.

    VALE SABER

    Endereço: Residenzstrasse, 1, Munique. A porta de entrada para a visitação está em frente à Max-Joseph-Platz, praça do Nationaltheater (teatro da ópera da cidade)

    Transporte: É bem fácil chegar ao Residenz. De transporte público, as paradas mais próximas são: Marienplatz, de S-Bahn ou de U-Bahn; Odeonplatz de U-Bahn ou de ônibus; e Nationaltheater de bonde.

    Horário: Abre diariamente, e a entrada nos espaços pode ser feita sempre até 1 horas antes do encerramento.

    Para o palácio e a área do tesouro: de abril a de outubro, das 9 às 18 horas; no restante do ano, das 10 às 17 horas. Para o teatro Cuvilliés: há vários horários de visitação ao longo do ano – no domingo, costuma estar aberto no período entre 10 e 17 horas; de segunda a sábado, apenas a partir das 14 horas.

    Preço: O ingresso pode ser para cada parte da visita ou combinado, que inclui o palácio, a área do tesouro e o teatro Cuvilliés — em todas as situações, a visita é grátis para quem tem até 18 anos. Para todas as áreas, paga-se € 17. Somente para o palácio ou para o tesouro, € 9 — os dois juntos saem a € 14 a entrada. O Hofgarten tem livre acesso.

    Alimentação: À esquerda da entrada do Hofgarten, há várias opções de cafés e restaurantes, como o Tambosi, que espalha mesinhas no jardim durante o tempo quente. Nas ruas em torno do palácio, existem restaurantes — entre eles, o tradicional Pfälzer Residenz Weinstube na Residenzstrasse.

    Compras: A lojinha do Residenz é uma boa fonte de souvenir diferente. Para crianças, havia de bonés e camisetas com desenhos de reis e rainhas a cadernos de colorir. Nós trouxemos dois com desenhos lindos de palácios da Alemanha. Divertido para pintar em família e lembrar da viagem. Também havia forminhas de biscoitos com o formato de ícones da Baviera, como as torres da Frauenkirche, entre 3 importantes igrejas de Munique, e o Neuschwanstein, castelo que teria inspirado o da Cinderela.

    Site: residenz-muenchen.de

  • Hotel de luxo em Munique: Bayerischer Hof, no centro histórico

    Hotel de luxo em Munique: Bayerischer Hof, no centro histórico

    ATUALIZADO EM 20 DE MARÇO DE 2019

    Um reluzente McLaren MP 12 estacionado em frente à entrada do Bayerischer Hof é minha primeira visão quando chego a um dos maiores e mais luxuosos hotéis de Munique, na Alemanha. Pago a corrida ao taxista, pego os pertences pessoais e uma pergunta martela minha cabeça: que tipo de pessoa teria o desplante de, no país que inventou o automóvel, pilotar um modelo de carro inglês? Inglês?!?! Até James Bond abriu mão do seu tradicional Aston Martin um dia para fugir de bandidos à bordo de um BMW!

    Eu a matutar e o McLaren lá, parado, azul e inglês na frente do hotel que bem poderia servir de cenário para qualquer um dos filmes do 007. Tempos depois descobri que três atores que interpretaram o agente secreto mais famoso do cinema já haviam passado seus dias naquelas imponentes instalações: os ‘sirs’ Sean Connery e Roger Moore e ainda Daniel Craig. Eles fazem parte de uma extensa de lista de personalidades que já se hospedaram no Bayerischer Hof em 175 anos de existência do empreendimento. Leia nosso Guia Munique: dicas de viagem à cidade no sul da Alemanha.

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    Hall de entrada do Bayerischer Hof

    Foi nesse cenário rico em histórias que Nathalia, Joaquim e eu, ilustres desconhecidos, ficamos durante nossa passagem por Munique, segunda etapa da viagem à Alemanha em família. Desconhecidos como tantos outros hóspedes, mas nem por isso desimportantes.

    Como um autêntico cinco-estrelas, o requinte do Bayerischer Hof está evidente em cada instalação do labiríntico edifício, em cada serviço exclusivo oferecido pelo empreendimento integrante de duas luxuosas associações de hotelaria, The Leading Hotels of the World e Preferred Hotels & Resorts.

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    Vista panorâmica de Munique a partir do terraço

    Nos quartos, design assinado

    Acomodações são 340, das quais 65 são suítes com espaço interno que alterna entre os 25 m² de um single room até 130 m² da suíte panorâmica. Se combinadas diferentes acomodações, o resultado pode chegar a incríveis 584 m², o que resulta em uma das maiores suítes de toda a Europa, com capacidade para até 17 pessoas.

    Éramos três e ficamos em um quarto desenhado por Siegward Graf Pilati (outros três arquitetos se dividem nas assinaturas das demais acomodações). Uma ótima cama king size, uma mesa de trabalho e uma pequena sala de estar compunham o ambiente. Para o Quim, uma pequena cama foi armada aos pés da nossa, de frente para a TV (não poderia haver melhor lugar, mesmo ele não entendendo nada do alemão dito nos desenhos animados que pedia para assistir antes de dormir).

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    Cama do filhote aos pés da nossa

    Nosso filho curtiu também a ideia de o quarto ter um closet, que virou uma espécie de playground informal dos bonecos da Turma da Mônica — levados para lhe fazer companhia durante os 25 dias longe de casa. Quim achou igualmente divertido haver um pequeno rádio instalado na parede do banheiro. Imagine quantos banhos de banheira ele não quis tomar ouvindo música?

    Ele também adorou a ideia de poder sair do chuveiro e não sentir frio ao tocar o piso aquecido. Se bem que havia pantufas do tamanho de seus pés à espera dele na chegada ao quarto, sem falar no roupão infantil com o qual nosso pequeno lord se vestia ao sair do banho de banheira diariamente.

    Nobre história

    A fidalguia é inerente à história do Bayerischer Hof, escrita a partir de um desejo de Ludwig I. Em 1839, o rei da Baviera ordenou que fosse erguido um hotel de 1ª classe com condições de receber visitantes estrangeiros. Empresário do ramo de locomotivas, Joseph Anton von Maffei encabeçou a construção, que teve projeto do arquiteto Friedrich von Gärtner e levou dois anos para ser concluído. No dia 15 de outubro de 1841, o Bayerischer Hof abriu suas portas no coração do centro antigo de Munique, tendo Maffei como arrendatário até sua morte.

    Em 1897, Hermann Volkhardt, um jovem confeiteiro, pagou perto de 3 milhões de marcos alemães e assumiu o controle do hotel, dando início à sua expansão e reconstrução, nem sempre fruto de sua vontade. Apesar do bombadeio sobre Munique na madrugada de 25 de abril de 1944, uma parede de espelhos do Bayerischer Hof resistiu de pé. Com Falk, neto de Herrmann Volkhardt no comando, a reconstrução após a Segunda Guerra começou a partir da única estrutura que havia ficado intacta.

    Ao mesmo tempo memorial e cicatriz, os espelhos estão lá a decorar o Falk’s Bar, que combina em doses certas o estilo barroco bávaro de um teto todo trabalhado com notas de modernidade dadas pela iluminação em tom de azul do convidativo balcão, onde é possível relaxar ao sabor de um Skyfall, uma das criações sugeridas na carta de coquetéis.

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    Falk’s Bar e sua icônica parede de espelhos

    Nathalia recomenda um drink no Blue Spa, no terraço, com a visão do sol caindo atrás dos telhados de Munique. Joaquim e eu estávamos na piscina quando ela surgiu de roupão, uma taça de brut na mão e um sorriso discreto nos lábios. Depois, foi apreciar a vista de Munique da varanda ao lado. Eu, paparazzi nada vocacional, cliquei este instante que poderia ter a legenda ‘é chato ser chique’.

    É chato ser chique

    Nossa estada no Bayerischer Hof incluía começar o dia com um ótimo café da manhã. Aqui prefiro classificá-lo como pequeno almoço, essa expressão genialmente consagrada em Portugal para definir a primeira refeição, o que naquele caso fazia todo sentido. Dispenso novas linhas para não brigar com as fotos que mostram o repertório do buffet. Mas é preciso mencionar que de espumante a salmão, passando por diversos tipos de pães, incluindo as deliciosas especialidades alemãs, tudo era uma tentação para os que, assim como nós, prezam um generoso café da manhã.

    Quando estavam disponíveis, nos sentávamos nas mesas do lado de fora, de onde Joaquim conseguia ouvir o espetáculo musical da torre da prefeitura de Munique, na Marienplatz. Controle-se para não perder a manhã por ali porque o ambiente é tentador.

    Essa vocação para o dolce far niente da cidade apelidada de “a mais ao norte da Itália” fica evidenciada em terraços como o do Dachgarten (onde o café é servido) ou no andar de cima, no Blue Spa Terrasse, cuja a maior área de sua varanda é generosamente brindada com a visão das torres da Frauenkirche, igreja ícone de Munique. Os fins de tarde nos últimos andares do hotel podem ficar ainda melhores se você for como Nath, Joaquim e eu, que nos deliciamos na piscina. Recomendamos flutuar e admirar a variação do azul do céu, do claro ao escuro.

    Gastronomia variada e estrelada

    À medida em que a noite se aproxima, os trajes mudam na região do spa. O imaculado branco dos roupões cede lugar ao estilo casual para homens e mulheres que sobem ao sétimo andar e ensaiam os primeiros passos de um roteiro de diversão que vai de cima a baixo, sem que essa descida represente queda na empolgação. Porque é nas entranhas do Bayerischer Hof que estão alguns de seus tesouros. É possível desfrutar de entretenimento sem colocar os pés fora do hotel, seja nas estofadíssimas 38 poltronas do cinema que funciona no mezanino ou assistindo a um show de jazz ou música latina no nightclub do subsolo.

    Já a gastronomia reserva do melhor da tradição bávara oferecida pelo rústico Palais Keller ao renomado Atelier, dono de 3 estrelas do prestigiado Guia Michelin e com cozinha gourmet criativa sob as ordens de Jan Hartwig. Brasserie de cardápio que combina pratos clássicos com receitas contemporâneas, o Garden apresenta o filé de linguado com espinafre e batatas salpicadas de salsa como uma de suas especialidades. É de salivar, convenhamos.

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    Restaurante Atelier tem 3 estrelas Michelin

    Presente em hotéis do Oriente Médio, da Europa e dos Estados Unidos, o restaurante Trader Vic’s tem inspiração polinésia. Das panelas comandadas por Tahsin Pehlevan saem especialidades cheias de picância e cor. Fazem parte da carta de coquetéis da casa o tradicional Bahia No, mistura de creme de coco com suco de abacaxi (bom para quem não curte álcool) e o Menehune Juice, que combina rum com amêndoas, em um copo simpaticamente ornamentado por uma miniatura de um menehune, espécie de anão que vive escondido nas ilhas havaianas, de acordo com a lenda local.

    Dois desses bonequinhos de borracha vieram da Alemanha para o Brasil e por aqui ganharam o nome de ‘bundinhas de fora’, dada a escassez de suas vestes. Viraram personagens das brincadeiras que Joaquim organiza com Lego e Playmobil aqui em casa.

    Frequentado por personalidades e moradores

    O Bayerischer Hof dispõe dos serviços típicos de um cinco-estrelas de modo que cada hóspede sinta-se em casa mesmo estando longe dela. Foi esse conceito que permitiu ao hotel armar uma cozinha dentro da suíte onde se hospedou o tenor italiano Luciano Pavarotti, famoso pelo hábito de preparar sua própria pasta de madrugada.

    Durante nossa estada, questões corriqueiras de hospedagem foram resolvidas com prestatividade e rapidez. O que não significa dizer que o hotel nunca tenha negado algum pedido considerado extravagante. Sempre que se apresentava em Munique, Michael Jackson ficava no Bayerischer Hof. Do livro de visitas consta anexada uma reportagem que narra a passagem do cantor pelo hotel, em julho de 1997. Com suítes reservadas em nome de Sr. King, o rei do pop se hospedou na companhia da então mulher, Debbie Rowe, e do filho recém-nascido do casal, Prince Michael. Foram feitas poucas exigências, como um umidificador no quarto, flores, 24 latas de refrigerante sabor laranja e queijo suíço.

    Ainda segundo a reportagem da época, o isolamento do cantor era garantido pela presença permanente de um guarda-costas na porta da suíte e de outros seguranças particulares nos principais acessos ao Bayerischer Hof. Questionada se poderia proibir a entrada de fãs do cantor no hotel, a gerência respondeu educadamente que não. Maneira encontrada para garantir a liberdade dos demais hóspedes, sem que o hotel se transformasse em um bunker.

    O episódio não abalou a relação com Michael Jackson, que voltou à cidade e ao Bayerischer Hof outras vezes. Essa é razão para o surgimento de um memorial informal para o astro pop em frente ao hotel logo após a morte do cantor, em 2009. Aos pés da estátua que homenageia outro músico, o compositor renascentista Orlando di Lasso, fotos, flores, mensagens e velas deixadas pelos fãs transformaram um pedaço da Promenadeplatz em ponto de peregrinação e culto à memória do astro pop desde então.

    UM QUARTEIRÃO DE HOTEL
    Hotel se esparra por um quarteirão de Munique

    Em 1907, Sigmund Freud e Carl Jung se reuniram por 13 horas para discutir psicanálise em um dos salões art déco do Bayerischer Hof. Foi também no hotel que o clarinetista Benny Goodman desfilou todo o seu swing em uma apresentação histórica, em 1970. E ainda onde, seis anos mais tarde, o boxeador Mohamed Ali se exercitou diante de fãs enquanto se preparava para um combate no Estádio Olímpico. Nos dias atuais, quando não estão em campo, as estrelas do Bayern são vistas almoçando ou jantando por lá.

    Com salões e espaços que abrigam de pequenos a grandes encontros, a rotina de eventos do Bayerischer Hof se mistura ao entra e sai dos turistas. Em um intervalo de 24 horas, testemunhamos a movimentação provocada pela cerimônia de entrega de uma importante premiação científica e, na noite seguinte, o agito provocado pela formatura de uma escola de dança da cidade, cujos alunos posavam para as fotos no lobby, vestidos em trajes de época. Retrato de uma realeza contemporânea que habita o gigante de cimento e luxo da Promenadeplatz, um patrimônio de Munique.

    Diga xiiiiiiiis

    *hospedagem foi a convite do Turismo de Munique
  • Luxo em Munique: Maximilianstrasse, a rua das grifes

    Luxo em Munique: Maximilianstrasse, a rua das grifes

    cartier-na-maximiliamstrasse-compras-em-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaO endereço mais chique de Munique, a Maximilianstrasse, leva o nome do rei que planejou e iniciou a abertura dessa avenida, em 1853, após 5 anos de sua chegada ao trono. A pé gasta-se em torno de 25 minutos para percorrer seus cerca de 1,2 quilômetros de extensão. É claro que esse tempo tem tudo para dobrar se você não resistir à tentação e espiar o que as vitrines de marcas como Gucci, Chanel, Louis Vuitton, Bulgari e Dior têm a exibir.

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    Essas e outras grifes internacionais fazem companhia ao luxuoso Vier Jahreszeiten Kempinski Munich, veterano hotel instalado na Maximilianstrasse desde 1858. Assim como o Bayerischer Hof, na Promenadeplatz, ele é um dos principais cinco-estrelas da cidade. Galerias de arte e cafés completam o pacote do lado comercial da avenida, . Tanto requinte leva a rua de Munique a ser comparada com outros endereços de luxo no mundo, como a Rodeo Drive de Los Angeles, nos Estados Unidos, e a Via Monte Napoleone da italiana Milão.

    maximiliamstrasse-rua-de-munique-na-alemanha-foto-nathalia-molina-comoviajaNo entanto, a Maximilianstrasse não é só feita de lojas que tratam de valores acima de três dígitos com a naturalidade de quem dá bom dia. Há oferta de lazer e cultura também, a começar pelos teatros na região do Residenz, passando pelo Müncher Kammerspiele Schausspielhaus, conjunto de salas de teatro voltado mais às montagens contemporâneas e culminando no Museum Fünf Kontinent. O prédio do primeiro museu etnológico da Alemanha fica em frente ao Maximilianeum, sede da parlamento bávaro. Erguida entre 1857 e 1874, a construção fazia parte do plano original de abertura da avenida. Em fins de tarde com sol, observar o dourado que emana de sua fachada, definitivamente, não tem preço.

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